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Indústria cultural e corpolatria: o Complexo de Adônis nos alunos de 1º período do curso de educação da Universidade Castelo Branco

Industria cultural y corpolatría: el Complejo de Adonis en los alumnos de
primer período del curso de educación de la Universidad Castelo Branco

 

*Discentes da graduação em Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Co-orientador. Licenciado em Educação Física pela UCB-RJ, Pesquisador do projeto

Rio em Forma Olímpico da SMEL-RJ, Pesquisador do Grupo de Cultura Corporal da UCB-RJ.

***Co-orientador. Bacharel em Educação Física pela UCB-RJ, Professor da rede Body Tech

de Academias, Pesquisador do projeto Rio em Forma Olímpico da SMEL-RJ

****Orientador. Mestre em Ciências da Motricidade Humana pela UCB, RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB, RJ. Docente da UCB, RJ

(Brasil)

Michele Mendes*

Luiz Henrique Ferreira*

Alexandre de Abranches*

Jorge Henrique Oliveira*

Danilo Bernardo*

Juliana Montrezzol*

Laio Sampaio*

Ramdel Caldas**

Guilherme Lopes de Souza***

Sérgio Tavares****

parede@msn.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho procura verificar qual a influência da indústria cultural nos alunos do 1° período do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco em relação à Cultura Corporal e a identificação das possíveis psicopatologias decorrentes da presença do Complexo de Adônis. Utilizamos a metodologia Ex-post-facto, com o Questionário do Complexo de Adônis (QCA) segundo Pope, Phillips e Olivardia (2000), para avaliarmos o nível de preocupação com a imagem do corpo no grupo pesquisado em dois momentos, com os seguintes resultados: no primeiro momento ao aplicar o protocolo obtivemos o resultado de 21% e 79 % respectivamente já após a intervenção, e a reaplicação do mesmo a classificação foi de 21% e 79% respectivamente. Entre eles houve uma palestra com profissionais da área Educação Física. A classificação e os dados tabulados conclui-se que não houve mudança no modo de pensar do público alvo. Porém, esperamos que este tipo de intervenção possa gerar consciência da importância de se estabelecer limites, refletindo as possíveis conseqüências de hábitos extremos para se obter o corpo desejado.

          Unitermos: Cultura Corporal. Indústria cultural. Indústria cultural e o corpo.

 

Abstract

          This work seeks check the influence of the cultural industry in the students of the 1st period of course of Physical Education at the University Castelo Branco over Body Culture and identification of possible psychopathology arising from the presence of the Adonis Complex. We use the methodology Ex-post-facto, the Adonis Complex Questionnaire (CSF) second Pope, Phillips and Olivardia (2000), to evaluate the level of concern about body image in the group studied on two occasions, with following results: the first time when applying the protocol we obtained a result of 21% and 79% respectively, since after the intervention, and reapplication of the same classification was 21% and 79% respectively. Between them was a talk with professionals in Physical Education. The classification and the tabulated data it is concluded that there was no change in the thinking of the audience. However, we expect this type of intervention can raise awareness of the importance of setting boundaries, reflecting the possible consequences of extreme habits to get the body you want.

          Keywords: Body Culture. Cultural industry. Industry and cultural body.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No ano de 1924, nasce na Alemanha à escola de Frankfurt, em uma quinta etapa atravessada pela filosofia alemã, depois do domínio de Kant e Hegel em um primeiro momento; de Karl Marx e Friedrich Engels em seguida; posteriormente de Nietzsche; e finalmente, já no século XX, após a eclosão dos pensamentos entrelaçados do existencialismo de Heidegger, da fenomenologia de Husserl e da ontologia de Hartmann. A produção filosófica germânica permaneceu viva no Ocidente, com todo vigor, de 1850 a 1950, quando então não mais resistiu, depois de enfrentar duas Guerras Mundiais (SANTANA).

    Ela reuniu em torno de si um círculo de filósofos e cientistas sociais de mentalidade marxista, que se uniram no fim da década de 20. Estes intelectuais cultivavam a conhecida Teoria Crítica da Sociedade. Seus principais integrantes eram Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Leo Löwenthal, Erich Fromm, Jürgen Habermas, entre outros. Esta corrente foi a responsável pela disseminação de expressões como ‘cultura de massa’ e ‘indústria cultural’.

    Para Adorno (2002) a indústria cultural possui padrões que se repetem com a intenção de formar uma estética ou percepção comum voltada ao consumo. Indústria Cultural distingue-se de cultura de massa. Esta é oriunda do povo, das suas regionalizações, costumes e sem a pretensão de ser comercializada, enquanto que aquela possui padrões que sempre se repetem com a finalidade de formar uma estética ou percepção comum voltada ao consumismo. E embora a arte clássica, erudita, também pudesse ser distinta da popular e da comercial, sua origem não tem uma primeira intenção de ser comercializada e nem surge espontaneamente, mas é trabalhada tecnicamente e possui uma originalidade incomum – depois pode ser estandardizada, reproduzida e comercializada segundo os interesses da Indústria Cultural. Assim, segundo a visão desses autores, é praticamente impossível fugir desse modelo, mas deveríamos buscar fontes alternativas de arte e de produção cultural, que, ainda que sejam utilizadas pela indústria, promovessem o mínimo de conscientização possível.

    Esta interpretação da indústria cultural tem sua origem nas análises clássicas de Adorno e Horkheimer. Para estes representantes da Escola de Frankfurt, a indústria cultural nega aos consumidores aquilo que lhe promete. Ela é uma fábrica de ilusões e de consumo superficial (ADORNO; HORKHEIMER, 1986; JAY, 1988). Estes autores, os primeiros a utilizar o termo “indústria cultural”, fazem uma severa crítica a ela. Segundo Adorno, “a indústria cultural é a integração deliberada, a partir do alto, de seus consumidores” (ADORNO, 1977).

    Nos dias atuais, existe uma crise disseminada entre os rapazes e homens – uma crise de que poucas pessoas se deram conta. Homens de todas as idades, em números sem precedentes, estão preocupados com a aparência de seus corpos. Eles quase nunca falam abertamente sobre este problema, porque em nossa sociedade os homens foram ensinados a não se preocupar com a aparência. [...] Um grupo igualmente numeroso e ainda mais secreto de homens desenvolveu distúrbios alimentares –orgias alimentares, dietas e rituais envolvendo exercícios– que até suas namoradas ou esposas podem desconhecer. [...] Estas muitas obsessões corporais são formas do que chamamos o “Complexo de Adônis” (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000).

    Rapazes e homens crescem tão acostumados à constante barragem de imagem do corpo masculino produzidos pelas indústrias, que não param para questioná-las. Raramente se dão conta da extensão em que aceitaram essas imagens hercúleas como representações sensíveis da beleza masculina. Em vez disso mudam de comportamento para tentar tornar seus corpos parecidos com o novo padrão. (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000).

     A partir destes acontecimentos a pesquisa tratará da relação da indústria cultural e complexo de Adônis entre estudantes do sexo masculino do primeiro período de educação física, com o objetivo de analisar se o nosso grupo focal compreende sua dupla participação na Indústria Cultural, onde sendo eles fortemente influenciados, contribuem com seu trabalho para que outras pessoas sofram as mesmas pressões e consequências psicológicas.

Conceito de Indústria Cultural segundo Adorno e Horkheimer

    A partir dos objetivos perseguidos pelo presente artigo, buscamos traçar um paralelo entre teóricos que tratam da indústria cultural, corpolatria e o complexo de Adônis, tendo em vista elucidar os estudantes de educação física que através da influencia exercida pela mídia se distanciam de sua essência contribuindo para que outras pessoas sofram as mesmas pressões e consequências psicológicas.

    Em seu texto “Dialético do Iluminismo”, Adorno e Horkheimer (1947) definem indústria cultural como um sistema político e econômico que tem por finalidade produzir bens de cultura como mercadorias e como estratégia de controle social. Por isso Adorno (1947) diz que os veículos de comunicação não são instrumentos neutros: eles são ideológicos em seu conteúdo, ou seja, transmitem e criam ideologia, independendo do conteúdo que transmitam. “Os procedimentos técnicos utilizados geram paralisia mental além de aceitação passiva do existente” (OLIVEIRA, 2009).

    Na atualidade a palavra de ordem é comprar. E mesmo antes de aprender a ler as crianças são contaminadas com a crença de que, para ser, tem que se ter. Com o assédio da mídia as crianças são capazes de reconhecer marcas e suas respectivas embalagens persuadindo de forma irrepreensível os pais para adquiri-las. É natural e sadio que as crianças manifestem esses desejos, mas precisam ser educadas para o consumo, ensinando a serem críticas ao que consomem (BIJÓIAS, 2010).

Corpolatria: patologia da modernidade?

    Em primeiro lugar, a palavra corpo (köper), de origem latina, designava originalmente o mesmo que “coisa” e é empregada para designar os objetos distinguíveis, demonstráveis e por isso perceptível pelos sentidos em nosso mundo da vida. Historicamente falando, por extensão, “corpolatria” é o culto exagerado do corpo, desconfiança face aos prazeres, insistência sobre os efeitos de seu abuso para o corpo e para a alma, valorização do casamento e das obrigações conjugais, desafeição em relação às significações espirituais atribuídas ao amor pelos rapazes (BRAGA, 2011).

    Existe no pensamento dos filósofos e dos médicos, no decorrer dos dois primeiros séculos, de acordo com Foucault (1985: 45), toda uma severidade da qual testemunham os textos de Soranus e de Rufo de Éfeso, de Musonius ou de Sêneca, de Plutarco assim como de Epicteto ou de Marco Aurélio. Aliás, constitui um fato os autores cristãos tomarem, dessa moral, empréstimos maciços – explícitos ou não; e a maior parte dos historiadores atuais concorda em reconhecer a existência, o vigor e o reforço desses temas de austeridade corporal numa sociedade na qual os contemporâneos descreviam, frequentemente para reprová-los, a imoralidade e os costumes dissolutos.

    Sustentamos a tese segundo a qual a corpolatria é uma espécie de “patologia da modernidade”. Ela é caracterizada pela preocupação e cuidado extremos com o próprio corpo, não exatamente no sentido da saúde ou presumida falta dela, como no caso da hipocondria, mas particularmente no sentido narcisístico de sua aparência ou embelezamento físico. Para o corpólatra, a própria imagem refletida no espelho se torna obsedante, incapaz de satisfazer-se com ela, sempre achando que pode e deve aperfeiçoá-la. Sendo assim, a corpolatria se manifesta como exagero no recurso às cirurgias plásticas, gastos excessivos com roupas e tratamentos estéticos, abuso do fisiculturismo, entendido como musculação, uso de anabolizantes, etc (BRAGA, 2011).

    Do ponto de vista materialista a corpolatria, como fenômeno psicossocial, aparentemente está relacionada com as mudanças no campo do trabalho produtivo ocorridas no final do século XX, a saber, desde que a distinção entre produção e reprodução social perdeu nitidez, confundindo-se o tempo vital com o tempo de trabalho. Desde então, em muitas profissões e ocupações a aparência corporal e o vigor físico passaram a ser uma espécie de segunda força produtiva ao lado da força de trabalho propriamente dita, com o “tempo livre” (LAFARGUE, 1911; LAFARGUE, 1983) tendendo a se tornar um segundo turno do trabalho produtivo. Como fenômeno patológico de saúde coletiva, a corpolatria tende a se agravar tanto mais encontre não só um amplo mercado de produtos e serviços voltados para o culto ao corpo como também seja propalada como uma espécie de emancipação ou de libertação pessoal dos “determinantes repressivos da produção capitalista” (DEJOURS, 1988).

    Do ponto de vista estético o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900) já dizia, há mais de um século, que somente as pessoas superficiais não julgam pela aparência. Criado numa família protestante estudou na Port Royal School de Enniskillen e no Trinity College de Dublin, sobressaiu-se como latinista e helenista. Ganhou depois uma bolsa de estudos para o Magdalen College de Oxford. Célebre por suas tiradas sarcásticas e irônicas – muitas, porém, dotadas de uma boa dose de verdade incômoda. Melhor dizendo, para Oscar Wilde, quem tem um mínimo de cultura, alma e inteligência, sabe que o belo chama mais a atenção do que o feio e, portanto, em princípio, é mais importante. Contudo, a segunda tese diz respeito ao fato de que a beleza nunca foi tão importante quanto agora. Basta dar uma “espiadinha”, como convida todas as noites o jornalista Pedro Bial, “na casa mais falada do Brasil” (sic): tirando um ou outro menos abençoado, a maioria dos participantes do “Big Brother Brasil 1-11” e, podemos combinar, todas as edições anteriores têm músculos ou curvas de tirar o fôlego, cabelos cuidados, pele bem tratada. Homens e mulheres enxergam o próprio corpo como seu maior bem, como um projeto a ser sempre aperfeiçoado.

Complexo de Adônis

    O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), distúrbio caracterizado por distorção da autoimagem, não acomete apenas as mulheres. A versão masculina do TDC é conhecida como Complexo de Adônis, vigorexia ou dismorfia muscular. Trata-se de insatisfação com a forma e o volume do corpo, quando o homem se percebe franzino e fraco por mais que adquira músculos. A preocupação frequente e excessiva de que não se esteja, ao mesmo tempo, suficientemente magro e musculoso leva à prática demasiada de exercícios físicos, com prejuízo da vida acadêmica, profissional e dos relacionamentos afetivos e sociais (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000).

    Aqueles que sofrem do Complexo de Adônis seguem dieta restritiva, com alto teor de proteína e que exclui totalmente a gordura. Utilizam suplementos nutricionais e praticam ciclos de esteroides anabolizantes, sempre aumentando as doses para alcançar o objetivo de desenvolver a musculatura em menor espaço de tempo, sem atentar para os riscos à saúde. A preocupação com a imagem corporal torna-se obsessão, que leva a comportamentos repetitivos, que caracterizam compulsão, como checagem frequente com fita métrica, pesagem constante, verificações repetidas em frente ao espelho e comparação com outros homens que pareçam maiores ou mais musculosos (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000).

    É comum que o rapaz busque confirmação de suas preocupações junto às pessoas próximas, não se satisfazendo com as opiniões de que não há nada de errado com seu corpo. Outros sintomas observados são insistência em se exercitar mesmo após sofrer lesões ou sentir dores resultantes do esforço exagerado; escolha de roupas pesadas ou que façam parecer maior, sobreposição de peças; evitação de situações sociais e recusa de comparecer a restaurantes ou reuniões pelo receio de abandonar a dieta; não frequentar praia, piscina, vestiário e se esquivar de situações onde deva expor o corpo (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000).

    A pressão por se alcançar sucesso e realização financeira e a necessidade de se destacar em um mundo cada vez mais competitivo, onde o ser humano vem se sentindo descartável pela banalização das relações e pela necessidade de superar, além dos outros, a si mesmo, fragilizam as pessoas e concorrem para o desenvolvimento de depressão, de ansiedade e, cada vez mais, dos transtornos alimentares e de distorção de imagem. Afirmar a individualidade chega a ser ato de rebeldia numa época onde parece mais fácil se submeter às imposições de modelos (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000).

    Homens também sofrem pressão relativa a critérios estéticos, como barrigas “tanquinho”, corpos sarados e definidos. O ambiente familiar influi no desenvolvimento do transtorno, quando pais muito críticos e preocupados com a aparência, tanto deles mesmos quanto dos outros, podem incutir padrões estéticos incompatíveis na criança ou no adolescente, causando insegurança em relação à sua aparência. Nem toda menina tem biotipo para ser alta e magra como a famosa top model. Nem todo menino pode ser fortão como o conhecido lutador (POPE; PHILLIPS; OLIVARDIA, 2000).

    Conforme Ballone (2005), os Vigoréxicos possuem alguns traços característicos de personalidade, costumam ter baixa autoestima, dificuldades de socialização, geralmente são introvertidos, podendo com frequência rejeitar ou aceitar com sofrimento a própria imagem corporal.

    Embasando-se na teoria psicanalítica, podemos discorrer possíveis causas do surgimento da Vigorexia, suas implicações enquanto doença psicopatológica, e a relação do Vigoréxico com seu corpo e com a sociedade.

    Encontramos na Vigorexia características de traços narcísicos, voltadas de maneiras abusivas para o culto ao corpo. Freud (1914) utiliza o termo Narcisista para destacar a atitude de uma pessoa que trata seu próprio corpo da mesma forma pela qual o corpo de um objeto sexual é comumente tratado, contemplando, afagando e acariciando até obter satisfação completa.

    Nas patologias de traço narcísico há uma grande concentração da libido canalizada para o ego, promovendo o autoerotismo que podem aparecer, por exemplo, na preocupação exarcebada com o próprio corpo.

    Existe um conceito que Freud chamou de Ego Ideal, que se desenvolve quando o indivíduo não se desvincula do narcisismo primário, criando assim um ideal de onipotência, onisciência e perfeição. Todos nós possuímos um ideal, herdeiro do narcisismo primário, mas alguns tiveram, por circunstâncias da vida, mais dificuldade para passar ao narcisismo secundário, desenvolvendo, portanto, um ideal de ego extremamente exigente e narcísico. Com isso, busca resgatar a onipotência perdida. Nós possuímos este ideal, mas em escalas diferentes.

    Segundo Freud (1914), o ser narcísico não está disposto a renunciar à perfeição narcisista de sua infância, e quando, ao crescer, se vê perturbado pelo despertar de seu próprio julgamento crítico e de terceiros, de modo a não mais poder reter aquela perfeição, procura recuperá-la sob a nova forma de um Ego Ideal. Devido à censura e exigências do superego, o Ego encontra-se pressionado a buscar muitas vezes um ideal altíssimo, um “Ego Ideal”, o que torna a pessoa extremamente exigente consigo e com os outros. Em contra partida, quanto mais alto for seu ideal, mas baixa será sua autoestima diante do parâmetro idealizado.

    Em nenhuma outra época o corpo foi tão cultuado, tratado, comparado, usado e até mesmo descartado. A obsessão pelo corpo forte e “sarado” leva cada vez mais homens a desafiarem suas limitações, acarretando uma desordem psíquica e dismorfia muscular graves que em muitos casos levam a morte.

Metodologia

    Sujeitos: A amostra foi constituída de pessoas do sexo masculino dentro dos seguintes critérios, 19 alunos do 1° período do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco 2012/2 e identificar as possíveis psicopatologias decorrentes da presença do Complexo de Adônis, alterar positivamente a postura do grupo focal sobre o tema em questão, o Complexo de Adônis.

    Antes de qualquer intervenção os alunos foram convidados a participar de dois testes: Questionário do Complexo de Adônis (QCA) que foi utilizado como protocolo na nossa intervenção, que pergunta especificamente de que formas as preocupações com a imagem corporal podem afetar o dia-a-dia de um rapaz ou de um homem. Teste de Imagem Corporal (TIC) um complemento que tem por objetivo "medir as atitudes dos homens a respeito da imagem corporal" (Pope, Phillips e Olivardia, 2000). Ambos os teste foram retirados do livro "O Complexo de Adônis - A Obsessão Masculina pelo Corpo" (Pope, Phillips e Olivardia, 2000).

    Avaliação de autopercepção corporal: Aplicou-se o um teste computadorizado sobre imagem corporal para homens como prévia avaliação e um questionário contendo 13 questões fechadas (Pope, Phillips e Olivardia, 2000). Ambos ex facto e post facto.

    Esses testes classificarão os alunos em: Escores de 0-9: Você pode ter algumas preocupações. 10-19: Possui uma forma branda a moderada do Complexo de Adônis. 20-29: O Complexo de Adônis é um problema sério. 30-39: Possui um grave problema com a imagem corporal.

    Para obter seu escore QCA, atribua 0 pontos a cada pergunta com resposta “a”, 1 ponto para cada pergunta com resposta “b” e 3 pontos para cada pergunta respondida “c”. Somando os pontos você obterá um escore total de que irá de 0 a 39.

    Após o primeiro teste aplicado (ex facto) usando o QCA e TIC será realizada uma intervenção com o público alvo. Nesta intervenção será apresentado 1 palestra com profissionais da área da Psicologia e Educação Física (Personal). Ainda dentro desta temática, no decorrer das palestras será exibido um vídeo contendo imagens de corpos "ditados pela mídia" e contrapondo esta ideia, imagens de corpos "esculpidos" através de drogas lícitas e/ou ilícitas, de excesso de exercícios que não respeitam os limites do corpo e da mente e distúrbios alimentares.

    Esta intervenção tem por finalidade esclarecer os alunos de 1º período do curso de Educação Física quanto a importância de se estabelecer limites em sua conduta quanto a procura do "corpo perfeito", refletindo as possíveis consequências de hábitos extremos para se obter o corpo desejado, sua postura quanto ao tema proposto para reflexão, e sua importância quanto agente transformador e membro de uma sociedade dominada pela Indústria Cultural.

    Após o evento será aplicado o mesmo teste (post facto) computadorizado sobre imagem corporal para homens como prévia avaliação e um questionário contendo 13 questões fechadas. Neste momento avaliaremos se houve ou não mudança, no grupo estudado, após a intervenção (POPE, PHILLIPS e OLIVARDIA, 2000).

Resultados

    Como o explicado na metodologia, o grupo estudado foi submetido a duas avaliações, com uma intervenção feita entre elas.

    Após todos os procedimentos metodológicos fizemos a totalização e classificação dos integrantes do grupo em: Você pode ter algumas preocupações com o complexo de Adônis, possui uma forma branda e moderada do complexo de Adônis, o complexo de Adônis é um problema sério e possui um grave problema com a imagem corporal.

    No primeiro momento ao aplicar o protocolo obtivemos o resultado de 21% e 79 % respectivamente já após a intervenção, e a reaplicação do mesmo a classificação foi de 21% e 79% respectivamente. Conforme explicito abaixo.

    Os dados nos dão uma primeira impressão de que não houve mudanças nos resultados, mas para sugerir esta afirmação, calculamos a média, desvio padrão, e o teste t pareado para analisarmos estes dados.

    Confrontando os dados, a pesquisa nos sugere que não há a redução da média após a intervenção e nos mostra também que não houve uma diminuição no desvio padrão. Com os dados indicados pela pesquisa e a análise do teste t pareado nos faz concluir que em média, não houve diferença estatística significativa p > 0.05 (p=1.0000).

Conclusão

    A pesquisa nos mostra que com os resultados obtidos nos testes ex facto (do Questionário do Complexo de Adônis) e no pós facto não houve mudança de comportamento significativo. Ressaltamos que foi realizada somente uma intervenção, e que a mesma é pouca para modificarmos o pensamento do público alvo.

    É possível mudar este quadro de influência através de intervenções continuas. Logo acreditamos que se acontecer de forma permanente, estas intervenções poderão trazer diferenças significativas para o tema. Desta forma sugerimos aprofundarmos mais o assunto com novas pesquisas nesta mesma linha para gerar outras possibilidades e chegar a uma conclusão mais precisa sobre o tema.

Bibliografia

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