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Consumo de suplementos alimentares em praticantes de 

musculação de academias de ginástica em Patos, Paraíba, Brasil

El consumo de suplementos alimenticios en practicantes de musculación de gimnasios en Patos, Paraíba, Brasil

 

*Bacharel em Educação Física

pelas Faculdades Integradas de Patos (FIP). Patos, Paraíba

**Professor do Departamento de Educação Física

da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa

(Brasil)

Franciberg Alves de Medeiros*

bergdroid10@gmail.com

Luciano Meireles de Pontes**

mslucianomeireles@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No cenário atual, observa-se que a cada dia, mais pessoas no mundo vêm se voltando para prática de atividade física regular utilizando-se de vários recursos disponíveis para otimização dessa prática, sendo os recursos ergogênicos ligados à suplementação os mais utilizados. O objetivo do presente estudo foi investigar o consumo de suplementos alimentares em praticantes de musculação nas academias da cidade de Patos, Paraíba. Aspectos metodológicos: O estudo teve caráter descritivo e abordagem quantitativa. A amostra foi composta por 38 indivíduos escolhidos voluntariamente e por conveniência e estratificados nas três academias selecionadas para o estudo. As variáveis estudadas foram: nível sociodemográfico, tipos de suplementação mais utilizados, nível de orientação ao consumo de suplemento, relação gênero-consumo, tempo de prática de musculação e o consumo de suplementos. A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva de distribuição de freqüências. Resultados: Quanto às características sociodemográficas, 63,2% são do sexo masculino e 36,8% do feminino; 71,1% têm mais de nove anos de estudo e em maioria são estudantes (36,8%). Em relação ao perfil do treinamento dos praticantes de musculação, a maioria (57,9%) treinam por mais de 12 meses, apresentam uma freqüência de treino superior a 3 dias por semana (84,2%), têm duração de 60 a 90 minutos (47,4%) e seguem uma intensidade de treino moderado (63,2%). Sobre o uso de suplementos, os a base de proteínas foram os mais citados, no caso da Whey Protein (31,6%) e albumina (13,2%). Dentre os motivos para o uso de suplementos, a maior freqüência foi para o ganho de massa muscular (63,4%). Na análise dos resultados no uso de suplementos, 81,6% disseram que obtiveram o resultado esperado. Já em relação à indicação do uso de suplementos, 47,4% disseram que quem indicou foi o profissional de educação física, 23,7% foi outro tipo de profissional de saúde, 18,4% teve a indicação de outro praticante de musculação e 10,5% usou por conta própria. Sobre o nível de informação, 63,4% disseram se sentir bem informado quanto à orientação no uso de suplementação alimentar. Conclusão: Os praticantes de musculação investigados em maioria são experientes na prática de treinamento, priorizam uma suplementação de hiperprotéicos, utilizam a suplementação para o ganho de massa muscular e estão satisfeitos com os resultados obtidos. Os praticantes de musculação se disseram em maioria satisfeitos quanto o nível de informação sobre o uso de suplementos e o profissional de Educação Física se apresentou como o principal responsável pela indicação no uso de suplementos, no entanto, foi visto uma freqüência de pessoas que fizeram uso por conta própria, o que se caracterizou com um fator preocupante.

          Unitermos: Consumo. Musculação. Suplementação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No cenário atual, observa-se que a cada dia, mais pessoas no mundo vêm se voltando para prática de atividade física regular, em busca de melhoras não só da aptidão física relacionada à saúde, mas também da sua estética corporal. Assim, numa visão hodierna, Carvalho e Orsano (2007) expõem que a idéia antiga de atividade física apenas para alguns grupos em específico já não existe mais, e que um grande número de pessoas tem explorado essa prática graças às comprovações científicas dos seus benefícios a saúde.

    Nesse contexto, a musculação vem se destacando dentre os exercícios físicos sistematizados como uma das modalidades com o maior número de adeptos nas academias de ginástica de todo mundo.

    Segundo Vilarta (2007), a musculação mantém o bom funcionamento do organismo, além de proporcionar ganhos adicionais para saúde e melhoria da qualidade de vida de seus praticantes. Essa prática vem ganhando popularidade contando com a forte influência da mídia em geral, onde cultuar o corpo e preocupar-se com a boa aparência vem se estabelecendo como o foco principal. Dessa forma, novos padrões estéticos e corporais vêm sendo expressos e estabelecidos pelos meios de comunicação de massa e a sociedade absorve com isso um impacto ao tentar se adaptar a esses novos modelos preestabelecidos (ANDRADE; CÉZAR; NAVARRO, 2007). O problema surge exatamente quando se preconiza bem mais a parte estética do que a saúde corporal como um todo, que deve abranger o bem estar biopsicossocial (NAHAS, 2006).

    A luz dessa problemática, o estereótipo de corpos com músculos perfeitos empregados no atual paradigma faz com que os praticantes de musculação procurem resultados cada vez mais rápidos, para assim se enquadrarem a esse perfil contemporâneo e midiático.

    Como relatam Santos e Santos (2002), a busca por melhorias estéticas em conjunto com ausência de culturas corporais saudáveis tem levado as pessoas a se apropriarem de forma negligente de substâncias que possam maximizar os resultados do treinamento, visando alcançar os objetivos estimados cada vez mais precocemente. Neste caso, fica evidenciado o suplemento alimentar como destaque dentre essas substâncias.

    Applegate e Grivetti (1997) definem suplementos como sendo produtos com bases vitamínicas, minerais, produtos derivados de ervas, extratos de tecidos, protéicos, aminoácidos entre outros produtos que visam melhorias na saúde, melhor prevenção de enfermidades e melhor desempenho físico.

    Com base nessa perspectiva de combinação entre prática de musculação e suplementação alimentar pode-se proporcionar um mix perigoso como enfatiza Araújo e Soares (1999) que expõem que com o número cada vez maior de praticantes de musculação fazendo uso da suplementação aumentam-se as chances de uma utilização indevida causando assim problemas para saúde desse consumidor tais como: desequilíbrios entre quantidades de aminoácidos, toxidez pelo excesso de substâncias ingeridas, antagonismo causado pela inibição da atuação de substâncias proveniente da ingestão de outras em excesso, entre outros.

    Pautado nesses pressupostos, surge duas situações opostas: uma na qual o uso é tido como benéfico, atuando até mesmo na prevenção de doenças, e outra que possivelmente pode agir negativamente fazendo com que esse uso indiscriminado e abusivo cause efeitos colaterais, sendo prejudicial à saúde.

    Por fim, considerando a argumentação do problema aqui exposto, justifica-se nesse contexto a necessidade de um melhor conhecimento acerca de como estão sendo utilizados os suplementos alimentares por pessoas com prática de musculação, já que a obtenção dessas informações poderão propiciar parâmetros que possam auxiliar os profissionais atuantes em academias de ginástica e clínicas de exercícios físicos a conhecer o perfil dos usuários no que diz respeito ao consumo de suplementos alimentares, e possam melhor orientar acerca da ingestão segura dessas substâncias e seus efeitos junto à modalidade de musculação. Com isso, o objetivo do presente estudo foi investigar sobre o consumo de suplementos alimentares por praticantes de musculação em academias de ginástica da cidade de Patos, Paraíba.

Aspectos metodológicos

Tipo de pesquisa

    O estudo teve caráter descritivo e abordagem quantitativa. A pesquisa descritiva é um estudo do status, sendo amplamente utilizado na educação e nas ciências comportamentais, seu valor tem como base a premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio de descrição objetiva e completa do fenômeno investigado (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012).

Local do estudo

    O estudo foi realizado em três academias de ginástica localizadas na cidade de Patos estado da Paraíba localizada a 307 km da capital João Pessoa. Todos os estabelecimentos eram filiados ao Conselho Regional de Educação Física da Paraíba na 10ª seccional.

População e amostra

    A população da pesquisa considerou o total de praticantes de musculação matriculados nas três academias de ginástica selecionadas para o estudo, que tinham pelo menos seis meses de prática na modalidade de musculação. Foi utilizado como campo de pesquisa apenas academias registradas no Conselho Regional de Educação Física (CREF) A amostra foi composta por 38 indivíduos escolhidos voluntariamente e por conveniência e estratificados nas três academias selecionadas para o estudo. Os indivíduos apresentaram idades entre 18 a 50 anos (26,4±8,8 anos) e de ambos os sexos.

Variáveis e instrumentos para coleta dos dados

    Os praticantes de musculação que se enquadram no perfil de inclusão na pesquisa e que aceitaram participar de forma voluntaria tiveram analisadas as seguintes variáveis: Perfil sociodemográfico, tipos de suplementação mais utilizada e seus princípios ativos, nível de orientação ao consumo de suplementos alimentares, relação entre o tempo de prática de musculação e o consumo de suplementos alimentares e as características do treinamento de musculação executado. Foi utilizado como instrumento para a coleta dos dados e obtenção das informações para contemplar o objetivo da pesquisa um questionário estruturado previamente elaborado pelos autores do presente estudo contendo perguntas do tipo abertas e fechadas.

Procedimentos para a coleta dos dados e análise estatística

    De início foi solicitada a autorização aos proprietários das academias de ginástica onde foram realizadas as coletas de dados. Durante três dias nos períodos tarde e noite os indivíduos após o términos dos seus treinos foram abordados de forma acidental e convidados a responderem um questionário, mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Os dados coletados foram tabulados em planilha eletrônica e analisados de forma estatística com representação de gráficos e tabelas. O tratamento de análise seguiu o método descritivo se apropriando do uso da distribuição de freqüências absolutas (n) e relativas (%). O software utilizado para as análises foi o Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 20.0 for Windows.

Ética da pesquisa

    O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Integradas de Patos (FIP), sendo aprovado antes de ser posto em prática. Respeitando todos os pontos vigentes necessários relacionados à ética em pesquisa com seres humanos e de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2002). Além disso, todos os voluntários foram informados dos objetivos da pesquisa que visa entender o perfil dos praticantes de musculação usuários de suplementação, bem como dos riscos, que seriam mínimos, relacionados às questões de constrangimento ou questões psicológicas atribuídas a aplicação do questionário. Foram informados ainda dos benefícios da pesquisa, que vão desde a conscientização dos indivíduos quanto ao uso de tais suplementos até uma melhor orientação por parte dos profissionais.

Resultados e discussão

    Após a divulgação da pesquisa, 43 indivíduos se propuseram a participar da pesquisa sendo cinco excluídos por não atenderem os critérios de inclusão da pesquisa, resultando em uma amostra de 38 indivíduos com diferentes características físicas e idades entre 18 e 50 anos e valores médios de 26,4±8,8 anos e massa corporal de 69,7±12,6 kg.

    A Tabela 1 traz as características sociodemográficas dos participantes da pesquisa. Verifica-se na amostra que a maioria é do sexo masculino (63,2%), com escolaridade mais freqüente maior que nove anos de estudo. Em relação ao perfil ocupacional, apesar de ter sido verificado uma diversificação entre os participantes com a descrição de diferentes profissões, houve um maior contingente de estudantes. Sobre a variação profissional, pode ser relacionada com a atual conjuntura que incentiva diferentes classes e pessoas a procurarem seguir um estilo de vida saudável com a busca da prática de exercícios físicos.

Tabela 1. Características sociodemográficas dos praticantes de musculação

    A Tabela 2 demonstra características de volume e intensidade do treino, sendo qualificado pelos próprios indivíduos. Em sua maioria os indivíduos qualificaram o treino como de moderada intensidade, não sendo levada em consideração nenhuma tabela de percepção de esforço validada cientificamente, foram colhidas tão somente as opiniões dos participantes quanto à qualificação de seu próprio treino, relacionando tempo de treino com o esforço empregado na prática, e assim qualificando-o nas três modalidades moderado, intenso e muito intenso.

Tabela 2. Características do treinamento dos praticantes de musculação

    Todos os indivíduos participantes da pesquisa já fizeram uso de algum tipo de suplemento, sendo um dos critérios de inclusão. A Figura 1 demonstra que os suplementos a base de proteínas foram os mais citados (44,8%) representados pelo Whey Protein (31,6%) e Albumina (13,2%). O uso da creatina entre os praticantes também teve destaque (21,1%), sendo bastante associada, segundo os participantes, com o ganho de força muscular em seus treinos.

Figura 1. Suplementos alimentares mais utilizados pelos praticantes de musculação

    Na Tabela 3 observa-se a descrição dos vários motivos relatados pelos praticantes de musculação para justificar a utilização da suplementação alimentar, entre eles o ganho de massa muscular (hipertrofia) foi apontado por 24 indivíduos (63,4%), 15 dos 24 indivíduos que almejavam hipertrofiar relataram que obtiveram esse resultado. No total, 31 indivíduos (81,4%) se disseram beneficiados com a suplementação; 18,4% dos praticantes de musculação não perceberam qualquer mudança positiva ou benefício nos seus treinos. Também foi constatado que alguns indivíduos relataram ter problemas que relacionaram com o uso de suplementação alimentar, como dores de cabeça (2,6%), problemas renais (7,9%) e ganho de peso indesejável (5,3%). Ao serem questionadas se conheciam os componentes da suplementação utilizada apenas 15,8% disse não conhecer, enquanto 84,2% afirmaram conhecer ou conhecer em parte. Ficou perceptível que a maior parte dos indivíduos que afirmaram conhecer os compostos dos suplementos que utilizavam não saberia citar sequer um componente da fórmula, sendo evidenciado isso em indagações informais após aplicação do questionário. Tal situação pode estar relacionada com o constrangimento dos participantes em afirmarem que estavam ingerindo algo que não conheciam ou até mesmo relacionados com a má orientação obtida no momento da indicação do suplemento.

Tabela 3. Motivos para o uso dos suplementos e obtenção de resultados pelos praticantes de musculação

    A Tabela 4 demonstra como os praticantes de musculação incluídos nessa pesquisa vieram a ter uma indicação do que usar como suplementação em seus treinos. Os achados demonstram que o profissional de Educação Física apareceu como principal fonte de indicação (47,4%), superando a somatória de todos os outros profissionais da área de saúde (23,7%).Também ficou evidenciado a auto prescrição por parte dos praticantes (10,5%) e a influência de pessoas não profissionais nessa prescrição (18,4%).

Tabela 4. Indicação do uso de suplementos em praticantes de musculação

    Conforme a Figura 2 quanto ao nível de orientação ao uso de suplementos alimentares, observa-se que a maior parte dos participantes do estudo (63,2%) se disse satisfeitos com a orientação fornecida sobre o suplemento que lhes foram indicados; 26,3% dos indivíduos se colocaram entre a categoria de pouca orientação e razoavelmente orientação, enquanto que 10,5% afirmaram não terem tido nenhuma orientação.

Figura 2. Nível de orientação quanto ao uso de suplementação

Considerações finais

    Com base nos objetivos determinados para o presente estudo e os resultados obtidos, conclui-se que:

    Os praticantes de musculação investigados em maioria são experientes na prática do treinamento, priorizam uma suplementação alimentar a base de produtos hiperprotéicos, utilizam a suplementação para o ganho de massa muscular e estão satisfeitos com os resultados obtidos na utilização dos mesmos.

    Quanto o nível de informação a cerca do uso de suplementos, os praticantes de musculação que participaram dessa pesquisa se disseram em maioria satisfeitos e indicaram que o profissional de Educação Física foi o principal responsável pela indicação no uso de suplementos dentro do ambiente de treinamento. Ainda sobre esse aspecto foi evidenciada uma freqüência de pessoas que relataram consumir suplementos por conta própria, o que se caracterizou com um fator preocupante dentre os achados da pesquisa.

    Por fim, entende-se que apesar das limitações presentes nesse estudo, como por exemplo, o tamanho da amostra, as informações aqui apresentadas são relevantes e servirá de base para novos estudos sobre essa temática. Além disso, considerando a importância do tema em questão, sugere-se que programas de educação alimentar em conjunto com esclarecimentos sobre os efeitos do uso de suplementos sejam implementados por uma equipe multidisciplinar da área de saúde para uma ingestão adequada de nutrientes em indivíduos praticantes de musculação, garantindo a saúde e prevenindo enfermidades no ambiente das academias de ginástica.

Referências

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