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Bodypump: a revolução do fitness mundial baseado em evidências

El Bodypump: la revolución del fitness basado en evidencias

 

*Pós graduando em Atividade física para saúde e treinamento (CESUMAR)

**Mestrando em Promoção da Saúde (CESUMAR)

***Mestre em educação física (CESUMAR)

(Brasil)

Diogo Rodrigues Jimenez*

diogojimenez@hotmail.com

Daniel Vicentini de Oliveira**

d.vicentini@hotmail.com

Carlos Gomes de Oliveira***

carlosgomesrosa@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O Bodypump é um programa de treinamento com sobrecarga com exercícios coreografados, de alta repetição, que utiliza barras e anilhas e os princípios do treinamento com pesos livres modificados para o ambiente de treinamento em grupo. A modalidade preconiza o aumento da resistência muscular localizada, melhora da postura, auxílio no emagrecimento pela queima calórica, entre outros benefícios. Algumas pesquisas trazem resultados a respeito do Bodypump no comportamento da freqüência cardíaca, limiar anaeróbio, lactato sanguíneo, alterações morfofuncionais, dentre outros. O presente estudo teve como objetivo compilar, organizar e apresentar dados sobre pesquisas científicas realizadas com o Bodypump. Mesmo se tratando de poucos estudos pesquisados, que salientam os efeitos do Bodypump na população, pode-se observar resultados positivos nas pesquisas realizadas com a modalidade, em relação a freqüência cardíaca, lactato sanguíneo e alterações morfofuncionais.

          Unitermos: Fitness. Ginástica. Treinamento de resistência.

 

Abstract

          The Bodypump is a training program with overload exercises choreographed, high-repetition, using bars and plates and the principles of training with free weights modified for the group training environment. The method calls for increased muscular endurance, improved posture, aid in weight loss by burning calories, among other benefits. Some research results bring about Bodypump behavior of heart rate, anaerobic threshold, lactate, morphofunctional changes, among others. The present study aimed to compile, organize and present data on scientific research carried out with the Bodypump. Even being a few research and studies that high light the effects of Bodypump in the population, one can see positive results in studies with the model in relation to heart rate, blood lactate and morphofunctional changes.

          Keywords: Fitness. Gymnastics. Weight lifting.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Juntamente com o aumento do número de academias no mundo todo, e conseqüentemente de seus participantes, as mesmas vem buscando constantemente, inovar suas atividades a fim de atrair e atingir mais adeptos do exercício físico.

    As academias de ginástica tornaram-se para Saba (2006), uma opção para a população urbana que adere ao exercício físico com o intuito de obterem melhorias em seu bem estar geral e todos os demais efeitos benéficos. Elas são consideradas centros de atividades físicas onde se presta um serviço de avaliação, prescrição e orientação de exercícios físicos, sob supervisão direta de profissionais de educação física.

    Ferrari et al. (2007), diz que pode-se perceber também a grande variedade de atividades oferecidas nas academias, desde as mais tradicionais como: ginástica localizada, ginástica aeróbica, musculação, até as mais recentes que funcionam sob a forma de franquia.

    Surgem então as mega empresas que criam e comercializam aulas de ginástica diversificadas, através das franquias. Dentro desta gama de atividades oferecidas pelas academias, temos o Bodypump, que é uma modalidade em ascensão que tem chamado a atenção pelo grande número de adeptos, criado na Nova Zelândia, pela empresa Les Mills International.

    Guglielmo et al. (2009), comenta que este programa de treinamento vem sendo muito praticado nas academias do Brasil e do exterior. A principal característica deste programa é o trabalho muscular resistência localizada, com baixa carga e alto número de repetições.

    Os exercícios contra resistência pelo entendimento de Kraemer et al. (2002), vêm sendo amplamente empregados em diversas populações, contribuindo para a melhoria dos componentes da aptidão física relacionada à saúde atuando na prevenção, reabilitação e melhoria do condicionamento físico.

    Entretanto os estudos científicos abordando essa atividade, ainda são muito poucos e isolados, o que coloca em questão, quanto aos possíveis efeitos fisiológicos agudos e crônicos, que o Bodypump possa propiciar aos seus praticantes.

    O presente estudo teve como objetivo compilar, organizar e apresentar dados sobre pesquisas científicas realizadas com o Bodypump. Apresentar a estrutura e funcionamento da modalidade bem como os grupos musculares trabalhados durante as aulas, tornar claro como funcionam as empresas que produzem e comercializam esse programa de ginástica e mostrar através de estudos científicos os benefícios fisiológicos e psicológicos proporcionados.

    Entendemos que as academias se tornaram um campo de atuação da Educação Física muito promissor e que vem crescendo muito e se profissionalizando e também, ao verificarmos a quantidade enorme de dúvidas existente entre os participantes da modalidade de Bodypump ao longo da nossa participação como aluno e estagiário em academias, percebemos que seria importante investigarmos o que existe de atual em pesquisas para demonstrar para esse público os benefícios, mitos e verdades que o Bodypump pode oferecer, demonstrando através de evidências os resultados positivos.

Revisão de literatura

Exercícios resistidos

    O treinamento contra resistência, segundo Malta e Dantas (2002), começou a evoluir após a Segunda Guerra Mundial, quando se introduziram exercícios com sobrecarga para a reabilitação de lesões músculo esqueléticas. Os resultados foram positivos e indicaram melhoras significativas na força e na resistência muscular localizada. Assim, o treinamento com pesos ganhou respaldo junto à comunidade médica e os estudos para verificar volume, a intensidade e a freqüência ideais se intensificaram.

    Os exercícios resistidos no entendimento de Kraemer et al. (2002) e Marcinik et al. (1991), vêm sendo amplamente empregados em diversas populações contribuindo para a melhoria dos componentes da aptidão física relacionada à saúde atuando na prevenção, reabilitação e melhoria do condicionamento físico.

    Para Forjaz et al. (2003), exercício resistido é a denominação que vem sendo utilizada na área médica, o que na educação física é chamado de exercício de força, exercício localizado, exercício com pesos ou exercício de musculação.

    Na visão dos autores acima, os exercícios resistidos caracterizam-se por exercícios nos quais ocorrem contrações voluntárias da musculatura esquelética de um determinado segmento corporal contra alguma resistência externa, ou seja, contra uma força que se opõe ao movimento, sendo que essa oposição pode ser oferecida pela própria massa corporal, por pesos livres ou por outros equipamentos, como aparelhos de musculação, elásticos, ou resistência manual.

    Para Santarém (1999), os exercícios resistidos são aqueles realizados contra alguma forma de resistência graduável à contração muscular. Na maioria das vezes, a resistência são pesos. Tradicionalmente os exercícios com pesos são reconhecidos pela sua grande eficiência em aumentar a massa muscular, sendo, portanto muito utilizado no treinamento de atletas. A sua prática esportiva recebe o nome de musculação, a atividade de academia que mais cresce em número de praticantes em todo o mundo.

    Chiesa (2002) afirma que o objetivo central dos treinamentos contra resistência, é em linhas gerais a força muscular e suas diferentes formas de manifestação, assim como a hipertrofia muscular. A força é uma qualidade física de característica neuromuscular. O volume muscular ativo durante a contração será o responsável pelo produto final da força gerada no movimento. Quanto mais e maiores unidades motoras forem ativadas (estimuladas) maior será a força desenvolvida pelo músculo ou grupo de músculos.

    Marinho (1980) relata que os exercícios físicos podem atuar principalmente sobre determinadas sinergias musculares e, neste caso, são ditos de ação localizada ou analítica, ou podem ter ação generalizada sobre o organismo, atuando principalmente sobre as grandes funções, quando são chamados sintéticos.

    Santarém (1997), afirma que não apenas as cargas, e conseqüentemente as repetições, são adequadas à condição física da pessoa, mas também a amplitude dos movimentos, os intervalos de descanso, o número de séries e de exercícios, e a freqüência das sessões. Os movimentos são relativamente lentos e cadenciados, sem acelerações ou desacelerações violentas.

    Na visão de Malta e Dantas (2002), o avanço das ciências pertinentes obriga a constante revisão das propostas metodológicas empregadas no treinamento. Assim agiu o American College of Sports Medicine (1999) incluindo e recomendando para os adultos saudáveis exercícios contra resistência, nos seus programas de condicionamento físico.

    Santarém (1997), diz que os exercícios resistidos podem ser considerados muito seguros, mesmo para pessoas idosas e debilitadas. O treinamento bem orientado ocorre com exercícios isotônicos, evitando-se a apnéia, e com as cargas adequadas à força do praticante, permitindo várias repetições antes da fadiga muscular.

Les Mills e Bodypump

Histórico

    Les Mills (2011) diz que a sede mundial da empresa fica na Nova Zelândia, hoje é uma empresa mundialmente conhecida por vender através de franquias, programas de exercícios físicos criados por ela, para as academias de ginástica.

    Toledo e Pires (2008) comenta que a Body Systems é uma empresa internacional, com sede no Brasil, responsável pelos programas de ginástica, criados pela matriz, Les Mills International Ltd., da Nova Zelândia. Foi trazida para o Brasil em 1997, e tem aqui o maior número de participantes na América Latina, juntamente com a Argentina. Atualmente outros países latinos também aplicam os programas: México, Chile, Venezuela, Uruguai, Peru, Colômbia, Bolívia e Paraguai.

    Como já citado, a empresa Les Mills comercializa verdadeiros “kits de aulas de ginástica padronizada”, para serem aplicados preferencialmente em academias de ginástica. Fazem parte da empresa Les Mills, as aulas de: Bodyattack, Bodybalance, Bodypump, Bodycombat, Bodystep, RPM, Bodyvive, Bodyjam, e os mais atuais, CXWorks e SH'BAM (LES MILLS, 2011).

    Atualmente os programas Les Mills vem sendo muito praticados nas academias do mundo todo, atuando em mais de 80 países. Só no Brasil são mais de 2000 academias licenciadas, chegando a um total de 20.000 academias no mundo (NASCIMENTO et al., 2005; LES MILLS, 2011).

Conceito e estrutura

    O Bodypump no entendimento de Ferrari e Ferreira (2007) é um programa de treinamento com sobrecarga com exercícios coreografados, de alta repetição. Utiliza-se barras e anilhas, e os princípios do treinamento com pesos livres modificados para o ambiente de treinamento em grupo.

    De acordo como que vimos em Tourinho et al. (2007), o programa Bodypump foi criado em 1990 por Phillips Mills e um equipe de profissionais das áreas de educação física, fisioterapia e médicos, tendo como objetivo atrair homens para as salas de ginástica e com resultados rápidos e seguros.

    A Body Systems afirma categoricamente que essa modalidade é uma das maiores revoluções do Fitness mundial, o Bodypump conquistou mais de 70 países e o coração de milhões de praticantes, através do treinamento de força, resistência, melhora da postura e a desejada definição muscular que essa aula proporciona (LES MILLS, 2011).

    Para Tourinho et al. (2007), o Bodypump é composto por dez faixas de músicas, e em cada faixa é trabalhado um determinado grupamento muscular (aquecimento, agachamento, peito, costas, tríceps, bíceps, afundo, ombros, abdome e resfriamento-alongamento). Cada música tem, em média, 4 a 6 minutos de duração e entre cada uma há um pequeno intervalo, que serve para a recuperação e/ou transição da posição para um novo movimento.

    A aula dura de 55 minutos a 1 hora, sempre respeitando a mesma ordem. As mesmas não podem ser puladas ou trocadas de posição, pois a aula já foi testada e os resultados são comprovados quando feita dessa maneira. Qualquer tipo de alteração descaracteriza a aula e interferem nos resultados esperados (LES MILLS, 2011).

    De acordo com Costa (2011) o aquecimento tem como meta principal atingir a preparação do indivíduo, visando otimizar sua performance na parte específica, como também protegê-lo da ocorrência de possíveis lesões. A parte principal é responsável por desenvolver os conteúdos específicos visando atingir os objetivos gerais e específicos previamente planejados e definidos. Já o relaxamento tem como prioridade restabelecer o indivíduo do esforço exigido durante a etapa específica, evitando a manutenção dos processos de fadiga ou apenas minimizando os efeitos desses processos

    No aquecimento, segundo Cardoso (2008) temos como meta principal atingir a preparação do individuo, visando otimizar sua performance na parte especifica, como também protegê-lo da ocorrência de possíveis lesões

    Segundo Franco (2009) na parte específica da aula são realizados exercícios localizados que podem ter como objetivo, melhorar a força e/ou resistência muscular e/ou estabilização. Pode ser realizado um trabalho muscular geral onde são exercitados os principais grupos musculares

    Já na fase de alongamento Franco (2009), aponta que são realizados exercícios para alongar os grupos musculares trabalhados na parte principal, podendo também ter momentos de relaxamento.

    Cardoso (2008), afirma que o relaxamento tem como prioridade restabelecer o indivíduo do esforço exigido durante a etapa especifica, evitando a manutenção dos processos de fadiga ou apenas minimizando os efeitos desses processos, com isso otimizando também a melhora, o processo da performance.

    Para que os professores possam ministrar as aulas, é necessário passar por um treinamento intenso composto de dois módulos com 15 dias de intervalo entre eles, para que o profissional tenha tempo de se adequar a estrutura da aula. Após esse processo, se o profissional em questão for aprovado no segundo módulo, ele estará apto para ministrar as aulas e em um prazo de 60 dias, deverá enviar um vídeo ministrando uma aula completa com as 10 músicas que compõem o programa, para a avaliação final. Após passar por essas etapas, o profissional receberá um certificado de credenciamento da modalidade.

    O programa não pode ser ministrado em qualquer espaço destinado a prática do Fitness, para isso é necessário que a academia se credencie a Body Systems, empresa responsável pela franquia no Brasil e pague a cota mensal para ter direito a uso da imagem.

    Para a Bodysystems (2011), o Bodypump, pode ser praticado por todo tipo de aluno que já tenha passado pela a avaliação física e que não tenha nenhum tipo de restrição médica. Todos os movimentos do Bodypump são movimentos da musculação, adaptados para sala de aula.

    Na questão da intensidade das aulas, Bodysystems (2011) comenta que, os professores dessa modalidade passaram por um treinamento e são capazes de oferecer diferentes opções de exercícios e cargas para os alunos. A carga é regulável, o aluno iniciante poderá usar um peso bem baixo, somente para se adaptar aos movimentos, e ir aumentando gradativamente. Também sob orientação do seu professor.

Benefícios

    Para Guglielmo et al.(2009), por se tratar de um trabalho muscular de tensão contra resistência localizada, com baixa carga e alto número de repetições, pode-se hipotetizar que este tipo de programa poderia determinar alterações fisiológicas em alguns aspectos da aptidão física relacionada à saúde como a resistência muscular localizada (RML), a capacidade aeróbia, a flexibilidade e a composição corporal

    Embora os benefícios potenciais do Bodypump não tenham sido amplamente quantificados, o programa de treinamento pode elicitar a resistência muscular, o condicionamento aeróbio aprimorado, perda de peso (gordura), manutenção ou aumento de massa corporal magra, melhora da força e tônus muscular (FERRARI e FERREIRA, 2007; TOURINHO et al., 2007).

    Por se tratar de exercícios resistidos, Forjaz (2003), aponta que o treinamento regular com exercícios resistidos promove uma série de adaptações fisiológicas, sendo as modificações musculoesqueléticas as mais evidentes e comprovadas. Nesse sentido, o treinamento resistido, principalmente de alta intensidade, promove hipertrofia e aumento da força muscular. Além disso, ele aumenta a densidade óssea, reduzindo a prevalência da osteoporose.

    A combinação de grande número de repetições com sobrecarga média do Bodypump não permite o aumento exagerado da massa muscular. Um dos benefícios do Bodypump é fortalecer a musculatura, melhorar a resistência muscular e reduzir a gordura corporal, portanto, uma tonicidade aparente da musculatura pode ser observada, mas o aumento de massa muscular não acontece em proporções exageradas (BODYSYSTEMS, 2011).

    Segundo a Bodysystems (2011), os músculos pesam muito mais do que a gordura. Quando alteramos a nossa composição corporal com o Bodypump, desenvolvemos a massa muscular e reduzimos o percentual de gordura. Isso significa que a escala de peso pode apresentar um certo aumento, mesmo com a diminuição da gordura corporal. Dessa forma um aluno pode começar pesando 59kg com 30% de gordura e, ao longo do treinamento, passar a pesar 61kg com 20% de gordura. Além disso quanto mais desenvolvida for a massa muscular, maior quantidade de gordura o corpo utiliza como combustível. Se o aluno não tiver a massa muscular desenvolvida, mais difícil será a queima de gordura.

    Além disso, o Bodypump pode elevar a taxa metabólica basal (TMB), que é a faixa em que a pessoa queima energia para seu corpo se manter vivo e funcionando. Elevar a TMB significa que o aluno irá queimar mais calorias.
Nas tarefas do dia a dia, usa-se cerca de 40% de suas fibras musculares. Para usar 100%, é necessário queimar energia com 100% de eficiência. Quanto menos fibras musculares forem utilizadas, mais facilmente irá ganhar peso, porque elas não estão sendo plenamente exigidas (BODYSYSTEMS, 2011).

    Estima-se em torno de 300 a 500 kl/cal, dependendo de alguns fatores como sexo, nível de aptidão (domina ou não as técnicas de execução dos movimentos), metabolismo basal assim como a quantidade de massa magra corporal.

Estudos experimentais

    Pesquisas desenvolvidas por Guglielmo et al. (2009), sugerem que o treinamento resistido com pesos tem sido eficiente para promover o aumento do componente da massa corporal magra, mesmo ao utilizar cargas baixas, como as referentes a resistência muscular localizada.

    Um interessante estudo de Nascimento et al. (2005) teve como objetivo comparar as respostas de pressão arterial (PA), freqüência cardíaca (FC) e duplo produto (DP); determinar e comparar a intensidade de esforço através da resposta da FC, entre o Bodypump (mix 50) e o BODYSTEP (mix 57), de 16 mulheres treinadas a pelo menos dois meses nas atividades em que foram avaliadas e divididas em dois grupos.

    Os resultados do estudo mostraram não haver diferenças significativas na resposta da PA durante o exercício entre os dois programas. Entretanto, foi encontrada diferença significativa nos valores de DP e FC do BS em relação ao BP, sugerindo que o BS parece determinar uma maior intensidade de esforço e também uma maior sobrecarga cardiovascular (NASCIMENTO et al., 2005).

    Isso se explica pelo fato do BP preconizar o treinamento de resistência muscular e não cardiovascular, não tendo portanto um aumento súbito da FC, como acontece no treinamento cardiovascular, que ocorre no BS.

    No estudo de Silva e Carvalho (2004), teve-se como objetivo avaliar o percentual de tecido adiposo em mulheres de 22 a 41 anos, pós exercício físico pelo método Bodypump (duas vezes semanais, durante três meses, sendo um exercício de baixa intensidade). Foi utilizada uma amostra de 12 mulheres entre as idades já citadas. Através da antropometria convencional, os resultados mostraram que, após três meses de treinamento de Bodypump, 83% do grupo avaliado, apresentou características significantes de redução de peso e do percentual de gordura.

    Faccin et al. (2011) realizam um estudo intitulado “Gasto calórico nas aulas de Bodypump e Power Jump”, onde o objetivo foi verificar qual das duas modalidades tem o maior gasto calórico. Participaram do estudo 10 mulheres jovens, com experiência mínima de seis meses nas modalidades descritas. As participantes tiveram seu consumo de oxigênio e freqüência cardíaca medido continuamente durante toda a aula de BP e PJ e 30 minutos pós exercício respectivamente.

    O gasto calórico durante a aula, pós exercício e a freqüência cardíaca permaneceram maior durante a aula de Power Jump (377,63 Kcal; 30,64 Kcal; 146,08 bpm) quando comparado com a aula de Bodypump (182,72 kcal; 20,97 kcal; 117,5 bpm).

    Porém, em estudo de Pfitzinger e Lythe (2003), envolvendo 10 adultos (5 mulheres e 5 homens), com idade média de 32,7 anos verificaram que o gasto calórico da aula de Bodypump foi de 441 kcal e a freqüência cardíaca foi de 135,4 bpm.

    Faccin et al (2011) acreditam que a divergência dos resultados da sua pesquisa com a citada acima talvez possa ser atribuída ao fato da população avaliada ter sido composta somente de mulheres, que apresentam características diferenciadas em termos do nível de atividade física e composição corporal em relação a indivíduos homens podendo ter assim elevado o gasto calórico médio e a freqüência cardíaca do estudo citado acima.

    Como já citado, o gasto calórico médio pós exercício permaneceu maior na aula de Power Jump (30,64 kcal) do que no Bodypump (20,97 kcal). Esta diferença encontrada pode ser atribuída aos maiores valores de VO2 encontrados na aula de Power Jump (FACCIN et al., 2011).

    Após o exercício, o consumo de oxigênio permanece acima dos níveis de repouso por um determinado período de tempo, denotando maior gasto energético durante este período. Nos exercícios contra resistência (Bodypump por exemplo), o gasto energético durante o período de recuperação tem um gasto médio adicional de 6 a 114 kcal.

    Os valores de gasto calórico obtido no Bodypump estão de acordo com os recomendados pelo ACSM (1999), que sugerem um gasto de 15-400 kcal em atividade física programada por dia, objetivando a média de 1000 kcal por semana para manutenção de níveis adequados de saúde.

    Para Amorim e Gomes (2003), o gasto energético, ou calórico, reflete o custo de energia ou a intensidade associada a uma determinada atividade física, e é uma função direta de todos os processos metabólicos envolvidos no processo de mudança do requerimento de energia, para suportar a contração muscular associada a esta atividade

    Segundo Durnin (1996), se a energia ingerida exceder à energia gasta, o armazenamento de energia irá acontecer, podendo ser detectado o armazenamento de gordura. Sendo assim, o Bodypump, como um exercício físico capaz de gastar energias extras (ou seja, além do gasto basal e do dia a dia), poderá auxiliar no processo de emagrecimento.

    Considerando que o principal objetivo do Bodypump é o desenvolvimento da resistência muscular localizada, com um alto volume de repetições em cada exercício, é esperado que não sejam encontrados elevados valores de consumo de oxigênio durante as aulas. Por outro lado, pode-se esperar que a aula de Bodypump provoque outras adaptações relacionadas à saúde (força, resistência muscular localizada, resposta do lactato sanguíneo).

    Guglielmo et al. (2009) investigaram os efeitos de 10 semanas de treinamento de Bodypump na composição corporal, na flexibilidade, na resistência muscular localizada e no limiar anaeróbio de sete mulheres jovens, que realizaram os seguintes protocolos: 1) Teste de RML: maior número de repetições até a exaustão voluntária no supino reto, leg-press e abdominal; 2) protocolo de avaliação antropométrica; 3) Teste de flexibilidade e 4) Teste incremental na bicicleta ergométrica para determinação do limiar anaeróbio.

    Foi encontrada diminuição significativa na gordura corporal e aumento na massa corporal magra. Além disso, foi encontrado aumento significante na carga e na freqüência cardíaca correspondente ao limiar anaeróbio. A resistência de força obtida nos testes foi significativamente maior após o programa de treinamento. Foram encontrados aumentos significativos nos perímetros dos braços e antebraços (direitos e esquerdos).

    O estudo de Tourinho et al. (2007) teve como objetivo verificar a intensidade de uma aula de Bodypump em suas diferentes rotinas, tendo como base a freqüência cardíaca observada durante a aula e da freqüência cardíaca referente ao limiar ventilatório (FCLV). Para isso foram avaliadas nove alunas que praticavam Bodypump há mais de seis meses. A freqüência cardíaca das alunas foi monitorada em três aulas distintas e, num segundo momento, foi realizado um teste progressivo em esteira rolante para determinação do limiar ventilatório, com o auxílio de um ergoespirômetro.

    Analisando os dados, os autores verificaram que o consumo de oxigênio referente ao limiar ventilatório foi de 31,14 ml/kg.min e ocorreu em torno de 70,67% do consumo de oxigênio de pico, que apresentou uma média de 44,07 ml/kg.min. A FCLV foi de 156 bpm, com as médias gerais de freqüências cardíacas coletadas em aula não utrapassando a FCLV, com exceção das rotinas de agachamento, costas e afundos, nas quais foi verificada uma média de freqüência cardíaca de aula acima da FCLV, indicando também uma contribuição importante do metabolismo anaeróbio para a ressíntese de ATP na execução dos movimentos.

    Ao se comparar o estudo acima, com o de Stanforth et al. (2000), verificou-se que os valores para VO2 de pico são um pouco superiores aos observados na pesquisa de Tourinho et al. (2007); quanto à freqüência cardíaca, parece se comportar da mesma forma, isto é, os valores verificados na pesquisa acima apresentaram-se mais baixos do que os observados por Stanforth et al. (2000), no momento da determinação do VO2 pico.

    No estudo de Ferrari e Guglielmo (2006) o objetivo foi comparar a resposta do lactato sanguíneo e a freqüência cardíaca em dois diferentes programas de treinamento (Bodypump e Bodycombat) e caracterizar o perfil psicológico destes exercícios em relação à sua intensidade. Participaram do estudo 16 mulheres divididas em dois grupos. (9 no Bodypump e 7 no Bodycombat). Para a determinação do lactato sanguíneo foram coletadas amostras contendo 25 ml de sangue do lóbulo da orelha ao final das músicas ímpares para as duas atividades. A freqüência cardíaca foi monitorada durante toda a aula.

    Os autores concluíram que a modalidade Bodycombat parece determinar uma maior intensidade durante a aula, como demonstrando pelos maiores valores de freqüência cardíaca, quando comparados ao Bodypump. Entretanto, os valores de lactato sanguíneo indicam domínios de intensidade pesada para os dois programas, sugerindo que estas atividades parecem ser eficientes para o controle da massa corporal e melhora da capacidade aeróbia.

Considerações finais

    De acordo com os estudos apresentados, conseguimos organizar um material suficiente para apresentar algumas pesquisas relacionadas com o Bodypump.

    Mesmo se tratando de poucos estudos pesquisados, que salientam os efeitos do Bodypump na população, pode-se observar resultados positivos nas pesquisas realizadas com a modalidade, em relação a freqüência cardíaca, lactato sanguíneo e alterações morfofuncionais.

    Para afirmar resultados e benefícios, seria interessante um número maior de pesquisas, com diversas variáveis que poderiam ser estudas dentro do treinamento resistido.

Referências

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