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Atuação de monitores acadêmicos em 

duas disciplinas de um curso de fisioterapia

La intervención de ayudantes de cátedra en dos materias de un curso de fisioterapia

 

*Universidade Nilton Lins

**Universidade Federal do Amazonas

***UNINORTE/LAUREATE

(Brasil)

Ronaldo da Silva Cruz*

Jaqueline Bacelar da Silva**

Cristiane Aschidamini***

rscfisio@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivos: demonstrar que a monitoria em um curso superior, pode contribuir para melhor aproveitamento dos conteúdos ministrados pelos professores, inserindo o acadêmico no processo ensino-aprendizagem e despertando vocações para a docência. Material e métodos: aplicação de questionário objetivo e subjetivo para 105 discentes, em relação à atuação do monitor acadêmico. Resultados: 80% dos discentes acreditam que os monitores acadêmicos melhoram o aproveitamento dos conteúdos ministrados pelos professores, 74,3% apontam que, as orientações e o acompanhamento do monitor acadêmico, contribuem para o progresso no processo de aprendizado e esclarecimento das dúvidas, demonstrando a importância das universidades estabeleçam programas de monitoria acadêmica e incentivem à participação. Conclusão: monitores acadêmicos apoiando atividades docentes do ensino superior contribuem no aproveitamento e compreensão dos conteúdos ministrados, reciclam seus conhecimentos, vivenciam a docência precoce, completando o aprendizado e a formação profissional num mercado de trabalho cada vez mais exigente.

          Unitermos: Monitoria acadêmica. Ensino superior. Fisioterapia.

 

Presenteado em I Bioergonomics, Congresso Internacional sobre Biomecânica y Ergonomia, Manaus, Brasil, do 30 de maio ao 2 de junho.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este artigo foi concebido a partir da experiência de monitoria em duas disciplinas (Fundamentos de Neurologia e Fisioterapia Cardiovascular) do curso de Fisioterapia do UNINORTE/LAUREATE, no primeiro semestre de 2010.

    As referidas disciplinas, transformaram a vida acadêmica dos autores deste texto, de modo que os mesmos, em comum acordo, resolveram expor suas experiências e divulgá-las a toda a comunidade acadêmica e científica, no intuito de que se valorize e seja incentivado essa pratica acadêmica nas diversas universidades do Brasil e do mundo.

    A fisioterapia é a ciência da área da saúde que trata e reabilita indivíduos portadores de disfunções motoras, sensitivas e biomecânicas (COFFITO), sendo o Fisioterapeuta um profissional da área da saúde de nível superior, este, ao longo de sua formação acadêmica, passa por diversas etapas de aprendizagem, entre elas a monitoria acadêmica.

    Apesar da atividade de monitoria ser antiga, encontramos poucas literaturas a respeito do assunto, em comparação com a gama de documentos relativos à pedagogia propriamente dita. Para Lins (2010), monitoria consiste em uma atividade acadêmica, de natureza complementar, na qual o aluno tem a oportunidade de desenvolver e ampliar os conhecimentos adquiridos na academia por meio do apoio docente na condução da disciplina. Friedlander (1984) afirma que o aluno-monitor ou simplesmente monitor é o estudante que, interessado em desenvolver-se, aproxima-se de uma disciplina ou área de conhecimento e junto a ela realiza pequenas tarefas ou trabalhos que contribuem para o ensino, a pesquisa ou o serviço de extensão à comunidade dessa disciplina. Segundo Candau (1986) a monitoria objetiva despertar o interesse pela docência, mediante, o desempenho de atividades ligadas ao ensino, possibilitando a experiência da vida acadêmica, por meio da participação em diversas funções da organização e desenvolvimento das disciplinas dos cursos, além de possibilitar a apropriação de habilidades em atividades didáticas.

    Na observação de Schneider (2006), o trabalho de monitoria é compreendido como uma atividade formativa de ensino que entre outros objetivos, pretende: contribuir para o desenvolvimento da competência pedagógica; auxiliar os discentes na apreensão e produção do conhecimento; possibilitar ao acadêmico-monitor certa experiência com a orientação do processo de ensino-aprendizagem.

    Conforme adquirem confiança no monitor, muitos discentes até se esquecem de questionar diretamente ao professor, em detrimento das “facilidades” apresentadas em forma de conhecimentos explicativos e experiência de períodos passados, fato que pode levar os acadêmicos a um possível engano, pois os monitores, nem sempre, detém o todo, dos conhecimentos relativos à matéria estudada, posto que a maioria dos conhecimentos acadêmicos resume-se a algumas literaturas disponíveis em seu meio de pesquisa, enquanto que seus mestres, além da experiência de vida profissional, também têm acesso a conhecimentos mais aprofundados e correlacionados com outras ciências, o que vem a compor “o todo” de seu conhecimento.

    Portanto, é nosso interesse com esta pesquisa demonstrar, através do uso de ferramentas que possam mensurar de forma estatística, os benefícios que a atividade de monitoria pode proporcionar dentro de uma IES, assim como a promoção de um melhor aproveitamento dos conteúdos ministrados pelos professores em sala de aula por parte dos monitorados.

Procedimentos metodológicos

    Após prévio contato com a Coordenadora Geral do Curso de Fisioterapia do UNINORTE/LAUREATE, a qual foi convidada a orientar este estudo, e com o devido deferimento daquela coordenação, foram iniciadas as atividades de preparação de um questionário a ser apresentado à comunidade discente do curso de fisioterapia da referida Instituição de Ensino Superior (IES).

    A coleta de dados ocorreu em paralelo à aplicação dos exames finais do 1º semestre de 2010, em data única, 22/06/2010, no horário noturno. Os discentes, após realizarem o exame final, receberam um questionário com metodologia auto-aplicável contendo 24 questões, sendo 18 objetivas e 06 subjetivas. Não foi determinado tempo para o preenchimento das questões ou obrigatoriedade no preenchimento, assim como, não foi solicitado à identificação dos discentes. A aplicação dos questionários bem como as informações quanto ao preenchimento dos mesmos se deu por professores e monitores acadêmicos. Após o preenchimento dos questionários, estes foram guardados em envelopes lacrados, entregues na sala da Coordenação do Curso de Fisioterapia, e posteriormente repassados aos pesquisadores para tabulação dos dados. Para a análise dos dados, foi realizada por distribuição de freqüências, por meio do programa BR Office.org 2.2 Cali.

    De um universo de 105 questionários aplicados, 105 fichas (100%) foram consideradas aptas para compor a amostra da pesquisa, sendo que destes 36 questionários (34,3%) referiam a atuação da monitoria na disciplina Fundamentos de Neurologia (01 turma) e 79 questionários (65,7%) referiam à disciplina Fisioterapia Cardiovascular (02 turmas), todas essas turmas do horário noturno do curso de fisioterapia.

Resultados

    Considerando o questionamento inicial da pesquisa, de que a atuação do monitor pode contribuir para um melhor aproveitamento dos conteúdos ministrados pelo professores, dos 105 entrevistados 88 (80%) indicaram que a monitoria contribui para elucidar as dúvidas e aperfeiçoar o aprendizado e 78 (74,3%) concordam que a monitoria promove progresso no processo de aprendizado e esclarecimento das dúvidas.

    Nosso levantamento confirma a opinião de outros discentes, em um estudo realizado por Soares & Santos (2007) sobre a monitoria, onde os mesmos relataram que o monitor articula o elo de ligação entre o conteúdo abordado e a aprendizagem, proporcionando um ensino de forma não-diretiva, tornando assim a interação dos saberes consolidada.

    Por outro lado, alguns discentes afirmaram que houve dificuldade em solicitar os serviços da monitoria, sendo o maior destaque para a afirmação de que 44 (41,9%) dos discentes destacaram o horário conflitante, o que reflete, em parte, o cotidiano dos discentes que trabalham e estudam e nem sempre conseguem conciliar o pouco tempo que lhes resta para as atividades suplementares, e 36 (34,3%) dos discentes destacam sua indisponibilidade para o usufruto dos serviços de monitoria, confirmando a questão anterior, enquanto que 6 (5,7%) afirmam que a não disposição do monitor foi um fator negativo. Vale ressaltar que, tão logo foram selecionados os monitores, os professores das disciplinas objeto deste estudo apresentaram publicamente (em sala de aula) os respectivos monitores, colocando os mesmo à disposição suas turmas. Os monitores por sua vez informaram que estariam atendendo dúvidas a qualquer momento e em especial, diariamente (de segunda-feira a sexta-feira), nos intervalos entre 2º e 3º horários, além dos horários de sala de aula e laboratório.

    Outras dificuldades ainda foram enunciadas nas questões em aberto, pois, 6 (5,7%) afirmaram, também como dificuldades: pouco tempo para as práticas no laboratório, um discente alegou não saber da existência do serviço, e outro alegou desconhecer a monitoria como um direito dos discentes.

    Podemos também abstrair outras contribuições, por parte dos entrevistados, quando colocamos em análise as questões abertas, onde a maioria dos discentes afirma que as principais funções de um monitor são: esclarecer as dúvidas, formar grupos de estudos, auxiliar no aprendizado e orientar quanto a elaboração de trabalhos acadêmicos.

    Quando questionados sobre o que poderia ser feito para melhorar o programa de monitoria, destacamos as respostas com maior freqüência: a) selecionar monitores com mais tempo disponível para o exercício da função; b) selecionar monitores para todas as matérias específicas do curso; c) disponibilizar laboratório para atividades práticas e sala para o atendimento aos discentes em questões teóricas, além de, o oferecimento de bolsas, descontos aos monitores.

    Quanto à atuação dos monitores em termos qualitativos, conforme a opinião dos entrevistados, os monitores, no que diz respeito ao nível de conhecimento na disciplina específica de cada um, apresentaram capacidade e clareza em transmitir os conhecimentos, demonstraram iniciativa própria, e em particular, esclarecimento de dúvidas, em média, 83 (79%) discentes confirmam estas proposições, contra 7,8 (7,4%) que não concordaram, enquanto que 14,25 (13,6%) mantiveram as questões em branco.

    Os achados no que diz respeito ao questionamento se o monitor pode, além de esclarecer as dúvidas dos discentes, pelo fato do mesmo possuir uma linguagem mais simples, intermediar por estes junto ao professor, os discentes apontam afirmativamente, em média, 69 (65,7%), enquanto que apenas 10,7 (10,2%) não afirmaram essa possibilidade, outros 25,3 (24,1%) não se manifestaram deixando essas questões em branco. Os resultados positivos confirmam que os discentes sentem-se mais à vontade para fazer questionamentos ao monitor, que muitas vezes serve de intermediário entre o professor e os estudantes (FRANCO, 1998).

Discussão

    Outros estudos (Reis, 2010; Schneider, 2006; Soares & Santos, 2007), também identificaram esta contribuição da monitoria acadêmica na formação de novos educadores, compromissados com a formação de novas gerações de profissionais e docentes, vindo de encontro com os estudos de Lins (2010), o qual afirma que a monitoria além de promover o enriquecimento da vida acadêmica do educando, possibilita por meio da relação de cooperação existente entre docente e monitor acadêmico, o aprimoramento da qualidade de ensino da disciplina, bem como corrobora no compromisso da instituição em oferecer um ensino superior de qualidade.

    Conforme observado nos questionários da pesquisa, um bom programa de monitoria é a base para se forjar futuros profissionais para a vida acadêmica, confirmando os resultados da pesquisa proposta por Oliveira (2008), onde 40% dos ex-monitores estão atuando na atividade de docência ou estão inseridos em programas de pós-graduação.

    Os entraves possíveis que podemos destacar foram: o questionário foi aplicado logo em seguida à aplicação das provas do exame final da instituição, portanto, os estudantes estavam submetidos à condição de estresse mental. O preenchimento facultativo do questionário pode ter contribuído para o grande número de respostas em branco ou ao acaso, denotando uma falta de compromisso verdadeiro com a pesquisa. Uma possível antipatia ou não aceitação da pessoa do monitor, e não da situação de monitoria em si, pode ter contribuído para falhas no preenchimento dos questionários. Não ter utilizado o serviço de monitoria por parte dos acadêmicos entrevistados.

Conclusão

    A Monitoria Acadêmica parece exercer influência positiva no processo de ensino-aprendizagem. Os benefícios advindos de um programa de monitoria repercutem na vida do monitor, no desempenho dos alunos monitorados, assim como na qualidade de ensino da IES. Proporciona ao monitor acadêmico a aquisição de novos conhecimentos, que são adquiridos durante a vivência com o professor orientador e em decorrência da constante demanda dos alunos na resolução de assuntos não muito bem elucidados em sala de aula, o que acaba instigando o monitor a buscar uma compreensão mais profunda dos assuntos ministrados. Entretanto, conforme são aprofundados as tecnologias voltadas para a formação de profissionais de nível superior, não apenas no campo da pedagogia, mais, em suas áreas de formação, novos estudos, se fazem imprescindíveis para referendar a atuação de voluntários que, abdicando do seu tempo de estudo em benefício próprio ou de estar com seus entes queridos, dedicam um percentil deste precioso tempo, em benefício de outros colegas de aprendizado, e porque não dos futuros profissionais.

    Acreditamos que a atuação do monitor acadêmico em apoio às atividades acadêmicas contribui para um melhor aproveitamento coletivo dos conteúdos ministrados, bem como, da facilitação da compreensão destes conteúdos pelos colegas discentes, enquanto recicla os conhecimentos do monitor e lhe permite vivenciar a experiência da docência precoce, completando o aprendizado cotidiano dentro de uma universidade, o que fecha o ciclo ensino-aprendizagem, pressuposto teórico-prático da vida acadêmica.

Referências

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