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Atividade física na escola e sua relação com sobrepeso e obesidade

La actividad física en la escuela y su relación con el sobrepeso y la obesidad

 

*Especialista em Fisiologia e cinesiologia do exercício e Professora da Universidade do Estado

do Rio Grande do Norte – UERN e da Universidade Federal de Campina Grande, UFCG

**Graduada em Educação física pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN

***Especialista em Exercício Físico Aplicado a Grupos Especiais pela Universidade Potiguar, UNP

****Especialista em Fisiologia do Exercício e Professor

do Centro Universitário do Rio Grande do Norte, UNI-RN

*****Doutor/a em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN

Professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

******Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN

Professor da Universidade Federal de Alagoas – UFAL

(Brasil)

Ubilina Maria da Conceição Maia*

Thaís Fontes de Morais**

Nailton José Brandão de Albuquerque Filho***

Thiago Renne Felipe***

Gledson Mendes Rebouças****

Maria Irany Knackfuss*****

Humberto Jefferson de Medeiros*****

Arnaldo Tenório da Cunha Junior******

ubilinamcm@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Na atualidade uma preocupação reside na prevalência de sobrepeso e obesidade entre crianças, fato que tem sido confirmado por pesquisas e que vem suscitando a preocupação em diversas áreas de conhecimento no sentido de que novos estudos precisam ser realizados de acordo com cada realidade. O objetivo geral deste estudo foi investigar a prevalência de sobrepeso e obesidade dos escolares do ensino fundamental I e II da rede municipal do município de José da Penha/RN O trabalho trata de uma pesquisa descritiva e teve como amostra 314 alunos de ambos os sexos, na faixa etária de 7 a 10 anos. Para obtenção dos dados utilizou-se o teste do IMC, peso/(estatura)², seguida da classificação de normal, sobrepeso, obeso e baixo peso pela tabela da PROESP um questionário construído para o referido estudo. Como resultado foi possível observar que entre o sexo feminino e masculino 197 (62,7%) normal, 47 (15,0%) com sobrepeso, 12 (4,0%) obeso e 58 (18,4%) com baixo peso. Portanto, não existe prevalência de sobrepeso e obesidade entre os escolares, entretanto foi possível constatar um índice significativo de baixo peso.

          Unitermos: Obesidade. Educação Física. Escolares.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Existe uma preocupação atual centrada na prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças por ser considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde pública.

    A obesidade infantil afeta tanto os países desenvolvidos e em desenvolvimento de todos os grupos sócio-económicos, independentemente da idade, sexo ou etnia. A proporção de crianças em idade escolar afetadas quase dobrou em 2010, em comparação com as pesquisas mais recentes disponíveis a partir dos anos 1990 até 2003 (RAJ, 2010).

    Os dados do IBGE revelam que no Brasil existe entre meninos adolescentes um aumento contínuo com excesso de peso em todos os estratos de renda; entre meninas, a freqüência do excesso de peso mantém-se para as mais pobres, porém com discreta redução entre as meninas de renda mais elevada entre 1989 e 2002/2003. Em pré-púberes, a prevalência de obesidade descrita em diferentes estudos no início dos anos 2000, utilizando-se o IMC como critério, é de aproximadamente 10% de aumento da freqüência (STRUALD, 2011).

    A ocorrência do excesso de peso na infancia aumenta a possibilidade dessas crianças continuarem obesas na vida adulta, fato que acarreta uma preocupação pela condição da obesidade ser considerada como uma doença resultante do acúmulo natural ou execessivo de gorduras sob a forma de tecido adiposo de maneira que venha causar algum prejuízo a saúde. Trata-se de uma doença complexa multifatorial, na qual ocorre uma sobreposição de fatores genéticos, comportamentais e ambientais que constituem um desafio para o trabalho das diferentes áreas do conhecimento que podem atuar na elaboração de diferentes estratégias desse problema de saúde pública (FERNANDES, 2011).

    Indivíduos que são classificados como sobrepeso ou obesas têm um risco maior de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, diabetes tipo 2 e doenças do fígado, e têm uma maior taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares. Além disso, as mães obesas têm uma maior chance de complicações durante a gravides (FERNANDES, 2011).

    Nesse sentido algumas medidas se tornam emergenciais por refletir sobre aspectos que estão diretamente ligados ao cotidiano das crianças. Dentre essas medidas consideramos o papel da Educação Física com base no currículo escolar voltado para prática de atividade física, de fundamental relevância, pois esta é uma relação com a educação integral que efetivamente se materializou e se materializa na escola brasileira como uma ação política compreendida por uma tomada de consciência e formação dos inerentes hábitos de vida dos sujeitos.

    A educação física é uma prática pedagógica que trata da cultura corporal de movimento objetivando introduzir e integrar os alunos na cultura corporal de movimento, desde a educação infantil até o ensino médio, formando os cidadãos que irão usufruir partilhar, produzir e transformar as manifestações que caracterizam essa área. Todos os alunos devem participar das aulas de educação física que é considerada como um componente curricular da escola e um direito do cidadão (DARIDO, 2008).

    Nesse sentido, para que se efetive uma prática sistematizada da educação física e se estabeleça uma relação com o sobrepeso e obesidade é preciso conhecer a realidade escolar. Dessa forma, levando em consideração a realidade do município de José da Penha/RN, nota-se que não existe uma preocupação do papel da educação física escolar sobre essa temática, fato que nos motivou investigar o índice de sobrepeso e obesidade dos escolares do município de José da Penha R/N, identificando as atividades e envolvimento dos alunos no funcionamento das aulas de educação física e verificando o índice de massa corporal (IMC) dos escolares, no município de José da Penha/RN.

Metodologia

    O presente estudo foi de natureza descritivo, desenvolvido com uma amostra de 314 escolares matriculados em escolas da rede municipal de ensino fundamental I e II, localizadas na zona urbana e rural, de ambos os sexos, na faixa etária de 7 a 10 anos, da rede municipal de ensino da cidade de José da Penha/RN.

    Foi aplicado o teste do índice de massa corporal (IMC), utilizando como instrumento de coleta uma balança digital da marca Filizolla com precisão de 100 Kg, e uma fita métrica, de marca (Sanny) com base na medida realizada na parede, conforme proposição do PROES. Para a tabulação dos dados foi utilizado a estatística descritiva para a obtenção dos resultados do estudo. Foi utilizado também um questionário para saber sobre o tipo de envolvimento dessas crianças em atividade física dentro e fora da escola.

Resultados e discussões

    Foram examinados 314 escolares sendo 49,4% (n=155) do sexo feminino (e 50,6% (n=159) do sexo masculino. Do total de meninos examinados 48,5% (n=77) tinham 7 e 8 anos de idade, e 51,5% (n=82), entre 9 e 10 anos de idade. Quanto às meninas, 49,0% (n=76) tinham entre 7 e 8 anos de idade e 51,0% (n=82), entre 9 e 10 anos de idade.

    Os resultados obtidos demonstraram que a amostra analisada teve similaridade, quanto ao grupo feminino e masculino. Ao comparar os grupos, porém, algumas diferenças foram significativas.

Tabela 1. Perfil dos escolares índice de massa corporal

    No que diz respeito à distribuição do IMC quanto ao gênero foi possível observar que com base na classificação (sobrepeso e obesidade) subtende-se que a freqüência de gordura corporal no sexo feminino é mais elevada do que do sexo masculino. Esse resultado assemelha-se com o estudo de Figueiras (2005) realizado com 377 crianças de sete a onze anos de idade, onde a prevalência foi sobre o sexo feminino com 30,39% de sobrepeso e 12,75% de obesidade, quando comparado com sexo masculino 22,54 de sobrepeso e 9,25%, de obesidade.

    Ao fazermos uma análise do índice de massa corporal dos escolares foi possível constatar um alto percentual “normal”, assim justificamos esta alta freqüência por vários motivos, um deles é pelo fato de ser uma cidade do interior de nível sócio econômico baixo que nem sempre disponibiliza fácil acesso e preparo de produtos saborosos com alto valor calórico o que intensifica os maus hábitos alimentares. Outro fator refere-se a não facilidade de acesso aos aparelhos tecnológicos que acabam tomando espaço na vida das crianças tornando-as mais sedentárias. Maranhão (2007), encontrou resultado semelhante ao fazer um estudo na cidade de Natal/RN em escolas públicas e privadas resultando uma maior porcentagem de excesso de peso nos escolares da rede privada e isso nos comprova que a classe econômica é um dos fatores influentes na prevalência de sobrepeso e obesidade.

    Com relação a prevalência do percentual normal este estudo mantém relação com o de Ribeiro et. al7 realizado com 342 crianças entre nove e dez anos de idade quando 61,27% dos escolares foram classificados dentro dos padrões de normalidades, sendo que 26,79% das crianças apresentaram sobrepeso e 11,14% obesidade. Embora tais dados apontem para uma discreta probabilidade de sobrepeso e obesidade, não desconsidera a necessidade de preocupação centrada nessa temática que embora ainda não esteja tão presente na região nordeste seus índices têm aumentado nos últimos anos.

    Outro motivo analisado com relação ao padrão de normalidade é o movimentar-se dos escolares que quando questionados sobre o desenvolvimento de algumas brincadeiras fora do ambiente escolar, 83,5% (n=262) responderam que brincam muito e 16,5% (n=52) disseram que não brincam muito. Portanto essas diversas vivências fora do contexto escolar possibilitam a criança usufruir de forma efetiva de práticas que possibilitam a melhoria tanto de aspectos físicos e motores como cognitivos e afetivos

    Essas atividades são brincadeiras como: jogo de futebol, pega-pega e bandeirinha. Ao contrário dos escolares com índice de massa corporal normal observamos que os escolares com sobrepeso e obesidade pouco brincavam e quando respondiam que brincavam, estas se limitavam as que tinham pouco esforço físico e motor, tais como, brincar de boneca.

    A atividade física se apresenta nesse contexto por meio das brincadeira uma forma de fazer com que as crianças adotem hábitos de vida voltados para o movimentar-se humano que propiciam uma aproximação com uma vida muito mais saudável que repercute nos seus hábitos cotidianos. Para Souza et. al (2011) a infância e a adolescência são períodos extremamente importantes para o desenvolvimento de um estilo de vida saudável, uma vez que os comportamentos adquiridos nesta fase tendem a ser perpetuados por toda a vida

    Vale ressaltar que a brincadeira é a atividade principal da criança, não aquela que ela mais executa durante o dia, mas a que mais se desenvolve mental e fisicamente. Portanto, a Educação Física deve utilizar-se de jogos e brincadeiras como um poderoso instrumento para auxiliar o desenvolvimento das crianças seja no plano motor, afetivo ou cognitivo, com a finalidade de promover um estilo de vida ativo e saudável. E nessa perspectiva a educação Física pode interferir de forma a considerar as experiências das crianças despertando no aluno a formação para o envolvimento com atividades ao longo da vida.

    No que diz respeito ao baixo peso, foi observado nos resultados desta pesquisa que 18,4% (n=58) da população com baixo peso, assemelhando-se com estudo de Salomons et al (2007) realizado com crianças de seis a dez anos de idade, o qual foi identificado a prevalência de desnutrição em (22,7%) da sua amostra.

    Tais constatações evidenciam de que nas escolas existem muitas crianças portadoras de baixo peso. Neste caso, o papel da escola é de mediar às informações aos alunos, porque além do aspecto nutricional, formam-se hábitos e atitudes. Nesse sentido, além de fornecer uma nutrição adequada através da merenda escolar, a escola deve informar o aluno sobre hábitos alimentares, relações sociais, cidadania, saúde entre outros aspectos que são imprescindíveis numa prática educativa efetiva e sistematizada.

    A atividade física e a alimentação são dois comportamentos considerados prioritários para a promoção da saúde em populações contemporâneas. A promoção de hábitos saudáveis em crianças e adolescentes possui relevância estratégica e deve ser encarada como prioridade por todos os setores sociais. Por congregar a maioria das crianças e adolescentes de um país, a escola representa um espaço privilegiado para o desenvolvimento dessas ações (SOUZA, 2011).

    Diante disso, não constatamos que existe entre os escolares características de sobrepeso e obesidade, entretanto foi possível diagnosticar uma problemática com relação a um índice considerável de baixo peso. Dessa forma, acreditamos que a pesquisa pode contribuir para o trabalho da educação e saúde do município para que os diversos setores possam trabalhar no sentido de melhorar as estratégias educativas voltadas para questão dos hábitos alimentares.

    A esse respeito, os PCNS (1998), ainda acrescenta que pode haver uma contribuição efetiva tanto do professor como da comunidade escolar para conscientização das pessoas a partir da educação voltada para a saúde, dessa forma a instrução torna-se decisiva na formação de cidadãos capazes de decidir sobre sua saúde e bem-estar.

    Corroborando ainda com o posicionamento dos PCNs (1998) é possível desenvolver uma proposta de ensino aprendizagem, integrando estratégias pedagógicas que propiciem discussão, problematização, reflexão das conseqüências das escolhas, numa perspectiva voltada para alimentação e atividade física, buscando assim, a formação de adultos críticos, emancipados e menos propensos a doenças como, por exemplo, a obesidade.

    Um estudo realizado na China mostrou algumas propostas de intervenção voltadas para efetivação de ações que combatam a obesidade com base no currículo escolar. Foram desenvolvidos dois estudos. Ambas as intervenções consistiram de formação de professores para entregar conteúdos sobre alimentação saudável, aumentando aulas de educação física. Numa revisão sistemática (KAIN, 2012).

Considerações finais

    Dessa forma a presente pesquisa encontra um respaldo nos seus resultados que se apresentaram positivos em virtude dos índices de sobrepeso e obesidade dos escolares estarem dentro dos padrões de normalidade propostos pela Organização Mundial de saúde, sendo que a mesma aponta para uma necessidade futura de outros estudos com olhares voltados para o perfil nutricional em virtude de uma constatação nos índices de baixo peso desses escolares.

Referências

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