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Ambiente escolar publica ou particular? Uma reflexão sobre a inclusão

¿Ambiente escolar publico o privado? Una reflexión sobre la inclusión

 

*Acadêmico do curso de Educação Física, UNICENTRO, Irati, PR

**Graduada em Educação Física pela UNICENTRO, Irati, PR

(Brasil)

Luis Felipe Requião*

Angelita Lopes da Conceição**

pinusr@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O acesso à escola contribui consideravelmente para o processo de desenvolvimento humano em seus aspectos afetivo, social, cognitivo e psicomotor, bem como para sua autonomia pessoal e social. A inclusão supõe a aceitação da diversidade Neste sentido o estudo teve como objetivo observar, analisar e comparar o ambiente educacional e a inclusão de uma criança portadora da síndrome de Down que frequenta a educação infantil publica no período da manha e a educação infantil particular no período da tarde na cidade de Irati, PR. Foram avaliadas duas instituições de ensino, bem como a inclusão do aluno portador da síndrome de Down. Foram observados descritos e analisados o ambiente escolar e a inclusão do aluno com síndrome de Down. A partir das observações e analise do ambiente escolar foi possível concluir que na educação infantil particular não há inclusão do aluno apesar de amplo espaço físico e adequado não existe a inclusão do aluno no ambiente escolar. Ao contrario na educação infantil publica onde o espaço físico e escasso, porem, a inclusão do aluno foi concretizada com grande eficiência.

          Unitermos: Síndrome de Down. Ambiente escolar. Inclusão.

 

Abstract

          Access to the school contributes significantly to the process of human development in its emotional aspects, social, cognitive and psychomotor as well as their personal and social autonomy. Inclusion implies acceptance of diversity this sense the study aimed to observe, analyze and compare the educational environment and the inclusion of a child with Down syndrome who attends public kindergarten during the morning and early childhood education particularly in the afternoon in the city of Irati, PR. We evaluated two schools, as well as the inclusion of a student with Down syndrome. Described were observed and analyzed the school environment and the inclusion of students with Down syndrome. From the observations and analysis of the school environment was concluded that early childhood education there is no particular inclusion of students despite ample physical space and there is no appropriate inclusion of students in the school environment. Unlike in kindergarten publishes where physical space and scarce, however, the inclusion of students was accomplished with great efficiency.

          Keywords: Down syndrome. School environment. Inclusion.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O acesso à escola contribui consideravelmente para o processo de desenvolvimento humano em seus aspectos afetivo, social, cognitivo e psicomotor, bem como para sua autonomia pessoal e social.

    A inclusão supõe a aceitação da diversidade, do modo de ser de cada um. Trata-se, portanto de considerar a síndrome de Down na sociedade inclusiva como diversidade e não mais como doença, anormalidade ou inferioridade (SAAD, 2003).

    Todos devem ter acesso às escolas comuns e essas escolas devem buscar uma pedagogia centralizada para a diferença se tornar acessível. Para que cada sujeito consiga se sentir capaz perante suas necessidades.

    A pedagogia deve caminhar junta a estes preceitos e dessa forma tornar a escola uma facilitadora das possibilidades às pessoas com necessidades especiais. Essa escola deve facilitar a independência e autonomia, possibilitando aos discriminados a ocupação do seu espaço na sociedade. A escola deve valorizar o que eles são e o que eles podem ser (ARAUJO, 2011).

    A inclusão de alunos com a síndrome de Down na sociedade e na escola é essencial para seu desenvolvimento, tendo em vista que todo ser humano conhece o mundo, desenvolve sua personalidade, aprende a socializar-se e expressar-se através de seu desenvolvimento corporal independente de suas limitações (SAAD, 2003).

    A criança com Síndrome de Down inclusa na escola de ensino regular tem grandes chances de melhor se desenvolver porque esse ambiente para ela certamente será mais desafiador, do que para os outros alunos sem deficiência, e é isso que vai servir de estimulo para que ela se desenvolva (FERREIRA, 2009 pg. 05).

    Compreende-se que o maior obstáculo à inclusão não são as condições econômicas, mas a baixa expectativa que se nutre em relação às pessoas com necessidades educacionais especiais. Assim sendo, a mudança de atitude da escola torna-se emergente, visto que não é possível continuar insensível aos desafios e dificuldades teórico/práticas que a educação especial enfrenta.

    A escola deve preocupar-se com o efetivo encaminhamento de ações que contribuam com a produtividade escolar. Neste sentido o estudo teve como objetivo observar, analisar e comparar o ambiente educacional e a inclusão de uma criança portadora da síndrome de Down que frequenta a educação infantil publica no período da manha e a educação infantil particular no período da tarde na cidade de Irati, PR.

Métodos de investigação

Abordagens metodológicas

    Este é um estudo descritivo exploratório de corte transversal. Busca conhecer com profundidade um determinado tema, construir questões importantes, reunir mais conhecimentos e incorporar características inéditas por meio de observações, registros, análises, classificações e interpretações. Propõe investigar características de um fenômeno, situação, um grupo ou individuo específico. Proporciona uma visão geral acerca de determinado fato, mas não manipula os sujeitos ou objetos do estudo, apenas observa. (GIL, 1994; ALVES, 1999; RAUPP & BEUREN, 2003).

    Para a coleta e análise de dados foram utilizados métodos qualitativos. A abordagem qualitativa é a forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social, uma opção investigadora que tem como objetivo situações complexas ou estreitamente particulares. Pode empregar testes de diferentes naturezas explorando particularmente as técnicas de observação e interpretação, já que este instrumento penetra na complexidade de um problema, buscando decodificar seu complexo sistema de significados (MAANEN apud NEVES, 1996; RICHARDSON, 1999).

Sujeitos da pesquisa

    Foram avaliados dois centros de educação infantil sendo uma da rede publica e outra da rede particular, bem como a inclusão do aluno com os dois ambientes.

Procedimentos de coleta de dados

    Foram realizadas observações no ambiente escolar. Procuramos identificar a relação do aluno síndrome de Down com professores e colegas, como eles interagem e participam das atividades propostas, bem como a estrutura e os materiais disponíveis em cada ambiente.

Análise

    Foram observados, analisados e comparados os ambientes educacionais e a inclusão do aluno no ambiente educacional.

Resultados e discussão

    Este estudo teve como objetivo observar, analisar e comparar o ambiente educacional e a inclusão de uma criança portadora da síndrome de Down que frequenta a educação infantil publica no período da manhã e a educação infantil particular no período da tarde na cidade de Irati, PR.

    Segundo GALLAHUE (2003) as condições ambientais, que incluem fatores como as oportunidades para praticarem, o encorajamento e o ensino são cruciais para o desenvolvimento de padrões amadurecidos de movimentos. Sendo assim, foram também observados os ambientes educacionais dos dois alunos.

    Vigotsky (1997) afirma que as potencialidades da pessoa com deficiência são tão evidentes quanto às da pessoa sem deficiência, mas tanto uma quanto a outra precisam de condições ambientais e materiais adequadas para o seu desenvolvimento.

    O aluno incluso convive com duas situações muito diferentes, o ambiente em que está inserido tem uma diversidade em todos os aspectos. Ele frequenta duas instituições de ensino: uma pública e uma particular. Segundo BUCKLEY; BIRD (1998) apud LUIZ ET AL (2008) uma mesma criança inserida em diferentes contextos de inclusão, caminha para o sucesso de modos diversos, pois muitas escolas possuem formas variadas de lidar com estas crianças. Segundo os autores, nas escolas inclusivas há maior consciência das necessidades individuais de cada criança, permitindo maior flexibilidade do seu currículo e avaliação da diversidade, além de preparar o jovem para viver, brincar e para o trabalho em sociedade.

    A instituição publica é composta por um espaço físico um tanto escasso; a sala do Jardim II frequentada pelo aluno tem um espaço pequeno é composta por carteiras adequadas (pequenas) e um determinado espaço dentro da sala para ficarem brincando, onde mais tarde são colocados os colchões para a hora do soninho; possui muitos brinquedos recicláveis, alguns pedagógicos, TV e DVD. O ambiente tem características de escola e ao mesmo tempo de casa.

    A turma do Jardim II é formada por duas pedagogas e nove alunos de 3 a 4 anos, sendo um síndrome de Down. O Jardim II tem como objetivo a estimulação física, psicológica e cognitiva, sem ênfase a alfabetização; são realizados trabalhos recreativos, lúdicos e uma apostila quem dão noção da alfabetização através da colagem, pintura. Segundo RODRIGUES (2006) a escola inclusiva deve preocupar-se com a formação do aluno em todas as suas formas de diferença (culturais, éticas, etc.). Propiciando uma educação de qualidade onde não se fale apenas em igualdade de acesso, mas também em igualdade ao sucesso.

    Nas observações foi possível perceber que isso realmente está acontecendo. O aluno participa de todas as atividades, recebe atenção especial da professora e a ajuda de seus colegas, que não demonstram preconceito e/ou exclusão para realizar ou terminar determinada atividade. Tem um relacionamento bom com seus colegas e professoras, fala em um tom mais baixo com algumas dificuldades, mas é sempre estimulado a falar durante a aula. Situação semelhante foi observada por GALIANO & KRONBAUER (2010) em uma escola de Ensino Fundamental do Município de Itararé, SP, onde a escola optou por apoiar as iniciativas de inclusão e, até o momento, conseguiram construir práticas pedagógicas que mantém os alunos com necessidades especiais na mesma situação dos demais alunos. As crianças que convivem normalmente no ambiente escolar com alunos com necessidades especiais parecem desenvolver uma consciência de aceitação e compreensão de diversidades, e não de limitações.

    O aluno síndrome de Down frequenta a educação infantil há dois anos; acompanha toda a rotina proposta na educação infantil pública pela manhã e de tarde freqüenta com mais 17 crianças de três a quatro anos o Pré-I na escola particular.

    A educação infantil particular possui espaço mais amplo; a sala de aula é grande composta por carteiras com o nome de cada aluno, alguns cartazes produzidos pelas crianças e muitos brinquedos pedagógicos, um ambiente para assistirem TV, parque pedagógico e uma grande área com grama e/ou piso para brincar. O aluno incluso tem dificuldade para acompanhar os colegas nas atividades relacionadas à alfabetização; na Educação Física e em atividades lúdicas recreativas, porem, realiza todas as atividades propostas dentro de suas limitações, sem muitas dificuldades.

    Pode-se perceber que, diferente da escola pública, há exclusão dentro da sala de aula por parte de seus colegas de turma que não brincam e/ou fazem atividade com ele, é julgado por sua aparência física e tem dificuldades de se relacionar. A professora o expõe para a turma em condição de “especial”. A cooperação do professor é uma das condições fundamentais para o sucesso da inclusão da criança na escola regular. É ele quem vai detectar no dia a dia quais ajustes podem e devem ser feitos no ambiente, é quem vai colaborar na interação da criança com outros colegas, bem como criar situações satisfatórias para a criança desenvolver uma boa convivência social (GRAAF APUD LUIZ ET AL., 2008). As atitudes de exclusão o tornam um pouco violento, frequentemente bate nos colegas, fala palavrões e tem mania de cuspir em seus colegas. Algumas atividades ele realiza com as meninas ao invés d ficar com os meninos.

    Segundo RHODEN & GOUVÊA (2001) apud GALIANO & KRONBAUER (2010) a inclusão postula uma reestruturação do sistema educacional com o objetivo de fazer com que a escola se torne inclusiva, um espaço democrático e competente para trabalhar com todos os educando, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais. Além disso, a adaptação dos espaços e criação de materiais e atividades alternativos são frequentemente citados como impedimento para a conquista de um processo de inclusão bem sucedido, situação que parece diferir da situação do presente estudo (LEONARDO ET AL., 2008).

    Através das observações foi possível perceber a grande diferença entre as duas escolas, bem como do comportamento do aluno nos diferentes ambientes. Na escola publica acontece a inclusão e o aluno Down é tratado dentro de suas particularidades como uma criança igual os demais ali presentes. Na particular ele possui todos os recursos pedagógicos e não acontece a inclusão por parte de seus colegas de turma. A idéia de inclusão propõe que as crianças com necessidades especiais sejam educadas conjuntamente com as crianças comuns da forma mais semelhante, para favorecer seu desenvolvimento psíquico e físico. O convívio com as demais crianças é benéfica para o desenvolvimento da síndrome de Down (LUIZ; BORTOLI; FLORIA-SANTOS; NASCIMENTO, 2008). No presente estudo foi possível observar que o aluno incluso se relaciona com seus colegas procurando sempre sua inclusão naquele ambiente, que se torna mais fácil na educação infantil publica onde consegue se comunicar e se integrar com muita facilidade quando comparado com a educação infantil particular.

    Cada vez mais fica evidente a complexidade que envolve incluir uma criança, é preciso oferecer além do espaço físico condições materiais e instrumentais adequadas. Para Vigotsky (1997), a deficiência em si, não é o que tange ao seu aspecto biológico, que atua por si mesma, e sim, o conjunto de relações que o individuo estabelece com o outro e com a sociedade, por conta de tal deficiência. Na escola inclusiva, o profissional trabalha com uma quantidade maior de alunos em cada turma, o que dificulta o rendimento dos alunos que tem a Síndrome de Down (CARVALHO, 2009) as pessoas com necessidades especiais encontram dificuldades, sobretudo pelo fato de as condições materiais e instrumentais estarem voltadas para uma sociedade dita normal (VIGOTSKY, 1997).

Considerações finais

    A adaptação e a diversificação devem fazer parte de uma preparação para o estilo de aprendizagem que o educador levará aos seus alunos para que se sintam satisfeitos e iguais a todos os outros, sem exclusão. Todo conteúdo programado deverá atender as necessidades.

    Podemos perceber que a inclusão beneficiou o aluno tornando seu desempenho motor satisfatório, sendo seus movimentos mais naturais quando comparados com o aluno da educação especial. A convivência com os colegas o estimulou a realizar os mesmos movimentos que seus colegas fazem, além de beneficiar o aumento dos relacionamentos sociais. Isso faz com que as limitações que sua condição genética trás sejam superadas sem perceber.

    A inclusão supõe a aceitação da diversidade, do modo de ser de cada um. Trata-se, portanto de considerar a síndrome de Down na sociedade inclusiva como diversidade e não mais como doença, anormalidade ou inferioridade.

Referencias bibliográficas

  • FALKENBACH, A. P. A educação Física na escola: uma experiência com professor. Editora UNIVATES. Lajeados RS, 2002.

  • GALIANO, L. A. P.; KRONBAUER, G. A. Inclusão de alunos com necessidades especiais na Educação Básica. In. Anais do V Seminário de Educação do Centro-Oeste do Paraná. Guarapuava: UNICENTRO, 2010.

  • GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor de bebês, crianças, adolescentes e adultos. Editora Phorte, 3ª edição, São Paulo 2005.

  • GIL, A. C.: Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1994.

  • LEONARDO, TSN; BRAY, TC; ROSSATO, MPS. Inclusão escolar: um estudo acerca da implantação da proposta em escolas de ensino básico. Rev Bras Educ Espec, 15(2): 289-306, 2008.

  • NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa- característica, uso e possibilidades. Caderno de pesquisa em administração. São Paulo v.1, n. 3, 2° semestre, 1996.

  • RODRIGUES, D. Inclusão e Educação, doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo, Summus, 2006.

  • SAAD, S.M. Preparando o caminho da inclusão: dissolvendo mitos e preconceitos em relação à pessoa com síndrome de down. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Jun. 2003, v.9, n.1, p.57-78

  • SILVA, D. O.; CABRAL, G. J. C. F. O processo de inserção do portador de síndrome de Down na escola inclusiva. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia do Centro de Ciências Humanas e Educação da UNAMA, Universidade da Amazônia, Belém – Pará 2001

  • SILVA, M. F. M. C.; KLEINHANS, A. C. S. Processos cognitivos e plasticidade cerebral na Síndrome De Down. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, Jan.-Abr. 2006 v.12, n.1, p.123-138

  • VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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