Alterações antropométricas após exercício resistido com pesos Cambio antropométricas luego del ejercicio resistido con pesos Changes anthropometric after weight resisted exercise |
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*Graduação em Educação **Graduação em Educação Física Licenciatura. Especialização em Aprendizagem Motora com ênfase em Esportes Aquáticos, Mestrado em Ciência do Movimento Humano e doutorado em Ciência do Movimento Humano. Professor adjunto da Universidade Federal de Santa Maria ***Graduação em Educação Física. Mestrado em Administração ****Possui graduação em Educação Física, especialização em Ciência do Movimento Humano Mestrando em Educação pelo Centro de Educação da UFSM Professor da Faculdade Metodista de Santa Maria |
Tiago de Oliveira Ferro* Luciane Sanchotene Etchpare Daronco** Laércio André Gassen Balsan*** Haury Temp**** laerciobalsan@yahoo.com.br |
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Resumo Este estudo tem por objetivo verificar a influência aguda de exercícios resistidos com pesos na avaliação antropométrica de indivíduos do sexo masculino. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória de caráter quantitativo. Foi realizada uma avaliação de composição corporal, através das medidas antropométricas de peso, estatura, circunferências, dobras cutâneas e diâmetros ósseos. Após, a realização de um treinamento resistido com pesos o indivíduo foi submetido a uma nova avaliação antropométrica igual à primeira. Por fim, os dados foram comparados. Toda análise foi feita com base em protocolos: IMC (índice de massa corporal); protocolo de quatro dobras validado por Petroski (1995) e protocolo de De Rose et al. (1984). Realizaram-se estatísticas descritivas básicas e teste “t”. Através dos resultados foi possível perceber alteração nas dobras cutâneas, as quais tendem a apresentar valores inferiores aos normais. Já nas variáveis relacionadas às circunferências, os resultados apresentaram medidas superiores à normalidade. Sendo assim, este estudo não indica a realização da avaliação antropométrica após a execução de exercícios físicos, pois a medida poderá não representar a realidade. Especificamente, exercícios resistidos com pesos com objetivos hipertróficos. Unitermos: Antropometria. Musculação. Dobras cutâneas.
Abstract This study aims to investigate the influence of weight resisted exercise in anthropometric of males. For this held an exploratory quantitative research. Was performed an assessment of body composition by anthropometric measurements of weight, height, circumference, and skinfold breadths. After a weight resisted exercise training the individual was subjected to a new anthropometric same as the first. Finally, the data were compared. All analysis was based on protocols: BMI (body mass index); protocol four folds validated by Petroski (1995) and protocol of De Rose et al. (1984). Was performed basic descriptive statistics and "t" test. From the results it was possible to notice changes in skin folds, which tend be lower than normal. On variables related circles, the results tend be higher than normal. Thus, this study does not indicate perform an evaluation anthropometric after performing physical exercises, because the measure may not represent the reality. Specifically, weight resisted exercise with hypertrophic goals. Keywords: Anthropometry. Weight. Skinfolds.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A antropometria tem se mostrado importante indicador do estado nutricional, além de fornecer informações das medidas físicas e da composição corporal (MENEZES e MARUCCI, 2005). O interesse pela antropometria se intensificou devido à associação do excesso de gordura corporal e a prevalência de uma série de doenças (HEYWARD e STOLARCZYL, 2000). Atualmente, a antropometria ganha atenção, devido ao maior interesse estético das pessoas. Segundo Petroski (1999), a antropometria é, sem dúvida, o procedimento mais utilizado na medição de composição corporal, pois a mesma consiste basicamente em utilizar as mensurações de dobras cutâneas, perímetros e diâmetros ósseos. Contudo para ter validade a mensuração deve ser precisa e não pode ser afetada significativamente por fatores intervenientes.
Partindo do pressuposto de que o exercício físico gera mudanças fisiológicas em longo prazo, buscou-se neste estudo identificar apenas a variação das medidas relacionadas à composição corporal em uma sessão de treinamento. Sendo assim emergiu a seguinte inquietação de pesquisa: Quais os efeitos agudos imediatos causados pelo treinamento de musculação sobre a composição corporal? Assim, este estudo tem por objetivo verificar a influência aguda de exercícios resistidos com pesos na avaliação antropométrica de indivíduos do sexo masculino. Ainda, foram definidos os seguintes objetivos específicos que balizaram a realização deste estudo: (i) Avaliar a composição corporal pré e pós exercício resistido com pesos; (ii) Identificar, a possível variação das medidas antropométricas sob o efeito dos exercícios resistidos com pesos; (iii) Analisar os dados visando os resultados finais da investigação. Dessa forma, entende-se que esta pesquisa pode auxiliar na compreensão da influencia do exercício físico e da validade das medidas corporais realizadas logo após a prática de exercício físico.
Antropometria
A técnica antropométrica por meio das medidas de circunferências, diâmetros e espessuras de dobras cutâneas tem sido um recurso utilizado no estudo da composição corporal. A simplicidade de suas medidas por meio de fitas métricas, paquímetros e compassos, sua inocuidade, a relativa facilidade de seus procedimentos, as menores restrições culturais por se tratar de medidas externas de dimensões corporais, a possibilidade de treinamento de pessoal para a obtenção das medidas com o índice de reprodutibilidade conhecido a elegeram como a técnica de maior aplicabilidade, encorajando cada vez mais um número de avaliadores a recorrerem aos seus procedimentos (GUEDES, 1994).
Existem diversos métodos para a estimativa da composição corporal, com diferentes níveis de precisão, custo e dificuldade de aplicação, dentre os mais conhecidos temos: o método direto de dissecação de cadáveres, os métodos indiretos de pesagem hidrostática e absortometria de raios X de dupla energia (DXA) e os métodos duplamente indiretos de impedância bioelétrica, antropometria (massa, estatura, perímetros, diâmetros dos ossos e espessura de dobras cutâneas), índice cintura quadril (ICQ) (SILVA e MURA, 2007).
Para Petroski (2003), as técnicas antropométricas possuem vantagens pela significativa relação das medidas com a densidade corporal, pelo uso de equipamentos de baixo custo financeiro, pela necessidade de pequeno espaço físico, pela facilidade e rapidez na coleta de dados e a não invasividade do método.
Em termos de praticidade um dos métodos mais indicados para a avaliação da composição corporal, conforme Lohman (1981) é o das dobras cutâneas, pois segundo o autor, de 50% a 70% da gordura corporal esta localizada na superfície da pele.
Com relação à mensuração das dobras cutâneas pode-se dizer que é um método antropométrico e se apresenta como uma forma duplamente indireta de mensuração da adiposidade corporal. A medida de dobras cutâneas estabelece uma relação linear entre os pontos anatômicos pinçados e a adiposidade corporal, através da determinação absoluta da espessura do tecido subcutâneo (GUEDES, 1985).
Para medir as dobras cutâneas, é necessária a utilização de um equipamento específico conhecido como compasso de dobras cutâneas, espessímetro, adipômetro, ou ainda, plicômetro. Esse equipamento objetiva medir a espessura do tecido adiposo em determinados pontos da superfície corporal (BENEDETTI et al., 1999).
Ainda, é fundamental a escolha correta de uma equação de estimativa da densidade corporal e percentual de gordura para a obtenção de estimativas realísticas da composição corporal. A literatura nacional evidencia uma defasagem muito grande de informações a respeito desse tipo de equações para amostras brasileiras, o que caracteriza uma grande lacuna na área e justifica um empreendimento no sentido de subsidiar a seleção de equações antropométricas para a estimativa da composição corporal (PETROSKI, 1999).
Dessa forma, segundo o autor, alguns cuidados devem ser observados ao selecionar uma equação antropométrica: observar se as características físicas da amostra utilizada para o desenvolvimento da equação assemelham-se às características físicas da população em que a equação será utilizada; observar aspectos como idade, sexo, raça, nível de aptidão física e de gordura corporal; verificar se a seleção da equação pretendida é específica ou generalizada.
O autor continua exemplificando os cuidados na seleção dessas equações, ou seja, as equações específicas sistematicamente superestimam ou subestimam os valores de densidade corporal ou percentual de gordura, quando utilizadas em indivíduos com características diferentes da população que originou a equação. Quanto mais específica for a equação, menor será a sua aplicabilidade. Equações generalizadas que usam o modelo quadrático são recomendadas para estimar a composição corporal em indivíduos com diferentes características físicas. A principal vantagem é que uma equação generalizada poderá ser aplicada para diversas populações sem perder a validade. Além disso, é importante observar se a equação apresenta validade para o contexto brasileiro.
Acoplado a estrutura de mensuração está o diâmetro ósseo que para Velho e Schwingel (1999), é a menor distância entre as proeminências ósseas definidas através de pontos anatômicos, medidas em centímetros. Os diâmetros ósseos são medidas transversais com características lineares realizadas no plano horizontal.
Medem-se os diâmetros ósseos através de um instrumento chamado paquímetro ou compasso de pontas rombas, variando de tamanho e formato de acordo com o segmento corporal mensurado. Esse instrumento deve ter uma precisão de 0,1 milímetros. Os pequenos diâmetros são medidos através de paquímetros comuns, todavia, são utilizados paquímetros especiais para medir diâmetros maiores, tais como: diâmetros acromial e bitrocantérico. O diâmetro ântero-posterior do tórax requer a utilização do compasso de pontas rombas, por apresentar um caráter de profundidade (VELHO e SCHWINGEL, 1999).
Os Perímetros são as medidas extremas, que segundo Lopes e Martins (1999), correspondem às circunferências corporais. Tais medidas antropométricas podem ser definidas como o perímetro máximo de um segmento corporal, medido em ângulo reto em relação ao seu maior eixo.
As medidas de perímetro podem auxiliar estudos de crescimento bem como fornecer índices de estado nutricional e níveis de gordura (estimativas indiretas). A mensuração dos perímetros corporais facilita o estudo da composição corporal de indivíduos jovens, idosos e crianças, por ser uma forma de mensuração rápida e mais adequada a essas populações, se comparada com outras técnicas de medida. Tal medida pode ser interpretada isoladamente ou combinada com medidas de dobras cutâneas tomadas no mesmo local, sendo comumente utilizada para estimar a densidade corporal de forma indireta. (DE ROSE et al. 1984).
De acordo com Lopes e Martins (1999), algumas recomendações devem ser seguidas a fim de otimizar a mensuração propriamente dita, como: medir o perímetro em sua extensão máxima, com o zero da fita estando por baixo do valor de leitura; o plano da fita deve estar adjacente à pele e, suas bordas, perpendiculares em relação ao eixo do segmento que se quer medir (com exceção as medida do perímetro da cabeça e do pescoço); realizar as mensurações exercendo leve pressão sobre a pele; não deixar o dedo entre a fita e a pele; medir sempre que possível sobre a pele nua; determinar e marcar, sempre que possível, os pontos de referência anatômica com lápis dermográfico.
Os mesmos autores, acima citados, continuam referendando as recomendações: realizar a leitura com aproximação de milímetros; mensurar sempre que possível, na presença de outro avaliador ou de um espelho, a fim de garantir que a fita métrica seja colocada sempre no mesmo plano (horizontal) em relação à face anterior e posterior do avaliado; realizar a leitura da medida olhando sempre de frente e à altura do valor numérico; não medir o avaliado após qualquer tipo de atividade física (a menos que esse seja o objetivo da mensuração); realizar duas mensurações e, quando os valores obtidos diferirem entre si, realizar mais uma mensuração, calculando-se a média aritmética das mesmas.
A finalidade da mensuração da massa corporal é a sua utilização como medida do processo de crescimento e indicador do estado nutricional, portanto, é preciso relacioná-la com outras variáveis que estão intimamente associadas a ela: idade, sexo e estatura (FRANÇA e VÍVOLO, 1984).
Como instrumento de mensuração deve ser utilizada uma balança com precisão de 100 gramas (DE ROSE et al., 1984).
Já as estaturas são medidas lineares realizadas no sentido vertical. São utilizadas para acompanhar o crescimento corporal e desenvolvimento ósseo, como também, em projetos de engenharia na concepção de maquinários, utensílios e espaços físicos ocupados pelo homem. (ALVAREZ e PAVAN 1999).
Ressalta-se que o peso corporal de adultos é proporcional à estatura. Sendo que a relação peso/estatura2 é constante em indivíduos de constituição física normal (GARROW e WEBSTER, 1985).
Musculação
A Musculação é a preparação física utilizada para o desenvolvimento das qualidades físicas relacionadas com as estruturas musculares (TUBINO 1984).
Godoy (1994) define musculação como uma atividade física desenvolvida predominantemente através de exercícios analíticos, utilizando resistências progressivas fornecidas por recursos materiais como: halteres, barras, anilhas, aglomerados, módulos, extensores, peças lastradas, o próprio corpo e/ou seguimentos.
O treinamento de musculação possui inúmeros benefícios, Bean (1999) cita alguns: aumento da massa muscular e força; fortalecimento de tendões e ligamentos; evita a perda de massa muscular; aumento da densidade óssea; aumento da taxa metabólica; redução da gordura corporal; melhora o metabolismo da glicose; redução da pressão sanguínea; melhora da aparência; melhoras posturais; reduções de lesões; e, melhor bem-estar psicológico.
A prática da musculação, visando a todos os benefícios supracitados, resulta em uma atividade intensa ou moderada ocasionando contrações musculares, esse fenômeno muscular pode ser assim classificado:
Dinâmica (isotônica): Quando ocorre movimento articular. Os elementos contráteis diminuem de tamanho promovendo a contração propriamente dita, enquanto os elementos elásticos não variam de comprimento (WILMORE e COSTILI, 2001).
Isométrica: Não há movimento articular. Há contração dos elementos contráteis, mas os elásticos são estirados. Ainda que exteriormente seja possível constatar um encurtamento do músculo (WEINECK, 1989).
Autotônica: Quando ao mesmo tempo há um aumento da força de contração do músculo e da tensão no interior da massa muscular (WILMORE e COSTILL, 2001).
Já os tipos de Ações Musculares são classificados de: Ação Concêntrica (Impulsora ou Positiva): Refere-se à situação na qual o músculo desenvolve uma tensão por meio de diminuição no seu comprimento. O torque produzido pelo músculo será maior que o torque produzido pela resistência ao movimento e os ossos se movem enquanto o músculo se encurta. (KRAEMER e HAKKINEN, 2004). Ação Excêntrica (Frenadora ou Negativa): O músculo se alonga, durante a tensão muscular. O torque produzido pelo músculo será oposto ao outro torque maior em oposição a ação muscular, e os ossos se movem enquanto o músculo é alongado por essa resistência (KRAEMER e HAKKINEN, 2004). Ação Isométrica (Estática): O músculo desenvolve tensão sem haver movimento visível de articulação. Nessa ação, o torque produzido pelo músculo é oposto a outro torque igual, e nenhum movimento ocorrerá (KRAEMER; HAKKINEN, 2004). Ação Isocinética: Refere-se à ação muscular na qual a velocidade angular permanece constante durante o movimento. Esse tipo de contração é realizado em máquinas especiais, onde qualquer força realizada resulta em um força de reação idêntica, tornando teoricamente possível que os músculos exerçam uma força contínua durante toda a amplitude do movimento (FLECK e KRAEMER, 1999).
A base do treinamento de força ou de musculação esta alicerçada em princípios que balizam toda a teoria dessa modalidade. Esses fundamentos são assim distribuídos:
Princípio da Individualidade Biológica: Esse princípio diz respeito às diferenças existentes entre as pessoas, quanto a carga genética e as experiências adquiridas após o nascimento de cada indivíduo (BITENCOURT, 1984).
Princípio da Adaptação: Para o melhor entendimento do processo de adaptação precisa estar claro o conceito de homeostase, que é o estado de equilíbrio estável mantido entre os sistemas constituídos no organismo vivo, e o existente entre esse e o meio ambiente. Assim o objetivo do treinamento físico é “quebrar” a homeostase, desencadeando a síndrome da adaptação (DANTAS, 1998).
Princípio da Sobrecarga: Assegura que o estímulo deva ocorrer progressivamente. Segundo Bitencourt (1984), ao aplicar-se esse princípio devemos aumentar progressivamente a carga de trabalho a partir do momento que o indivíduo adapta-se a essa carga.
Princípio da Interdependência volume x Intensidade: Volume e Intensidade se interdependem inversamente, ou seja, o aumento de um gera a diminuição de outro. Tubino (1984) diz que de acordo com Kashlakov (1987) independente da especialização desportiva, a estimulação predominante dessas duas variáveis deverá estar sempre adequada as fases do treinamento, e terá que seguir uma orientação de interdependência entre si.
Princípio da Continuidade: Segundo Tubino (1984), a idéia de que a condição atlética só pode ser conseguida após alguns anos seguidos de treinamento e, existe uma influência bastante significativa das preparações anteriores em qualquer esquema de treinamento em andamento.
Metodologia
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa exploratória de caráter quantitativo. A amostra da pesquisa foi do tipo não probabilística constituída por quinze alunos de musculação, de uma academia do interior do Estado do Rio Grande do Sul, todos em nível intermediário de treinamento, do sexo masculino e com idades compreendidas entre 18 e 27 anos. Além de serem do sexo masculino, participaram apenas voluntários que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
Para a obtenção dos dados antropométricos da presente pesquisa foram utilizados: Na medição de massa corporal e estatura, uma balança de marca Brião (capacidade de 150 kg e divisão em 200 g). Na verificação das dobras cutâneas, um adipômetro científico de marca Cescorf (com precisão de 0,1 mm). Para a verificação dos diâmetros ósseos, um paquímetro de marca Mitutoyo (com precisão de 0,05mm). Na obtenção dos perímetros, uma fita métrica metálica de marca Cescorf (de 2 metros de comprimento).
Na aplicação do treinamento resistido com pesos foram utilizados os aparelhos descritos a seguir:
Banco de Supino Reto e Inclinado (com barra de 10 kg) de marca Pró-Phisical.
Puxador Alto de marca Physicus.
Remador de marca Physicus.
Crossover de marca Pró- Phisical.
Desenvolvimento de marca Pró- Phisical.
Leg Press de marca Physicus.
A coleta de dados procedeu-se de forma individual, em data e horário pré-estabelecidos. O avaliado foi submetido ao seguinte cronograma:
Primeiramente foi realizada uma avaliação de composição corporal, através das medidas antropométricas de peso, estatura, circunferências (tórax, braço, antebraço, cintura, quadril, coxa, panturrilha), dobras cutâneas (triciptal, subescapular, supra-ilíaca, panturrilha média) e diâmetros ósseos (biestilóide e Biepicondiliano do Fêmur).
Após, o aluno foi submetido a um treinamento de musculação, com características hipertróficas. A etapa seguinte, imediatamente ao término do treinamento, foi realizada outra avaliação antropométrica igual à primeira. Por fim, na última etapa, a avaliação dos dados foi realizada com base em protocolos. Os protocolos utilizados foram: IMC (índice de massa corporal); protocolo de quatro dobras validado por Petroski (1995), o qual é utilizado para verificação do percentual de gordura corporal; e, protocolo de De Rose et al. (1984) para a obtenção do percentual de massa óssea.
Para obter o peso residual calculou-se a massa corporal multiplicada por 24,1 dividida por 100. A massa muscular foi calculada diminuindo da massa corporal o somatório do peso de gordura, peso ósseo e peso residual. As circunferências não foram aplicadas em protocolos, apenas comparadas entre as avaliações.
Os dados obtidos foram quantitativamente analisados, através dos softwares “Windows Excel” e “SPSS 15,0”. Foram realizadas análises descritivas simples e teste “t”. Nos testes foram consideradas estatisticamente significantes as diferenças que representaram um p < 0,05.
Resultados
As tabelas 1 e 2 mostram a comparação entre as duas avaliações antropométricas (pré treinamento e pós treinamento). Não estão apresentados nas tabelas os resultados que se mantiveram inalterados em ambas avaliações, tais como, estatura, e percentual de massa residual.
Tabela 1. Distribuição dos dados referentes a Idade (anos),
Duração dos treinamentos (minutos) e duração das avaliações (minutos)
A média de idade é de 23, 5 anos, com desvio padrão de 3,4. Em relação à coleta de dados observamos que a média da duração dos treinamentos fora de 45 minutos, onde a duração das avaliações, tanto pré como pós-treinamento, levaram em média 10 minutos e 15 segundos.
Tabela 2. Distribuição de média, desvio-padrão e teste “t”, dos indicadores Massa Corporal (kg),
Percentual de Massa Magra, Percentual de Gordura, Percentual de massa Óssea e Índice de Massa Corporal (IMC)
De acordo com os dados apresentados, após a aplicação do treinamento hipertrófico o percentual de gordura tende a diminuir, e o percentual de massa magra tende a aumentar. Dessa forma, a variação no percentual de gordura mostrou-se significativa, segundo o valor p=0,016. O mesmo ocorreu na variação no percentual de massa muscular magra, onde o Teste “t” resultou no valor p=0,015. Sendo assim, partindo-se do pressuposto de que tanto o percentual de gordura quanto o de massa magra dependem diretamente das medidas de dobras cutâneas, o treinamento realizado influenciou de forma significativa nas medidas de dobras cutâneas, conseqüentemente nos percentuais de gordura e massa magra.
A massa corporal não sofreu alterações consideráveis, sendo p=0,282, conseqüente a isso o Índice de Massa Corporal (IMC) também mostrou-se insignificante (p=0,445), pois depende diretamente da estatura, que já mencionado anteriormente não sofreu alterações entre as avaliação, e do peso que teve alterações não significativas.
Em relação ao percentual de massa óssea, os dados também não foram relevantes, possivelmente pela mínima alteração apresentada pela massa corporal, uma vez que as medidas coletadas dos diâmetros ósseos foram idênticas em ambas as avaliações.
Tabela 3. Distribuição de média e desvio-padrão dos indicadores Massa Corporal (kg),
Circunferência da Cintura (CC) e Circunferência do Quadril (CQ)
Ao analisar os dados referentes as circunferências devemos observar a execução do treinamento, ou seja a ordem dos exercícios, pois no protocolo do treino aplicado na presente pesquisa foram executados primeiramente os exercícios de membros superiores seguidos dos de membros inferiores e abdômen. Com isso sabe-se que durante e após a execução de exercícios resistidos com pesos o local agonista da tensão tem uma vaso dilatação, causa do maior volume muscular momentâneo no local.
Sendo assim na Tabela 3, no quadril a diferença apresentada na segunda avaliação não foi significativa (p=0,083). Já a circunferência da cintura (estimulada principalmente pelo abdominal) teve alterações consideráveis, com p=0,025, alterações essas podem ter sido decorrentes da ingestão líquida e talvez por ser o último exercício do treinamento.
Tabela 4. Distribuição de média e desvio-padrão dos indicadores Massa Corporal (kg),
Circunferência da Coxa (CCx) e Circunferência da Panturrilha (CP)
Analisando os dados da Tabela 4, referentes as circunferências da coxa e da panturrilha, temos que as medidas da coxa sofreram influências consideráveis do treinamento, sendo p=0,0003, talvez pelo volume expressivo de musculatura existente no local, fazendo com que apresente esse relativo aumento de diâmetro. Já na panturrilha os resultados não foram expressivos (p=3,57), embora o exercício de panturrilha no leg press tenha sido penúltimo exercício do treinamento, ficando antes apenas dos abdominais.
Tabela 5. Distribuição de média e desvio-padrão dos indicadores Massa Corporal (kg),
Circunferência do Tórax (CT), Circunferência do Braço (CB) e Circunferência do Ante Braço (CAB)
Na tabela 5, observa-se a distribuição dos dados referentes as circunferências: do tórax que em média apresentou as maiores circunferências medidas e dados significativos segundo p=0,001. Do braço que em termos de tensão foi a região mais estimulada em função dos exercícios, porem não apresentou alterações significativas entre as avaliações segundo (p=3,09). Do antebraço que em média foi a circunferência, das analisadas, de menor diâmetro apresentando, segundo os dados coletados, pouca alteração, ou seja, não sofreu influência considerável do treinamento (p=9,04).
Conclusão
Esta pesquisa buscou relacionar as variáveis antropométricas com os exercícios de musculação. Levando em consideração os dados obtidos por meio dos métodos utilizados, em função da amostra específica, conclui-se que um treinamento de hipertrofia realizado antes de uma avaliação antropométrica afeta significativamente a precisão dos resultados. Principalmente foi possível perceber alteração nas variáveis de dobras cutâneas, as quais tendem a apresentar valores inferiores aos normais. Nas variáveis relacionadas ás circunferências, os resultados apresentaram medidas superiores à normalidade.
Portanto, este trabalho corrobora com Lopes e Martins (1999) não indicando a realização da avaliação antropométrica após a execução de exercícios físicos; a menos que esse seja o objetivo da mensuração. Especificamente neste estudo, exercícios resistidos com pesos com objetivos hipertróficos.
Nesse sentido, é importante considerar a necessidade de replicar o estudo com outras amostras e confrontar os dados aqui obtidos com resultados obtidos em outros tipos de atividades físicas, pois quanto mais embasamento, melhores serão os resultados práticos.
Referências
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