Composição corporal, agilidade, velocidade e resistência de jovens atletas de handebol e voleibol de Juazeiro do Norte, CE, Brasil Composición corporal, agilidad, velocidad y resistencia de jugadores juveniles de balonmano y voleibol de Juazeiro do Norte, CE, Brasil |
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*Curso de Licenciatura em Educação física da Faculdade Leão Sampaio **Professor Especialista em Educação Física Escolar. Professor do Curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade de Ciências Aplicadas Doutor Leão Sampaio (Brasil) |
Marcos Natanael da Cruz Silva* Moisés Alves Pereira* Anselmo Pereira Teles* Robson Correia Santana* Charles Lopes de Souza* Cicero Luciano Alves Costa** |
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Resumo O objetivo do estudo foi comparar a composição corporal, agilidade, velocidade e resistência aeróbica de jovens atletas de Handebol e Voleibol da cidade de Juazeiro do Norte, CE. Trata-se de um estudo descritivo, transversal e de campo. A amostra foi composta por 23 indivíduos (14 de Handebol e 9 de Voleibol), sendo estes do gênero masculino com média de 16,09 ± 0,8 anos de idade, campeões dos jogos estudantis do município de Juazeiro do Norte na categoria infanto-juvenil. Foram mensuradas a Massa Corporal e Estatura para o equacionamento do Índice de Massa Corporal. O percentual de gordura foi estimado através das medidas das dobras cutâneas tricipital e subescapular, com o uso de um adipômetro científico da marca Sanny®. E as valências físicas foram avaliadas com os testes do PROESP-BR. A análise dos dados se deu com a confecção de um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 2010®, utilizando medidas de tendência central e dispersão, de média e desvio padrão. Além disso, recorreu-se a estatística inferencial com o teste U de Mann Whitney. O nível de significância adotado foi de 5%. As médias em todos os componentes da composição corporal foram bastante aproximadas entre os dois grupos, não sendo apontadas diferenças significativas pelo teste U de Mann Whitney em nenhuma das variáveis analisadas. Os achados da pesquisa apresentaram diferenças significativas apenas na variável velocidade, a favor dos atletas de Handebol. Talvez este resultado tenha sido encontrado devido a aspectos do treinamento dos jovens atletas, pois a região não oferece programas de treinamentos regulares para que as valências físicas exigidas em cada esporte sejam desenvolvidas com êxito nos praticantes das modalidades. Unitermos: Composição corporal. Jovens atletas. Infanto-Juvenil.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Segundo estudos, podemos observar que cada modalidade tem suas próprias características físicas específicas como a composição corporal, além de algumas qualidades físicas importantes (velocidade, agilidade, coordenação, flexibilidade, força de resistência e resistência aeróbica) (TENROLLER apud FARIAS, et al. 2011). A composição corporal refere-se à constituição do corpo humano em seus diferentes componentes e proporções, estando relacionada com a saúde e qualidade de vida (BÖHME, 2000). Além disso, são diversos os estudos que apresentam uma forte relação da composição corporal com o desempenho atlético e seleção de talentos esportivos em diferentes modalidades (RÉ, et al., 2003; DUNCAN, et al., 2006; ZARY; FERNADES FILHO, 2007; SANTOS, et al., 2012).
É evidente a exigência que se faz dos atletas de qualquer que seja a modalidade quanto ao preparo físico, pois, os mesmos se dispõem a passarem inúmeras horas treinando a fim de participarem de uma competição, e/ou manterem o condicionamento desejado. Para tanto, o tipo físico desses atletas devem estar devidamente adequado para o desporto praticado.
Como exemplo, temos o Voleibol considerado um esporte coletivo que se caracteriza por sua variabilidade de ações de jogo com caráter súbito e instantâneo exigindo uma série de movimentos rápidos e complexos com ações táticas extremamente variadas (CABRAL, 2007). Já o Handebol, é um esporte de invasão, que exige de seus praticantes a velocidade, força, resistência aeróbica, controle emocional, inteligência e agilidade (TENROLLER, 2008).
A evolução observada em diversas modalidades esportivas no decorrer das últimas décadas é notável. Características inerentes à tecnologia de materiais e estruturas, inovação de regras, evolução científica e prática dos métodos de avaliação, prescrição do treinamento e análise técnica e tática são alguns fatores que poderiam ser mencionados e que contribuíram para a evolução do desempenho no esporte (MASSA, et al., 2003).
O principal motivo para a avaliação das capacidades físicas de um atleta ou mesmo de uma equipe centra-se no controle das atividades esportivas e no conhecimento das características de rendimento de cada um, permitindo um planejamento adequado dos treinamentos e possibilitando uma maior probabilidade de êxito (CUNHA JÚNIOR, et al., 2006). Para que possa vir a atingir o status de equipe de alto nível, há uma necessidade premente de aprofundar cientificamente os conhecimentos sobre a modalidade e seus praticantes, em relação a diversos fatores (genético, morfológico, fisiológico, técnico-tático, psicológico e ambiental), os quais têm influência direta sobre o processo de formação da atleta.
Baseado nestes pressupostos pode-se entender que o perfil antropométrico de atletas tem uma importância fundamental no que diz respeito ao desempenho atlético de cada desporto. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi comparar a composição corporal de jovens atletas de Handebol e Voleibol da cidade de Juazeiro do Norte, CE.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, transversal e de campo. A amostra foi composta por 23 indivíduos (14 de Handebol e 9 de Voleibol), sendo estes do gênero masculino com média de 16,09 ± 0,8 anos de idade, campeões dos jogos estudantis do município de Juazeiro do Norte na categoria infanto-juvenil. As equipes foram contatadas para exposição dos objetivos do trabalho e posteriormente em uma reunião com os times, todos os componentes também foram devidamente informados e convidados a participarem da pesquisa. Os pais ou responsáveis dos adolescentes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Foram mensuradas a Massa Corporal e Estatura com o uso de uma balança antropométrica para o equacionamento do Índice de Massa Corporal. O percentual de gordura foi estimado através das medidas das dobras cutâneas tricipital e subescapular, com o uso de um adipômetro científico da marca Sanny®. Foi utilizada a equação de Boileau et al. citada por Petroski (2007) para estimativa do percentual de gordura.
Para avaliar as capacidades física de agilidade, velocidade e resistência foram utilizados testes da bateria de testes do PROESP-BR (GAYA; SILVA, 2007). Teste do quadrado para agilidade; Corrida de 20 metros para avaliar a velocidade; e o Teste de corrida e caminhada em 09 minutos para estimativa da resistência aeróbia. Após a aplicação da bateria de testes, todos os resultados obtidos foram classificados a partir das tabelas normativas do PROESP-BR.
A análise dos dados se deu com a confecção de um banco de dados no programa Microsoft Office Excel 2010®, utilizando medidas de tendência central e dispersão, de média e desvio padrão. Além disso, recorreu-se a estatística inferencial com o teste U de Mann Whitney para variáveis independentes. O nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados
A tabela 1 apresenta as médias e desvios padrão das variáveis de composição corporal dos jovens atletas de Handebol e Voleibol. As médias em todos os componentes foram bastante aproximadas entre os dois grupos, não sendo apontadas diferenças significativas pelo teste U de Mann Whitney em nenhuma das variáveis analisadas.
Tabela 01. Médias e desvios padrão das variáveis de composição corporal dos jovens atletas
No estudo de Farias et al. (2011), que buscou comparar características físicas e antropométricas de jogadoras de Voleibol e Handebol da cidade de Forquilinha-SC, não foram observadas diferenças a favor de nenhuma das modalidades nas variáveis de massa corporal, estatura e IMC. No entanto, o estudo de Santos et al. (2012), realizado com jovens atletas das Olimpíadas Colegiais apresentou diferenças significativas a favor dos praticantes de Voleibol nas medidas de estatura e massa corporal.
A tabela 2 apresenta a comparação das médias e desvios padrão das variáveis de agilidade, velocidade e resistência entre os jovens atletas de handebol e voleibol.
Tabela 02. Médias e desvios padrão das variáveis de acordo com as modalidades praticadas
Observou-se na variável de agilidade que os jovens atletas obtiveram um resultado semelhante, com média de 5,7 e 5,9 segundos no teste do quadrado para o grupo praticante de Handebol e Voleibol, respectivamente. Já na velocidade, apesar de os resultados serem aproximados com 2,8 para os jovens atletas de Handebol e 3 segundos dos praticantes de Vôlei, o teste U de Mann Whitney apontou diferenças significativas a favor dos jovens atletas de Handebol (p=0,020). Já no teste de resistência aeróbica, os praticantes de Voleibol obtiveram um melhor desempenho, com uma média de 1815 metros atingidos no teste de 9 minutos contra 1671 metros dos jovens atletas de Handebol, apesar desta diferença não ser estatisticamente significativa (p=221).
Na pesquisa de Silva (2005), que teve o objetivo de analisar indicadores somatomotores para a seleção de talentos esportivos, foram comparadas as médias em diferentes componentes da aptidão física de escolares e de jovens atletas. Na variável agilidade os jovens atletas de Handebol e Voleibol atingiram as médias de 5,00 e 4,97 segundos, respectivamente, alcançando resultados bem mais satisfatórios que os sujeitos do presente estudo. Ainda mais, os escolares que participaram da pesquisa citada também alcançaram uma melhor média que os jovens atletas do Cariri cearense, com 5,61 segundos.
No que diz respeito ao teste de velocidade, os jovens atletas de Handebol obtiveram uma média bastante similar aos atletas participantes dos Jogos da Juventude estudados por Silva (2005), que atingiram a média de 2,94 segundos no teste de velocidade. Entretanto, os praticantes de Voleibol do presente estudo não atingiram resultados equivalentes. Silva et al. (2010), investigando valências física de jovens atletas de Voleibol em uma pesquisa realizada no mesmo contexto do presente estudo, evidenciou resultado melhor no teste de velocidade (3,49 s) e pior no teste de agilidade (5,42 s).
Conclusões
Os achados da pesquisa apresentaram diferenças significativas apenas na variável velocidade, a favor dos atletas de Handebol. Tal fato se justifica devido às características deste esporte que exige arrancadas rápidas freqüentemente durante o jogo. Todavia, por causa destas características, também esperava-se resultado superior no teste de resistência aeróbica, o que de fato não foi observado, com os jovens atletas de Voleibol obtendo melhor resultado, apesar das diferenças não serem estatisticamente significativas.
Talvez este resultado tenha sido encontrado devido a aspectos do treinamento dos jovens atletas, pois a região não oferece programas de treinamentos regulares para que as valências físicas exigidas em cada esporte sejam desenvolvidas com êxito nos praticantes das modalidades.
Referências
MASSA, M; BÖHME, M. T. S; SILVA, L. R. R; UEZU, R. Análise de referenciais cineantropométricos de atletas de voleibol masculino envolvidos em processos de promoção de talentos. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 2, n. 2, p. 101-113, 2003.
CABRAL, B. G. A. T. Voleibol infanto-juvenil brasileiro: somatotipia, qualidades físicas e marcadores genéticos dos atletas em diferentes níveis de qualificação esportiva. Dissertação. Mestrado em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006.
CUNHA JUNIOR, A. T.; CUNHA, A. C. P. T.; SCHENEIDER, A. T.; DANTAS, P. M. S. Características dermatoglíficas, somatotípicas, psicológicas e fisiológicas da seleção brasileira feminina adulta de handebol. Fitness & Performance Journal, v. 5, nº 2, p. 81 - 86, 2006.
DUNCAN, M. J.; WOODFIELD, L.; AL-NAKEEB, Y. Anthropometric and physiological characteristics of junior elite volleyball players. British Journal of Sports Medicine. n. 40, p. 649-651, 2006.
FARIAS, J. N.; DUARTE, T. B.; OLIVEIRA, G.; MAGGI, R. M. Análise das características físicas de atletas nas modalidades de handebol e voleibol da categoria infantil. EFDeportes.com, Revista Digital Buenos Aires, v.16, n. 162, 2011. http://www.efdeportes.com/efd162/caracteristicas-de-atletas-de-handebol-e-voleibol.htm
NOGUEIRA, T. N; JUNIOR, A. T. C; DANTAS, P. M. S; FILHO, J. F. Perfil somatotípico, dermatoglífico e das qualidades físicas da seleção brasileira de handebol feminino adulto por posição de jogo. João Pessoa (PB).
MASSA, M. et al., Análise de Referenciais Cineantropométricos de Atletas de voleibol masculino envolvidos em processos de promoção de talentos. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. v. 2, n. 2, p. 101-113, 2003.
MONTEIRO, A. B; FILHO, J. F. Análise da composição corporal: uma revisão de métodos. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 4, n. 1, p. 80 - 92, 2002.
PETROSKI, E. L. Antropometria: técnicas e padronizações. 3. ed. Blumenau: Nova Letra, 2007.
RÉ, A. H. N. et al. Interferência de características antropométricas e de aptidão física na identificação de talentos no futsal. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v.11, n. 4, p. 51-56, 2003.
SANTOS, J. O.; NASSER, S. V.; MOLINA, G. E.; FONTANA, K. E. Somatotipo do atleta estudantil brasileiro de handebol, voleibol, basquetebol e futsal. EFDeportes.com, Revista Digital Buenos Aires, v.17, n. 167, 2012. http://www.efdeportes.com/efd167/somatotipo-do-atleta-estudantil-brasileiro.htm
SILVA, H. G.; COSTA, C. L. A.; SILVA, H. M.; CAPISTRANO, R. D. S. Perfil dermatoglífico e qualidades físicas básicas de jovens atletas de voleibol. Conexões (UNICAMP), v. 8, p. 1-15, 2010.
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TENROLLER, C. A. Handebol: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2008.
ZARY, J. C. F.; FERNADEZ FILHO, J. Identificação do Perfil Dermatoglífico e Somatotípico dos Atletas de Voleibol Masculino Adulto, Juvenil e Infanto-Juvenil, de Alto Rendimento no Brasil. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v. 15, n. 1, p. 53-60, 2007.
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