Relação entre a
super-valorização do corpo e a saúde Relación entre la sobre-valorización del cuerpo y la salud en gimnasios de musculación en Conceicao do Araguaia, PA |
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Discentes do 2º ano do curso de graduação plena em Educação Física-licenciatura da Universidade do Estado do Pará, UEPA (Brasil) |
Daniel de Abreu Magalhães José Marcos da Costa |
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Resumo Este artigo propôs-se a discutir a supervalorização do corpo, a partir do que foi relatado na pesquisa de campo realizada nos espaços de academias de ginástica de Conceição do Araguaia. E também expor que não há necessariamente uma relação determinante que o corpo saudável seja aquele coberto de músculos e bem definido, para tanto procurou-se mostrar, durante o desenrolar do texto, que existe um equilíbrio necessário na busca do corpo belo e a saúde. Procura também avaliar as metas almejadas pelas pessoas sobre os aspectos de corpos masculinos e femininos, freqüentadores de academias e apresentar possíveis resoluções nesses espaços. Unitermos: Corpo. Atividade física. Saúde. Estética.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Comumente a preocupação com o corpo fica na responsabilidade da Educação Física e isso numa perspectiva mais biologicista e acaba fugindo de nossas percepções que a aprendizagem do corpo não se dá apenas nos ambientes escolares. O corpo estabelece conhecimentos continuamente na convivência, na relação, e na interação com o outro. De maneira que esse outro pode se materializar de modo muito intenso hoje através da mídia e seus múltiplos artefatos, como novelas, revistas, filmes, jogos, internet, musica etc.
A mídia e a educação fazem parte da cultura, produzindo modelos de vida, modos de ser, de se viver e de ver o mundo, fazendo, reforçando e veiculando uma atração de ensinamento às pessoas.
Em nossa visita em uma academia de musculação em Conceição do Araguaia procuramos avaliar como as pessoas lidavam com relação à busca de um corpo perfeito e à saúde, para isso usamos uma entrevista informal onde as pessoas podiam relatar sobre a sua busca naquele local sem se sentirem pressionadas ou intimidadas, como isso podemos levantar alguns dados para realização deste artigo.
Relação entre a super-valorização do corpo e a saúde
O corpo é visto isoladamente e apresentado como imagem cultural, e para corresponder aos exigentes padrões de belezas, que são influenciados por vários fatores como a sociedade, a mídia entre outros. Muitas pessoas vão à procura de academias de ginásticas, procurando por saúde, emagrecimento, condicionamento físico, e objetivos exclusivamente para alcançar a imagem corporal ideal. Como relata Andrade (2002, p. 110)
[...] as coisas que vemos na TV, lemos nos jornais, em livros ou revista, ouvimos no rádio influenciam na constituição de nossas identidades como sujeitos sociais e culturais. Determinando com intensidade o que devemos ser, fazer ou dizer, como viver nosso corpo, nossa sexualidade, nossos desejos. Essas informações nos invadem de modo que não temos escolha, uma vez que em todos os espaços em que circulamos múltiplos aparatos da mídia e seus produtos estão presentes, produzindo resistência ou conformidades
A partir destes apontamentos fizemos uma pesquisa em um espaço de academia de ginástica de Conceição Araguaia-PA, onde entrevistamos pessoas na faixa etária de 15 a 30 anos de idade, com a finalidade de verificar quais são os reais objetivos buscados nesses espaços, e diante das respostas obtidas pôde se constatar que a maioria dos jovens freqüenta tais ambientes em busca de um corpo bonito aos olhos de outras pessoas, quando se falava em saúde sempre era combinada com a busca de um corpo belo. Pôde se averiguar também que o público que mais comparece em busca de melhoria de sua saúde e bem estar era o público da meia idade que freqüentam esses locais principalmente por prescrições médicas.
Sabemos que a mídia a fim de vender seus produtos atacam os consumidores com as propagandas de seus produtos, investindo milhões nas mesmas. Esses produtos se apresentam fórmulas milagrosas, prometendo atender todas as expectativas de melhorar o corpo do indivíduo que almeja o corpo esbelto, malhado que é impostos a ele como a forma física ideal. Nesse intuito as pessoas acabam procurando incessantemente formas variadas como clinicas de estética, academias, medicamentos, e etc.
Percebemos isso de forma acentuada em épocas próximas aos veraneios, onde as buscas pelas academias tem um aumento extremamente maior se comparado as outras épocas do ano. Notamos que essas pessoas vão esses espaços unicamente para conquistarem um corpo belo, muitas das vezes querendo resultados imediatos, que se pode afirmar com certeza que é impossível serem conquistado em um a dois meses de treino.
Então muitos acabam buscando meios ilícitos como, por exemplo, o uso de esteroides anabolizantes, que podem ser encontrados nesses locais com muita facilidade, através até mesmo de profissionais que atuam nessas áreas. De tal modo como os Shoppings Centers são os templos do consumo, as academias de ginástica e musculação são, por excelência, os templos contemporâneos de celebração da propriedade e do sacrifício do corpo. Não por casualidade, muitas academias instalam-se justamente nos shoppings centers.
Uma vez que vivemos em um país que, como enfatizou Stéphane Malysse (2002), escolheu o corpo como uma de suas principais expressões auto referências, é muito comum observar essas buscas incessantes pelo corpo perfeito. O Brasil é um dos países em que a procura e a realização das cirurgias plásticas é muito elevada, ficando atrás só dos EUA (Estados Unidos), que pode se dizer que sofre influencia diretamente dos filmes de Hollywood, que tem como principais atores e atrizes apresentando corpos esbeltos, malhados, bem definidos, pernas bem torneadas, seios grandes, narizes empinados, etc.
Não queremos com isso afirmar que seja prejudicial essa procura das pessoas por centros estéticos, academias de ginásticas, etc. Mas sim deixar claro aqui que, se deve ter um equilíbrio entre o que é saudável e o que é prejudicial á saúde, pois se um indivíduo levar uma vida sedentária deixando de lado totalmente as pratica de atividades físicas isso poderá acarreta á sua saúde sérios danos como as
“Chamadas ‘doenças hipocinéticas’ que afetam fundamentalmente os aparelhos circulatórios e respiratórios, [...] com hábitos sedentários e alimentares que favorecem o aparecimento da gordura e obesidade, e com tensão que estimula o aparecimento de alguns vícios, torna-se suscetível às doenças como enfarte,a arteriosclerose, o derrame, o câncer, além de certos distúrbios psíquicos específicos” (MEDINA, 1991, p. 97).
Sabe-se que é preciso ter um equilíbrio quando se tratar do corpo e de está, como se fala, ‘‘de bem com a balança’’ de forma que seja privilegiada a busca pela boa saúde do corpo. Nós como educadores físicos precisamos dá atenção para educarmos e conscientizarmos as pessoas de modo que elas percebam que a busca pelo corpo belo pode ser muito perigoso, de maneira a levar o individuo a morte. Podemos perceber o quanto isso é comum nos dias atuais fazendo uma breve pesquisa, de como são comuns os casos de anorexias no mundo, principalmente entre mulheres que encaram a séculos intensa pressão para adquirir a silhueta considerada ‘‘perfeita’’. Sendo assim, é necessária uma conscientização da população, para que procurem as academias de ginástica não só para manter a aparência física boa diante da sociedade. Mas que possam levar um modo de vida mais funcional e inflexível para a conservação da saúde e domínio da gordura corporal buscando assim, o subsídio nos conhecimentos consolidados da Educação Física, nutrição e da medicina.
Por influencia capitalista e cultural, o corpo é visto (na maioria das vezes) exclusivamente como físico, no qual se pode medir, pesar e ser sujeito de mudanças e ajustamentos perante sua sociedade. O desagrado com a imagem corporal é sem dúvida uma dificuldade de complicada solução, onde consiste em aprisionar os indivíduos transpondo a idéia de agirem em procura de técnicas para a melhora da aparência. Segundo Rodrigues (1975, p. 45):
“a cultura dita normas em relação ao corpo; normas a que o indivíduo tenderá, à custa de castigos e recompensas, a se conformar, até o ponto de estes padrões de comportamento se lhe apresentarem como tão naturais quanto o desenvolvimento dos seres vivos.”
No transcorrer da história da humanidade, a forma como os homens e as mulheres abordaram e continuam abordando o corpo revestiu-se e reveste-se de uma quase absoluta irracionalidade. Compreende-se essa, numa certa padronização, colocada por distintos critérios em várias ocasiões da história, assim, em todas as épocas, a sociedade determinou e privilegiou um determinado tipo de corpo.
Considerações finais
Diante dos fatores que foram apresentados durante o decorrer do texto, podemos observar os sacrifícios que as pessoas são capazes de suportar para alcançar a forma física que elas acreditam ser ideal, buscando muitas das vezes métodos prejudiciais à sua saúde. O que podemos perceber é que se está faltando são formas de conscientização que mostra a importância da atividade física saudável, buscando sempre o balanceamento, não exagerando na busca dessa tão almejada boa forma, mas também não relaxar e levar uma vida sedentária sem se exercitar, se alimentando com comidas muito gordurosas esquecendo-se das frutas e verduras que tem em si vitaminas fundamentais para o nosso organismo. Sem falar nessa crescente importância que, nas sociedades modernas, atribui-se a alguns “valores” entre os quais: poder, beleza, juventude, riqueza, que estratificamos seres humanos de acordo com princípios pré-estabelecidos culturalmente. A busca frenética do corpo ideal pelo ser humano, produzido pela mídia e desfilado em revistas, filmes e novelas tem acarretado uma falta de bom senso e critério, em que o importante é estar dentro dos padrões determinados, independente das conseqüências. A beleza é buscada e comprada a qualquer preço e a qualquer custo.
Este trabalho tem a relevância exatamente de contribuir de forma significativa para o desenvolvimento e crescimento do conhecimento a respeito da importância de se praticar atividades físicas da maneira correta, que teria como ponto fundamental, principal a busca pela saúde do corpo, e não a procura do corpo que dizem ser ‘perfeito’, que é o imposto pela mídia. Visou também apresentar e discutir questões relativas ao corpo, à corporeidade e à diversidade cultural, assuntos estes, comuns às áreas de educação,da saúde e da educação física, entendendo essa última como uma prática social pedagógica.
Referencias bibliográficas
ANDRADE, Sandra dos Santos. Mídia, corpo e educação: a ditadura do corpo perfeito. Ed. Porto Alegre: Mediação, 2002.
LE BRETON, David. A sociologia do corpo. Tradução de Sonia M. S.F Rio de Janeiro: Vozes, 2006.
MEDINA, J. P. S. O brasileiro e seu corpo: educação e política do corpo. 3. Ed. Campinas: Papirus, 1991.
RODRIGUES, J. C. Tabu do corpo. 2. Ed. Rio de Janeiro: Achiamé,1975.
VAZ, A. F. Corpo, educação e indústria cultural na sociedade contemporânea: notas para reflexão. Santa Catarina: Campos, 2003.
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