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O processo civilizador: uma análise sobre a resistência do F.C.

Start na invasão nazista à Ucrânia na Segunda Guerra Mundial

El proceso civilizatorio: un análisis sobre la resistencia del F.C. Start en la invasión nazi a Ucrania durante la Segunda Guerra Mundial

The civilizing process: an analysis on resistance F.C. Start in nazi invasion to Ukraine in World War II

 

***Graduando em Ciências da Atividade Física na Universidade de São Paulo

**Mestranda em Educação Física na Universidade Estadual de Campinas

*Professor Doutor da Universidade de São Paulo

Pesquisas Interdisciplinares em Sociologia do Esporte (PISE)

Universidade de São Paulo, USP

Renato Ken Kaneko do Nascimento***

Renata Ferreira dos Santos**

Marco Antonio Bettine de Almeida*

marcobettine@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo apresenta uma discussão sobre como o futebol foi usado como válvula de escape durante a invasão e dominação alemã na Ucrânia, período da Segunda Guerra Mundial. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, além da utilização de entrevistas contidas no relatório Mass Annihilation of Peaceful Citizens and Soviet POW, e posteriormente, uma análise interpretativa de todos estes dados, baseada na teoria do processo civilizador, de Norbert Elias.

          Unitermos: Futebol, Processo Civilizador, Nazismo, Ucrânia.

 

Abstract

          This study presents a discussion of how football was used as an exhaust valve during the German invasion and domination in Ukraine during the Second World War. For this, we performed a literature search in addition to the use of interviews in the report Mass Annihilation of Peaceful Citizens and Soviet POW, and later, an interpretative analysis of all these data, based on the theory of the civilizing process, of Norbert Elias.

          Keywords: Football. Civilizing process. Nazism. Ukraine.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futebol foi aprendido na Ucrânia por meio da observação de marinheiros ingleses que o jogavam durante as suas passadas pelo Mar Negro. Esta modalidade foi disseminada e popularizada no país com a criação de importantes times, como o Dínamo de Kiev, que mais tarde também seria conhecido como F.C. Start, que travaria uma batalha contra os alemães da Flakelf, que ficou conhecida como o “jogo da morte”.

    O futebol foi utilizado como válvula de escape pelos líderes do reich nazista. Estes perceberam que durante os jogos, o povo sentia-se livre para expressar nas arquibancadas as suas emoções contidas, e que isso os levava a intervirem menos nas ações dos alemães. Tal atividade mimética já havia sido usada antes na Ucrânia durante o regime russo.

    Este estudo apresenta uma discussão sobre como o futebol foi usado na Ucrânia como válvula de escape durante o processo civilizador imposto pela ditadura nazista.

    Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre a invasão e dominação alemã na Ucrânia, durante a Segunda Guerra Mundial, e sobre a utilização do futebol dentro deste período e contexto. Ademais, foi feita uma descrição das entrevistas contidas no relatório Mass Annihilation of Peaceful Citizens and Soviet POW, e posteriormente, uma análise interpretativa de todos estes dados, baseada na teoria do processo civilizador, de Norbert Elias.

A teoria do processo civilizador de Norbert Elias

    A teoria elisiana intitulada de “O Processo Civilizador", parte da premissa de que os indivíduos ocidentais nem sempre se comportaram da maneira que é considerada hoje como “civilizada”. Norbert Elias descreve que nas relações sociais de antigamente, os indivíduos não eram propensos a controlarem as suas emoções e agressividade na frente dos seus semelhantes, até o começo da centralização do poder nas monarquias absolutistas, onde esses indivíduos começaram a diferenciar-se dos seus demais por meio de hábitos e formas de agir consideradas mais sofisticadas, em uma época que segundo o autor, a utilização de um simples garfo era uma questão de status. Tal sentido também foi dado em relação ao aumento da sensibilidade em relação à violência, no qual o controle dos impulsos tornou-se necessário para a convivência, bem como um sinal de distinção dessa elite social.

    Soria et al (2012), explicam o processo civilizador:

    O processo civilizador se desenvolve por meio: (1) da incorporação dos hábitos cotidianos para a criação de uma moral que passa pela permissão social; (2) das teias sociais abrangentes que propagam e criam tais hábitos por meio de indivíduos que possuem voz social; (3) da regulamentação das condutas que geram restrições de comportamento para a construção da vida em sociedade e; (4) das válvulas de escape necessárias ao processo na medida em que o próprio momento de exteriorização das emoções faz parte da interiorização das normas civilizatórias.

    O processo civilizador abrangeu o esporte com regulamentações, regras escritas, um órgão centralizador de elaboração, e também com o aumento da sensibilidade à violência e à preservação da integridade física do atleta. Um exemplo disso pode ser visto nas regras do rugby e do futebol, nas quais as substituições antigamente não eram permitidas, contudo, com o passar do tempo, essas regras foram mudadas com a finalidade de preservar o desportista.

    De fato, a forma popular de luta só assumiu as características de um “desporto” quando se verificou a conjunção entre o desenvolvimento de maior diferenciação e, de certo modo, de formas mais estritas de um conjunto de regras, e o aumento de proteção dos jogadores quanto aos graves danos que podiam advir dos confrontos. Essas características do boxe enquanto desporto permitem explicar o motivo por que a forma inglesa de boxe foi adaptada como padrão em muitos outros países, substituindo, muitas vezes, formas de pugilato tradicionais, específicas de uma região, como se sucedeu na França (ELIAS, 1993).

    Nessa análise, Elias mostra o processo civilizador no esporte, exemplificando que o boxe inglês acabou servindo de molde para outras formas de pugilato (em algumas destas formas, as luvas não eram usadas, e os pontapés eram válidos). O boxe praticado com as luvas diminui o risco de sangramentos, devido à distribuição do peso do golpe na hora do embate, causando menos lesões ao atleta e um impacto menor nos espectadores.

O futebol na Ucrânia: a criação do F.C. Start

    Com a popularização do futebol na Ucrânia, que fora aprendido com marinheiros ingleses que passavam pelo Mar Negro, foram criados clubes nos locais apropriados para a prática da modalidade, no caso, clubes de fábricas, de trabalhadores ferroviários (Lokomotive Kiev) e também da russa NKVD (Comissariado do povo para assuntos internos), com o Dínamo de Kiev, numa época em que o bolchevismo de Stalin percorria o leste europeu, e as sedes da polícia do regime soviético estavam espalhadas por todo o território por ele dominado.

    Com a disseminação e popularização do futebol, os times amadores como o Lokomotive Kiev e o Dínamo de Kiev acabaram contratando jogadores para tornar os campeonatos mais competitivos. Como o clube Dínamo de Kiev era do comissariado russo, para que os seus jogadores pudessem usar as dependências do clube, foi necessário que estes fossem registrados como funcionários da NKVD.

    No começo dos anos 40, durante o início da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha e seus exércitos liderados por Hitler implantaram o nazismo como ditadura através da Operação Barba Roxa, que buscara conquistar a URSS, partindo da Polônia. Com um falso acordo de não agressão com Stalin, Hitler chegou facilmente à fronteira da Ucrânia (na época sob o poder da URSS), dominando cidades como Lvov sem resistência considerável dos russos, que por ordem de Stalin, não atacavam, simplesmente por não acreditarem que o ataque alemão realmente estivesse acontecendo devido ao pacto de não agressão, e também por influência de um recente acordo estabelecido, que ficou conhecido como o Pacto Tripartite, que dividia o planeta em três partes iguais, entre a Alemanha, Itália e Japão.

    Com uma superioridade numérica, tanto de contingentes treinados, quanto de armamentos, era inevitável que os nazistas chegassem a Kiev, que foi defendida pelos ucranianos, com sua filosofia aprendida na escola, que de estes deveriam honrar a sua mãe pátria.

    Passados três dias de carnificina, o exército vermelho e a NKVD de Stalin notaram que seria impossível conter a posse alemã, sendo assim, todos os lugares que poderiam ser utilizados pelos inimigos foram destruídos, como as fábricas, mercados e casas, para que não sobrasse nada para a posse alemã.

    A chegada do nazismo à Ucrânia, assim como outros acontecimentos, contribuiu para que diversos times de futebol fechassem as suas portas, como foi o caso do Locomotive e o Dínamo de Kiev. Isso fez com que os seus ex-jogadores ficassem na miséria junto com a população, muitos deles trabalhavam em campos de concentração, ou se escondiam dos nazistas que no momento controlavam o Kiev nessa transação de sistemas totalitários diferentes.

    Havia poucos comércios naquela época, e a maioria deles encontrava-se nas mãos dos alemães que viviam na Ucrânia. Um destes alemães chamado Josef Kordik, era o dono de uma padaria e torcedor fanático do Dínamo de Kiev, e acabou encontrando Nikolai Trusevich, goleiro do Dínamo de Kiev, um de seus ídolos, neste tempo de miséria, antes da invasão alemã. Com o passar do tempo, Josef e Nikolai encontraram alguns dos ex-jogadores do Dínamo e do Lokomotive nas ruas, ou recém-saídos dos campos de concentração, por terem sido investigados por causa dos seus registros na NKVD, e posteriormente soltos ao assinarem termos de declarações. Todos estes estavam bem diferentes fisicamente, comparados à época de jogadores. Os encontrados foram abrigados, e trabalhavam na padaria de Josef.

    Numa época em que a opressão era constante, os ucranianos de Kiev após três anos de interrupção, criaram uma liga de futebol, uma válvula de escape, em um tempo em as opções de lazer eram praticamente inexistentes.

    Na padaria, os jogadores do Dínamo de Kiev e alguns do Lokomotive organizaram um time denominado Football Club CTAPF (F.C. Start). Esse nome simbolizava o novo começo que eles teriam a partir daquele momento, considerando todo o cenário de repressão no qual estavam vivendo. O F.C. Start é conhecido como o time que nunca perdeu, em junho de 1942, eles fizeram a sua primeira partida das nove que jogaram, contra o Rukh (time dos ucranianos que apoiavam o nazismo) e ganharam facilmente por 7x2.

    O F.C. Start realizou jogos contra guarnições de exércitos que apoiavam o nazismo, como a húngara e a romena, sobre as quais venceram facilmente, mas começaram a ganhar uma maior notabilidade assim que golearam o time do exército alemão por 6x2, fazendo com que a lenda do Start enquanto equipe imbatível fosse lançada, levando a população de Kiev começar a comparecer em peso aos jogos.

    Porém, independentemente do espírito esportivo que prevaleceu nos jogos, o Start se tornava cada vez mais problemático na época que o nazismo era perturbado pela resistência civil, para os alemães, como Gocharenko assinalou naquela entrevista de 1992. Uma população que, se não totalmente acovardada, estava se tornando submissa, encontrava agora no F.C. Start, um motivo de união. A perícia e a vivacidade de seu desempenho fizeram a equipe conquistar amigos. Não eram só os habitantes de Kiev que começaram a adotá-lo como seu time – até seus oponentes mostravam-se entusiasmados com ele. Depois de derrotar tão impiedosamente os romenos, o Start agora tinha muitos torcedores nessa guarnição em Kiev (DOUGAN, 2001).

    De Berlim chegou uma ordem para acabar com a vida dos jogadores do Start, única forma possível de evitar novas derrotas alemãs em solo ucraniano. Mas os nazistas que ocupavam Kiev não acataram a ordem, por acreditarem que se a fizesse, estariam a perpetuar a derrota alemã e a eternizar a lenda do Start (DOUGAN, 2001).

    Sendo assim, contrataram um time profissional húngaro, que pelos relatos e pelos resultados, foram os adversários mais difíceis que o Start enfrentara. O Start conquistou duas vitórias sobre este time, pelos placares de 5x1 e 3x2. Os preços elevados dos ingressos destes jogos foram estabelecidos propositalmente pelos nazistas como tentativa de evitar a visibilidade da equipe, porém, esta tentativa não foi capaz de impedir que os ucranianos lotassem o estádio nesses dois jogos.

    O campeonato havia sido prorrogado para mais uma rodada com o jogo entre o Flakelk (Onze a prova de bala) e o Start. O Flakelk era uma equipe alemã totalmente preparada fisicamente, já que eram a ferramenta de propaganda nazista da perfeição da raça, jogando contra os franzinos e cansados jogadores do Start, que venceram esse jogo sem dificuldades, por 5x1.

    Após as vitórias do time de padeiros que viravam a noite trabalhando, a alta cúpula alemã preocupada em demonstrar a superioridade da raça ariana, e em acalmar qualquer força ou resistência civil que pudesse intervir na sua ditadura, marcou uma revanche contra o F.C. Start.

    Antes do início da revanche, o juiz da partida, um oficial da temida SS alemã, passou no vestiário do Start para alertá-los das conseqüências caso viessem a ganhar o jogo, e pediu para “... Cumprimentar os adversários a nossa maneira...”, ou seja, com a saudação nazista “Heil Hitler!”, entretanto, no momento dessa execução, após estenderem o braço, dobraram-o para o peito e gritaram: – Fizculthura! (Expressão de incentivo a cultura física e mental, em contraposição ao elemento triunfalista do esporte) (DOUGAN, 2001).

F.C. Start vs Flakelf

    Esse ato de resistência contra o processo civilizador nazista acabou levando o estádio Zenit à loucura, já que este estava quase que completamente ocupado por ucranianos, que queriam ver o jogo do Start.

    A partida foi violenta no primeiro tempo, uma vez que o juiz não marcava faltas a favor do time ucraniano, favorecendo os alemães descaradamente, porém, sem muito resultado. No intervalo o Start ganhava por 3x1, e recebera do juiz e de muitas pessoas lá presentes, advertências quanto ao destino de cada um, caso insistissem em vencer a partida. Apesar de terem chegado a pensar em não voltar para o segundo tempo, os jogadores do Start, ao ouvirem os gritos dos seus compatriotas presentes nas arquibancadas, decidiram regressar ao campo.

    O time do Start era uma das poucas distrações sociais do povo de Kiev, um ato de resistência ucraniana repercutia não só dentro de campo, mas em todas as pessoas que não concordavam com o regime nazista. A prova disso foi dada dentro de campo, com a vitória do F.C. Start por 5x3, apesar de o árbitro ser um membro da SS, do exército alemão, e das ameaças de morte durante todo o jogo. A partida acabou quando Klimenko driblou a zaga alemã, e o goleiro parou a bola em cima do gol adversário, e chutou a bola de volta para o meio campo, esse ato de superioridade constituiu um momento único de libertação e um incentivo à resistência. Neste mesmo momento o juiz da SS apitou o fim da partida, temendo uma maior humilhação.

    Os jogadores do F.C. Start só não foram mortos logo após o jogo, pois as forças nazistas acharam que isso daria mais créditos ao time adversário e criaria mártires. Sendo assim, estes jogadores participaram de mais um jogo antes de serem perseguidos pelos nazistas no local onde trabalhavam, e foram levados para os campos de concentração e conseqüentemente mortos depois de um tempo. Apenas dois jogadores daquela equipe conseguiram fugir, entre eles Makar Goncharenko que em sua entrevista dada em 1992, relata algumas das conseqüências pós-jogo:

    - Foi uma luta desesperada pela sobrevivência que terminou mal para quatro jogadores. Infelizmente, eles não morreram por terem sido grandes jogadores, ou grandes jogadores do Dínamo. Morreram, como tantos outros soviéticos, porque dois sistemas totalitários estavam se enfrentando e eles estavam fadados a serem vítimas desse massacre em grande escala. A morte dos jogadores do Dínamo não foi muito diferente de outras mortes. O Start foi um brinquedo muito conveniente para os novos donos da cidade, que – assim eles esperavam - os ajudariam a construir um mito sobre a vida plena e feliz dos habitantes sob os novos governantes. Na realidade, esse brinquedo só parecia estar sob controle porque tinha uma personalidade própria, e seu próprio entendimento sobre as regras do jogo. Houve nove vitórias em nove jogos, o time marcou 56 gols e concedeu apenas 11. E isto não é uma lenda, aconteceu mesmo. Para aqueles que participaram dos jogos, não havia ali nenhuma motivação política. Naturalmente, seus adversários nem sempre eram tão fortes, e por isso eles tinham a tentação de não se empenharem muito nos jogos, para agradar o público. Mas eles venceram essa tentação e procuraram deixar uma boa lembrança do time, sem pensar nas conseqüências. É claro que alguns elementos ideológicos surgiram depois nesses jogos, quando cada vitória do Start tornou-se um incentivo moral para os cidadãos de Kiev. De acordo com a versão oficial, o time não poderia continuar existindo porque eles não seguiam a regra de ocupação. Isso não é verdade, ele apenas deixou de ser conveniente para os que antes tinham tolerado a sua existência durante o quente verão de 1942. Naqueles dias, as pessoas eram executadas arbitrariamente; qualquer um podia ser executado, guerrilheiros, comissários, judeus, ciganos, sabotadores, ladrões. No início de 1943, quando a situação na frente de batalha mudou e a resistência de Kiev começou a aumentar, as execuções tornaram-se mais comuns, e quem não estivesse prestando serviço aos ocupantes, podia ser executado ou mandado para o trabalho na Alemanha (DOUGAN, 2001).

O processo civilizador e o ato de resistência do F.C. Start

    A implantação do nazismo cercou as sociedades, dentre elas a de Kiev com a repressão, autoritarismo, censura e diversos outros fatores que ferem qualquer código de ética. Adolf Hitler, com o discurso de criar uma nova sociedade de convivência coletiva suportável, acabou criando uma guerra para alcançar este seu ideal.

F.C. Star vs Nazis

    Essa implantação política foi incorporada no cotidiano dos ucranianos, por meio dos discursos de líderes políticos que estabeleciam uma "permissão social" para tais atos contra a sociedade de formas diversas. Estes utilizavam válvulas de escape para que a sociedade notasse menos as interferências políticas que eram impostas, como o futebol. A partir de uma liga que foi criada durante a guerra (da qual surgiu o Start), o futebol, usado como válvula de escape, acabou sendo também utilizado para que um ato de resistência ao processo civilizador nazista que ali reinava fosse criado, voltando-se assim contra o próprio governo.

    A principal dessas válvulas até hoje, continua sendo o futebol, “... é no estádio de futebol que a catarse se expressa no seu apogeu, levando pessoas a se liberarem das amarras sociais” (ALMEIDA; GUTIERREZ, 2005).

    Gocharenko afirma em sua entrevista que:

    - ...O Start foi um brinquedo muito conveniente para os novos donos da cidade, que – assim eles esperavam - os ajudaria a construir um mito sobre a vida plena e feliz dos habitantes sob os novos governantes. Na realidade, esse brinquedo só parecia estar sob controle, onde o que era para ser mais uma simples atividade mimética de lazer, acabou sendo fonte de inspiração para um ato de resistência, a onde a filosofia ariana foi combatida e vencida dentro de campo, onde a sua catarse se espalhou pelos cidadãos de Kiev.

Considerações finais

    O processo civilizador imposto pelo regime nazista sobre os não arianos, nesse caso mais especificamente os moradores de Kiev, Ucrânia, deu origem à necessidade de serem criadas válvulas de escape para este povo, como tentativa de estabelecer um sentimento de normalização nesta região, durante a ocupação feita por ordem do III Reich.

    A liga criada pelos alemães com o propósito de conter os ânimos dos moradores de Kiev, e conseqüentemente, a revolta dos mesmos contra o império nazista, acabou tomando rumos contrários, e deu origem ao ato de resistência dos jogadores do F.C. Start contra o time nazista, durante um jogo que também ficou conhecido como o “jogo da morte”.

    Tal ato teve repercussão numa época em que a resistência ucraniana e soviética crescia com a ajuda do exército vermelho, e serviu como fato concreto de que o processo civilizador da filosofia nazista, que pregava a superioridade física e mental dos alemães, era na verdade um fetiche, que acabou enfraquecendo o ditado alemão, e fortalecendo o espírito nacionalista ucraniano, que encontrou um grande incentivo moral nos jogos do F.C. Start.

Referências bibliográficas

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