efdeportes.com

A importância da pluralidade cultural nos desportos de quadra

La importancia de la pluralidad cultural en los deportes de gimnasio

 

*Discentes da graduação em Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Co-orientador. Licenciado em Educação Física pela UCB-RJ

Pesquisador do projeto Rio em Forma Olímpico da SMEL-RJ

Pesquisador do Grupo de Cultura Corporal da UCB-RJ

***Co-orientador. Bacharel em Educação Física pela UCB-RJ

Pesquisador do projeto Rio em Forma Olímpico da SMEL-RJ

****Orientador. Mestre em Ciências da Motricidade Humana pela UCB, RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB, RJ. Docente da UCB, RJ

Paulo Borges* | Caio Cezar*

Priscila Campos* | Arthur Campos*

Rodrigo Alves* | Luana Peixoto*

Camila Medeiros* | Anderson Silva*

Ramdel Caldas** | Guilherme Lopes de Souza***

Sérgio Tavares****

parede@msn.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho procura verificar o grau de pluralidade desportiva nos 20 alunos do projeto do PSK em relação a sua cultura corporal em outros desportos de quadra. Utilizamos a metodologia Ex-post-facto, para avaliarmos o nível de percepção deles em outros jogos saindo do voleibol o grupo (10 alunos) pesquisado em dois momentos. Entre eles houve um evento mostrando os alunos jogando futebol de salão, handebol e basquete. Com a classificação e os dados tabulados conclui-se que não houve mudança no modo de pensar do grupo pesquisado, estas mudanças não geraram diferenças estatísticas significativas, ao nível de significância de 1%, antes e depois do evento de intervenção (p>0,05). Porém acreditamos que este tipo de intervenção de forma contínua possa gerar um espírito crítico nos alunos quanto ao tema.

          Unitermos: Pluralidade cultural. Desporto de quadra. Voleibol.

 

Abstract

          This work tries verifying the degree of plurality sports in the twenty students of the project of PSK in relation to their body culture in other sports court. We use the methodology Ex-post-facto, to evaluate the level of perception in other games coming out volleyball. The group was studied on two occasions. Between them was an event showing students playing soccer, handball and basketball. Classified and tabulated data it is concluded that there wasn’t a change in the thinking of the group studied, these changes didn’t produce statistically significant differences at the significance level of 1%, before and after the event of intervention (p>0,05) . But we believe that this type of intervention can continuously generate a critical spirit in students in relation to this topic.

          Keywords: Cultural plurality. Sports court. Volleyball.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Para que um indivíduo torne-se mais tolerante e se relacione melhor socialmente, além de adquirir um grande e diversificado conhecimento cultural, é preciso que o mesmo seja plural. Para isso precisamos entender o que é ser plural, e o que é pluralidade. Segundo os PCNs (1998) “A Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e a valorização de características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional”.

    As principais modalidades desportivas de quadra utilizadas nas escolas como ferramenta educacional são: Handebol, Basquetebol, Futsal e vôlei. E esses esportes usados de maneira a promover uma aula plural, podem trazer benefícios como, a aquisição da coletividade, disciplina, espírito esportivo, regras, de uma maneira lúdica, além de ensinar o educando a lidar com diferentes situações.

    Com um caráter predominantemente utilitário ou lúdico, todas visam, a seu modo, a combinar o aumento da eficiência dos movimentos corporais com a busca da satisfação e do prazer na sua execução. A rigor, o que define o caráter lúdico ou utilitário não é a atividade em si, mas a intenção do praticante; por exemplo, um ESPORTE pode ser praticado com fins utilitários, no caso do ESPORTISTA profissional, e pode ser praticado numa perspectiva de prazer e divertimento, pelo cidadão comum. (BRASIL, 1998, p.28).

    Todos estes esportes de quadra praticados com mais freqüência pela sociedade, teve em sua criação uma forma de se livrar de algum problema. O futebol de salão que começou a ser praticado em 1930 devido à dificuldade para encontrar campos de futebol improvisaram peladas nas quadras de basquete (Silvia Vieira e Armando Freitas; 2006). O Basquete nasceu em 1891 em Massachusetts devido ao rigoroso inverno e teve como iniciativa a prática de um esporte que pudesse ser praticado em locais fechados para livrarem os jovens a se restringirem a entediantes aulas de ginástica (ibid, p.13). Em 1898, um professor de ginástica da Dinamarca, Holger Nielsen, introduziu no Instituto de Ensino Médio um jogo praticado com uma pequena bola, chamado de “handbol”. O objetivo consistia em marcar pontos em um gol, de modo semelhante ao futebol, porém com as mãos (ibid, s/p. 2007).

    O voleibol foi criado pelo Professor William G. Morgan, em Massachusetts, nos Estados Unidos no ano de 1985, o objetivo de Morgan era criar um esporte de equipes sem contato físico entre os adversários, de modo a minimizar os riscos de lesão (Marchi Júnior; 2001). Com o treinamento do voleibol ocorrem nos jovens mudanças de ordem fisiológicas, emocional, física e social. “Em relação ao aspecto social, durante a idade adulta, o desenvolvimento social se diversifica e as relações íntimas, afetivas, amorosas são soberanas; há um distanciamento em relação aos pais e um apego a pessoas da mesma idade (SAWREY e TELFORD, 1967 s/p.).

    Assim como os esportes supracitados tem em seu histórico a busca por resoluções de problemas, hoje a educação física se utiliza desses mecanismos como um instrumento de transformação para tentar solucionar: a desigualdade social a intolerância a diversidade, e desenvolver no aluno, o trabalho coletivo a manutenção da saúde, e a melhoria do desempenho escolar.

    A prática esportiva surge como um espírito de superação de limites, e este estímulo para a superação constante por parte dos atletas é considerado como um ideal positivo para a formação das pessoas; daí a importância do esporte como agente socializador. (SILVA, RÚBIO, 2003, p.75)

    Dentro desse cenário descrito acima se pode fazer uma reflexão da prática esportiva a ser utilizada de maneira a solucionar problemas existentes na sociedade. Entretanto essa prática nem sempre está sendo realizada de forma considerada ideal, dentro de uma proposta de educação plural através da prática esportiva. Será então que a prática esportiva dentro dessa expectativa plural pode ser utilizada como ferramenta solucionadora no que diz respeito aos problemas citados? E a Educação Física, vem sendo tratada da maneira correta?

    Devido aos fatos supracitados, temo como objetivo neste estudo propor uma reflexão a respeito da prática do desporto de quadra, como instrumento transformador, capaz de provocar mudanças positivas nos atletas de voleibol da equipe do PSK.

Desenvolvimento

    Pluralidade Cultural quer dizer a afirmação da diversidade como traço fundamental na construção de uma identidade nacional que se põe e repõe permanentemente, e o fato de que a humanidade de todos se manifesta em formas concretas e diversas de ser humano. (BRASIL, VOL 10, p.19). O que se almeja, portanto, ao tratar de Pluralidade Cultural, não é a divisão ou o esquadrinhamento da sociedade em grupos culturais fechados, mas o enriquecimento propiciado a cada um e a todos pela pluralidade de formas de vida, pelo convívio e pelas opções pessoais, assim como o compromisso ético de contribuir com as transformações necessárias à construção de uma sociedade mais justa (ibid,p.20). Aprender a posicionar-se de forma a compreender a relatividade de opiniões, preferências, gostos, escolhas, é aprender o respeito ao outro. Ensinar suas próprias práticas, histórias, gestos, tradições, é fazer-se respeitar ao dar-se a conhecer (ibid,p.40). Ensinar a pluralidade ou viver a pluralidade? Sem dúvida, pluralidade vive-se, ensina-se e aprende-se. É trabalho de construção, no qual o envolvimento de todos se dá pelo respeito e pela própria constatação de que, sem o outro, nada se sabe sobre ele, a não ser o que a própria imaginação fornece (ibid, p.42,1998).

    A coexistência da ampla diversidade étnica, lingüística e religiosa em solo brasileiro coloca a possibilidade da pluralidade de alternativas. De certa forma, é como se o plural que se constata, seja no convívio direto, seja por outras mediações, evidenciasse e ampliasse o plural que potencialmente está em cada um. Assim, o princípio de liberdade se afirma nas possibilidades múltiplas de cada um, na polissemia subjetiva que permite escolhas e novos encontros. Tratar da diversidade cultural, reconhecendo-a e valorizando-a, e da superação das discriminações é atuar sobre um dos mecanismos de exclusão — tarefa necessária, ainda que insuficiente, para caminhar na direção de uma sociedade mais plenamente democrática. É um imperativo do trabalho educativo voltado para a cidadania, uma vez que tanto a desvalorização cultural — traço bem característico de país colonizado — quanto á discriminação são entraves à plenitude da cidadania para todos; portanto, para a própria nação. (BRASIL, VOL 10, 1998)

    A corporeidade no desporto pode buscar viver a vida em abundância. Quando na prática esportiva ela busca harmonia e ritmo de formas, de gestos, de movimentos executados em excesso ou de forma comedida, exercita a ação de viver, de existencializar o movimento. É caminhar em direção á busca da beleza da leveza, do ato mágico de transcender. No esporte, a corporeidade é mais, nunca se contentando em ser menos. No esporte, quer praticado, quer assistido, existe a possibilidade de formamos ou reformularmos a noção de pertencimento urbano. Nele podemos sentir o valor da convivência, de pertencer a um aglomerado, deixando nossa posição habitual de indivíduo e de indiferença. O esporte é uma arte, e o esportista um artista que vive para criar novos movimentos, uma invenção destinada a ajudar o ser humano a fazer-se cultura e moral. (DAVID RODRIGUES, 2008, p.143).

    Dentro desse universo de produções da cultura corporal de movimento, Algumas foram incorporadas pela educação física como objetos de ação e reflexão: os jogos, as brincadeiras, os esportes, as danças, as ginásticas e as lutas, que têm em comum a representação corporal de diversos aspectos da cultura humana. São atividades que ressignificam a cultura corporal humana e o fazem utilizando ora com uma intenção mais próximas do caráter lúdico, ora mais próximo da objetividade. Entendemos a educação física como uma área de conhecimento da cultura corporal de movimento e a educação física como um componente curricular que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida. (DE CARVALHO PESSOA, 2003, p. 127).

    Segundo Bayer, as modalidades esportivas coletivas podem ser agrupadas em uma única categoria pelo fato de todas possuírem seis invariantes: uma bola (ou implemento similar), um espaço de jogo, parceiros com os quais se joga, adversários, um alvo a atacar (e, de forma complementar, um alvo a defender) e regras específicas. São essas invariantes que geram a categoria Esporte Coletivo, ou Jogo Esportivo Coletivo, e que permitem visualizar uma mesma estrutura de jogo. Possuindo estrutura comum, é possível considerar as modalidades esportivas dentro de uma mesma lógica, o que as tornam passíveis de um mesmo tratamento pedagógico para seu ensino. Esta abordagem de ensino dos esportes coletivos considera as semelhanças entre as várias modalidades, definindo seis princípios operacionais comuns, divididos em dois grandes grupos, um para o ataque e outro para a defesa. (DAOLIO, apud BAYER, 2002).

Metodologia

    O presente estudo baseia-se em um modelo experimental, com delineamento ex-post-facto, que segundo Fonseca (2002), tem por objetivo investigar possíveis relações de causa e efeito entre um determinado fato identificado pelos pesquisadores e um fenômeno que ocorre posteriormente. A principal característica deste método e a coleta de dados após a realização do evento.

    Nosso grupo focal foi constituído de um N=20 todos do sexo masculino da Equipe do PSK, localizado no Bairro de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. Utilizamos como primeira metodologia de avaliação um questionário aberto criado pelo próprio grupo de pesquisa e validado por três mestres ambos da Universidade Castelo Branco para investigar o grau de pluralidade dos alunos do PSK com relação aos outros esportes de quadra. Onde ao final das respostas classificaremos os alunos em três níveis: pouco plural (se a resposta for 1 (um) esporte = 1 ponto), plural (se a resposta for 2 (dois) esportes = 2 pontos) e muito plural (se a resposta for mais que 3 (três) = 3 pontos).

    Na segunda parte da metodologia foi feita uma intervenção que foi dividida em duas etapas.

  • 1° etapa: Foram realizados aquecimentos específicos das outras três modalidades de quadra antes dos treinos de vôlei da equipe.

  • 2° etapa: No dia 12/11/2012, no horário de 13h00min as 15h00min, utilizamos como parte da intervenção, um jogo de 30 minutos, englobando os três esportes de quadra citados no trabalho. Este jogo continha as seguintes regras: O jogo iniciou com a modalidade handebol, e a cada 2 minutos trocavam- se as modalidades. Após o jogo, foi efetuada uma mesa redonda onde os praticantes de voleibol do PSK e alguns alunos do curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco, debateram sobre a importância da prática de outras modalidades desportivas de quadra e se essa prática poderia melhorar o desempenho dos jogadores de vôlei em seu esporte.

    Na terceira etapa da pesquisa, logo após a intervenção, foi utilizado o mesmo questionário criado pelo próprio grupo de pesquisa com uma adaptação e validado por três mestres ambos da Universidade Castelo Branco, onde classifica o grupo em: pouco conscientizado (se a resposta for 1(um) esporte = 1 ponto), conscientizado (se a resposta for 2(dois) esportes = 2 pontos) e muito conscientizado (se a resposta for mais que 3(três) esportes = 3 pontos), para medir o grau de conscientização do grupo referente aos temas abordados na pesquisa. Neste presente estudo foi utilizado o teste T Student, com nível de significância (p= <0,05).

Resultados e discussão

    Como o explicado na metodologia, o grupo estudado foi submetido a duas avaliações, com uma intervenção feita entre elas. Todos entrevistados (20 pessoas ou 100%) eram do sexo masculino, primeiramente foi aplicado a eles um questionário com 2 (duas) questões que definiriam em que padrão de pluralidade eles se encontrariam.
Na análise do questionário, pudemos observar que (6 alunos ou 60%) pouco plurais, já (2 alunos ou 20%), plurais (2 alunos ou 20%) muito plural. Podemos perceber que está turma é Pouco Plural, tendo pouco ou nenhum conhecimento de Atividades que não sejam as praticadas em aulas do projeto.

    Após a intervenção foi aplicado um questionário com 3 questões para avaliarmos se houve a conscientização quanto à pluralidade dos alunos em relação aos esportes de quadra. Foram entrevistados 10 alunos do projeto onde (4 alunos ou 40%) apresentaram mudanças significativas em relação ao objetivo implantado sendo muito conscientizado, (3 alunos ou 30%) se conscientizaram e (3 alunos ou 30%) não apresentaram mudanças sendo pouco conscientizado.

Conclusão

    Concluiu-se que mesmo após a realização de questionários e das intervenções nada mudou em relação à pluralidade cultural do grupo estudado em outros esportes de quadra. Apesar dos números coletados verificar que eles tinham tido alguma mudança significativa o test T mostrou que o estudo pode ser mais contundente. Diante deste estudo foi comprovado a necessidade aumentar o número de amostra e aprofundar mais os estudos sobre pluralidade cultural e conscientização dos alunos na prática de outros esportes de quadra, tornando-os assim jovens mais plurais.

Referências bibliográficas

  • DAOLIO, Jocimar. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos – modelo pendular a partir das idéias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 10, n. 4, p.99-104, out. 2002.

  • DAVID, Rodrigues Os valores e as atividades corporais. São Paulo: Summus, 2008.

  • DE CARVALHO PESSOA, Ana Maria FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: uma releitura das áreas de conteúdo. Brasília: Thomson Learning, 2003.

  • BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1997.

  • PINTO, José Alberto; TEIXEIRA, Tulio Carlos Mota. Planejamento do voleibol a longo do prazo por faixas etárias. (1993). Revista Mineira de Educação, Minas Gerais, n. , p.05-14, 1993.

  • MARCHI JÚNIOR, Wanderley. "Sacando" o voleibol: do amadorismo à espetacularização da modalidade no Brasil (1970-2000). Campinas: Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas, 2001, 2004.

  • RUBIO, Kátia. O imaginário da derrota no esporte contemporâneo. “Psicologia & Sociedade”, v.18, n. 1, jan./abr., 2006.

  • SILVA, M. Lúcia; RUBIO, Katia. Superação no esporte: limites individuais ou sociais? Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v. 3, n. 3, p.69-76, 2003.

  • TELFORD, W., SAWREY, J. M. Uma introdução ao princípios fundamentais do comportamento. São Paulo : Cultrix, 1964.

  • VIEIRA, Silva et al. O que é basquete. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 27 jul 2006.

  • VIEIRA, Silva et al. O que é handebol. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 14 jan 2007.

  • VIEIRA, Silva et al. O que é futsal. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 09 abr 2007.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 182 | Buenos Aires, Julio de 2013  
© 1997-2013 Derechos reservados