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A influência da mídia na corpolatria
dos estudantes de Educação Física

La influencia de los medios de comunicación en la corpolatría de los estudiantes de Educación Física

 

*Discentes da graduação em Educação Física

da Universidade Castelo Branco (UCB/RJ)

**Co-orientador. Licenciado em Educação Física pela UCB-RJ

Pesquisador do projeto Rio em Forma Olímpico da SMEL-RJ

Pesquisador do Grupo de Cultura Corporal da UCB-RJ.

***Co-orientador. Bacharel em Educação Física pela UCB-RJ

Pesquisador do projeto Rio em Forma Olímpico da SMEL-RJ

****Orientador. Mestre em Ciências da Motricidade Humana pela UCB, RJ

Licenciado em Educação Física pela UCB, RJ. Docente da UCB, RJ

(Brasil)

Thamara Souto Lima*

Andréia Tainan Lopes dos Santos*

Tayara Moreira de Paiva*

Thayná Salles dos Santos*

Thiago Sardinha de Moraes Leite*

Karina Oliveira*

Taiana Leite Monsores*

Ramdel Caldas**

Guilherme Lopes de Souza***

Sergio Ferreira Tavares****

ramdelcaldas@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Esse trabalho tem como objetivo verificar de que forma a mídia influencia na corpolatria das mulheres do 1º e 2º período de Educação Física da Universidade Castelo Branco. Através da metodologia Ex-Post-Facto, utilizando o Body Shape Questionnaire - 34 e Body Shape Questionnaire - 8 fizemos um levantamento de dados para avaliar o nível de preocupação e/ou insatisfação com seu corpo atual. Entre os mesmos realizamos um evento com exposição de imagens, revistas e vídeo para que assim pudéssemos retratar o que de fato é necessário e o que a mídia mistifica. Com o levantamento dos dados e a tabulação feita pelo grupo concluímos que em geral as mulheres abordadas não tinham uma preocupação severa com sua imagem.

          Unitermos: Indústria cultural. Influência da mídia. Corpolatria.

 

Abstract

          This work aims to determine the extent of what the media influence on body worship that the first and second period of Physical Education on University Castelo Branco. Through the methodology Ex-post-facto using Body Shape Questionare-34 and Body Shape Questionare-8 did a survey to assess the level of concern and dissatisfaction with his current body. We realized an event with exposure with Images, videos and magazines so we could portray what actually is needed and what the media mystifies. With the lifting of data tabulation made by groups we concluded that in general women approached didn’t has a severe concern with its image.

          Keywords: Cultural industry. Media influence. Corpolatria.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A indústria cultural possui padrões que se repetem com a intenção de formar uma estética ou percepção comum voltada ao consumismo. Adorno (2002) fala que a intenção da indústria cultural não é só promover um conhecimento, pois o mesmo levanta questionamentos e necessita de resposta, e na verdade a indústria cultural incorpora no individuo uma nova necessidade, a necessidade do consumo.

    Seguindo ainda nessa linha de consumo Adorno (2002) constata que, para que o mercado atinja o lucro, existe uma peça fundamental a ser explorada: a alienação do povo. Ele afirma que é da alienação que se aproveita a Indústria Cultural para massificar os seus produtos. Onde ao massificar e homogeneizar gostos e necessidades de consumo, o mercado aprofunda a alienação, ao alimentar-se e alimentá-la em uma troca bilateral e mútua. A passividade e o conformismo são frutos desta alienação.

    De acordo com um universo pautado pela indústria cultural, o corpo perfeito vem sendo um dos motores de movimento do consumo, juntamente com a mercadorização do corpo que se dá através da alienação do povo que faz em sentido literal do seu corpo o seu único cartão de visita. 

    Segundo Georges Vigarello (2006), a beleza faz parte de vários diálogos e discursos na modernidade. A certeza de que a perfeição está instalada no mundo, modifica-se a maneira cotidiana de olhar o corpo.

    O culto exagerado do corpo é dado como corpolatria. Na idade contemporânea a gordura é um excesso indesejado. Castro (2001. p. 97) reforça esta idéia quando diz que “há um século nos países ocidentais desenvolvidos, os gordos eram amados; hoje, nos mesmos países, amam-se os magros”. Junto com estas mudanças, surge o exagero e suas conseqüências: os transtornos. Exagero este que aos poucos se confundiu com dedicação e tornou-se aceitável na tarefa de moldar o corpo (ficando mais difícil saber onde termina a vaidade e começa a compulsão). Visando sanar os transtornos causados pelos excessos no culto à beleza foram criados tratamentos psicoterapêuticos preocupados em amenizar os danos e promover o bem-estar do corpo. Para conseguir chegar ao corpo considerado belo, e aumentar a tão cobiçada autoestima - alicerce do amor próprio - as pessoas pagam “preços altos”, recorrem ao autocuidado com o corpo e saúde. O que é um paradoxo, pois ao longo dos séculos o homem busca a liberdade do seu corpo, e quando enfim a “consegue” é vítima do próprio aprisionamento moral. Nesta liberdade vigiada as medidas estão cada vez mais exageradas (para mais ou para menos), o ideal do corpo imbatível é divulgado pela mídia e a busca por práticas teoricamente saudáveis aumenta.

    Estas práticas muitas vezes são vendidas junto à Educação Física, apoiando-se no discurso de corpo saudável quando na verdade o mercado visa arrecadar numerários, deixando de lado o real conceito de saúde. Tudo isto contribui para o crescimento de um fenômeno chamado “corpolatria”, que expressa a ascensão da idolatria exagerada ao corpo na modernidade. O conflito entre liberdade e aprisionamento que atinge a sociedade de maneira definitiva no século XIX, deixa claro que temos o corpo teoricamente livre, porém subjugado ao padrão comum.

    O presente artigo tem como objetivo trazer o entendimento sobre o que é de fato uma necessidade sustentável e o que se faz mera vaidade. Vivemos em uma sociedade onde o culto ao corpo é cada vez mais desenvolvido e imposto de forma sutil através da mídia em seus diversos meios.

Desenvolvimento

    Assim como coloca Silva (1999, p.25) quando diz que: O eixo civilizatório eleito no Ocidente gerou a construção de uma expectativa de corpo fundamentada no reforço de um sentimento contraditório que se vê explodir na atualidade: dominar o corpo e, ao mesmo tempo, libertá-lo; subjugá-lo e depender dele para sua “felicidade”; acreditar na superioridade e na independência da mente, mas se submeter aos rituais necessários ao corpo “em forma”.

    Como fenômeno patológico de saúde coletiva, a corpolatria tende a se agravar tanto mais encontre não só um amplo mercado de produtos e serviços voltados para o culto ao corpo como também seja propalada como uma espécie de emancipação ou de libertação pessoal dos determinantes “repressivos” da produção capitalista. Cf. Wanderley Codo e Wilson Senne (1985)

    Para Bennett e Kassarjian (2005), uma lei básica comum aos seres humanos – e às mulheres, é claro – é que cada pessoa tem uma forma muito pessoal de ser e agir na rede social, o que caracteriza sua própria personalidade. Esta pode ser definida como um padrão coerente de respostas ao mundo que influenciam o indivíduo a partir de origens internas ou externas.

    Correntes da Psicanálise asseveram que as pessoas são eternas escravas de seus desejos. Quando não podem realizá-los, os aprisionam em seus respectivos inconscientes, e estes ficam “incomodando” para serem realizados. (Barrios, 2009)

    Nos dias atuais, a “indústria do desejo” se encarrega de criar e ativar necessidades e a oferecer produtos específicos. Para Marcondes Filho (2002), apesar de grande parte das propostas passarem a idéia de liberdade, a consumidora “prisioneira” encontra-se cativa, mesmo achando que se encontra livre.

    Segundo Bennett e Kassarjian (2005), estas representam o “conhecimento” do indivíduo sobre algum aspecto ligado a um objeto – marca, empresa, produto. E tendem a desencadear atitudes. Ou seja, um conjunto de sentimentos, pensamentos e predisposições para se comportar em relação a algum aspecto da vida. Suas atitudes são sempre pró ou contra alguma coisa, mas nunca neutras. E estão baseadas em características emocionais e motivacional.

Metodologia

    Essa pesquisa foi realizada com 20 estudantes do sexo feminino do 1º e 2º período de Educação Física (Licenciatura e Bacharelado) do turno da manhã na Universidade Castelo Branco.

    Neste trabalho foi feito uma pesquisa experimental. A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo. Procura-se interferir na realidade, manipulando-se a variável independente a fim de observar o que acontece com a dependente. Portanto, a pesquisa experimental pretende dizer de que modo ou por que causas o fenômeno é produzido.

    Trata-se também de uma pesquisa Ex-Post-Facto. Segundo Pedron (2003) a pesquisa Ex-Post-Facto é definida como um experimento que se realiza depois dos fatos acontecidos espontaneamente, e por isso não se tem controle sobre as variáveis. Neste modo de pesquisa são tomados como experimento, situações que se desenvolveram naturalmente, espontaneamente, e trabalha-se sobre como se estivessem submetidas a controles.

    Para identificação de informações relativas à percepção da imagem corporal utilizou-se o questionário BSQ-34, idealizado por Cooper et al. (1987), que avalia o grau de preocupação com a imagem corporal, a sensação de sentir-se obeso e a própria discrepância relacionada ao corpo. O questionário BSQ-34 foi traduzido por Cordás e Neves (1999) e validado para uma população de universitários brasileiros por Di Pietro e Silveira (2008). O instrumento é composto por 34 questões em uma escala Likert com seis opções de respostas: 1 - nunca; 2 - raramente; 3 - às vezes; 4 - freqüentemente; 5 - muito freqüentemente; 6 - sempre.

    Quanto à classificação dos resultados, o BSQ-34 é categorizado em quatro níveis de percepção da distorção de imagem corporal. Pontuação abaixo de 80 classifica-se como satisfação na imagem corporal; pontuação entre 80 a 110 aponta preocupação leve; pontuação entre 110 e 140, aponta preocupação moderada; e classificação igual ou superior a 140 aponta preocupação grave.

    Foi realizada uma intervenção do público com exposições de imagens relacionadas ao corpo ideal de acordo com os padrões estipulados pela mídia, com amostras de pesquisas relacionadas à má alimentação e aos malefícios de ingestão de alimentos não saudáveis e com alto índice calórico.

    E para segunda análise da satisfação corporal, foi aplicado o Body Shape Questionnaire (BSQ)8, conforme versão traduzida para o português por Cordás e Castilho9 do original de Cooper et al. validada por Conti et al.10.

Resultado e discussão

    Na primeira coluna são apresentados os resultados do questionário pré-intervenção e na segunda coluna os resultados apresentados são das avaliações feitas após a intervenção, sendo avaliadas em ambas as aferições as mesmas vinte estudantes do sexo feminino durante a semana de educação física na Universidade Castelo Branco.

    Na primeira pesquisa, das 20 estudantes avaliadas 67% mostraram-se satisfeitas com a imagem corporal, 25% das estudantes têm preocupação leve, 4% das estudantes alegaram preocupação moderada e 4% das estudantes acusaram preocupação severa com a imagem corporal.

    Após o fato realizado e com a aplicação do segundo questionário, foram constatados que 6% das estudantes sentem-se satisfeitas com sua imagem corporal, 90% das discentes passaram a demonstrar preocupação leve, 4% das estudantes alegaram preocupação moderada e em nenhuma estudante foi constatada preocupação severa com a imagem corporal.

    Como visto nos resultados as avaliações foram bem significativas antes da intervenção, as discentes se mostraram em grande maioria satisfeitas e uma boa parte apenas com preocupação leve, que é totalmente aceitável. Porém foi também relatada uma preocupação severa em relação à percepção corporal. No pós podemos perceber uma diferença expressiva nos resultados, houve uma redução no primeiro nível de 67 % caiu para 6% o percentual das estudantes que se sentiam satisfeitas com a sua percepção, aumentando bastante o percentual em preocupação leve, o que nos leva ao entendimento de que as discentes passaram a ter uma percepção mais apurada sobre sua aparência, seu corpo e talvez sobre a ter um corpo bonito, porém saudável. O índice em preocupação moderada permaneceu o mesmo caindo o percentual em preocupação severa.

    Para melhor avaliarmos a pesquisa, realizamos o teste t onde o resultado nos faz concluir que em média, não houve diferença estatística significativa antes e depois do evento de intervenção (p=1).

Conclusão

    O objetivo do estudo foi alcançado, apesar de não conseguirmos chegar os resultados almejados, alteramos positivamente o nível de influência que a mídia exerce nas estudantes em relação ao corpo perfeito e aos padrões estéticos estipulados. Podemos notar o grau de satisfação quanto à sua percepção corporal e como foi visto houve uma melhora em relação à primeira aferição embora o teste t tenha avaliado não haver diferença estatística significativa. Concluímos, portanto que a mídia é um grande canal para que essa influência se agrave ainda mais, o dito corpo perfeito estipulado em revistas, novelas, programas tem alienado cada vez mais pessoas principalmente os jovens, sendo facilmente notado através da preocupação demonstrada nos resultados acima. Dessa forma percebe-se a necessidade de ações e intervenção a fim de alertar e informar quanto a ter um corpo saudável que acaba por ser refletido em um corpo perfeito. Sendo assim, sugerimos, aprofundarmos mais o assunto com novas pesquisas nesta mesma linha para gerar outras possibilidades e chegar a uma conclusão mais precisa sobre o tema.

Bibliografia

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