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A Educação Física e sua estrutura curricular nas 

escolas públicas e nas escolas privadas: um estudo de caso

La Educación Física y su estructura curricular en las escuelas públicas y en las escuelas privadas: un estudio de caso

Physical education curriculum and its structure in public schools and private schools: a case study

 

*Acadêmico do Curso de Educação Física

Licenciatura da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Cruz Alta/RS

**Doutora em Ciência da Educação. Professora e Coordenadora do Curso

de Educação Física da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Cruz Alta/RS

(Brasil)

Jonathan Antônio Celi*

jonathan_celii@hotmail.com

Maria Denise Justo Panda**

dpanda@ibest.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Esta pesquisa teve como objetivo realizar um estudo comparativo da estrutura curricular da educação física, de uma escola pública e de uma escola privada de Júlio de Castilhos, RS. É um estudo de caso descritivo-comparativo, sendo aplicado com todos os professores de Educação Física da escola pública (dois professores) e o diretor, e também com todos os professores da escola privada (um professor) e o diretor. Foi realizada através de uma entrevista semi-estruturada e como instrumento foi utilizado um guia de entrevista e também foram feitas observações in loco. A análise dos dados ocorreu na perspectiva qualitativa, sendo usada a análise de conteúdo das respostas. Após a análise dos dados pode-se notar que não existe diferença em termos de organização curricular. O principal problema está nas propostas pedagógicas, que na verdade não existem de forma que garanta a unidade da Educação Física nas escolas. Então, a pesquisa conduz para a necessidade de estruturar um currículo mínimo para as escolas, que seja orientada e supervisionada pelas coordenadorias de educação.

          Unitermos: Educação Física. Estrutura Curricular. Rede Privada. Rede Pública.

 

Abstract

          This research aimed to conduct a comparative study of the curriculum of physical education in a public school and a private school Júlio de Castillos, RS. It is a descriptive case study-comparative, applied to all Physical Education teachers of public schools (two teachers) and director, and also with all private school teachers (a teacher) and director. Was performed using a semi-structured instrument was used as an interview guide and were also made ​​in situ observations. Data analysis occurred in qualitative terms, being used content analysis of responses. After analyzing the data may be noted that there is no difference in terms of curriculum organization. The main problem lies in the pedagogical proposals that do not actually exist in order to ensure the unity of physical education in schools. So, the research leads to the need to structure a minimum curriculum for schools, which is guided and supervised by the coordinators of education.

          Keywords: Physical Education. Curriculum. Private Network. Public Network.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 182 - Julio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Educação Física escolar tem sido vista como um componente curricular preocupado em ensinar apenas o “saber fazer”, constituído de atividades e habilidades motoras. O “saber fazer”, ou seja, ser capaz de realizar com eficiência atividades e habilidades motoras, se constituem na dimensão procedimental do conhecimento a ser ensinado nas aulas de Educação Física (FREIRE, 1999).

    “Saber fazer” pode ser o ponto inicial do ensino da Educação Física, que como tal deve ser valorizado. Entretanto, junto com este saber é preciso que o aluno aprenda como, quando e porque se utilizar desse potencial. Para isso é preciso que, juntamente com a dimensão procedimental, sejam aprendidos outros saberes. Nessa perspectiva, Mariz de Oliveira (1995) propôs que a Educação Física escolar, mais que algo que se possa “fazer”, deve ser entendida como a aprendizagem de um conjunto de conhecimentos sobre o movimento humano, que se pode compreender e aplicar e que acompanha o ser humano em todos os momentos em que houver a utilização intencional de movimentos.

    Panda (2012) se refere à dimensão social e cultural quando sugere que a educação física deve proporcionar o conhecimento do corpo e todas as suas possibilidades de relações e interações, sendo que esse deve ser um dos objetivos na educação básica e que o desenvolvimento dos conteúdos deve ter como referencia a cultura corporal e a sua relação com o meio social.

    No ensino fundamental, o professor de educação física deve sempre oportunizar aos seus alunos a troca de conhecimentos, para também auxiliar no feedback positivo. Também através do diálogo com seus alunos o professor pode ajudar nas relações sociais e no convívio entre os alunos, como diz Soler (2003, p. 41) “O professor sempre deve abrir espaço para que as crianças falem, e assim interagindo, eles poderão reforçar a idéia de cooperação, do trabalho em grupo, do respeito ao outro, e colaborar para a busca de objetivos comuns”.

    Outro importante aspecto a ser abordado seria o que trabalhar com os alunos. No ensino fundamental deve-se ao máximo diversificar as aulas de educação física e também as modalidades desportivas, afinal é essencial para o aluno praticar vários esportes, porque poderá gostar mais de um ou de outro. Então, cabe ao professor da disciplina trabalhar esses conteúdos através do movimento, e proporcionar que os alunos vivenciem as mais diversas situações possíveis.

    Esta disciplina é tão importante quanto às outras, os seus conteúdos se trabalhados corretamente podem melhorar a autoestima dos alunos, ajudar a resolver seus problemas sociais, além de ajudar a melhorar significativamente o desenvolvimento integral. Esta disciplina é obrigatória, faz parte do núcleo comum do currículo escolar, e depende muito do interesse do professor em fazer com que todos participem e desempenhem corretamente às atividades diárias, então, o professor de educação física tem em suas mãos o futuro de nossas crianças, sendo dele toda a responsabilidade.

    Foi falado de várias situações que o professor de educação física pode encontrar na escola, mas existe outra. Nosso país é um dos que menos investe em educação, pode se perceber olhando apenas para a média de salário que o professor recebe. É um salário indigno se comparado à responsabilidade da função e isso deixa o professor sem ânimo de trabalhar, uma maneira errada de demonstrar seu descontentamento, pois aí quem acaba pagando são os próprios alunos, que não tem culpa da política educacional instalada no país.

    Mesmo que não sejamos valorizados como merecemos, sempre devemos ter em mente que fazendo o nosso melhor estaremos no caminho certo e ajudando a melhorar a vida de muitas pessoas. Sempre devemos pensar que estamos cuidando de crianças que um dia serão adultos que lutarão por nosso país.

    As escolas públicas são a maioria na rede de ensino de nosso país. E são mantidas pelo governo, sendo ele quem manda verbas e materiais para as aulas como: bola de diversos esportes, jogos relacionados à disciplina, bem como, realiza melhorias no ambiente escolar. Mas a realidade nos mostra as escolas em situações precárias, com falta de materiais e estrutura física precária.

    Portanto, se a escola pública é a maior rede de ensino, consequentemente possui muito mais alunos que a escola privada. Sendo assim, as escolas públicas mereciam uma maior atenção do governo, para que possa dar uma educação de qualidade para todos os alunos. Uma vez dominado a prática de um esporte, os alunos podem desenvolver o gosto pelo mesmo, e assim, levar esse hábito saudável (da prática de atividades) para toda a vida, tendo como uma atividade de lazer. Sendo assim, nota-se o quanto o esporte pode fazer na vida de todos. A prática de atividades físicas possui grande importância, como é destacada pelo autor:

    Sem a exercitação física, as atividades “normais” humanas, tanto no plano escolar como extra-escolar, apenas propiciam estímulos psicomotores que, no máximo, mantêm as condições físico-habilidosas já existentes. A teoria da Educação Física, da ginástica, dos esportes, dos jogos, somente pode acontecer a partir da prática e, mesmo como resultado da capacidade abstrativa, as teorizações sobre a Educação Físicas se validam com a prática. (PEREIRA, 1997, p. 34).

    Entende-se na citação acima, que só se pode “aprender” Educação Física, através da prática e que sem ela não se consegue aprender nem a teoria. Sendo assim, mais uma vez é destacada a importância da disciplina, e para uma boa prática deve-se ter um bom acervo de materiais na escola. E na maioria das vezes o professor chega a solicitar o apoio da direção da escola, pedindo materiais como suporte nas aulas e sabemos que esse pedido poucas vezes acaba sendo atendido. Não sei o porquê, mas não somos tão bem vistos pelas pessoas da área da à educação, mas uma vez que eles soubessem a importância de nossa profissão nunca iriam duvidar de nossa capacidade e nos criticar como fazem. Batista (2003, p. 16) diz que “Nem sempre o professor de educação física é bem visto por outras disciplinas e pessoas ligadas à educação. Às vezes nos deparamos com diretores que colocam obstáculos, dificultando ainda mais o nosso trabalho”.

    As escolas privadas são uma minoria em nosso país, comparando-as com as escolas públicas. Mas em compensação no geral, possuem uma melhor estrutura física e recursos materiais que a escola pública, pelo menos é assim na maioria das regiões. Também, para o professor de educação física, é teoricamente mais fácil de elaborar um currículo se têm mais alternativas para trabalhar e dar aulas. Em relação à política escolar, nesta rede de ensino, como os pais contribuem na maioria das escolas ajudando com pagamento de mensalidades e de outras formas, eles possuem maior participação na política do ensino da escola, sem falar de eventos que os envolvam também.

    A escola privada possui maior estrutura como já foi dito anteriormente. Junto com uma melhor estrutura, vêm melhores ambientes para as aulas, locais adequados, materiais diversificados, etc. Cada lugar tem sua cultura, e a escola sempre busca revivê-la, através de uma ótima iniciativa na qual envolvem alunos e professores e muitas vezes os pais dos alunos. Sempre em prol de uma boa educação para os alunos, tentando oferecer para eles o que melhor a escola tem.

    As escolas, com suas diferenças, tanto arquitetônicas, do tipo e do nível das construções, bem como referentes aos componentes literários, instrumentais, docentes, discentes e de pessoal de apoio, refletem as realidades sócio-culturais contextualizadas. Nas escolas, é que se caracterizam os acontecimentos processuais educativos, onde a cultura de determinado período sócio-histórico é transmitida didaticamente. (PEREIRA, 1997, p. 77)

    Portanto, em relação ao comentário acima, percebe-se que as diferenças entre as escolas da rede pública e privada, em relação as suas construções são reflexões da cultura local, mas não são muito acentuadas e não causam grave diferença no desenvolvimento dos alunos. Mas o que se didaticamente ensina, é que faz a diferença, pois daí o aluno tem desenvolvido seu aprendizado e o levará para toda a vida, desde a adolescência até a adulta. A convivência entre os alunos e professores na escola privada aparenta ser diferente, muitas vezes ambos participam de projetos desenvolvidos pela escola, sempre em prol da educação e nem comum, uma possibilidade é cuidar da natureza, do lar em que vivemos. É muito importante que desde cedo os alunos já aprendam a cuidar das coisas, adquirindo assim mais responsabilidade e aprendizado, ainda ganhando com a integração social, etc. O autor cita um importante ponto:

    Dar destaque em grupo é outra necessidade a enfatizar nas idades iniciais. É imprescindível mostrar que essa convivência só traz benefícios em seu meio, ou seja, conviver com a natureza, saber apreciá-la sem destuí-la, dar noções da preservação do meio no qual vivemos, mostrar que essa socialização com a natureza se faz necessária, cuidar do meio ambiente, explicar como a natureza é importante para a nossa sobrevivência, não a devastando, e preservá-la como se fosse a nossa vida. (BATISTA, 2003, p. 20).

    A variável estudada se refere à estrutura curricular da Educação Física, com a intenção de comparação entre uma escola pública e de uma escola privada de Júlio de Castilhos - RS. Tendo em vista a grande diferença encontrada na maioria das escolas do país, onde a escola privada geralmente proporciona melhores condições que a escola pública aos seus alunos. Então, este estudo busca o aprofundamento e esclarecimento em relação ao tema abordado.

    Sabemos que essa temática é de grande relevância, devido à situação atual das escolas em nosso país, e também a perda de espaço do professor de educação física nas escolas. Mas quem realmente sai prejudicado e muitas vezes nem se dão por conta são os alunos, que nada podem fazer mediante a falta de tempo disponibilizado para as aulas de educação física e a grande falta de materiais como bolas, cordas, arcos, cones, e outros.

    Em relação à diferença entre as escolas públicas e privadas se percebe que na maioria, as escolas são de rede pública, sendo assim, mantidas pelas verbas do governo e do esforço da direção da mesma. Já as escolas privadas, de pouco número em relação às públicas, contam com o apoio dos pais, e na maioria possuem alunos de classe média e classe média alta, e sendo assim, já “parecem” apresentar um melhor ambiente, desde o pátio até o acervo de materiais disponibilizados.

Metodologia

    Realizou-se um estudo de caso descritivo-comparativo, sendo aplicado com todos os professores de Educação Física da escola pública: Escola Estadual de Ensino Fundamental Senador Alberto Pasqualini que totalizam 02 (dois) professores de educação física e o diretor. A escolha pela referida escola se deve ao fato de que o acadêmico realizou neste ano dois estágios no referida escola, e sendo assim, possui melhor acesso com a escola, facilitando o desenvolver do estudo. E, todos os professores da escola particular: Escola de Ensino Fundamental Maria Rainha, que totalizam 01 (um) professor de educação física e o diretor. A escolha pela referida escola se deve ao fato de ela ser a única escola particular na cidade. Para coleta das informações foi utilizada uma entrevista semi-estruturada e como instrumento foi utilizado um guia de entrevista com o seguinte indicador: planejamento para a educação física ao longo do ano e seus conteúdos, foram feitas também observações “in loco”. A análise dos dados ocorreu na perspectiva qualitativa, através da análise de conteúdo das respostas dos professores.

    O estudo foi realizado dentro dos padrões éticos conforme propõe a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e somente participaram do mesmo, os que assinarão o termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Todos os participantes receberão por e-mail a cópia final do estudo com os resultados e conclusões da pesquisa, podendo fazer uma auto-avaliação e refletir sobre a sua atuação profissional e condições de trabalho.

Resultados e discussões

    Como foi falado anteriormente, o objetivo deste estudo é comparar a estrutura curricular da educação física de uma escola pública e de uma escola privada da cidade de Júlio de Castilhos - RS. Sabemos que a temática do presente estudo é de grande relevância, pois faz uma abordagem da realidade das escolas públicas e privadas de nosso país, mostrando assim o cotidiano do professor de educação física dentro das escolas. A função do professor na escola e o seu desempenho nela, muitas vezes dependem das condições proporcionadas pela escola, afinal é ela quem deve oferecer adequado ambiente de trabalho para que professores e alunos consigam desenvolver da melhor maneira o trabalho planejado.

    A escola pública, com os dois professores licenciados em educação física com pós-graduação “lato sensu”, sendo que um dos professores busca a atualização duas vezes no ano e o outro respondeu que com pouca freqüência busca cursos de formação continuada, a não serem os exigidos pela Coordenadoria de Educação. O professor da escola particular é licenciado em educação física com Pós-Graduação “Lato Sensu” em Meio Ambiente, faz cursos todos os anos para atualização.

    Com relação aos conteúdos, todos os professores são unânimes em relação ao desenvolvimento dos esportes como unidades de ensino e fica a critério dos professores a organização dos mesmos conforme a série, bem como a forma de desenvolvimento dos mesmos. Todos iniciam as aulas com aquecimento e a grande ênfase é o jogo.

    O resultado em termos de estruturação curricular apresenta a disciplina de Educação Física sem muita organização no que se refere à proposta curricular. Essa situação deveria ser revista pelas coordenadorias de educação com uma proposta pedagógica mínima de conteúdos que a escola deveria adequar à série e a sua realidade. Ter como base apenas os Parâmetros Curriculares Nacionais é muito vago, pois o mesmo determina esporte como um dos conteúdos, mas pode ser desenvolvido somente o futsal durante vários anos e estar dentro dos PCN’s, pois é esporte.

Conclusão

    Após analisar as informações obtidas e considerando o objetivo desta pesquisa que foi fazer um estudo comparativo da estrutura curricular da educação física de uma escola privada de Júlio de Castilhos – RS, chegou-se aos seguintes conclusões:

    Ambos deveriam aumentar seus horizontes ao planejar os seus conteúdos durante o ano letivo, baseando-se assim em materiais mais atuais e diversos, tornando seu planejamento coerente com a atualidade. Pois se basear apenas nos Parâmetros Curriculares Nacionais é como já foi dito muito vago. Existem diversas opções que serviriam perfeitamente como ótima base de planejamento.

    Mas o principal problema está nas propostas pedagógicas, que na verdade não existem de forma que garanta a unidade da Educação Física nas escolas. Então, a pesquisa conduz para a necessidade de estruturar um currículo mínimo para as escolas, que seja orientada e supervisionada pelas coordenadorias de educação.

Referências

  • BATISTA, Luiz Carlos da Cruz. Educação Física: no ensino fundamental. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

  • FREIRE, E. S. Educação Física e conhecimento escolar nos anos iniciais do ensino fundamental. MOTRIZ, São Paulo, v.10, n.3, p. 140-151, 1999.

  • MARIZ DE OLIVEIRA, J. G. Educação Física: entendimento do termo. São Paulo: Papirus, 1995.

  • MOREIRA, Evando Carlos. Educação física escolar: desafios e propostas 2. ed. Jundiaí-SP: Fontoura, 2011.

  • PALMA, Ângela P. T. V. Educação Física e a Organização Curricular. Londrina: Eduel, 2008.

  • PANDA, M.D.J. Diversidad y Educación Física: Uma perspectiva multicultural para os currículos de licenciatura. Alemania: LAP LAMBERT Academic Publishing GmBH /Co.KG. EAE-Editorial Académica Española, 2012.

  • PEREIRA, Flávio Medeiros. O cotidiano escolar e a educação física necessária. 2. ed. Pelotas-RS: Editora Universitária, 1997.

  • PIRES, Giovani De L.; NEVES, Annabel D. Didática da Educação Física. 2. ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2004.

  • SALES, Ricardo Moura. Teoria e prática da educação física escolar. São Paulo: Ícone, 2010.

  • SOLER, Reinaldo. Educação Física Escolar. Rio de Janeiro: Sprint, 2003.

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