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O tecido miofascial e sua relação com a

 biomecânica humana. Revisão de literatura

El tejido miofascial y su relación con la biomecánica humana. Una revisión de la literatura

 

*Acadêmicos do curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte.

**Professor da Universidade Federal do Amazonas

e do Centro Universitário do Norte

(Brasil)

Paula Cristina Wallace*

Maria Laura Bezerra*

Matheus Paes Barreto*

Rogério Olmedija de Araujo**

olmedija_fisio@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A fáscia é um tipo de tecido conjuntivo fibroso que se ramifica por todo o corpo de forma contínua, envolvendo estruturas e formando uma bainha sob a pele. Este tecido conjuntivo, mantêm e conecta todas as estruturas corporais interelacionando-as. As causas mais comuns de alterações biomecânicas da fáscia são: traumatismos diretos, sobrecargas agudas, microtraumas repetitivos de estruturas musculoesqueléticas, sobrecarga de músculos não preparados, adoção de posturas erradas durante a realização de atividades de lazer e trabalho, imobilismo prolongado, fatores ergonômicos, assimetrias corporais, sedentarismo, disfunções degenerativas dentre outros. Materiais e métodos: O presente estudo trata de uma revisão de literatura feita nas bases de dados Medline e Google scholar, onde buscou-se artigos dos últimos quatorze anos sobre o assunto. Considerações finais: Faltam estudos em humanos que comprovem a relação da fáscia com a biomecânica corporal.

          Unitermos: Fáscia. Miofascial. Fisioterapia.

 

Abstract

          The fascia is a type of fibrous connective tissue that spreads throughout the body continuously, surrounding structures and forming a sheath beneath the skin. This connective tissue, keep and connects all body structures interrelating them. The most common causes of biomechanical changes of the fascia are: direct trauma, acute overload, repetitive microtrauma to the musculoskeletal structures, overload muscles unprepared, wrong postures while performing leisure activities and work, prolonged immobility, ergonomic factors, body asymmetries, sedentary, among other degenerative disorders. Materials and methods: This study is a literature review in Medline and Google Scholar, where we tried to articles of the last fourteen years on the subject. Final considerations: Insufficient human studies that prove the relationship with the fascia of the body biomechanics.

          Keywords: Fascia. Myofascial. Physiotherapy.

 

Presenteado em I Bioergonomics, Congresso Internacional sobre Biomecânica y Ergonomia, Manaus, Brasil, do 30 de maio ao 2 de junho.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

        O termo fáscia (originário do latim fascis, significa feixe de fibras, bandagem) é aplicado a uma lâmina ou faixa larga de tecido conjuntivo fibroso sob a pele ou em torno dos músculos e outros órgãos do corpo. Os osteopatas foram os pioneiros a ter noção da globalidade da fáscia, e os precursores da expressão “fáscia”. O termo fáscia no singular não significa uma entidade fisiológica, mais um grupo membranoso no qual tudo se encontra em continuidade (BIENFAIT, 2000).

    A fáscia é um tipo de tecido conjuntivo fibroso que se ramifica por todo o corpo de forma contínua, envolvendo estruturas e formando uma bainha sob a pele. Este tecido conjuntivo, mantêm e conecta todas as estruturas corporais interelacionando-as, formando uma teia tridimensional que se distribui em todo e qualquer tecido do corpo, desde grupos musculares, ossos até órgãos. Tal tecido é constituída por três camadas, estando a porção superficial ligada à superfície da pele sendo um tecido conjuntivo de trama frouxa, fibroelástica, cujas fibras se entrelaçam (GREENMAN, 2001).

    Esta malha permite à pele movimentar-se em várias direções sobre as estruturas mais profundas, é nesta camada que se acumulam fluídos e metabólitos, que podem causar alterações de texturas notáveis à palpação. Abaixo da camada superficial, encontra-se a camada sub-superficial, e esta por sua vez, contém tecido adiposo, vasos sanguíneos, linfáticos e tecidos nervosos. A camada profunda, é mais firme e compacta, que compartimentaliza o corpo, uma vez que envolve e delimita músculos, circunda e separa órgãos viscerais internos (GREENMAN, 2001).

    Segundo GREENMAN (2001), a fáscia possui elasticidade que lhe confere a propriedade de conservar sua forma e responder à deformação. A deformação elástica é a capacidade da fáscia de recuperar sua forma original quando a carga é removida. Se a carga for grande e aplicada por um período mais longo, a fáscia pode não conseguir recuperar seu tamanho original após a remoção, o que resulta em deformação plástica.

    Quando a fáscia é alongada abruptamente ela sofre uma laceração (a forma mais frequente de lesão do tecido conjuntivo). Se o alongamento for aplicado de maneira suficientemente lento, ele irá deformar plasticamente, ele vai mudar o seu comprimento e reter essa mudança (MYERS, 2010).

    A fáscia responde tanto a lesão aguda, como a microtrauma recorrente crônico de várias maneiras diferentes. A primeira é o processo inflamatório determinado pela lesão, cujo espectro vai de uma alteração aguda à crônica. O fluído inflamatório pode ser facilmente contido e absorvido na fáscia superficial, mas quando fica retido nos compartimentos firmes da fáscia profunda, torna-se bastante prejudicial. Essas alterações fasciais são palpáveis por mãos treinadas e contribuem para as anormalidades da textura tecidual características e diagnósticas da disfunção somática. A fáscia, sob estresse, oferece uma resposta biomecânica. Dependendo da quantidade e do tipo de carga, a deformação pode ser temporária ou permanente (GREENMAN, 2001).

    Para AMADO (2006), as imobilizações musculares em posição encurtada apresentam maior abundância e remodelação do tecido conjuntivo conectivo nos períodos subsequentes à imobilização, evidenciando uma alteração estrutural.

    As alterações do sistema musculoesquelético do paciente são observadas pelo fisioterapeuta a partir do alinhamento dos ossos e das articulações, do equilíbrio dos músculos como mobilizadores e estabilizadores do esqueleto, da simetria do tônus dos ligamentos e da integridade das bandas continuas de fáscia (GREENMAN, 2001).

    As causas mais comuns de alterações biomecânicas da fáscia são: traumatismos diretos, sobrecargas agudas, microtraumas repetitivos de estruturas musculoesqueléticas, sobrecarga de músculos descondicionados, adoção de posturas erradas durante a realização de atividades de lazer e trabalho, imobilismo prolongado, fatores ergonômicos, assimetrias corporais, sedentarismo, disfunções degenerativas dentre outros (ALVES NETO, 2009).

    Com base no exposto torna-se relevante ao profissional de saúde, em especial os fisioterapeutas conhecerem o funcionamento deste tecido bem como suas implicações na mecânica corporal.

Materiais e métodos

    O presente estudo trata de uma revisão de literatura. Para a sua realização foram consultadas as bases de dados: Medline e Google Scholar utilizando-se os descritores "fascia" e “myofascial", onde foram encontrados 134 artigos aos quais foram utilizados 10, além de acervo de livros relacionados ao assunto.

    O material utilizado foi selecionado respeitando-se a data de publicação do ano 1999 ou mais recentes, além de ser imprescindível que o trabalho tratasse sobre o assunto e fizesse alusão a anatomofisiologia e biomecânica deste tecido.

Resultados e discussões

    Para Greenman (2001), Bienfait (2000), e Alves Neto (2009), a fáscia é um tecido conjuntivo de sustentação, que constitui uma imensa rede de proteção, sendo este um dos mais importantes papéis desta estrutura, evidenciando que a mesma possui uma continuidade que une mecanicamente o conjunto de elementos da locomoção.

    Além de ser um grande invólucro muscular, a fáscia encontra-se internamente ligada e em continuidade, de maneira a formar um verdadeiro esqueleto fibroso apoiado sobre o esqueleto ósseo (Greenman, 2001). Para Herrington (2008), a continuidade deste tecido conectivo apresenta uma relação direta com o sistema nervoso e fornece subsídios para o diagnóstico de patologias compressivas neurais, principalmente no que concerne testes ortopédicos de diferenciação entre lesões de estruturas neurais e não neurais.

    Acredita-se que a fáscia é plástica ou viscoelástica, mas não elástica e contrátil. A mesma apresenta apenas um contribuinte passivo para o comportamento biomecânico, transmitindo a tensão que é criada para os músculos e outras estruturas (Carvalhais, 2013), porém para Myers (2010) há indícios recentes que indicam que a fáscia apresente um componente de contração de maneira autônoma desempenhando assim um papel mais ativo.

    Para Carvalhais (2013), a tensão gerada no músculo é transmitida para a fáscia, ocorre do nível mais microscópico para o nível macroscópico entre músculo e tecido conectivo. A tensão dos sarcômeros é transmitida para o endomísio pelas conexões existentes entre sarcômeros e membrana basal e destes para as fibras musculares.

    Essa informação acerca do real papel da fáscia no componente biomecânico do movimento humano ainda não está bem claro. Para Aquino (2010), a existência de uma transmissão de força miofascial precisa ser melhor estudado em humanos, uma vez que tal força pode não ser suficiente para causar alterações biomecânicas. Já para Greenman (2001) e Alves Neto (2009), dependendo da quantidade do tipo de carga sofrida pela estrutura fascial, a deformação pode ser temporária ou permanente. As possíveis alterações biomecânicas sofridas, ocorrem através de diversos mecanismos que vão desde traumatismos diretos até assimetrias de estruturas corporais. Miyagi (2011), atribui que 80 a 90% dos casos de dores lombares não específicas, principalmente as diagnosticadas como crônicas e de difícil tratamento, são causadas por alterações miofasciais.

    Os achados de Pinto (2008), corroboram com a transmissão da tensão pela fáscia, os mesmos citam em seu estudo que o movimento e o alinhamento do complexo lombopélvico depende da integridade do sistema osteoligamentar e da adequada interação entre fáscia e músculo associados a um adequado controle neuromuscular. Confirma com essa informação os achados de Aquino (2010), que avaliaram 45 sujeitos submetidos a treinamento de força e alongamento e puderam inferir que parte de tensão gerada nos sarcômeros é transmitida pelo tecido conectivo para os tendões proximais e distais, para os músculos adjacentes e para a fáscia.

Considerações finais

    A anatomofisiologia mostra que a fáscia é um tecido único que se relaciona com todas as estruturas e órgãos corporais, no entanto, faltam estudos que comprovem o quanto a tensão muscular é transmitida para a fáscia, e principalmente se qualquer lesão em uma das partes desse sistema poderia gerar mudanças biomecânicas em alguma área adjacente.

    Sugere-se, portanto que mais pesquisas sejam realizadas para ofertar um conhecimento mais amplo sobre esse tecido, uma vez que o presente estudo, evidencia de forma inteligível que a fáscia não se trata apenas de um simples invólucro de estruturas musculares, mas de um sustentáculo com funções particulares.

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  • PINTO, R, Z, A; SOUZA, T, R; TREDE, T, G; KIRKWOOD,R,N; FIGUEIREDO, E, M; FONSECA, S, T. Bilateral and unilateral increases in calcaneal eversion affect pelvic alignment in standing position. Manual Therapy, vol. 13, 2008, pp. 513-519.

  • TORTORA, Gerard J.; Grabowski, Sandra. Corpo Humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. 6ª Ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2006.

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