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O despertar do esporte como negócio

El despertar del deporte como negocio

 

*Professor e mestre em Ciências da Atividade Física – UNIVERSO

Especialista em Administração, Gestão e Marketing Esportivo - UGF

**Professor doutor e Vice-Diretor da EEFD-UFRJ e coordenador do Grupo

de estudos e Pesquisas sobre Administração, gestão e Marketing Esportivo- GEPAM

(Brasil)

Wallace Apicelo Lima*

wallaceapicelo@bol.com.br

Francisco Paulo de Melo Neto**

fpmeloneto@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo tem como objetivo analisar as características do esporte como produto e negócio. As modalidades esportivas assumem novas posturas e enfrentam novos desafios no contexto atual da indústria do entretenimento esportivo. Questões como o mercado econômico esportivo atual e os valores do produto esportivo tornam-se prioritárias no processo de gestão e de marketing esportivo. Sendo assim, tornando-se essencial a modernização e a profissionalização do esporte, no ponto vista de negócios.

          Unitermos: Esporte. Produto. Negócio. Mercado. Valor.

 

Abstract

          This article aims to analyze the characteristics of the sport as a product and business. The sports take on new positions and face new challenges in the current context of the sports entertainment industry. Issues such as the current economic market sports and sports figures of the product become a priority in the management and sports marketing. Thus, making it essential to modernization and professionalization of the sport, the business point of view.

          Keywords: Sport. Product. Business. Market. Value.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Nos dias atuais o esporte ganhou um novo formato. É parte de uma indústria em pleno desenvolvimento: a indústria do entretenimento esportivo. Com parte dessa indústria e seu principal produto é que o esporte assumiu um novo aspecto aos olhos de todos: de atividade e prática massificada o esporte tornou-se um negócio dotado de um grande mercado e de um elevado potencial de venda e comercialização.

    Visto com produto, o esporte ganha uma nova dimensão diante de seus analistas e gestores. Não é apenas uma atividade física, um serviço de entretenimento ou um exercício de envolvimento com elevado teor emocional. Torna-se parte de uma complexa estrutura de mercado com suas características e peculiaridades.

    Visto com produto, o esporte tem um mercado, dele exige-se uma estratégia de promoção, comercialização e comunicação. Seus praticantes e torcedores devem ser analisados em seus aspectos demográficos, psicográficos e suas preferências e desejos de compra alem dos seus elos emocionais que os ligam a determinados entes esportivos e os fazem escolher determinadas modalidades esportivas.

    Como produto, o esporte tem o seu valor. Não apenas o seu valor de comercialização, mas, sobretudo o seu valor simbólico e o seu valor de apropriação de estilos de vida. O esporte tem um custo de oportunidade, pois a sua prática e assistência induz o praticante e torcedor a abrir mão de alternativas de entretenimento.

    O esporte é um bom produto quando atrai muitos praticantes e torcedores e é capaz de gerar receitas para si próprio. Um produto auto-sustentável que vende e vende-se no mercado. E isto significa aumento do número de torcedores e praticantes que compram produtos esportivos, consomem serviços afins, assistem as transmissões esportivas pela TV e pela Internet, lêem jornais e revistas m busca de notícias sobre o esporte, ouvem radio, compram ingressos e dão preferência a produtos e serviços licenciados pelas marcas esportivas. O fator essencial é o mercado de torcedores, de praticantes, de telespectadores e internautas, leitores e ouvintes e de atletas registrados nas entidades esportivas e, no caso de clubes, de sócios.

2.     Referenciais teóricos

    O esporte é uma importante área de trabalho e se caracteriza como produto por ter elementos tangíveis e intangíveis. Para Brooks (apud Pozzi, 1998), o esporte pode ser definido como qualquer forma de atividade física que confronta o talento de alguém contra um oponente. Como produto, o esporte não é diferente de qualquer outro produto de consumo, já que possui tanto aspectos tangíveis, produto principal, como intangíveis (emoções e experiências geradas pelo esporte).

    Uma das principais ações para se ter uma gestão esportiva de sucesso é a necessidade de se obter um planejamento estratégico bem elaborado. De acordo Ribeiro (2011), a importância de um bom planejamento, se justifica pelo fato de que pode se detectar, reduzir e corrigir, e muito os possíveis erros que possam ocorrer. O impacto de gestão mal planejada é muito mais grave de que qualquer outro problema de gerenciamento, uma pessoa pode ser substituída e recursos podem ser levantados, porém a conseqüência de um planejamento mal formulado pode gerar prejuízos que podem perdurar por décadas, razão pela qual todas as precauções devem ser tomadas no momento de uma elaboração de um planejamento de uma gestão esportiva.

    Conforme afirma Brooks (apud Pozzi, 1998), outros artifícios expõem o quanto é difícil entender o esporte como produto, além do produto principal (o jogo em si) e, para que este se realize, os principais componentes são os eventos/astros, o ingresso, a organização, a arena, o equipamento, os uniformes e a imagem. Além deles, existem os serviços relacionados (entusiasmo, sentimento de coletividade, rivalidade, identificação, sucesso e outros); há, também, o pessoal e os processos (interação entre família e organização, funcionários agindo com cortesia); e, por fim, o mercado, que compreende: o mercado participante (produtoras do esporte); o mercado espectador (telespectadores, torcedores); o mercado voluntário (ajuda ao esporte); o mercado anunciante (mídia publicitária importante); o mercado patrocinador (querem acesso aos espectadores e se diferencia da concorrência); e o mercado de afinidade (utilização de símbolos, logos e marcas registradas que retratem personalidades do mundo dos esportes).

    O marketing esportivo é a segunda maior fonte de renda no mundo, ficando apenas atrás do turismo. Grande parte dessa fonte é proveniente do futebol (Bataglia 2003). Segundo Phillip Kotler (2003) o conceito de marketing desportivo deve ser entendido como um conjunto de ações e produções com intuito de satisfazer as preferências, necessidades e expectativas do consumidor esportivo. O conjunto de ações e prestações que são empregadas através de dois segmentos: os produtos e serviços que são construídos e se relacionam diretamente com o consumidor, e as ações de marketing e produtos que usam o desporto como forma de comunicação com os consumidores esportivos.

    O marketing de patrocínio representa uma oportunidade para uma organização e suas marcas focarem sua comunicação para públicos restritos, específicos e altamente desejáveis. O patrocínio não é substituto de nenhum dos conceitos do mix promocional, mas pode ser usada como forma de propaganda, a promoção de vendas, e, certamente como elemento de relações públicas. (Shimp, 2003; Cardia, 2004)

    Cardia (2004) define patrocínio esportivo como sendo o investimento que uma entidade pública ou privada faz em um evento, atleta ou grupo de atletas com a finalidade precípua de atingir públicos e mercados específicos, recebendo, em contrapartida, uma série de vantagens encabeçadas por incremento de vendas, promoção, melhor imagem e simpatia do público. D. Sandler e D. Shani apud Pozzi (1998) atestam que patrocínio esportivo pode ser definido como a “provisão de recursos (financeiro, humano e físico) por uma organização diretamente a um evento ou atividade esportiva em troca de uma associação direta com o mesmo. A organização provedora poderá então usar essa associação direta para atingir seus objetivos corporativos, como de marketing e de comunicação.”.

    O marketing esportivo é uma das estratégias dentro de um planejamento, que utiliza o esporte para atingir suas metas. É o processo de elaborar e programar atividades de produção, estabelecer o preço, a promoção e a distribuição de um produto esportivo para satisfazer as necessidades ou desejos de consumidores através do processo de troca, atingindo os objetivos da empresa. (Afif, 2000; Pitts; Stotlar, 2002; Mullin; Hardy; Sutton, 2004).

    A mídia nos últimos anos se transformou no meio mais importante de comunicação entre os fãs e o mundo esportivo, seu impacto é tão grande que a maioria dos esportes e eventos esportivos, considera inexistente a adesão de novos torcedores, sem que ocorra uma cobertura da imprensa. (Sá 2009). As empresas que investem no esporte apresentam algumas características essenciais. Possuem marcas fortes ou potencialmente fortes e buscam novas formas de comunicação com o seu público e nos mercados onde atuam. Utilizam o esporte como mídia alternativa, com ênfase no reforço e disseminação da marca e de sua imagem, procurando comunicar-se com os seus segmentos de clientes atuais e futuros. O retorno de uma marca ou produto envolvido em patrocínio esportivo é quatro vezes maior do que o de uma boa campanha publicitária. (Melo Neto 1995).

    A crescente importância desse evento em específico parece ser equivalente à sua arrecadação. No quadriênio de 1993 a 1996, por exemplo, o COI arrecadou US$ 2.630.000,00 enquanto no quadriênio de 2005 a 2008 a arrecadação aumentou para US$4.187.000,00 (IOC Marketing Fact File, 2006). As principais fontes de renda provêm da venda de direitos de transmissão e de patrocínios, sendo fontes auxiliares o licenciamento e a venda de ingressos para os Jogos.

    "Não dá mais para um atleta chegar à sala de um grande industrial e pedir uma ajuda, para poder treinar e competir", diz Siomar Freitas (2005), da New Sports Marketing and Entertainment, empresa que cuida daquele que pode ser o maior evento de música do Brasil, a Kaiser Music. Para Siomar Freitas (2005), o marketing esportivo "é um mercado crescente” e não há empresa importante que fique de fora de grandes espetáculos esportivos ou de eventos de entretenimento, pois para “atender essa massa de consumidores, empresas e agências precisam realmente saber o que têm nas mãos"

    Neste contexto, a implementação de uma gestão profissional em relação à gestão amadora torna-se fundamental, ganhando uma nova dimensão e uma nova responsabilidade, sem prejuízo da visão do respeito e da excelência na prestação de serviços destinados aos sócios não atletas e mantenedores da instituição. Um dos fatores para se ter uma gestão nos clubes, é claramente, a existência de sistemas de informações que propiciem uma estreita ligação entre atletas, funcionários, investidores e torcedores. Umas das formas para que essa ligação aconteça é a utilização do marketing esportivo. (Battaglia 2003).

3.     A importância da gestão do esporte

    Porem pode-se observar em toda estrutura esportiva vigente no Brasil, que no modelo de gestão esportiva apresentado, encontram-se diversas falhas, falhas essas que impedem que o enorme potencial de mercado consumidor esportivo ao qual nos deparamos seja explorado. As causas que explicam a questão apresentada são inúmeras, como a falta de um planejamento estratégico adequado, a falta de profissionalismo na gestão dos clubes, associações, federações e confederações esportivas, a falta de profissionais qualificados para atuarem nessa área, e a falta de espaço nesse mercado de trabalho para os poucos profissionais qualificados nessa área.

    Porém, para que todo o poder mercadológico que o esporte apresenta seja alcançado e explorado, é primeiramente necessário, que se tenha uma gestão eficiente, gestão essa atuando de forma profissional. Se uma modalidade esportiva não possuir uma boa gestão de pouco valem as suas propriedades e valores, pois o que potencializa seu mercado são suas receitas e a maximização de seus valores é da excelência de gestão.

    Um esporte gerenciado em termos profissionais adota os padrões da administração estratégica gerencial: estrutura enxuta e flexível, investimentos selecionados, foco em resultados, formação em talentos, desenvolvimento de programas e projetos de massificação e interiorização do esporte, excelência no desempenho de seus atletas e equipes campeãs, gerentes profissionais, estrutura de marketing, publicação de balanços e relatórios financeiros. Todavia, para que toda essa excelência do gerenciamento esportivo seja alcançada, é necessário que as quatro principais fases da administração esportiva sejam bem elaboradas e realizadas. A primeira fase se refere ao planejamento estratégico, que se caracteriza pelo conjunto de ações que será realizado durante um determinado período, para que todas as metas do planejamento elaborado sejam atingidas. Essa primeira fase encontra-se em constante amadorismo na estruturas das instituições esportivas atuais, sejam elas clubes, federações, instituições esportivas como clubes de lazer e entretenimento em função do esporte, entre outros. Muitas das vezes, as “empresas esportivas” estabelecem um planejamento apenas de curto prazo, visando apenas à sobrevivência daquela “empresa”, e não o desenvolvimento e crescimento da mesma.

    A segunda fase da administração esportiva refere-se à organização, ou seja, como será feito toda a estrutura para que o planejamento estratégico seja atingido com sucesso. Nesta fase deve ser elaborado o organograma de funcionamento de toda a “empresa”, os investimentos selecionados, o desenvolvimento de programas e projetos de massificação e interiorização do esporte, da estrutura de marketing entre outros. Atualmente, observa-se no esporte o amadorismo na organização das “empresas esportivas”, uma vez que uma mesma pessoa acumula diversos cargos, e até mesmo em alguns casos todos os cargos desta empresa, o que diminuirá sua capacidade de potencializar o potencial mercadológico.

    A terceira e a quarta fase estão ligadas a implantação e a acomodação, ou seja, após as fases de planejamento e organização, é neste momento que todo o planejamento desenvolvido será colocado em prática é mantido ou alterado se caso algo não tiver conforme o planejamento previamente elaborado anteriormente. Todavia, para que a implantação e a acomodação do planejamento estratégico esportivo tenham sucesso, é necessário que todo potencial mercadológico do produto esportivo em questão seja alcançado, há necessidade que se tenha uma gestão profissional, com profissionais qualificados para que o produto esportivo em questão seja sucesso para a empresa. Entretanto, percebe-se que de todos os setores da indústria, o setor esportivo é o que abrange o menor número de pessoas qualificadas, haja vista no futebol brasileiro, que apesar de cada vez mais se tem maior receita de verba, mais os clubes brasileiros estão endividados.

    A tabela abaixo apresenta o aumento da receita dos clubes de futebol brasileiro entre 2007 a 2010.

Tabela 1

Fonte: Templo da Bola

Disponível em: http://3toques.com.br/blogs/templodabola/2011/05/ranking-dos-clubes-brasileiros-corinthians-e-o-que-mais-arrecada-atletico-mineiro-e-o-mais-endividado/ Acesso em 02/02/12

    Como pode se observar na tabela 1, grande parte dos times acima teve aumento em suas receitas se compramos o ano de 2007 e 2011, mas, apesar do aumento significativo em suas receitas, as dívidas também aumentaram como pode ser visto na tabela abaixo.

    A tabela abaixo apresenta o aumento das dívidas dos clubes de futebol brasileiro entre 2007 a 2010.

Tabela 2

Fonte: Templo da Bola

Disponível em: http://3toques.com.br/blogs/templodabola/2011/05/ranking-dos-clubes-brasileiros-corinthians-e-o-que-mais-arrecada-atletico-mineiro-e-o-mais-endividado/ Acesso em 02/02/12

    Conforme pode ser observado na tabela 2, com exceção do Atlético Paranaense, todos os clubes apresentaram aumento de suas dívidas entre os anos de 2007 e 2010. Se não tivermos uma gestão profissional provavelmente não temos o potencial do produto esportivo em questão explorado ao máximo.

4.     A importância do marketing esportivo aliado a uma gestão esportiva de sucesso

    A gestão eficiente de uma empresa esportiva como visto anteriormente, sem dúvidas é fundamental para o sucesso da empresa esportiva, porém não adianta apenas uma empresa ter uma gestão eficiente, com profissionais qualificados além de uma boa estrutura, se não tiver uma estratégia de marketing esportivo eficiente para que o cliente em potencial do produto esportivo em questão seja realmente alcançado.

    De acordo com Kotler (2003), o conceito de marketing é caracterizado pela busca em identificar as necessidades e os desejos de um determinado segmento no mercado consumidor. Após essa etapa, mede-se a magnitude, o potencial de rentabilidade e as especificidades do mercado-alvo a ser atingido pela empresa, decidindo sobre produtos, serviços e programas adequados para servir a esses mercados selecionados, convocando a todos dessa organização a pensar no cliente e como atender esse cliente.

    O marketing esportivo tem suas características específicas, sendo assim, é necessário que ele seja compreendido inteiro, para que então possa se desenvolvê-lo, buscando sempre aumentar o potencial mercadológico do produto esportivo em questão. Para que se possa realmente entender o que é marketing esportivo, deveremos entender primeiramente o significado da palavra. Segundo Bertoldo (2000), marketing esportivo é a reunião de ações voltadas à prática e para a divulgação de modalidades, clubes e associações ou produtos esportivos, seja elas realizadas pela promoção de eventos e pelos torneios ou então pelos patrocínios de equipes e clubes esportivos. Diante dos fatos mostra-se e importância de se ter uma gestão esportiva de excelência, aliado a uma boa estratégia de marketing para que o mercado esportivo seja realmente potencializado.

5.     Analisando o esporte como negócio

    Existem duas formas distintas de analise do esporte como negócio: o esporte em sua dimensão de mercado (o esporte e seu mercado espectador e consumidor) e o esporte em sua dimensão de produto (o esporte como produto). Em sua dimensão de mercado o esporte deve ser analisado com base nos seguintes fatores:

  • O tamanho do mercado: Se a uma modalidade esportiva em questão se apresenta com muitos torcedores ou praticantes ou então se é destinada a um público restrito.

  • A natureza do mercado: se o mercado da modalidade esportiva em questão se encontra em crescimento ou em declínio;

  • A especificidade do mercado de torcedores e praticantes da modalidade esportiva: Se a modalidade esportiva em questão está voltada para o mercado de grande público, como o futebol, ou estão se está voltada para um mercado segmentado, como os esportes olímpicos em geral;

  • As características do seu público-alvo: Se a uma modalidade esportiva é exclusiva para homens ou apenas para mulheres ou então para ambos, se é destinada ao público jovem, adulto, infantil ou de terceira idade, ou se os seus torcedores e praticantes são pessoas de alto, médio ou baixo poder aquisitivo financeiramente;

  • O poder de influencia dos agentes externos no mercado: se os clubes, entidades esportivas, as ações de mídia, fabricantes de material esportivo, empresas patrocinadoras e anunciantes têm grande, media ou baixa influencia no desenvolvimento do mercado de torcedores e praticantes no qual se deseja atingir.

    Em sua dimensão como produto, o esporte deve ser analisado com base em dois fatores-chave: sua qualidade e seu valor. Mas o que é determinante no sucesso do esporte como produto? O que de fato faz crescer o seu mercado de torcedores e praticantes? A resposta é simples: Além de toda uma estrutura e todo um plano de marketing eficiente, o esporte está diretamente relacionado a vitórias, conquistas e títulos conquistados. É o que denominamos de qualidade extrínseca do produto esportivo.

    Uma modalidade esportiva que se apresenta ao público como um produto de grandes vencedores (equipes, atletas, clubes) e de excelentes competições cujos participantes realizam grandes espetáculos em cenários majestosos (estádios modernos, ginásios e arenas com estilos arrojados ou locais de grande beleza natural) é provida de qualidade superior. E, como tal, ganha divulgação na mídia, vende ingressos, além de ativar todo o mercado de produtos esportivos, criando e desenvolvendo talentos, formando comunidades de torcedores e praticantes, e reforçando a identidade dos torcedores e praticantes com o produto esportivo em questão.

    A força do aumento da qualidade do produto esportivo aumenta o seu poder de comercialização. A modalidade esportiva de qualidade superior atrai patrocinadores, enche seus estádios, alcança recordes de público, eleva suas receitas de marketing e se posiciona no mercado como um produto de sucesso e uma modalidade esportiva vitoriosa. O segundo fator-chave na análise do esporte como produto é o seu valor que se subdivide em valor de mercado e valor simbólico. Seu valor de mercado corresponde ao preço dos seus produtos com, por exemplo, o valor dos ingressos cobrados nas competições, o valor cobrado na venda dos títulos de associados dos clubes esportivos, o valor das inscrições nas competições esportivas, o valor dos produtos licenciados e das franquias que utilizam a marca do esporte, o valor das cotas de patrocínio dos atletas, equipes e eventos, o valor dos direitos comercializados (o nome dos estádios ou então em algum local específico de um lugar ou evento esportivo, os direitos de imagem na TV, direitos de endosso cobrados pelos atletas e técnicos, direitos de concessão de restaurantes, bares e demais serviços nos locais de competição).

    O valor simbólico compõe-se de diversos tipos de valores que estão diretamente relacionados ao valor que o consumidor esportivo paga por esse produto, que são divididos em: valor de identidade (o preço pago pelo torcedor na compra dos uniformes e, sobretudo das camisas dos clubes e da seleção), o valor de pertencimento (o valor pago na compra de títulos de sócios dos clubes), o valor de posicionamento (o impacto na mídia junto ao público desse produto esportivo, e a forma e o conceito usado por esse produto em seu processo de comunicação), valor de adesão (o número de novos torcedores e praticantes), o valor de estrelismo (o número de novos astros que surgem na modalidade esportiva sendo eles atletas, equipes e novos estádios e eventos) e o valor de seus atributos (a forma como o mercado incorpora os valores e atributos da modalidade esportiva) e o valor de imagem (os aspectos positivos que são atribuídos à modalidade esportiva pela mídia e pelo público em geral).

6.     O mercado econômico esportivo no Brasil

    Atualmente sem dúvidas a indústria esportiva movimenta e muito o mercado econômico e mundial, haja vista pela grande quantidade de emprego que é gerado no país através do esporte, a grande quantidade de empresas que patrocinam o esporte, seja de forma direta através de equipes esportivas como a equipe da RBR (Red Bull Race) competindo diretamente na Fórmula 1, ou então de forma indireta, através da exposição da marca em uniformes esportivos, placas publicitárias ao redor de locais onde aconteçam eventos esportivos, propagandas nos meios de comunicação em transmissões esportivas, entre outros.

    O esporte atinge toda a sociedade de diversas formas, seja ele no contexto educativo, na promoção da saúde e da qualidade de vida, como forma de entretenimento, entre outros. Todavia, o esporte como negócio ganha grande espaço dentro da sociedade de todo mundo, e no Brasil não é diferente, ainda mais com a realização da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, no qual praticamente todos os setores da economia serão atingidos, como pode ser visto na tabela a seguir:

Tabela 3. O impacto da Copa do Mundo de 2014 na economia brasileira

Fonte: Betarelli. A.A, Domingues.E.P, Magalhães.A.S (2010)

    Como se pode observar na tabela 3, todos os setores da economia dos estados que receberão a Copa do Mundo de 2014 serão afetados, e, como destaque pode citar os estados do Amazonas, Rio Grande do Norte e Mato Grosso, que de acordo com os valores apresentados, tem a movimentação de suas respectivas economias bem acima dos demais estados que se encontram na tabela.

    Além, de se pode observar o potencial mercadológico do esporte através dos setores economia que estão relacionados à venda de produtos de diversas especificidades e também ao setor de prestação de serviço, podemos avaliar o grande potencial do esporte através da movimentação de capital no país. Essa movimentação financeira pode ser observada no número de exportações e importações, no investimento financeiro do governo em obras de infra-estrutura, no consumo das famílias e aumento no número de empregos, como evidencia a tabela a seguir:

Tabela 4. Projeção do impacto financeiro nas cidades sede da Copa do Mundo de 2014

Fonte: Betarelli, A.A. Domingues, E.P. Magalhães, A.S. (2010)

    Como pode ser observado na tabela anterior, a Copa do Mundo de 2014 movimentará financeiramente todos os estados que receberão os jogos. Como destaques podem ser citados de acordo com a tabela, que a variável de investimentos sofrerá maior impacto nos estados relacionados. As variâncias nesse quesito que apresentam maior impacto são nos estados de Pernambuco, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Ceará e principalmente o estado do Amazonas, que apresenta variância no seu índice de crescimento de aproximadamente 44%. Outra variável que apresenta destaque é em relação ao número de empregos gerados, que, de acordo com a tabela, apenas excluindo o estado do Mato Grosso e o Distrito Federal, apresentam crescimento em seus números. O fato apresentado mostra que o esporte quando bem gerenciado pode afetar no aumento de capital de uma determinada região, além do aumento da geração de empregos.

    Além de toda movimentação econômica proveniente dos eventos esportivos, podemos evidenciar todo o potencial mercadológico do esporte em um local específico, num país ou até no mundo todo do próprio esporte, ou seja, levando em consideração apenas a movimentação de capital proveniente do esporte. Como exemplos podem citar o número de camisas de clubes esportivos, a média de público nos eventos esportivos e os patrocinadores de clubes e eventos esportivos. A tabela a seguir evidencia o mercado econômico esportivo de alguns países e alguns clubes de futebol pelo mundo.

Gráfico 1. Os maiores mercados econômicos do futebol no mundo em patrocínios em camisas de clubes no ano de 2010.

Fonte: Baltar, M. (2011)

    Conforme pode se observar no gráfico acima, podemos analisar que o Brasil se encontra em terceiro lugar em patrocínio de camisas de clubes esportivos, ficando atrás apenas da Inglaterra e da Alemanha. Os valores também são consideráveis, só no ano de 2010, o Brasil teve uma arrecadação de 105 milhões de euros apenas com patrocínios nas camisas dos clubes. O futebol brasileiro se tornou além de um esporte um ótimo negócio, tanto que no ano de 2010, tivemos o Corinthians como um dos clubes que mais lucraram com o futebol, como pode ser vistos na tabela a seguir:

Tabela 4. Os times que mais lucraram (em milhões de euros)

Fonte: Baltar, M. (2011)

    Como pode se observado na tabela 4, pela primeira vez temos um clube brasileiro entre os seis primeiros que mais arrecadaram no mundo. Um dos motivos que certamente contribuíram para que a equipe tivesse o resultado apresentado, certamente foram às boas estratégias de gestão e de marketing realizados pelo clube. Com a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, provavelmente teremos uma maior exposição internacional para mercado esportivo brasileiro, pois as empresas que atrelarem suas marcas ao futebol e aos outros esportes terão um maior nível de atenção e visibilidade nos próximos anos. Partindo desse pressuposto, podemos estabelecer uma relação direta entre a gestão e o marketing esportivo e a evolução do esporte como negócio.

7.     Conclusão

    Portanto, diante das questões abordadas, podemos observar que o esporte além de se apresentar na sua dimensão educativa e socializante, que contribui para a formação do ser humano e também na sua inserção dentro da sociedade, se apresenta também como forma de negócio, inserindo-se no mundo empresarial e tendo grande participação no mercado econômico e na criação de empregos.

    No mercado esportivo, não há mais espaço para o amadorismo e para a má gestão, sem a elaboração de um bom planejamento estratégico e boas ações de marketing. O torcedor e o praticante esportivo têm que passar a serem vistos realmente como clientes e como investidores do mercado esportivo e não apenas como meros espectadores e praticantes do esporte. As modalidades, os eventos e os atletas esportivos, além de um fator essencial para o esporte, têm que passar a serem vistos como um produto, em que se deve objetivar alavancar todo seu potencial.

    Porém, para que a eficiência do aumento do potencial de mercado do esporte seja realmente alcançada, é necessário que se tenha profissionais especializados e uma estrutura adequada para que ocorra uma profissionalização do esporte, com visão empresarial do mercado esportivo. É na dimensão empresarial que o esporte ganha maior impacto no mercado econômico e na mídia se tornando um verdadeiro espetáculo. Vale ressaltar que a visão do esporte negócio pode se adequada a diversos setores da sociedade, como o sistema educacional, pois através de uma boa estrutura se pode estabelecer uma relação direta entre o desenvolvimento do esporte na escola e o esporte como negócio.

    Portanto, é inegável que o esporte se trata de um produto máster na nova era da indústria do entretenimento, avançando sobre novos mercados, valorizando-se ainda mais como produto, aumenta seu número de adeptos, fãs e consumidores, assumindo novos valores e atributos e crescendo em geração de valores. Através dos fatos apresentados, podemos afirmar o novo despertar do esporte como estratégia de negócio.

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