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Menarca: um estudo de revisão sobre 

os fatores influenciadores nesse processo

La menarca: un estudio de revisión sobre los factores que influyen en este proceso

 

Especialista em Fisiologia e Cinesiologia do Exercício

Centro Universitário do Norte – Uninorte

(Brasil)

Agnelo Weber de Oliveira Rocha

agneloweber@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Crescimento, desenvolvimento e maturação são complexos processos que ocorrem no indivíduo por um período em torno de 20 anos. A puberdade é uma das fases mais complexas, pois envolve tanto o desenvolvimento físico relacionado à maturação sexual, quanto uma série de alterações psico-sociais. Objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura acerca dos fatores que podem influenciar a idade da menarca nas crianças ou adolescentes. O crescimento somático e a maturação física são processos dinâmicos associados a um amplo espectro de alterações somáticas e celulares. Na fase da vida conhecida com puberdade, muitas mudanças ocorrem no corpo das crianças. O surgimento da primeira menstruação ou idade de menarca, embora nem sempre relaciona-se com o ciclo ovulatório normal, é considerado um indicador prático da maturação. É válido ressaltar que a menarca é apenas 1 dos marcadores maturacionais. A maturação é considerada um processo evolutivo do individuo, devendo ser entendida como o conjunto de mudanças biológicas que ocorrem de forma seqüencial e ordenada, que levam o indivíduo a atingir o estado adulto. Como está intimamente ligado ao crescimento e ao desenvolvimento, o processo maturacional também sofre influências do meio externo, podendo não ocorrer, necessariamente, em sincronia com a idade cronológica. Outros fatores como variações ambientais, sobrepeso, composição corporal, prática de exercícios físicos e hábitos nutricionais são fatores que podem influenciar a idade da menarca tanto no sentido de acelerar, como no caso de meninas com IMC elevado, ou retardar, fator bastante comum em jovens esportistas. Fica a sugestão para a realização de mais estudos transversais para identificação dos fatores e melhor compreensão de como estes podem influenciar a idade da menarca.

          Unitermos: Crescimento. Desenvolvimento. Maturação. Menarca.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    No decorrer do processo de desenvolvimento humano muitas mudanças ocorrem na estrutura corporal das pessoas. A puberdade é uma das fases mais complexas, pois envolve tanto o desenvolvimento físico relacionado à maturação sexual, quanto uma série de alterações psico-sociais (FONSECA JUNIOR & FERNANDES FILHO, 2009). Barbosa et. al., (2006) conceituam puberdade como um processo fisiológico de maturação hormonal e crescimento somático que torna o organismo apto a se reproduzir.

    Duarte (1993) afirma que crescimento, desenvolvimento e maturação, são processos complexos os quais levam, no ser humano, cerca de 20 anos antes de se completarem. Sendo que o primeiro diz respeito a mudanças no tamanho do indivíduo, considerando o corpo como um todo ou partes dele; o segundo, a alterações nas funções orgânicas; e o terceiro, a variações na velocidade e no tempo em que o indivíduo atinge a maturidade biológica. Para o profissional da educação física, a análise da maturação de jovens passa a ser importante em dois contextos: o esportivo e o da saúde (KLUG & FONSECA, 2006).

    Existem diversas formas de se avaliar a maturação biológica. Segundo Malina, Bouchard & Bar-Or (2009) os métodos mais comuns utilizados na avaliação da maturação são: idade óssea, idade do pico de velocidade do crescimento, as características sexuais secundárias e a idade dentária.

    A avaliação da maturação sexual, realizada mais especificamente através da idade menarca, que segundo Petroski et al. (2006) é o surgimento da primeira menstruação, é um dos métodos mais simples e menos onerosos para a identificação do nível de maturidade biológica em meninas. Sendo assim, objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura acerca dos fatores que podem influenciar a idade da menarca nas crianças ou adolescentes.

Esporte e exercícios físicos

    O esporte é um fenômeno que atrai cada vez mais a atenção dos pesquisadores envolvidos com o desempenho humano e qualidade de vida. No entanto, Bojikian et al. (2006) e Silva et al. (2010) afirmam existir a participação de crianças e adolescentes, em idades cada vez mais precoces em esportes competitivos de alto nível, como a ginástica artística, e submetidos a regimes de treinamento semelhantes àqueles destinados ao indivíduo adulto, fato esse que pode gerar especialização precoce e conseqüentemente abandono da modalidade praticada.

    Quando se trata da iniciação esportiva é de suma importância que o treinador conheça bem as características individuais de cada criança. Durante a fase de iniciação no esporte, que é definida por Oliveira & Paes (2004) dos 7 aos 10 anos, a criança deve participar do máximo de modalidades esportivas possíveis para desenvolver o seu repertório motor, nessa fase normalmente são encontradas poucas diferenças na estatura, peso, tamanho do coração e pulmões, ou composição corporal entre ambos os sexos (TOURINHO FILHO E TOURINHO, 1998), portanto a quantificação do treinamento deve ser feita de acordo com idade motora da criança.

    Nas etapas seguintes, que Oliveira & Paes (2004) afirmam ser dos 11 aos 12 e dos 13 aos 14, começam a aparecer diferenças entre os sexos, onde esses começam a atingir o estado de maturação desordenadamente, uma vez que ela depende de fatores tanto genéticos quanto ambientais. Santos et al. (2007) afirmam que o crescimento somático e a maturação física são processos dinâmicos associados a um amplo espectro de alterações somáticas e celulares. Nessa fase da vida, também conhecida com puberdade, muitas mudanças ocorrem no corpo das crianças. Barbosa et al. (2006) afirmam que durante a puberdade ocorrem modificações no padrão de secreção de alguns hormônios. Estas modificações apresentam características diferentes para meninos e meninas.

    Para Petroski et al. (2006) o surgimento da primeira menstruação ou idade de menarca, embora nem sempre relaciona-se com o ciclo ovulatório normal, é considerado um indicador prático da maturação. Porém, é válido ressaltar que a menarca é apenas 1 dos marcadores maturacionais e Barbosa et al. (2006) afirma que a menarca é o último estagio da maturação em mulheres, sendo que o primeiro é o desenvolvimento mamário.

    Como dito anteriormente a maturação pode ocorrer em diferentes idades, isso irá depender de alguns fatores, como: nutrição, composição corporal prática de exercícios físicos e genética. Para Barbosa et al. (2006) a avaliação do estado nutricional, bem como, as modificações antropométricas e de composição corporal na adolescência, são fortemente relacionadas ao estirão puberal. Para corroborar com tal afirmação Santos et al. (2007) consideram que em atletas, parece haver alterações na composição corporal, particularmente a quantidade de gordura corporal, podendo ser associadas ao aparecimento tardio da menarca, enquanto as não atletas chegam mais precocemente à idade da menarca. Linhares et al. (2010), onde os autores apontam que estão sendo cometidos erros, tanto no grau de estimulação quanto nos métodos utilizados para o desenvolvimento de adolescentes de mesma idade cronológica, em atividades desportivas de escolas, clubes e centros esportivos.

Crescimento

    Crescimento é a atividade biológica dominante por cerca das duas primeiras décadas da vida humana, incluindo, certamente, os 9 meses de vida pré-natal (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009). O estudo do crescimento pode dar informações valiosas para os profissionais que atuam nas áreas da Educação Física e Ciências dos Esportes (BERGMANN, 2006).

    Para Waltrick & Duarte (2000) em termos antropométricos, o crescimento consiste no aumento e nas modificações dos componentes corporais, tanto longitudinais como transversais.

    O crescimento é conseqüência do aumento do número de células (hiperplasia), aumento do tamanho das mesmas (hipertrofia) e/ou aumento das substâncias intercelulares (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009 e OLIVEIRA JUNIOR, 1991). Waltrick & Duarte (2000) apontam que a fase de crescimento mais acelerada após o primeiro ano de vida se dá na fase da adolescência, período em que as modificações em diversos setores do organismo e de transformações psicológicas e sociais são de suma importância para a formação do homem adulto.

Desenvolvimento

    O desenvolvimento é um processo mais vasto do que o de crescimento e compreende transformações qualitativas, as quais os seres vivos conseguem maior capacidade funcional de seus sistemas, auxiliado pelas transformações quantitativas (LEITE, 2002), ou seja, o desenvolvimento é um termo que se refere à especialização (RHEA, 2009).

    Valente (2010) afirma que o desenvolvimento pode ser analisado em duas vertentes sendo elas: biológica e comportamental.

    O desenvolvimento biológico para Oliveira Junior (1991) é a diferenciação das células ao longo de linhas especializadas de função. E ocorre desde a vida pré-natal quando tecidos e sistemas orgânicos estão sendo formados e é altamente dependente da ativação e da repressão dos genes ou grupo de genes.

    O desenvolvimento comportamental está relacionado ao desenvolvimento da competência numa variedade de domínios inter-relacionados como os ajustes da criança ao seu meio cultural (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009). Silva (2002) corrobora com essa afirmação colocando que o desenvolvimento comportamental está relacionado a influências ambientais e culturais. Dentro desse contexto práticas esportivas podem contribuir para o desenvolvimento comportamental, uma vez que através de jogos crianças e jovens são submetidos a novas experiências, como: cooperação, competição e tomadas de decisões, além da possibilidade de interagirem com outras pessoas de raça, etnia, situação social e culturas diferentes.

Maturação

    Maturação é um fenômeno qualitativo, sujeito ao controle da hereditariedade, implicando uma complexa integração das modificações biológicas e das interações sociais adquiridas, determinando desse modo o desenvolvimento (MOREIRA, et al., 2004). Para Oliveira Junior (1996) maturação refere-se ao tempo e período do progresso até o estágio biológico maduro. Assim, o processo parece ser lento, gradual e evolutivo, vencendo uma série de etapas (BARBOSA et al., 2006).

    Para Böhme (2004) e Malina, Bouchard & Bar-Or (2009) a maturação de um indivíduo implica em mudanças morfológicas verificadas ao longo de todo o crescimento sendo extremamente acentuada durante a puberdade, e envolve a maioria dos órgãos e sistemas de órgãos, afetando enzimas, composição química e funções.

    Como está intimamente ligado ao crescimento e ao desenvolvimento, o processo maturacional também sofre influências do meio externo. Biassio et al. (2004) apontam que a maturação biológica de uma criança não ocorre, necessariamente, em sincronia com a idade cronológica. Tais mudanças ocorrem em diferentes períodos e podem ter velocidades distintas em indivíduos com a mesma idade cronológica (SILVA et. al., 2010).

    Tendo conhecimento desses conceitos uma proposta provavelmente mais precisa de avaliação para seleção do talento esportivo é através da idade biológica, definida por Tourinho Filho & Tourinho (1998) como à idade determinada pelo nível de maturação dos diversos órgãos que compõem o homem. Alguns autores como: Fonseca Junior et al. (2009) concordam que neste aspecto, a maturação biológica é considerada de suma importância nesta fase da vida, pois apresenta-se como um importante parâmetro nas pesquisas que dizem respeito à criança, ao adolescente e ao exercício, possibilitando distinguir as adaptações morfológicas e funcionais resultantes das modificações observadas no organismo decorrentes do processo de maturação biológica.

    Neste estudo serão abordados somente os indicadores relacionados à maturação sexual para uma melhor compreensão das diferenças apresentadas entre meninos e meninas.

Maturação sexual

    A maturação sexual é um processo contínuo que começa com a diferenciação sexual no período embrionário, passando pela puberdade até a maturidade sexual completa e fertilidade (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009). Segundo esses mesmos autores a avaliação da maturação sexual em estudos de crescimento está baseada nas características sexuais secundárias.

    A avaliação das características sexuais secundárias distingue-se por ser limitada exclusivamente ao período da adolescência, tornando-se um recurso pouco sensível quanto às alterações maturacionais na idade infantil (MOREIRA et al., 2004). Na literatura é possível encontrar muitos estudos que utilizam as características sexuais secundarias como indicadoras da maturação sexual (FONSECA JUNIOR et al., 2009; BARBOSA et al., 2006).

    Neste estudo o enfoque será apenas na maturação sexual do sexo feminino, no qual a maturação sexual envolve a produção de um óvulo e a capacidade de sustentar a gravidez até mesmo, eventualmente produzindo um descendente viável (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009). Conforme Vitalle et al. (2003) com o aparecimento da puberdade, os caracteres sexuais primários e secundários se desenvolvem e, como conseqüência, o aparelho genital na menina passa a funcionar, ocasionando a primeira menstruação, denominada menarca. Tourinho Filho & Tourinho (1998) e Fonseca Junior & Fernandes Filho (2009) acrescentam que a puberdade é a fase de mudanças mais complexas na vida de um ser humano e ela manifesta-se, basicamente, por um surto no crescimento, desenvolvimento das gônadas dos órgãos e características sexuais secundárias, mudanças na composição corporal e o desenvolvimento do sistema cardiorrespiratório.

    BIASSIO et al. (2004) afirmam que o processo maturacional começa nas meninas, primeiro, com o desenvolvimento mamário e culmina com o surgimento da menarca. Esta marca um estágio definitivo e provavelmente de amadurecimento do útero, mas em geral não significa que foi atingida a função reprodutiva plena (OLIVEIRA JUNIOR, 1996).

    Para Biassio et al. (2004) e Fonseca & Fernandes Filho (2009) a menarca, um dos mais usados indicadores de maturação sexual feminino, é um importante evento da maturação sexual e possui várias aplicações numa variedade de contextos, pois depende apenas da reportagem do período de ocorrência. Além disso, a menarca tem sido alvo de muitas pesquisas com a população brasileira (DUARTE, 1993). A possibilidade de avaliar grupos em períodos pré e pós-menarca, de mesma faixa etária, para Fonseca Júnior et al. (2009) parece ser útil para ampliar os conhecimentos relativos aos efeitos da maturação sexual no desenvolvimento físico e motor de púberes, além de analisar a importância da menarca como método de avaliação da maturação sexual.

    A menarca (idade da primeira menstruação) Petroski et al. (1999) & Machado (2004) pode ser influenciada por fatores externos (ambientais), como prática de exercícios físicos e estado nutricional, assim como pela herança genética de cada menina. Dessa forma, esse indicador de maturação sexual pode acontecer em idade diferente nas meninas, apesar de acontecer dentro de uma mesma faixa etária. Essa afirmação pode ser comprovada no estudo de Fonseca Junior et al., (2009) com escolares cariocas não atletas na faixa etária de 12 anos, os autores encontraram uma superioridade na freqüência de meninas que já haviam atingido a idade da menarca. Já Böhme (2004) encontrou em sua investigação a idade média da menarca 12,8 anos em atletas de diversas modalidades. Esses dados mostram que a prática de exercícios pode retardar a idade da menarca e a inatividade provavelmente acelera o processo de maturação. Para Machado (2004) não se deve ignorar a influência dos estágios de maturação sobre o desempenho em testes envolvendo aptidão física durante o período puberal. Alterações metabólicas foram encontradas no estudo de Tourinho Filho & Tourinho (1998), onde os autores verificaram que a puberdade foi fator determinante na alteração da potência anaeróbica lática. McArdle et al. (2008) apontam outros fatores predisponentes para a disfunção endócrina reprodutivas entre as atletas, como: inadequação nutricional e um déficit energético induzido pelo exercício.

    Para Nicolao et al. (2010) quando as condições ambientais são ótimas, o genótipo é o pri­meiro regulador do crescimento e maturação. Duarte (1993) afirma haver uma tendência à redução da idade da menarca, na população normal, nos últimos anos. Essa mudança ocorre tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento, inclusive no Brasil. A autora aponta essa tendência de redução da idade de menarca como um fenômeno universal que vem sendo observado há quase 150 e o chama de tendência secular, explica ainda que este fenômeno deve-se a melhorias nas condições sanitárias, alimentares e habitacionais, bem como ao controle mais efetivo de doenças.

    Para Borges & Schwarztbach (2003) na fase da maturação feminina o crescimento é resultante da interação entre a ação o hormônio do crescimento e esteróides sexuais. Powers & Howley (2005) apontam que a liberação do hormônio é estimulada por fatores externos e alimentares como, exercício, sono ou estresse e glicose plasmática baixa, comprovando mais uma vez que fatores ambientais influenciam diretamente no processo maturacional.

    Quando se trata de fatores ambientais a situação socioeconômica também deve ser avaliada, uma vez que esta pode ser o diferencial em questões como estado nutricional e composição corporal. Tavares et al. (2000) encontraram em seu estudo com meninas de uma cidade do interior de São Paulo que as pertencentes à classe social menos favorecida e aquelas cujos pais estavam em situação de desemprego apresentaram idade da menarca mais tardia. Vitalle et al. (2003) também encontraram diferenças na idade da menarca ao analisarem escolares da rede pública de São Paulo, onde a idade mediana da menarca foi mais alta no grupo residente em bairros de piores condições socioeconômicas. Seguindo a mesma linha de pesquisa Roman et al. (2009) concluíram que as meninas de nível socioeconômico alto apresentaram idade da menarca em idade inferior os demais níveis socioeconômicos, porém no estudo desses autores a diferença foi significativamente menor que nos anteriores. Corroborando com esses achados Duarte (2003) afirma que a idade de menarca nas meninas brasileiras parece variar entre as diversas regiões do país, onde parte desta variação pode ser creditada a diferenças de nível socioeconômico e estado nutricional.

    Segundo Oliveira Junior (1996) a idade média da menarca de esquimós é de 14,4 anos, valor esse muito superior aos achados no Brasil por Vitalle et al. (2003); Barbosa et al. (2006) e Borges & Schwarztbach (2003), esse resultado pode significar que condições climáticas também podem influenciar na idade menarca. Porém esses dados ainda apresentam certa controvérsia na literatura, uma vez que Oliveira Junior (1996) afirma que em nigerianas bem alimentadas a idade da menarca é atingida em média aos 14,3 anos, sendo a Nigéria um país africano com elevada temperatura a diferença na média desta população não foi significativamente diferente aquela das esquimós.

    Os métodos disponíveis pela literatura para detecção da idade da menarca são realizados por meio dos seguintes questionários: “Status quo”; Prospectivo e Retrospectivo (MALINA & BOUCHARD, 2002 e KLUG & FONSECA, 2006).

Antropometria

    A identificação dos perfis antropométricos, de composição corporal e o nível de aptidão física de pessoas durante a puberdade, para serem utilizados como parâmetros indicadores de saúde, têm recebido bastante atenção por parte da comunidade científica. Fonseca Junior et al. (2009) ao compararem dois grupos de escolares encontram a média de 19,56 ± 3,43 kg/m2 para o IMC das meninas menarqueadas, enquanto as meninas não-menarqueadas apresentaram a média de 17,84 ± 1,95 kg/m2 para essa mesma variável. Outra pesquisa com o mesmo delineamento foi realizada por Vitalle et al. (2003) onde os autores encontraram para o IMC o valor médio de 21,9 ± 5,6 kg/m2 para as meninas menarqueadas, já para as não-menarqueardas o IMC teve a média de 17,5 ± 3,9 kg/m2, concluindo assim que hábitos alimentares podem influenciar a menarca.

    Outro estudo que associou o sobrepeso com idade da menarca foi o realizado por Castilho et al. (2005) onde os autores concluíram que as meninas com IMC mais elevado atingiram a idade da menarca mais precocemente que aquelas com IMC mais baixo. Barbosa et al. (2006) e Borges & Schwarztbach (2003) afirmam que a menarca ocorre um ano após o pico de velocidade. Para esses autores após o pico de velocidade do crescimento acontece uma desaceleração da velocidade de crescimento e as meninas menarqueadas normalmente apresentam IMC superior a aquelas que ainda não atingiram a maturação sexual completa.

Considerações finais

    Neste trabalho pode-se perceber que são vários os fatores que podem influenciar a idade da primeira menstruação, conhecida como menarca. Variações ambientais, sobrepeso, composição corporal, prática de exercícios físicos e hábitos nutricionais são fatores que podem influenciar a idade da menarca tanto no sentido de acelerar, como no caso de meninas com IMC elevado, ou retardar, fator bastante comum em jovens esportistas.

    Outro fator relevante que o estudo aponta é a relação entre menarca e alterações metabólicas e hormonais, pois ao atingir a menarca além de aumentar o tecido adiposo, as meninas também sofrem um aumento na produção hormonal, principalmente naqueles relacionados às características sexuais e crescimento. Por isso é de fundamental importância para os profissionais de educação física ou treinadores dessa população, adolescentes em idade maturacional, que entendam os fatores que podem vir a influenciar a idade menarca, para evitar abandono das aulas ou modalidades esportivas praticadas, por conta dos treinamentos com altas sobrecargas que possam levar a especialização precoce.

    Dessa maneira fica a sugestão para a realização de mais estudos transversais para identificação dos fatores e melhor compreensão de como estes processos podem influenciar a idade da menarca.

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