Análise do índice de massa
corporal (IMC) dos escolares da rede Análisis del índice de masa
corporal (IMC) de los estudiantes de la red |
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*Profissional de Educação Física **Escola de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul – ESP/MS Instituto de Ensino Superior da Funlec – IESF; Faculdade Unigran Capital (Brasil) |
Jaqueline Pereira Ramos* Joel Saraiva Ferreira** |
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Resumo O objetivo deste estudo foi analisar o índice de massa corpórea dos escolares da rede pública de ensino do município de Dois Irmãos do Buriti/MS, conforme faixa etária, o gênero e área de residência – urbana e rural. Realizou-se um estudo descritivo, de abordagem quantitativa, em que os sujeitos do estudo foram 941 alunos de ambos os sexos, do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, matriculados nas 2 (duas) escolas da área urbana do município de Dois Irmãos do Buriti/MS, no ano letivo de 2012. Foram avaliadas as medidas antropométricas de peso e estatura, com as quais calculou-se o índice de massa corpórea (IMC). A realização deste estudo foi precedida de aprovação, junto às diretorias das escolas pesquisadas. Os dados foram coletados e posteriormente digitados no programa Excel for Windows 7. Após, procedeu-se a tabulação desses dados, incluindo os cálculos da estatística descritiva, apresentando valores absolutos e percentuais, conforme cada variável analisada. Os resultados apontaram que 68% (641) dos alunos pesquisados são residentes na área urbana. Destes estudantes que residem na área urbana 51% (327) são meninas, porém na área rural os meninos representam 55,3% (166). A grande maioria dos alunos apresentou-se com IMC normal (área urbana 69,7% e rural 74%), entre os da área urbana as alterações foram de maior percentual o índice de sobrepreso (20,1%) e de obesidade (8,7%), quando comparados com a área rural. As alunas possuem maiores alterações no IMC tanto com relação ao baixo peso, quanto à obesidade, este com maior ocorrência na área urbana (12,2%), do que as da área rural (6%). Os alunos do sexo masculino apresentam grande percentual de sobrepeso (urbana = 22,3% e rural = 21,7%). Portanto, a detecção precoce das alterações de massa corpórea de escolares é essencial para a tomada de medidas para controlar este problema. Unitermos: Índice de massa corporal. Escolares. Estado nutricional.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
A obesidade infantil é uma doença cada vez mais comum, cuja prevalência já atinge grandes proporções. Estudos realizados em algumas cidades brasileiras mostram que o sobrepeso e a obesidade já atingem 30% ou mais das crianças e adolescentes, como em Recife, alcançando 35% dos escolares avaliados (OLIVEIRA; FISBERG, 2003).
A obesidade para uma criança é mais do que acúmulo de tecido gorduroso, pois pode acarretar distúrbios psicológicos, pode afetar seu desenvolvimento motor, pode comprometer sua auto-estima, implicar em problemas de saúde, entre outros fatores (FISBERG, 1995).
As principais consequências da obesidade infantil são a incapacidade funcional, redução da qualidade de vida, redução da expectativa de vida e o risco elevado de doenças associadas, tais como diabetes, doenças cardiovasculares e alguns cânceres (FISBERG, 2004).
O desenvolvimento do diabetes tipo 2 na infância ocorre em indivíduos obesos e parece evoluir de maneira mais rápida do que nos adultos. Até alguns anos atrás, o diabetes tipo 2 era uma doença encontrada mais no adulto; no entanto, nos últimos anos tem se verificado um aumento da prevalência desta doença em crianças e adolescentes (OLIVEIRA et al., 2004).
O sobrepeso e obesidade infantil (excesso de massa corporal) vêm aumentando de forma significativa e ela determina várias complicações na infância e na idade adulta (RÊGO; CHIARA, 2006), favorecido por toda uma vida inadequada, tais como: sedentarismo, hábitos familiares inadequados, alimentação insatisfatória, excesso de carboidratos na dieta, a velocidade da refeição, os lanches desequilibrados e o consumo de doces e guloseimas (FISBERG, 2004), associado com as atividades de lazer com gasto energético acentuadamente menor, como no caso da televisão e do computador (FERREIRA; AYDOS, 2009). Dessa maneira, está intimamente ligado aos hábitos de vida, como alimentação saudável e prática de exercícios físicos. Tornando de extrema importância o papel de um profissional de educação física que auxilie no processo de emagrecimento e orientação da atividade física adequada.
A obesidade ocorre por diversos fatores, como os genéticos, os fisiológicos e os metabólicos, porém vários estudos comprovam que o aumento no consumo de alimentos ricos em açúcares simples e gordura, com alta densidade energética, e a diminuição da prática de exercícios físicos, são os principais fatores relacionados ao meio ambiente (OLIVEIRA; FISBERG, 2003).
A obesidade na infância está diretamente relacionada à obesidade na vida adulta, se não for adequadamente tratada (SOTELO; COLUGNATI; TADDEI, 2004). Além disso, a aterosclerose e hipertensão são processos patológicos que têm início na infância e estão relacionados à obesidade, bem como dislipidemias, diabetes, problemas ortopédicos, apnéia do sono, litíase biliar e distúrbios alimentares. Crianças obesas podem desenvolver baixa auto-estima, podendo afetar o desenvolvimento escolar e as suas relações sociais, bem como trazer consequências psicológicas em longo prazo (MENDES; CAMPOS; LANA, 2010), inclusive diminuição da expectativa de vida decorrente de doença arterial coronariana, doenças cerebrovasculares e insuficiência cardíaca (SILVA et al., 2005).
Desta forma, a detecção precoce de crianças com maior risco para o desenvolvimento de obesidade, juntamente com a tomada de medidas para controlar este problema, faz com que o prognóstico seja mais favorável a longo prazo. Quanto maior a idade e maior o excesso de peso, mais difícil será a reversão da obesidade em função dos hábitos alimentares incorporados e alterações metabólicas instaladas (SOTELO; COLUGNATI; TADDEI, 2004)
Dessa maneira, a aterosclerose tem início na infância, com o depósito de colesterol na parede interna das artérias musculares, formando a placa de gordura. Essas placas nas artérias coronarianas de crianças podem, em alguns indivíduos, progredir para lesões ateroscleróticas avançadas em poucas décadas, sendo este processo reversível no início do seu desenvolvimento (MELLO; LUFT; MEYER, 2004).
Valverde e Patin (2004) afirmam que para se ter uma dieta alimentar com sucesso são necessários: horários regulares e com intervalos pequenos entre as refeições, consumo em menor quantidade de alimentos em uma única refeição, alimentar-se por estímulos internos (fome, saciedade e sede) e interesse quanto ao tratamento.
Neste sentido, a prática de atividade física para a prevenção das doenças cardiovasculares está relacionada ao melhor condicionamento físico e ao aumento do gasto energético, com redução de pressão arterial e elevação da lipoproteína de alta densidade. Entretanto, é cada vez maior o índice de pessoas sedentárias que apresentam quadro favorável ao sobrepeso e obesidade, principalmente quando associado ao padrão alimentar inadequado (RÊGO; CHIARA, 2006).
Neste sentido, a obesidade tende a ocorrer, principalmente, por causa do nível de educação, o nível de informação da população sobre os riscos associados ao ganho de peso excessivo, bem como fatores culturais e comportamentais. Portanto, mostra-se necessária a implantação de programas de educação alimentar e incentivo à prática de atividades físicas nas escolas, assim como uma revisão das prioridades e estratégias de intervenção da saúde pública brasileira (SILVA et al., 2002).
Buscando o desenvolvimento saudável da criança, sempre que possível, os profissionais devem promover a prática de atividades lúdicas que estimulem a atividade física no âmbito da família, creche, escola e comunidade. Pode-se estimular práticas rotineiras de lazer segundo a faixa etária (subir e descer escadas, acompanhar o adulto em trajetos por caminhadas curtas, no lugar da locomoção por veículo, etc., correr, brincar de pique, pular corda, pular amarelinha, nadar, jogar bola, dançar, andar de bicicleta, ou seja, estimular a realização de atividades físicas nos momentos de lazer no cotidiano, aproveitando espaços públicos para realização de atividades dirigidas às crianças (BRASIL, 2006).
Dessa maneira, a disciplina de Educação Física pode ser considerada a principal que transita nas áreas de educação e de saúde, com a vantagem de seu conteúdo teórico ser trabalhado essencialmente durante as práticas de atividades físicas. A partir do momento que a Educação Física escolar começar a valorizar suas prerrogativas de desenvolver simultaneamente a capacidade de raciocínio, as habilidades, as capacidades físicas e os hábitos saudáveis, de forma concreta e eficiente, mais que prevenir a obesidade e as doenças associadas, mas como estratégia importante de promoção de saúde, também, ficará caracterizada como a disciplina mais completa, tornar-se-á uma das mais atrativas e será muito mais valorizada pela sociedade (SANTOS; CARVALHO; GARCIA JÚNIOR, 2007 e SILVA et al., 2005).
Enfim, para a mudança no estilo de vida um programa de manejo do peso para as crianças e jovens deve incluir adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e comportamentos fisicamente mais ativos e menos sedentários. Os benefícios destas intervenções quando combinados com aconselhamento familiar e individual têm maior chance de sucesso. Às vezes, tem se observado que o jovem obeso perde mais peso quando o foco principal do tratamento são os pais.
Dessa maneira, um estudo da prevalência da obesidade infantil visa auxiliar a equipe multidisciplinar a traçar estratégias para uma melhor abordagem com a finalidade de evitar ou melhorar o índice de massa corpórea dos escolares, pois a avaliação do estado nutricional na infância representa uma importante informação sobre o status de saúde de uma população (SALOMONS; RECH; LOCH, 2007).
Nesse sentido, a utilização de medidas antropométricas como peso e estatura permitem um acompanhamento do estado nutricional de forma simples, econômica e de fácil interpretação (CONDE; MONTEIRO, 2006 e SALOMONS; RECH; LOCH, 2007).
Bem como, fornecer o conhecimento aos alunos do seu estado nutricional, porém Fisberg (2004) relata que existem pesquisas indicando que apesar de algumas pessoas saberem como seguir uma dieta saudável, estas preferem consumir na prática uma dieta não saudável.
Assim, a obesidade em crianças e adolescentes são fatores de risco para doenças cardiovasculares, como em adultos, ressaltando a importância da implementação de medidas de prevenção e intervenção no combate a este distúrbio nutricional (OLIVEIRA; VEIGA, 2004).
Considerando as informações expostas anteriormente, desenvolveu-se este estudo, cujo objetivo foi de analisar o índice de massa corpórea dos escolares da rede pública de ensino do município de Dois Irmãos do Buriti/MS, conforme faixa etária, o gênero, área de residência – urbana e rural. Além disso, buscou-se analisar as condições nutricionais destes escolares, bem como estabelecer qual faixa etária dos escolares é mais acometida por alterações nutricionais (baixo peso, sobrepeso e obesidade).
2. Materiais e métodos
Os sujeitos do estudo foram os alunos de ambos os sexos, do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, matriculados nas 2 (duas) escolas da área urbana e rural do município de Dois Irmãos do Buriti/MS, no ano letivo de 2012, totalizando 941 alunos.
Foram excluídos da pesquisa os alunos que não estiveram presente no dia da coleta de dados e os que se recusaram a participar.
Foram avaliadas as medidas antropométricas de peso e estatura, com as quais calculou-se o índice de massa corpórea (IMC). Esse índice é o resultado da divisão do peso em quilogramas, dividido pelo quadrado da altura em metros (LEME; COHEN, 2004).
Para a medida do peso corporal as crianças foram avaliadas com o uso de uma balança analógica, com precisão de 100 g. Esse mesmo equipamento possuía estadiômetro, o qual foi utilizado para a aferição da estatura. Em ambas as medidas, os escolares estiveram descalços e em postura ereta, utilizando vestimenta leve.
Assim, o estado nutricional da criança foi avaliado com o uso das tabelas propostas por Conde e Monteiro (2006), considerando o sexo e a idade de cada indivíduo. De acordo com o percentil correspondente ao dado antropométrico, a criança foi diagnosticada como baixo peso, normal, sobrepeso ou obesa.
A coleta de dados foi realizada no mês de setembro de 2012, com os escolares da rede pública de ensino, pela própria pesquisadora, juntamente com a equipe de Estratégia de Saúde da Família, do município de Dois Irmãos do Buriti.
A realização deste estudo foi precedida de aprovação, após a solicitação e autorização formal junto à diretoria das escolas pesquisadas de Dois Irmãos do Buriti, assim como os demais procedimentos previstos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sobre pesquisa com seres humanos.
Os dados foram coletados e posteriormente digitados em uma planilha do programa Excel for Windows 7. A partir da planilha Excel procedeu-se a tabulação desses dados, incluindo os cálculos da estatística descritiva, apresentando valores absolutos e percentuais, conforme cada variável analisada.
3. Resultados e discussão
Após a coleta e tabulação dos dados, os resultados do estudo são apresentados a seguir, organizados na forma de gráficos (Figuras 1 e 2) e tabelas (1 e 2), para facilitar a visualização e interpretação das informações mais relevantes.
Figura 1. Distribuição dos alunos da rede pública de ensino do município
de Dois Irmãos do Buriti-MS, conforme local de residência (n = 941)
Na figura 1 observa-se que a maioria dos estudantes da rede pública de ensino do município de Dois Irmãos do Buriti reside na área urbana (68%), perfazendo um total de 641 pessoas. Contudo, há um percentual importante desses escolares que estudam na cidade e residem na área rural (32%), os quais totalizam 300 pessoas.
Bacha et al. (2006), constataram que as crianças residentes na área rural apresentam grande dificuldade de acesso aos livros oferecidos pela escola, dificuldade de acesso às aulas devido ao transporte (problemas mecânicos, problemas com a estrada) e quanto às atividades extra-escolares, dificuldade de acesso às festas comunitárias, tratamento dentário em ação social e torneios esportivos. Dessa maneira, esse fato é importante para o conhecimento dos profissionais de educação, que devem levar em consideração não somente os aspectos pedagógicos, mas também culturais e as dificuldades dos alunos com os quais trabalham no dia a dia.
Dentre os profissionais que atuam na escola, o profissional de educação física também deve estar atento às particularidades do local de residência de seus alunos, pois esse fato pode interferir no estilo de vida dos escolares, incluindo aí o interesse, tempo livre e a prática em si de atividades físicas.
Figura 2. Distribuição dos alunos da rede pública de ensino do município
de Dois Irmãos do Buriti-MS, conforme local de residência e sexo (n = 941)
A figura 2 demonstra que 51% (327) dos estudantes que residem na área urbana são meninas, porém na área rural este número se inverte no qual os meninos representam 55,3% (166).
Gomes Neto et al. (1997), avaliaram os alunos rurais do Ceará e constataram que dados da saúde, como a acuidade visual e a antropometria (peso e estatura) destes alunos, prognosticavam a possibilidade da criança, principalmente dos meninos, evadirem-se da escola, concluindo que em ambientes muito pobres, como na zona rural, uma nutrição equilibrada com todos os nutrientes necessários melhora as funções cognitivas e a aprendizagem.
No presente estudo, a maior preocupação foi com o estado nutricional dos escolares, avaliado com o uso do IMC. Com isso, buscou-se fazer a identificação de possíveis inadequações entre peso e estatura entre os escolares, separando-os conforme o local de residência deles. Essa análise é feita a seguir, na tabela 1.
Tabela 1. Distribuição dos alunos da rede pública de ensino do município de Dois Irmãos do
Buriti-MS, conforme local de residência e classificação do índice de massa corporal - IMC (n = 941)
Constatou-se na Tabela 1, que a grande maioria dos alunos apresentou-se com IMC normal (área urbana 69,7% e rural 74%), entretanto entre os da área urbana as alterações foram de maior percentual no índice de sobrepreso (20,1%) e de obesidade (8,7%), quando comparados com a área rural (19,3% de sobrepeso e 4,7% de obesidade).
Mello, Luft e Meyer (2004) explicam que nas últimas décadas houve uma grande mudança no estilo de vida nas crianças e adolescentes residentes em área urbana, principalmente devido aos tipos de brincadeiras, como ficar mais tempo frente à televisão e jogos de computadores, maior dificuldade de brincar na rua pela falta de segurança e nos hábitos alimentares há um maior apelo comercial pelos produtos ricos em carboidratos simples, gorduras e calorias, maior facilidade de fazer preparações ricas em gorduras e calorias e menor custo de produtos de padaria e facilidade de acesso a este estabelecimento.
O fato narrado no parágrafo anterior também foi constatado no presente estudo, demonstrando que mesmo em um município de pequeno porte, como é o caso de Dois Irmãos do Buriti, o estilo de vida da população urbana tem se diferenciado da população rural, ao ponto de modificar as condições nutricionais das crianças em idade escolar.
Assim, a promoção da atividade física durante o horário escolar desde a infância melhora o desenvolvimento motor da criança, ajuda no seu crescimento e melhora a sua autoestima. Para Alves (2003) existem três grandes vantagens da atividade física em crianças: 1) as crianças são mais saudáveis: têm menos excesso de peso, apresentam um melhor desempenho cardiovascular, número menor de crises de asma, além de apresentarem uma maior densidade óssea; 2) esses efeitos são transferidos para idade adulta; 3) crianças e adolescentes que se mantêm fisicamente ativos apresentam uma probabilidade menor de se tornarem sedentários quando crescerem.
Enfim, o exercício físico também contribui para o afastamento da criança de hábitos sedentários, como a televisão e o computador. Uma vez que a televisão promove, também, a influência pelas propagandas para uma maior ingestão de alimentos ricos em gorduras e açúcares e de baixo valor nutricional.
Consequentemente, para a mudança no estilo de vida um programa de manejo do peso para as crianças e jovens deve incluir adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e comportamentos fisicamente mais ativos e menos sedentários, os quais podem ter início ou serem incentivados pelas aulas de educação física escolar.
Tabela 2. Distribuição dos alunos da rede pública de ensino do município de Dois Irmãos do Buriti-MS,
conforme sexo, local de residência e classificação do índice de massa corporal - IMC (n = 941)
Pode-se perceber na Tabela 2, que as alunas possuem maiores alterações no IMC tanto com relação ao baixo peso (urbana = 5,1% e rural = 3,6%), quanto à obesidade, este com maior ocorrência na área urbana (12,2%), do que as da área rural (6%).
Ainda na tabela 2, os dados apontaram que os alunos do sexo masculino apresentam baixo índice de obesidade (urbana = 5,1% e rural = 3,6%), porém com grande percentual de sobrepeso (urbana = 22,3% e rural = 21,7%).
Com isso, observa-se que, mesmo com algumas alterações nutricionais, a maioria dos escolares pesquisados estava com IMC adequado (aproximadamente 70%), demonstrando proporcionalidade entre peso e estatura. Essa observação vale tanto para meninos e meninas, residentes na área urbana ou na área rural.
O Consenso Latino-americano de Obesidade (COUTINHO, 1999) afirma que ocorre uma maior prevalência da obesidade infantil e adulta no sexo feminino, com sugestão de que o excesso de energia é preferencialmente estocado, sob a forma de tecido adiposo e não de proteína, como acontece no sexo masculino. No presente estudo esse fato se confirmou, conforme dados apresentados na tabela 2 e já citados anteriormente.
Portanto, à medida que o peso corporal aumenta, maiores as consequências na saúde do indivíduo, como as doenças cardiovasculares e o preconceito da sociedade. Por isso, a atividade física para crianças não pode ser punitiva e nem necessariamente competitiva, mas sempre prazerosa.
4. Conclusões
Conclui-se que a maior concentração de escolares foi classificada como IMC normal em ambos os sexos. Entretanto, uma proporção considerável dos escolares investigados do sexo feminino apresentou obesidade e do sexo masculino estava com sobrepreso.
Dessa maneira, a detecção precoce das alterações de massa corpórea de crianças, juntamente com a tomada de medidas para controlar este problema, faz com que o prognóstico seja mais favorável em longo prazo, tanto para as questões de se estar abaixo ou acima do peso, pois quanto maior a idade e maior o excesso de peso, mais difícil será a reversão da obesidade em função dos hábitos alimentares incorporados e alterações metabólicas instaladas.
Portanto, recomenda-se que medidas de controle de obesidade e adoção de medidas preventivas para a desnutrição, no município estudado, sejam tomadas e outros estudos sejam realizados a fim de identificar as causas principais da desnutrição e obesidade identificados. Além disso, novos estudos poderão monitorar os efeitos de possíveis intervenções realizadas para suprir as alterações detectadas no presente estudo.
Referências
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