Incidência de gestantes com hipertensão arterial atendidas, entre 2005 e 2010, em uma unidade de saúde de Santarém, Pará La incidencia de mujeres
embarazadas con hipertensión arterial Impact of pregnant women with
hypertension answered, between |
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*Especialista em Fisiologia do Exercício, FACIMAB, PA **Graduada em Enfermagem, FIT, PA (Brasil) |
Luiz Carlos Rabelo Vieira* Diego Sarmento de Sousa* Antonia Maria Almeida de Araújo** Silanne Silva Alcântara** |
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Resumo O objetivo da pesquisa foi analisar a incidência e descrever o perfil epidemiológico de gestantes com hipertensão arterial atendidas, no período 2005 a 2010, em uma unidade de saúde de Santarém, Pará. Trata-se de um estudo do tipo exploratório-descritivo, com pesquisa documental e abordagem quantitativa, realizado no Centro de Referência Casa de Saúde da Mulher (CRCSM). Foram coletados dados do livro de registro da Instituição. Posteriormente, os resultados foram processados por meio de recursos de estatística descritiva, mediante a utilização do programa Excel (Microsoft para Windows-2010). As pacientes com hipertensão apresentaram idades entre 15 e 43 anos (30,5±7,8). A idade gestacional das mesmas variou de 10 a 37 semanas (18,9±6,7). Quanto ao perfil epidemiológico, apenas 14% das estantes com hipertensão eram casadas; 29% tinham dois ou mais filhos; prevaleceu (29%) ser dona de casa (do lar). Houve equivalência na distribuição dos casos da doença entre alguns bairros da cidade. Dentre as 2.446 gestantes que foram atendidas no CRCSM, entre 2005 e 2010, apenas 28 eram hipertensas, configurando incidência de 11/1.000 mulheres atendidas na Instituição. A hipertensão arterial, por constituir a principal complicação na gestação, requer tratamento especializado nesse período. Unitermos: Hipertensão arterial. Gravidez. Epidemiologia.
Abstract The objective of the research was to analyze the incidence and describe the epidemiological profile of pregnant women with hypertension treated in the period from 2005 to 2010 in a health facility in Santarem, Para. This is a study of exploratory and descriptive research with document and quantitative approach, performed at the Reference Center for Women's Health House (CRCSM). We collected data from the registry of the Institution. Subsequently, the results were processed through features descriptive statistics, using the program Excel (Microsoft for Windows-2010). The patients presented with hypertension aged between 15 and 43 years (30.5 ± 7.8). The gestational age of these ranged from 10 to 37 weeks (18.9 ± 6.7). Regarding the epidemiological profile, only 14% of the shelves with hypertension were married, 29% had two or more children; prevailed (29%) being a housewife (home). There was equivalence in distribution of cases of the disease among some city neighborhoods. Among the 2446 women who were treated at CRCSM between 2005 and 2010, only 28 were hypertensive, setting 11/1.000 incidence of women treated in the institution. Hypertension, as it constitutes the major complication in pregnancy requires specialized treatment in that period. Keywords: Hypertension. Pregnancy. Epidemiology.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode ser definida simplesmente como a elevação crônica e assintomática da pressão arterial, apresentando níveis pressóricos sistólicos ≥140 mmHg e/ou do diastólico ≥90 mmHg (SBC, 2007).
Para a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1999), no entanto, níveis de 130/85 mmHg ou mais, devem ser considerados elevados. A HAS configura um dos principais fatores de risco para a elevação da taxa de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares no mundo (ACSM, 2004; CORRÊA et al., 2005). Alguns estudos transversais estimam que em torno de 20% da população adulta do Brasil apresenta hipertensão arterial (LESSA, 2001).
A gestação é um fenômeno fisiológico cuja evolução pode sofrer agravos, colocando em risco a saúde tanto da mãe quanto do concepto. A hipertensão induzida pela gravidez (HIG) é considerada, dentre as doenças maternas que ocorrem no período gravídico, uma das que mais efeitos nocivos provocam no organismo materno, fetal (baixo peso e prematuridade) e neonatal (CHAIM; OLIVEIRA; KIMURA, 2008). A HIG é classificação geral das doenças hipertensivas durante esse período, que incluem hipertensão gestacional (hipertensão sem proteinúria), pré-eclâmpsia (hipertensão com proteinúria) e eclâmpsia (pré-eclâmpsia com convulsões). É responsável por taxas elevadas de morbidade e mortalidade materna e perinatal, constituindo-se em um dos principais problemas de saúde pública (CHEN et al., 2006).
A hipertensão, principal complicação na gravidez e maior causa de morbimortalidade, ocorre aproximadamente em 12% a 22% das gestações, sendo responsável por 35% de mortes maternas no Brasil e 17,6%, nos Estados Unidos (CORDOVIL; VASCONCELOS, 2003).
O objetivo da pesquisa foi analisar a incidência e descrever o perfil epidemiológico de gestantes com hipertensão arterial atendidas, no período 2005 a 2010, em uma unidade de saúde de Santarém, Pará.
Metodologia
O estudo foi do tipo exploratório-descritivo, com pesquisa documental e abordagem quantitativa (PEREIRA, 1995), realizado no Centro de Referência Casa de Saúde da Mulher (CRCSM), em Santarém, Pará. Foram coletados dados do livro de registro dos resultados de exames do Programa de Saúde da Mulher da referida Instituição, de janeiro de 2005 a dezembro de 2010. Neste período, 2.446 gestantes foram atendidas.
O CRCSM é uma unidade de atendimento especializado em atenção à saúde da mulher, com equipe multiprofissional, desenvolvendo ações de educação em saúde, controle, monitoramento e tratamento do câncer cérvico-uterino e de mama, planejamento familiar, pré-natal em gravidez de médio e alto risco, gravidez na adolescência etc. (SEMSA, 2011). A escolha do CRCSM para a coletada de dados da pesquisa se deu em virtude de atender a demanda urbana e a população ribeirinha e de planalto, assim como a população indígena, favorecendo uma amostragem diversificada, nos diferentes níveis de usuários do Sistema Único de Saúde.
Os resultados foram processados por meio de recursos de estatística descritiva, mediante a utilização do programa Excel (Microsoft para Windows-2010).
Resultados e discussão
No período de 2005 a 2010 foram atendidas 2.446 gestantes no programa de assistência ao pré-natal da CRCSM. As pacientes com hipertensão apresentaram idades entre 15 e 43 anos (30,5±7,8). A idade gestacional das mesmas variou de 10 a 37 semanas (18,9±6,7).
Quanto ao perfil epidemiológico (tabela 1), apenas 14% das gestantes com hipertensão eram casadas; 29% tinham dois ou mais filhos; prevaleceu (29%), no grupo, ser dona de casa (do lar). Houve equivalência na distribuição dos casos da doença entre alguns bairros da cidade.
Tabela 1. Características da amostra de gestantes com hipertensão arterial
atendidas, entre 2005 e 2010, na URCSM. Santarém, Pará, 2011
Dentre as 2.446 gestantes que foram atendidas no CRCSM, entre 2005 e 2010, apenas 28 eram hipertensas, configurando incidência de 11/1.000 mulheres atendidas na Instituição (tabela 2). Os anos de 2009 e 2010 foram os que apresentaram os maiores números de casos da doença (n=22).
Tabela 2. Incidência de hipertensão arterial em gestantes atendidas, entre 2005 e 2010, na URCSM. Santarém, Pará, 2011
A Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) é o distúrbio mais comum na gestação e se caracteriza por hipertensão acompanhada de proteinúria e/ou edema, sendo estes chamados de tríade da DHEG. Classifica-se a DHEG em duas formas básicas: pré-eclâmpsia e eclampsia (ANGONESI; POLATO, 2007).
A hipertensão gestacional per se parece não ser suficiente para causar danos neurológicos importantes ao concepto (BRIANA et al., 2005). Mesmo assim, a investigação quanto aos fatores de preditividade da doença é importante, podendo ser de fácil aplicabilidade e útil para estratificar gestantes de alto risco no desenvolvimento de enfermidade (CARVALHO et al., 2006). Melo e Saá (2000) reportam a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) como útil na avaliação da variabilidade pressórica de gestantes normotensas e hipertensas, confirmando o gradual incremento da pressão arterial no decorrer da gravidez e a sua queda fisiológica noturna, independentemente dos níveis pressóricos maternos.
A hipertensão arterial ocorre em torno de 12% a 22% nas gestações. Achado similar foi encontrado por Simões e Soarde (2006), em estudo realizado com 47 gestantes em Araraquara/SP. As autoras verificaram que a ocorrência de hipertensão arterial nas gestantes atendidas no bairro do Parque Residencial São Paulo mostrou-se semelhante à da população total da cidade de Araraquara, sendo 14% e 15%, respectivamente. No presente estudo de incidência, apenas 28 gestantes eram hipertensas, configurando incidência de 11/1.000 em um total de 2.446 atendimentos no CRCSM.
Conclusão
A incidência de hipertensão arterial na amostra foi de 11 para cada mil mulheres atendidas no CRCSM. Os anos de 2009 e 2010 foram os que apresentaram os maiores números de casos da doença. A hipertensão arterial, por constituir a principal complicação na gestação, requer tratamento especializado adequado de modo a amenizar e/ou evitar a gestação de alto risco, o que é prejudicial tanto para a mãe quanto para o concepto.
Referências
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Exercise and hypertension. Medicine Scientific of Sports Exercise, v. 36, n. 3, p. 533-553, 2004.
ANGONESI, J.; POLATO, A. Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG), incidência à evolução para a Síndrome de HELLP. RBAC, v. 39, n. 4, p. 243-245, 2007.
BRIANA, R.; DIAS, A. M. S.G. P.; MONTENEGRO, M. A.; GUERREIRO, M. M. Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes filhos de mães que apresentaram hipertensão arterial na gestação. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 63(3-A), p. 632-636, 2005.
CARVALHO, R. C. M., CAMPOS, H. H.; BRUNO, Z. V.; MOTA, R. M. S. Fatores preditivos de hipertensão gestacional em adolescentes primíparas: análise do pré-natal, da MAPA e da microalbuminúria. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 87, p. 487-495, 2006.
CHAIM, S. R. P.; OLIVEIRA, S. M. J. V.; KIMURA, A. F. Hipertensão arterial na gestação e condições neonatais ao nascimento. Acta Paulista Enfermagem, v. 21, n. 1, p. 53-58, 2008.
CHEN, X. K.; WEN, S. W.; SMITH, G.; YANG, Q.; WALKER, M. Pregnancy-induced hypertension is associated with lower infant mortality in preterm singletons. BJOG, v. 113, n. 5, p. 544-551, 2006.
CORDOVIL, I.; VASCONCELOS, M. Hipertensão na gravidez. In: COUTO, A. A.; KAISER, S. E. Manual de hipertensão arterial da sociedade de hipertensão do estado do Rio de Janeiro. São Paulo: Lemos; 2003; cap. 13.
CORRÊA, T. D.; NAMURA, J. J.; SILVA, C. A. P.; CASTRO, M. G.; MENEGHINI, A.; FERREIRA, C. Hipertensão arterial sistêmica: atualidades sobre sua epidemiologia, diagnóstico e tratamento. Arquivos Médicos do ABC, v. 31, n. 2, p. 91-101, 2005.
LESSA, I. Epidemiologia da hipertensão arterial sistêmica e da insuficiência cardíaca no Brasil. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 8, n. 4, p. 383-392, 2001.
MELO, V. H.; SAÁ, Lia M. F. Monitorização ambulatorial da pressão arterial na gravidez: comparação da variabilidade pressórica entre gestantes normotensas e hipertensas crônicas. RBGO, v. 22, n. 4, p. 209-216, 2000.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE (SEMSA). Prefeitura de Santarém. Disponível em: http://santarem.pa.gov.br/conteudo/?item=101&fa=75&cd=241&menu=Estrutura+Administrativa. Acesso em: 19 set 2011.
SIMÕES, M. J. S.; SOARDE, M. C. B. Ocorrência de Hipertensão Arterial em gestantes no município de Araraquara/SP. Saúde em Revista, v. 8, n. 19, p. 7-11, 2006.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 89, n. 3, p. 24-79, 2007.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). International society of hypertension guidelines for the management of hypertension. Journal of Hypertension, v. 17, p. 151-183, 1999.
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