Educação alimentar e nutricional com pré-escolares: um relato de experiência La educación alimentaria y nutricional con niños de preescolar: un relato de la experiencia |
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*Fisioterapeuta pelo Centro Universitário do Cerrado Patrocínio (UNICERP) e Nutricionista pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Terapia Intensiva pelo Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) **Nutricionistas pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) ***Graduandas em Nutrição pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) (Brasil) |
Ademar Gonçalves Caixeta Neto* Gislaine Freitas Cruz Castro** Márcia Christina Dornelas de Freitas** Stephanie Araújo Rezende*** Débora Luciellen Fernandes Silva*** |
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Resumo Uma alimentação saudável, equilibrada qualitativa e quantitativamente, e que seja agradável ao paladar é fundamental para a promoção da saúde, sobretudo para os indivíduos que necessitam de maior atenção, como os pré-escolares, os quais constituem se encontram em fase de crescimento e desenvolvimento. A educação alimentar e nutricional objetiva formar atitudes e práticas relacionadas à promoção da saúde, e representa uma importante ferramenta na melhoria do estado nutricional da população. Foram realizadas atividades de educação alimentar e nutricional com 24 pré-escolares, com idades entre 2 e 5 anos, da Creche Cecília Meireles, localizada na cidade de Ouro Preto-MG, no período de outubro de 2012. A partir de metodologias que incluíam oficinas culinárias, jogo da memória e utilização de músicas, objetivou-se desenvolver, promover e disseminar materiais e conteúdos de nutrição e saúde com estas crianças. Unitermos: Educação alimentar e nutricional . Pré-Escolares.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Uma alimentação saudável, equilibrada qualitativa e quantitativamente, e que seja agradável ao paladar é fundamental para a promoção da saúde, principalmente naqueles indivíduos que se encontram em fase de crescimento e desenvolvimento (BOOG, 1999), uma vez que a manutenção das funções orgânicas vitais depende de adequado aporte de macro e micronutrientes (MONTEIRO et al., 1995).
Os pré-escolares (crianças de 2 a 6 anos) constituem um dos grupos populacionais mais dependentes de atendimento, devido à sua vulnerabilidade biológica (AMARAL et al., 1996). É nessa fase que ocorre a incorporação de novos hábitos alimentares, os quais irão influenciar de forma direta o padrão alimentar que o infante adotará, através do conhecimento de novas cores, sabores e texturas (ALVIÑA, 1996).
As práticas alimentares são originadas a partir de experiências e conhecimentos construídos de acordo com as condições socioeconômicas, históricas, culturais e conhecimento científico vigente (ROTEMBERG & VARGAS, 2004), podendo, contudo, ser modificadas ao longo da vida (DAVANCO et al., 2004).
A exposição a fatores macroambientais (alta densidade populacional, problemas ambientais, pobreza e insegurança social) e microambientais (referentes aos baixos níveis de instrução formal e renda familiar) pode desencadear risco para desnutrição infantil (SMS, 1999), a qual mesmo tendo reduzido drasticamente nas últimas décadas ainda representa um problema de saúde pública no Brasil (MONTEIRO, 2003; IBGE, 2006); já o número de crianças com sobrepeso e obesidade é cada vez maior (ADA, 2004; IBGE, 2004; FELISBINO-MENDES, CAMPOS, LANA, 2010; FERREIRA & LUCIANO, 2010), caracterizando de forma marcante o advento da transição nutricional (MONTEIRO et al., 2000).
Concomitantemente à transição nutricional, mudanças no padrão alimentar têm sido observadas, havendo aumento na ingestão total de gorduras, carnes e açúcares e diminuição de cereais, frutas e vegetais (BERMUDEZ & TUCKER, 2003).
Neste contexto, a educação alimentar e nutricional, a qual objetiva formar atitudes e práticas relacionadas à promoção da saúde é uma importante ferramenta para a melhoria do estado nutricional da população, em especial das crianças, pois pode produzir mudanças significativas nos padrões de comportamento alimentar de grupo ou família (MOTTA & BOOG, 1999).
O objetivo do trabalho foi desenvolver, promover e disseminar materiais e conteúdos de nutrição e saúde para os pré-escolares de uma creche de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.
Metodologia e atividades desenvolvidas
Foram realizadas atividades de educação alimentar e nutricional com 24 pré-escolares, com idades entre 2 e 5 anos, da Creche Cecília Meireles, localizada na cidade de Ouro Preto- MG, no período de outubro de 2012, como critério parcial para aprovação na disciplina de Educação Nutricional da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Inicialmente, foram realizadas buscas por artigos científicos, monografias, dissertações e teses nas bases de dados do Scielo e da CAPES para desenvolvimento do referencial teórico-prático, a partir do qual foram definidos os materiais e metodologias que seriam utilizados.
Na primeira etapa do trabalho, foi realizada uma visita à Creche com o objetivo de observar o espaço físico e a organização dos horários disponíveis para a realização do mesmo. Também houve uma reunião com a coordenadora do local, para definição dos temas que seriam abordados com as crianças, dentro das propostas apresentadas sobre nutrição, higiene e saúde, para facilitar a seleção das atividades.
Posteriormente, ocorreram dois encontros com as crianças, nos quais foram desenvolvidas atividades de educação alimentar e nutricional por meio de oficinas culinárias, jogo da memória, teatro de fantoches, desenhos, músicas, além de frutas idênticas as reais confeccionadas em material plástico.
As intervenções foram conduzidas juntamente com a cozinheira e com as professoras, que receberam sugestões para elaboração de cardápios e preparo de refeições mais saudáveis e criativas para as crianças.
Discussão
A educação nutricional para crianças é mais eficiente quando é especificamente direcionada para o comportamento das mesmas, e apoiada por programas de nutrição escolar (CONNORS et al., 2001).
A despeito da faixa etária das crianças, em geral, elas têm consciência de que a "nutrição" é de fundamental importância e estão construindo uma base de conhecimento que poderá ser utilizado como referência futura (CONNORS et al., 2001). Além disso, os professores têm papel decisivo na inserção da educação nutricional entre os escolares, a partir da adaptação de conteúdos e a abordagem pedagógica adotada (GAGLIONE et al., 2006).
Neste contexto, é válido investir em educação nutricional como forma de intervenção, desde que este processo ocorra à longo prazo (BISSOLI & LANZILLOTTI, 1997).
Considerações finais
A partir do desenvolvimento das atividades propostas, foi possível observar que os pré-escolares apresentaram bom conhecimento no que se refere à identificação de frutas, legumes e verduras. No entanto, quando as professoras e cozinheiras foram questionadas sobre o consumo destes grupos de alimentos pelas crianças, constatou-se que elas não têm o hábito de fazê-lo, seja por não gostarem ou por não terem acesso regular aos mesmos.
Levando-se em consideração que alterações biológicas e fisiológicas ocorrem de forma mais rápida e intensa na infância quando comparadas a outras fases da vida, políticas de promoção de saúde específicas para esta população devem ser priorizadas pelo poder público, a fim de reduzir o risco nutricional e cardiovascular, além de garantir o direito humano à alimentação adequada.
Referências
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BISSOLI, M.C.; LANZILLOTTI, H.S. Educação Nutricional como forma de intervenção: avaliação de uma proposta para pré-escolares. Rev Nutr, v. 10, n. 2, 1997.
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DAVANCO, G.M. et al. Conhecimentos, atitudes e práticas de professores de ciclo básico, expostos e não expostos a Curso de Educação Nutricional. Rev Nutr, v. 17, n. 2, 2004.
FERREIRA, H.S.; LUCIANO, S.C.M. Prevalência de extremos antropométricos em crianças do estado de Alagoas. Rev Saúde Pública, v. 44, n. 2, 2010.
FELISBINO-MENDES, M.S.; CAMPOS, M.D.; LANA, F.C.X. Avaliação do estado nutricional de crianças menores de 10 anos no município de Ferros, Minas Gerais. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v. 44, n. 2, 2010.
GAGLIONE, C.P.; TADDEI, J.A.A.C.; COLUGNATI, F.A.B.; MAGALHÃES, C.G.; DAVANCO, G.M.; MACEDO, L.; LOPEZ, F.A. Nutrition education in public elementary schools of São Paulo, Brazil: the Reducing Risks of Illness and Death in Adulthood Project. Rev Nutr, v. 19, n. 3, 2006.
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MONTEIRO, C.A. et al. Evolução da desnutrição infantil: Velhos novos males da saúde no Brasil. São Paulo: Hucitec, p. 93-144. 1995.
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MOTTA, D.G.; BOOG, M.C.F. Educação nutricional. 3ª ed. São Paulo: IBRASA, 1991.
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SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE (SMS). Manual de Orientação para Profissionais de Saúde. Juiz de Fora: Prefeitura de Juiz de Fora; 1999.
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