Suporte básico e avançado de vida: atualização das novas diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) segundo a literatura Soporte básico y avanzado de
vida: la actualización de las nuevas |
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*Enfermeira. Especialista em Urgência e Emergência pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas **Enfermeira. Especialista em Saúde da Família pela Universidade Estadual de Montes Claros ***Enfermeiro. Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Estadual de Montes Claros. Acadêmico de Medicina – UNIMONTES (Brasil) |
Bruna Ritiely Murta Marques Marcela Guimarães Fonseca Antônio Lincoln de Freitas Rocha |
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Resumo A American Heart Association (AHA) traz modificações significativas para melhorar a qualidade no atendimento prático de ressuscitação e aumentar as chances de sobrevida dos pacientes em parada cardíaca, enfatizando nessa nova diretriz sobre a RCP de alta qualidade e os cuidados Pós-PCR. O presente trabalho tem como objetivo descrever as atualizações da nova diretriz de ressuscitação cardiopulmonar, realizadas pelos profissionais de saúde, com base na AHA 2010. Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo descritiva que inclui artigos de periódicos eletrônicos e obras literárias, publicados no período de 2001 a 2011. A pesquisa dos periódicos foi feita na base de dados do Scielo, utilizando-se os termos “suporte básico de vida”, “ressuscitação cardiopulmonar” e “urgência” como unitermos da busca. Foram analisados 6 artigos científicos e 5 obras literárias pertinentes ao tema, o número de referências é pequeno devido existir poucas publicações sobre o assunto. O critério de seleção foi à abordagem dos subtemas nos quais se dividem este estudo: Suporte Básico de Vida, Suporte Avançado de Vida, Cuidados Pós-PCR. Os critérios de exclusão foram artigos com datas de publicação inferiores ao ano de 2001 e que não condizem com o assunto. Diante do conteúdo explorado sobre a nova diretriz no atendimento a vítima de parada cardiorrespiratória, fica evidente que o conhecimento e atualização sobre essas mudanças são de suma relevância para que os profissionais de saúde melhorem no atendimento aos pacientes com PCR. Unitermos: Socorro de urgência. Ressuscitação cardiopulmonar. Urgência.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Para a American Heart Association (AHA) a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) foi criada com o objetivo de que os profissionais da área da saúde concentrem-se na ciência de ressuscitação e nas mudanças mais importantes das novas diretrizes. Além disso, ela se baseia num processo internacional de evidências envolvendo diversos especialistas em ressuscitação de todo o mundo que discutem as varias publicações revisadas no assunto. A AHA enfatiza nessa nova diretriz sobre a RCP de alta qualidade e os cuidados Pós-PCR (GUIDELINES, 2010).
Conforme Brunner & Suddarth (2005), a parada cardiorrespiratória corresponde a uma interrupção súbita e inesperada da atividade mecânica ventricular útil e insuficiente para manter o débito cardíaco, ou seja, o coração para de produzir pulso e circulação sanguínea efetiva. Podendo ser causada por evento elétrico cardíaco como freqüência rápida (Taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular), freqüência lenta (bradicardia ou bloqueio átrio ventricular) ou por ausência total de freqüência (Assistolia).
O suporte básico de vida (SBV) constitui como uma sequência de etapas do socorro a vitima em situação eminente de risco a vida, geralmente seu atendimento é realizado fora do ambiente hospitalar sem a realização de manobras invasivas, já o Suporte avançado de vida (SAV) em principio é parecido, porém realizam-se procedimentos invasivos de suporte ventilatório e circulatório (FERREIRA; GARCIA, 2001). A realização de manobras executadas tanto no SBV como as de SAV requer uma equipe bem treinada, pois na parada cardiorrespiratória exige ações rápidas e eficazes, assim sendo melhor executadas em equipe do que individualmente (LIMA et al., 2009)
É relevante que todo profissional de saúde saiba o que fazer quando se deparar com um paciente em uma parada cardiorrespiratória. Geralmente as instituições e equipes de saúde têm diretrizes e protocolos definidos para ativar a equipe em caso de ressuscitação, mas é claro que independentemente do local onde esteja às metas de ressuscitação realizadas pela equipe devem ser as mesmas, constituindo em restaurar espontaneamente a respiração e a circulação preservando as funções e os órgãos vitais durante todo o procedimento (ACLS, 2007).
A AHA traz modificações significativas para melhorar a qualidade no atendimento prático de ressuscitação e aumentar as chances de sobrevida dos pacientes em parada cardíaca, sendo assim esse estudo se justifica na necessidade de conhecer melhor as informações contidas nas novas diretrizes de RCP e assim executá-las nos serviços de saúde de forma adequada e precisa proporcionando ao seu cliente a garantia de qualidades no atendimento prestado.
Diante do exposto acima, estabelecemos como objetivo da pesquisa descrever as atualizações da nova diretriz de Ressuscitação cardiopulmonar, realizadas pelos profissionais de saúde, com base na American Heart Association 2010.
Metodologia
Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo descritiva que inclui artigos de periódicos eletrônicos e obras literárias, publicados no período de 2001 a 2011. A pesquisa dos periódicos foi feita na base de dados do Scielo, utilizando-se os termos “suporte básico de vida”, “Ressuscitação cardiopulmonar” e “Urgência” como unitermos da busca. Foram analisados 6 artigos científicos e 5 obras literárias pertinentes ao tema, o número de referências é pequeno devido existir poucas publicações sobre o assunto. O critério de seleção foi à abordagem dos subtemas nos quais se dividem este estudo: Suporte Básico de Vida, Suporte Avançado de Vida, Cuidados Pós-PCR. Os critérios de exclusão foram artigos com datas de publicação inferiores ao ano de 2001 e que não condizem com o assunto. Foi realizado um levantamento de dados e uma comparação entre opiniões de diversos autores, fazendo com que a análise documental a respeito do assunto permita delinear um quadro generalista e com riqueza de informações a respeito de cada subtema.
Revisão bibliográfica
Suporte básico de vida
O suporte básico de vida, normalmente, é descrito como uma sequência de ações, essa ações são padronizados de C-A-B (compressões torácicas, via aérea, respiração) em adultos. De acordo com a nova diretriz de RCP 2010 se dividem em:
Verificação da responsividade (não responder, não apresentar respiração ou respiração anormal).
Acionar imediatamente o serviço de emergência/urgência, com base nos sinais de que a vítima não responde.
A avaliação do pulso (somente os profissional de saúde) não deve levar mais do que 10 segundos verificando o pulso.
O socorrista atuando sozinho deve iniciar a RCP com 30 compressões, reduzindo a demora na aplicação da primeira compressão. A freqüência de compressão deve de no mínimo 100/minuto e sua profundidade em adultos é de no mínimo, 2 polegadas (5 cm).
Além do mais o socorrista leigo treinado que puder realizar ventilações de resgate, as compressões e as ventilações devem ser aplicadas na relação de 30 compressões para cada 2 ventilações independente do número de socorristas. Os profissionais de saúde devem alternar as pessoas que aplicam a compressão a cada 2 minutos.
A desfibrilação deve ser utilizar assim que estiver disponível e assim que detectado o ritmo de fibrilação ventricular - FV ou taquicardia ventricular sem pulso – TV. As correntes de energia existentes são a monofásica exercida de 360 J e a bifásica recomendado de 120 a 200 J de energia, a segunda é a mais utilizada.
As compressões criam fluxo sanguíneo principalmente por aumentarem a pressão intratorácica e comprimirem diretamente o coração. Compressões geram fornecimento de fluxo sanguíneo, oxigênio e energia, críticos para o coração e o cérebro (GUINDELAINES, 2010).
Suporte avançado de vida
O suporte avançado de vida é descrito como o uso adicional de equipamentos utilizados no suporte básico de vida (MAST, 2011).
O estabelecimento de uma via aérea definitiva segundo o MAST (2011) e o CURRENTS (2005) dependerá da experiência do profissional (Intubação endotraqueal, máscara laríngea ou um combitube) devendo ser avaliada pelo socorrista durante uma tentativa de ressuscitação, analisando os riscos e benefícios de sua utilização. Além do mais a via área supraglótica pode ser realizada pelo enfermeiro capacitado já a intubação endotraqueal é de responsabilidade do médico. Após ser definida a utilização da mesma, deve ser verificado o posicionamento e todas as vezes que o cliente for movimentado, para detectar também possíveis complicações na passagem do tubo. A nova diretriz de RCP (2010) acrescenta que a capnografia com forma de onda é o método mais confiável, utilizado para confirmar e monitorar o posicionamento do tubo endotraqueal. As ventilações devem ser realizadas numa freqüência de aproximadamente 8 a 10 respirações por minuto.
O estabelecimento do acesso venoso periférico deve ser realizado preferencialmente em duas veias venosas calibrosas (calibre 14 ou 16) no antebraço ou prega do cotovelo segundo o PHTLS (2007) caso não seja possível o ACLS (2007) e o Currents (2005) recomenda-se a punção intra-óssea em pacientes vitimas de parada podendo ser realizada em todas as idades ou administração de fármacos por meio do tubo. Feitosa-Filho et al., (2006) traz que a monitorização cardíaca deve ser estabelecida para verificação do ritmo, caso esteja organizado no monitor o pulso deverá ser verificado em qualquer um dos ritmos. Deve-se estar atento para identificar precocemente as causas reversíveis da PCR que são os 6T (trauma, tamponamento cardíaco, toxinas, tensão do tórax por pneumotórax, trombose pulmonar, trombose coronariana) e os 6H (hipovolemica, hipóxia, hipotermia, hipocalemia/hipercalemia, hidrogênio/acidose, hipoglicemia) para posteriormente efetuar adequadamente o tratamento indicado para cada problema identificado.
A terapia medicamentosa é realizada com o uso da adrenalina que tem efeito alfa 1 adrenérgico que funciona restaurando o tônus vascular, restabelecendo o fluxo sanguíneo cerebral e coronariano, além de controlar a freqüência cardíaca e pressão arterial, a dose de administração é 1 mg em bollus a cada 3 a 5 minutos. A adrenalina poderá ser substituída pela vasopressina sendo muitas vezes mais efetiva nos casos de Fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV), pois atua ativando receptores da musculatura lisa causando intensa vasoconstrição periférica, a dose recomenda é de 40 unidades endovenosa em dose única como alternativa à adrenalina. Outra droga utilizada é o antiarrítmico chamado amiodarona recomendado na maioria das vezes em FV e TV sem pulso a dose recomendada é 300 mg diluído em 20 ml de solução fisiológica em bollus caso repita, utilizar em 150 mg em 3 a 5 minutos. Todas as medicações utilizadas na PCR devem ser seguidas de 20 ml de bollus de soro fisiológico e consecutivamente elevação do membro por volta de 10 a 20 segundos (MAST, 2011; AME, 2010). A nova diretriz de 2010 recomenda a não utilização da atropina para o uso de rotina no tratamento da atividade elétrica sem pulso e assistolia devido não apresentar benefícios terapêuticos nessa situação.
Cuidados pós-parada cardiorrespiratória
Os cuidados pós-PCR foram criados com o intuito de melhorar a sobrevivência das vitimas de parada cardiorrespiratória, além do mais é considerado um sistema multidisciplinar e integrado enfocando na otimização da função hemodinâmica, neurológica e metabólica (incluindo a hipotermia terapêutica). A realização desses cuidados feita de forma individual não demonstra muito efeito, já quando comparada aos cuidados integrados conjugados em um mesmo sistema sua implantação demonstra um aumento na sobrevivência desse paciente (GUIDELINES, 2010).
A realização da hipotermia terapêutica tem demonstrado bons resultados nos pacientes pós-PCR. De acordo com Feitosa-Filho et al., (2009) existe benefícios na utilização da hipotermia terapêutica, mas com uma maior sobrevivência em pacientes vitimas de fibrilação ventricular e taquicardia ventricular extra-hospitalares tendo por isso maior indicação nesses casos. O uso da hipotermia terapêutica em outros ritmos também é utilizado, só não podem afirmar com segurança os benefícios da sua utilização nessa situação.
As recomendações da nova diretriz de 2010 para o tratamento das síndromes coronarianas agudas (SCA) têm como objetivo definir a forma de atuação do profissional de saúde nas primeiras horas após o início dos sintomas da SCA. Tendo em vista que a realização desse atendimento visa diminuir a extensão da necrose miocárdica em pacientes que apresente infarto e assim preservar sua função ventricular esquerda, prevenindo possíveis complicações do quadro como insuficiência cardíaca, fibrilação ventricular e taquicardia ventricular.
Considerações finais
Diante do conteúdo explorado sobre a nova diretriz no atendimento a vítima de parada cardiorrespiratória, fica evidente que o conhecimento e atualização sobre essas mudanças são de suma relevância para que os profissionais de saúde melhorem no atendimento aos pacientes com PCR.
A Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação (ILCOR) promove a cada cinco anos uma revisão literária vigente e pública com recomendações para que os comitês de ressuscitação atualizem seus protocolos. A grande ênfase atual na nova diretriz é a alteração na sequência de procedimentos de suporte básico de vida de A-B-C para C-A-B, pois com isso as compressões torácicas são iniciadas mais cedo e com atraso mínimo na ventilação, além do mais foram acrescentados os cuidados pós-PCR nessa unidade.
Ressaltamos a importância das idéias expostas, por contribuir na sensibilização dos profissionais da área de saúde, no sentido de atualizarem seus conhecimentos sobre as novas mudanças no atendimento a PCR, e também proporcionar ao seu paciente uma taxa maior de sobrevivência.
Referências bibliográficas
AEHLERT, Barbara; ACLS – Advanced Cardiac Life Support; 3ª ed.; Elsevier; 2005-2010.
AME. Dicionário de administração de medicamentos na enfermagem. Ed. Ouro. Rio de Janeiro: EPUB, 2009-2010.
CURRENTS. In Emergency Cardiovascular Care. American Heart Association. Aspectos mais Relevantes das Diretrizes da American Heart Association sobre Ressuscitação Cardiopulmonar e Atendimento Cardiovascular de Emergência. Dez/05 - Fev/06; 16(4):2005.
FEITOSA-FILHO, Gilson Soares; SENA, Joberto Pinheiro; GUIMARÃES, Hélio Penna; LOPES, Renato Delascio. Hipotermia terapêutica pós-reanimação cardiorrespiratória: evidências e aspectos práticos. Rev. bras. ter. intensiva, São Paulo, v. 21, n. 1, Mar. 2009.
FEITOSA-FILHO, Gilson Soares; FEITOSA, Gustavo Freitas; GUIMARÃES, Hélio Penna; LOPES, Renato Delascio; JÚNIOR, Roberto Moraes; SOUTO, Francisco de Andrade; VASQUES, Ronaldo; TIMERMAN, Sergio. Atualização em reanimação cardiopulmonar: o que mudou com as novas diretrizes. Rev. bras. ter. intensiva, São Paulo, v. 18, n. 2, June 2006.
FERREIRA, Adriana Vada Souza; GARCIA, Eliana. Suporte básico de vida. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 2001;2:214-25.
GUIDELINES. Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para RCP e ACE.
LIMA, Sandro Gonçalves de; MACEDO, Larissa Araripe de; VIDAL, Marcela de Lima Vida; SÁ, Michel Pompeu Barros de Oliveira. Educação Permanente em SBV e SAVC: impacto no conhecimento dos profissionais de enfermagem. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 93, n. 6, Dec. 2009.
PAVELQUEIRES, Shirlene; MARÇAL, Arlete Aparecida; GOMES, Carla Pedrosa Marega Luciano; OISHI, Patrícia do Amaral. MAST: manobras avançadas de suporte ao trauma e emergência cardiovascular. 9º ed. Marilia: Manual do curso, 2011.
PHTLS. Atendimento Pré-hospitalar ao traumatizado: Básico e avançado. 6º Ed: Rio de Janeiro, Elsevier, 2007.
SMELTZER, Suzanne C. Brunner & Suddarth.Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
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