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Dança e marcha: benefícios subjetivos
e alterações da freqüência cardíaca

El baile y la caminata: beneficios subjetivos y alteraciones de la frecuencia cardiaca

 

*Acadêmico do 8º período do curso de Educação Física/Bacharelado

da Universidade do Vale do Itajaí

**Pós Graduando em Gestão Esportiva e Educação Física Escolar Inclusiva

Educador Físico. Universidade do Contestado, UnC

(Brasil)

Wallace Bruno De Souza*

wallace.bsouza@yahoo.com.br

Marco Antonio Bernieri*

marco_bernieri@hotmail.com

William Cordeiro de Souza**

williammixx@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo apresenta uma proposta de intervenção onde à dança é utilizada como alternativa para prática de exercícios aeróbios. A pesquisa foi realizada na UNIMED Litoral (UNISAÚDE) na cidade de Itajaí – SC, cujo objetivo do programa de exercícios é a recuperação e manutenção da saúde dos praticantes. A pesquisa experimental de caráter quantitativo e quantitativo foi realizada em uma população grupo de vinte e nove sujeitos com idade média de 61 anos (< 3 anos >) que participam dos programas de exercícios físicos, sendo que a amostra constitui-se de cinco sujeitos (n=5) ativos/freqüentes em todas as intervenções. Nos encontros foram realizadas aulas de dança do estilo forró onde a freqüência cardíaca dos participantes foi verificada em três diferentes momentos e, para efeito comparativo, foram realizados testes durante caminhada executada no anel externo da pista de caminhada da mesma entidade. Os resultados apresentados demonstram as variações de intensidade da freqüência cardíaca nas duas atividades (dança/marcha) e o entendimento dos participantes quanto à intensidade das atividades e ganhos/benefícios de cada modalidade. Esse estudo teve como objetivo constatar a variação da freqüência cardíaca na dança em relação à marcha/caminha e os aspectos subjetivos gerados por essas práticas em seus praticantes.

          Unitermos: Freqüência cardíaca. Subjetividade. Dança. Marcha. Exercício aeróbico.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Após muitos anos de estudos, passou-se a conhecer os benefícios do exercício físico. A partir disso foram criados vários programas de exercícios com finalidade de melhorar a saúde e qualidade de vida. O resultado deste avanço comprovou a diminuição do consumo de medicamentos e procedimentos cirúrgicos, possibilitando aos praticantes, ganhos que extrapolam a esfera do físico.

    No entanto segundo Caspersen (1985) vale destacar a importância do discernimento entre o conceito de Atividade Física – uma expressão genérica que pode ser definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, resultando em gasto energético maior do que os níveis de repouso – e do Exercício Físico – atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem um objetivo final ou intermediário.

    Com a configuração do cotidiano, hoje, de maneira geral, as pessoas estão sem tempo para o exercício, para uma alimentação adequada e/ou o descanso necessário. Como resultado, isso gera uma vida sedentária e desregrada que acarretará perdas fisiológicas importantes que afetam diretamente a qualidade de vida das pessoas. A necessidade da busca pelo exercício físico com fins de saúde e melhoria da qualidade de vida é percebida por indivíduos mais velhos, que começam a verificar os efeitos do envelhecimento. Este grupo ao perceber as perdas e os efeitos do exercício físico, tornam-se freqüentadores assíduos dos programas de exercício físico, como observado na intervenção do estágio.

    É comum nos programas de exercícios para idosos, encontrar praticantes com doenças que poderiam ter sido controladas – quando não extintas – através da prática regular de exercícios e, ainda assim, verifica-se nesses idosos resultados positivos tanto no quesito físico como sócio-afetivo.

    De acordo com Silva (1996), no Brasil 8% de sua população tinha mais de 60 anos, sendo ainda um país jovem. Epidemiologistas estimam que, em meados do ano 2025 ocupará a sexta posição mundial em número de idosos e a primeira posição da América Latina. Segundo o IBGE (2010) atualmente este percentual aumentou para 8,5%. Isso representa um crescimento populacional para este grupo de 41%, totalizando 14.536.029 de brasileiros.

    Sabendo disso e atentando para o processo de envelhecimento que gera uma diminuição gradual na qualidade de vida – que pode ser compreendida como um conjunto harmonioso de satisfações que o indivíduo obtém no seu cotidiano, levando-se em consideração tanto os aspectos físicos quanto o psicológico e o social, o exercício físico pode ser usado no sentido de retardar e, até mesmo, atenuar processo de declínio das funções orgânicas que são observadas com o envelhecimento, pois promove melhoras na capacidade respiratória, na reserva cardíaca, no tempo de reação, na força muscular, na memória recente, na cognição e nas habilidades sociais. Vale salientar que os exercícios físicos devem ser executados de forma preventiva, ou seja, antes de a doença apresentar suas manifestações clínicas (CARDOSO, 1992, p. 18).

    As intervenções reabilitadoras devem ser programadas de modo a atender às necessidades de cada indivíduo e, dessa forma, a atividade física deve ser mantida regularmente durante toda a vida para que o indivíduo possa gozar de melhorias na qualidade de vida e aumento na longevidade.

    Para atingir esse intento, as formas e locais para a prática do exercício físico são tão variadas quanto os interesses de seus praticantes. As possibilidades para prática podem ser desde uma simples “pelada” no clube; atividades orientadas em academia (exercício resistido com peso, aulas de ginástica, artes marciais, pilates) e; as aulas em espaços específicos – aulas de natação, yoga e dança de salão.

    Desse modo pensou-se, em primeiro, plano na dança com a utilização do estilo forró como exercício físico aeróbio com grande ênfase no trabalho cardiorrespiratório e na questão subjetiva do indivíduo perante a atividade, em circunstancia da utilização de um meio motivacional que seria a música. Em contra partida será realizado a comparação da dança com a caminhada para identificar quais as variações da freqüência cardíaca em ambas as atividades, e qual atividade traz aos praticantes maior intensidade.

    O objetivo deste estudo é constatar a variação da freqüência cardíaca na dança em relação à marcha/caminha e os aspectos subjetivos gerados por essas práticas em seus praticantes.

Referencial teórico

Freqüência Cardíaca (FC)

    A freqüência cardíaca reflete a quantidade de trabalho que o coração deve realizar para satisfazer as demandas metabólicas quando iniciada a atividade física. Durante o exercício, a quantidade de sangue colocada em circulação aumenta de acordo com a necessidade de fornecer oxigênio aos músculos esqueléticos. A máxima capacidade de captação de oxigênio (VO2 Máx) é definida pelo débito cardíaco máximo multiplicado pela máxima diferença arteriovenosa de oxigênio (WILMORE, 1992).

    O mesmo autor considera que uma vez que o débito cardíaco é determinado pela interação da FC e do volume sistólico, o VO2 no exercício é diretamente relacionado com os valores de FC. No repouso, a FC situa-se em torno de 60 a 80 batimentos por minuto em média, pode exceder os 100 batimentos por minuto em sedentários e não condicionados, sofrendo ainda interferências das condições ambientais, posição do corpo, estado clínico e emocional.

    Em exercícios com forte componente estático, as respostas cardiovasculares são difíceis de quantificar. O débito cardíaco sofre limitações em virtude da maior resistência periférica, já que a oclusão nos capilares teciduais, proporcionada pelos músculos ativos, prejudica o fluxo sanguíneo do compartimento arterial para o venoso. Nos exercícios dinâmicos, ocorrendo uma maior carga volumétrica no ventrículo esquerdo, as respostas cardíacas e hemodinâmicas são proporcionais à intensidade e à massa muscular envolvida na atividade (FLETCHER, 1995).

    Conforme relata Weineck (1941) a freqüência cardíaca é aumentada quando a uma carga atua sobre o organismo, pela inervação medial do córtex, a estimulação do córtex cerebral motor, por exemplo, por meio de uma atividade corporal imaginada ou real, leva a uma inervação do centro circulatório no bulbo (medula oblonga) e causa um aumento da freqüência cardíaca.

    Stegemann (1971) diz que na sequência, sob a influencia de receptores da musculatura sensíveis ao metabolismo, ocorre outro aumento da freqüência cardíaca: eles não cuidam só para que haja melhor irrigação sanguínea da musculatura em trabalho, mas também visam simultaneamente impulsos para o centro circulatório, o que leva a uma elevação do tônus do simpático, como ocorre na inervação cortical, e com isso a um aumento da freqüência cardíaca.

Zona alvo da freqüência cardíaca

    Wilmore e Costill (2001) relatam que a FC se subdivide em FC Basal (quantidade de batimentos cardíacos para manter todas as funções vitais do organismo no estado de vigília), FC de repouso (como o nome sugere, é o número de batimentos cardíacos quando o individuo está em repouso), FC de reserva (é delimitada pelos limites superior e inferior da freqüência cardíaca), FC sub máxima (é o equivalente a 85% da FC máxima) e FC máxima (Limite da freqüência cardíaca do indivíduo).

    A zona alvo será estabelecida dentro dos limites da FC de repouso e o fator determinante para sua definição será a intensidade do treinamento. Todo treinamento deve possuir um limite mínimo para apresentar os resultados desejados e um máximo para possibilitar uma boa tolerância (TEIXEIRA, 2008).

    Para determinar qual a FC de reserva – e a zona alvo – é necessário conhecer a FC máxima e a FC de repouso do aluno. Para conhecer a FC de repouso, basta deixar o aluno. O ideal para verificar a FC máxima é um teste em cenário controlado que possibilite levar ao limite o aluno ao seu limite (TEIXEIRA, 2008).

Subjetividade

    Conforme o Dicionário Informal (2010), Subjetividade é o que se passa no intimo do individuo. É como ele vê, sente, pensa a respeito sobre algo e que não segue um padrão, pois sofre influências da cultura, educação, religião e experiências adquiridas.

    Por subjetividade compreendemos antes de tudo o caráter de todos os fenômenos psíquicos, enquanto fenômeno de consciência, que o sujeito relaciona consegue mesmo e chama de ‘‘meus’’ (ABBAGNANO, 1998).

    Sabe-se que o exercício físico proporciona inúmeros ganhos/benefícios fisiológicos para seus praticantes. No entanto, um ganho realmente efetivo e pouco mencionado é o ganho psicológico/subjetivo.

    Afirma-se que os benefícios psicológicos da prática de atividade física são muitos e inegáveis. Os indivíduos idosos, assim como os de outras faixas etárias, experimentam alterações positivas nos estados de ânimo, na auto-estima, na auto-eficácia, obtendo recursos pessoais para enfrentar as situações estressantes e desafiadoras do cotidiano. (MIRANDA, GODELI, 2003, p.87).

    Ainda de acordo com Miranda e Godeli (2003) a atividade física com música para idosos pode criar um contexto positivo e agradável, tornando-se uma intervenção adequada para que os indivíduos permaneçam em atividade.

    McAuley e Rudolph (1995) o exercício físico com música para idosos pode criar um contexto positivo e agradável e dessa maneira, tornar se uma intervenção adequada para que os indivíduos permaneçam em atividade o exercício físico pode produzir mudanças de natureza mais positiva, como aumento de energia, sensação geral de bem-estar, de felicidade que nem sempre são captadas pelos instrumentos psicométricos tradicionais devido à sua carência de sensibilidade e validade para avaliar respostas concernentes ao bem-estar psicológico.

Dança

    Segundo a Escola Brasil (2012), a Dança é a arte de mexer o corpo, através de uma cadência de movimentos e ritmos, criando uma harmonia própria. Não é somente através do som de uma música que se pode dançar, pois os movimentos podem acontecer independentes do som que se ouve, e até mesmo sem ele.

    O interessante é que diferente de alguns exercícios físicos a dança pode ser praticada por qualquer pessoa e, “[...] pode criar um contexto positivo e agradável e, dessa maneira, tornar-se uma intervenção adequada para que permaneçam em atividade” (MIRANDA, GODELI, 2003, p.4), não havendo restrições e nem mesmo idade para isso, mas é claro que os passos, ritmo e coreografias devem ser adaptados às limitações e interesses dos praticantes (MIRANDA, GODELI, 2003).

    De um modo científico a dança é caracterizada como um exercício físico aeróbico que é focado em determinados pontos específicos do corpo, os quais variam de acordo com o tipo de atividade, ou seja, de acordo com o ritmo de dança escolhido. De modo geral, a dança eleva a freqüência cardíaca e atua na musculatura esquelética e nas articulações, caracterizando assim uma boa aliada pratica física em controlar a saúde, pois a dança traz um grande gasto calórico e grande aspecto motivacional, deixando de lado os exercícios sistematizados e mecanicistas (FREITAS et al, 2007).

    Em experimento feito por Puggard (s/d) citado por Silva e Mazo (2007), verificou-se comparando os efeitos de atividades como dança a natação e a ginástica desenvolvidas durante cinco meses, que os resultados apresentados nos três tipos de programa propiciaram ganhos semelhantes – em termos de condicionamento físico para pessoas mais velhas – não havendo diferenças significativas entre os tipos de atividades praticadas.

    Os mesmos autores enfatizam a importância de se participar de aulas e clubes de dança como uma das atividades potencialmente capazes de expandir os contatos sociais e as relações interpessoais em pessoas da meia-idade até aposentados.

Marcha/Caminhada

    De acordo com Winter (1991) a marcha/caminhada é a atividade mais comum que o ser humano realiza, sendo uma habilidade motora fundamental para a locomoção, automatizada aproximadamente aos sete anos de idade e permanecendo relativamente estável por quase toda a vida.

    Segundo Powers (2000) a marcha é o exercício mais popular e utilizado como parte efetiva de um programa de controle de peso e da redução dos fatores de risco da doença coronariana.

    Weineck (1941) a marcha/caminhada, por meio de sua influencia repousante e compensatória, agem de forma favorável sobre o sistema nervoso vegetativo. É notável sua ação desestressante. Assim a pratica regular desse exercício físico de maneia cuidadosa e dosada evita e retarda o aparecimento precoce de patologias, que aparecem no decorre da idade.

    No entanto não consegue com esse tipo de atividade um aumento da capacidade cardiopulmonar, dessa forma o beneficio dessa atividade para a saúde é relativamente limitado (WEINECK, 1941, p.392).

    Por outro lado, seu valor para pessoas com mais de sessenta anos deve ser visto de forma diferente. Nesse caso a treinabilidade do organismo humano começa a diminuir gradualmente. Agora se pretende preservar pelo maior tempo possível a capacidade física do organismo, por meio de estímulos adequados (WEINECK, 1941, p.392). Como em pessoas idosas e sedentárias a capacidade do sistema cardiocirculatório esta acentuadamente reduzida, marcha/caminhada, pode atuar de maneira positiva (HOLLMANN, 2005, p.71).

Exercício aeróbico

    O Exercício aeróbico é caracterizado pelo aumentando de consumo de oxigênio do organismo. Esse tipo de exercício trabalha uma grande quantidade de grupos musculares de forma rítmica e contínua. A manipulação da duração e velocidade caracterizará o nível de intensidade de exercícios que será determinada através do percentual do consumo máximo de oxigênio (VO2 Máx) ou da freqüência cardíaca máxima (FC Máx). A marcha e a dança são alguns dos exemplos de exercícios aeróbicos (YOSHIGA, 2002).

    Hoje, à luz da ciência, não se pode negar que o exercício aeróbico tende a proporcionar melhoras no consumo máximo de oxigênio provocado, pelo menos em parte, por um aumento do débito cardíaco, principalmente à custa de um aumento do volume sistólico (MCGUIRRE, 2001, p.66).

    De acordo com Fox (1975) a FC máxima não tende a se alterar, enquanto valores menores podem ser vistos em repouso e, principalmente, durante um exercício submáximo, provavelmente relacionado a mecanismos como aumento do retorno venoso e da contratilidade miocárdica.

    Além disso, o consumo máximo de O2, tanto absoluto como relativo ao gênero e idade, representa um destacado fator de promoção da longevidade, ou seja, quanto mais alta a condição aeróbica do indivíduo, menor o risco de mortalidade (FOX, 2001, 67).

    Stein (2000) relata que essas adaptações no comportamento da FC advindas do exercício físico, especialmente o aeróbico, podem ser ainda decorrentes de modificações no balanço simpático-vagal ou mesmo de adaptações intrínsecas como melhora no sistema de condução atrioventricular. Alguns estudos sugerem que apenas a prática regular de exercícios físicos parece não ser suficiente para a diminuição efetiva do risco de mortalidade, sendo necessário que o programa de exercício físico seja capaz de promover adaptações tanto na condição aeróbica, ou na função autonômica do indivíduo, como considera La Rovere (2002).

Descrição metodológica

    Esta pesquisa constitui num estudo experimental de cunho quantitativo e qualitativo (GIL, 1991).

    Esse estudo foi realizado na Unimed Litoral (Unisaúde) na cidade de Itajaí – SC, em uma população de vinte e nove sujeitos com idade média de 61 anos (< 3 anos >) que participam dos programas de exercícios físicos, sendo a amostra constituída de cinco sujeitos (n=5) ativos/freqüentes em todas as intervenções.

    Teve como objetivo constatar a variação da freqüência cardíaca na dança em relação à marcha/caminha e os aspectos subjetivos gerados por essas práticas em seus praticantes.

    As aulas de dança foram todas programadas e estabelecidos planos de aula para todas as intervenções (foram realizadas seis intervenções com duração de 50 minutos), com ritmos e músicas programados a atingir um patamar significativo da freqüência cardíaca. A marcha/caminhada foi realizada na pista de caminhada da Unisaúde num percurso de 216 metros, sendo realizado neste percurso um circuito de três voltas. Para determinar a intensidade da caminhada, os participantes foram instruídos a executar as voltas num ritmo que cada um considerasse moderado (subjetividade), de forma que essa caminhada fosse uma atividade nem muito leve nem muito extenuante.

    A verificação da freqüência cardíaca foi realizada com um Oxímetro Oxi Max N-65 NELLCOR, onde foram realizadas três verificações da freqüência cardíaca, uma pré-atividade, durante a atividade, e outra após atividade.

    No decorrer das aulas era sugerido aos idosos que relatassem como se sentiam dançando, sempre comparando a dança com a marcha/caminhada, foi estipulada uma pergunta padrão aproximando do objetivo principal do estudo, “Pergunta: Para você, como é a dança como uma atividade física. Até em comparativo com outras atividades, como uma caminhada, por exemplo?”, dessa maneira foi possível constatar os ganhos subjetivos da dança em relação à marcha/caminhada.

    As variáveis quantitativas foram avaliadas através do Programa Excel do Microsoft Windows 2010.

Análise e discussão dos dados

    Os testes foram realizados a partir da verificação da freqüência cardíaca encontrada na dança e na marcha/caminhada, dessa maneira foi possível estipular a intensidade encontrada em ambos os exercícios físicos e caracterizar o exercício com maior patamar aeróbico.

    Percebeu-se que na dança o percentual da FC foi maior que na marcha/caminhada, sabendo que os participantes do estudo por não serem praticantes ativos na dança ainda não são adaptados aos estímulos da prática.

    Nos quadros abaixo são apresentados os dados referentes à FC e Zona Alvo da FC de cada um dos sujeitos (Tabela 1); as alterações da FC nos exercícios propostos (Tabela 2) e; Intensidade de ambos os exercícios para cada um dos sujeitos (Tabela 3).

    O percentual da FC cardíaca nos dois exercícios físicos, para todos os participantes, ficou abaixo de 45%, atingindo o patamar considerado de baixa intensidade para exercícios aeróbios (50%). Ainda assim, as variações apresentadas na dança demonstraram uma intensidade maior do que na caminhada, com exceção do caso da participante C, onde a marcha teve uma intensidade maior que a dança.

    As tabelas 2 e 3 demonstram que a dança representa/solicita um trabalho maior do sistema cardiovascular ante a marcha representando, por conseguinte, um maior ganho para seu praticante – mesmo o nível de intensidade do exercício tendo ficado abaixo do patamar de 50% nas duas práticas. A observação do campo e os dados dos participantes reforçam os ganhos subjetivos e sociais.

    As aulas foram desenvolvidas pensando em apresentar uma proposta alternativa para prática de exercícios aeróbios, mas tendo o devido cuidado para com o público trabalhado, uma vez que dentre os alunos tínhamos cardiopatas, hipertensos e, dificuldade de movimentação articular devido a acidentes. Dessa forma cabe salientar que a intensidade das aulas, apesar de ficarem a contento para a proposta inicial, poderia ter sido maior. Essa intensidade pode ser atingida verificando, dentre outros fatores, o acompanhamento da turma e o estilo e ritmo de dança trabalhado.

    O nível de aptidão física dos participantes os impossibilita praticar exercícios físicos mais vigorosos e requer um contínuo treinamento/acompanhamento para melhoria das valências físicas destes indivíduos. Para isso é necessário criar um ambiente convidativo para a prática. A descontração e interatividade entre os participantes durante as aulas evidenciaram que, como mencionam outros autores citados no referencial teórico, a prática de exercícios é favorecida em ambientes/atividades combinadas com música. Outro ganho relativo a está prática é o ganho social. A dança de salão (categoria onde se enquadra o estilo forró) precisa de pelo menos duas pessoas para acontecer. A interação entre os parceiros no momento da dança não se restringe a execução dos movimentos. Há o diálogo entre eles, e nas intervenções, sem exceção, a conversa fluía entre todos os participantes. O ambiente descontraído das aulas propiciava, além das conversas entre os sujeitos, as corriqueiras risadas e gargalhadas. Segundo o entendimento dos autores estas são um sinal/resposta da liberação dos reguladores de nosso bem estar – serotonina, endorfina, dopamina – e, aliado ao depoimento de uma aluna: “[. . .] quem dança nunca vai estar em depressão”, acredita-se que os ganhos subjetivos desta prática podem atenuar (quando não acabar) os males psicossomáticos gerados pelos/nos indivíduos acometidos por esse mal.

    Outro resultado que pareceu bastante positivo ante os pesquisadores foi verificar que uma participante cuja limitação articular lhe impede de utilizar freqüentemente a marcha como um exercício físico aeróbio, conseguiu participar de todas as aulas e executar o que lhe era solicitado. Quando na prática do teste de comparação (caminhada na pista) a participante não conseguiu terminar a prova devido a dores na região afetada.

    É evidente que os benefícios subjetivos da dança se refletem superior aos da marcha. Um ponto muito importante a enfatizar aqui é o conhecimento dos idosos em relação aos exercícios físico, onde mencionam questões voltadas ao exercício aeróbio, modificações fisiológicas e morfológicas no organismo no decorrer das praticas dos exercícios físicos, bem como os ganhos psicossociais expressos nos depoimentos acima transcritos.

    A dança se mostra como um exercício prazeroso, divertido, de relaxamento uma terapia até mesmo pela motivação da música e diferentes ritmos. A socialização promovida através das intervenções estreitou o relacionamento entre os sujeitos participantes e, segundo relato destes é uma atividade estimulante que favorece a continuidade de sua prática.

    “A dança como, atividade física, ela é mais produtiva do que uma aula de academia de uma hora porque na academia você tem um tempo para fazer teus exercícios, você tem os intervalos entre os exercícios e você acaba diminuindo tua freqüência cardíaca, não fica próximo ao máximo exigido. E aqui na dança você, quando você já foi, está lá no limite que você precisa pra freqüência cardíaca. E você não sente, é divertido, você respira. É um exercício que a gente faz sem reclamar, diferente de ir pra academia. Muito bom”. (Relato do Participante).

    O ponto comum entre os depoimentos dos participantes era de comparar a dança com a “academia”, sendo que em seus pensamentos a academia séria uma prática única, o sentido de única é de generalizar todas as práticas compostas dentro da academia. Ou seja, caminhar na esteira, caminhar na pista “estou fazendo academia”, o olhar da academia esta voltado aos exercícios sistematizados e organizados, onde mencionam que realizam um certo exercícios e tendem a esperar um certo tempo para realizá-lo novamente, fato que não ocorre na dança, por ser um exercício produtivo de constante trabalho fisiológico, que de certa forma se torna um ponto importante para os participantes que estão inseridos em programas de exercícios físicos e conhecem seus benefícios.

    De certa forma dar-se a entender que no pensamento dos participantes quanto mais exercícios forem realizados melhor será as resposta e benefícios adquiridos para seu corpo e sua saúde.

Conclusão

    Conclui-se que o nível de intensidade na dança, comparado ao da caminhada, provocou maiores aumentos da freqüência cardíaca, juntamente com maior sensação de prazer e motivação por parte dos praticantes, sugerindo que a dança é uma opção eficiente como parte de um programa de exercícios aeróbios.

    Considerando esses fatores, a dança como alternativa para os exercícios aeróbios seria uma proposta extremamente assertiva para o trato com pacientes cardíacos e sedentários ou alunos com um condicionamento físico extremamente baixo.

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