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Características de saúde, sociodemográficas e avaliação funcional de idosos com doenças reumáticas residentes em comunidade

Características de salud, sociodemográficas y evaluación funcional de personas 

mayores con enfermedades reumáticas residentes en la comunidad

Characteristics of health, sociodemographic, and functional assessment 

of elderly residents in community with rheumatic disease

 

*Mestre, Professor Assistente da Universidade Estadual da Bahia

**Mestrando em Saúde coletiva pela Universidade Estadual do Ceará

***Graduanda em Fisioterapia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

****Doutora em Saúde Pública, Professora Plena

da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

*****Especialista, Pesquisadora colaboradora da Universidade Federal Fluminense

(Brasil)

Marcio Costa de Souza*

mcsouzafisio@gmail.com

Elzo Pinto Pereira Junior**

elzojr@hotmail.com

Isnanda Tarciara da Silva***

isnanda.fisio@yahoo.com.br

Alba Benemérita Alves Vilela****

albavilela@gmail.com

Jairrose Nascimento Souza*****

rnfisio@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O estudo objetivou estimar a prevalência de reumatismos em idosos residentes em comunidade e identificar as características sociodemográficas, de saúde e funcionalidade dos indivíduos acometidos por essa patologia. Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e seccional, no qual participaram 218 idosos que residem no município de Jequié-BA. Dos idosos estudados 106 referiram ter diagnóstico de artrite ou algum tipo de reumatismo. A maioria era mulher e a média de idade foi de 73,4 anos (DP=8,39). Desses 106 idosos, 45 eram casados e 40 viúvos, a maioria tem filhos, recebe algum benefício previdenciário e vive em co-residência em lares com até 3 pessoas. Quanto ao aspecto funcional, constatou-se que 59,4% dos idosos são totalmente independentes. Apesar de esses indivíduos apresentarem bons índices funcionais, as doenças reumáticas mostraram-se muito prevalentes e tal fato pode desencadear um processo de incapacidades, sendo necessárias ações de promoção de saúde, prevenção de agravos e reabilitação.

          Unitermos: Perfil de saúde. Doenças reumáticas. Idoso.

 

Abstract

          The study aimed to estimate the prevalence of arthritis in the elderly living in community and identify the sociodemographic characteristics, health and functionality of individuals affected by this pathology. It is descriptive study, quantitative and cross-sectional, which was attended by 218 seniors who reside in the municipality of Jequié-BA. Of the 106 elderly patients studied reported having been diagnosed with arthritis or some kind of rheumatism. The majority were women and mean age was 73.4 years (SD = 8.39). Of these 106 elderly, 45 were married and 40 widowed, most have children, receive some benefit pension and lives in co-residence in homes with up to 3 people. As for the functional aspect, it was found that 59.4% of the elderly are totally independent. Although these individuals have presented good functional indexes, rheumatic diseases were most prevalent and this could trigger an impairment process, requiring actions for health promotion, injury prevention and rehabilitation.

          Keywords: Health profile. Rheumatic diseases. Aged.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento da população é uma realidade mundial, apesar de apresentar seu ritmo e estágio de transição demográfica atrelado ao grau de desenvolvimento das nações. O Brasil, país em desenvolvimento, experimenta o fenômeno de estreitamento da base e alargamento do ápice de sua pirâmide etária, com tendência a apresentar-se numa distribuição cada vez mais cilíndrica, a exemplo de nações desenvolvidas1.

    No ano de 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizou um censo populacional que possibilitou constatar que no Brasil há mais de 190 milhões de pessoas, e que desse total, há cerca de 18 milhões de idosos, enquanto no censo anterior, realizado em 2000, havia 170 milhões de habitantes, dos quais 14,5 milhões eram idosos2. Esses números evidenciam a tendência de crescimento da população idosa, que, de acordo com Veras3, tornam o Brasil um “jovem país de cabelos brancos”, já que a cada ano, cerca de 650 mil novos idosos são adicionados à população brasileira.

    De acordo com Camarano4, “o envelhecimento da população implica uma maior exposição da população a doenças degenerativas com conseqüente perda de autonomia e independência”. Sob a ótica da saúde pública, a preocupação com a incapacidade se deve ao fato do intenso ritmo de envelhecimento da população brasileira, aliado ao baixo nível social, econômico e educacional desses idosos e a alta prevalência de doenças crônicas com potencialidade para torná-los dependentes5.

    A incapacidade funcional é definida como “a dificuldade experimentada em realizar atividades em qualquer domínio da vida devido a um problema físico ou de saúde”5. Há propostas da Organização Mundial da Saúde5 para um conceito para a incapacidade – reforçado pelo estudo de Rosa et al6 –, revelando o caráter de interação dinâmica entre as condições de saúde e os fatores ambientais e pessoais, como socioeconômicos, demográficos, culturais e psicossociais, contextualizados na determinação dessas incapacidades. Ainda no que se refere às incapacidades propõe um modelo teórico do processo de tornar-se incapaz, no qual consideram os fatores predisponentes, os fatores intra-individuais e os fatores extra-individuais5.

    Dentre os fatores intra-individuais causadores de incapacidades, as doenças crônicas, especialmente os reumatismos ou artropatias, merecem um destaque especial, tendo em vista sua alta prevalência na população idosa. Os reumatismos são “problemas de saúde que acometem as articulações e estruturas osteomusculares adjacentes, associados à dor e rigidez articular”7. O reumatismo é uma das doenças crônicas com maior potencial de induzir um processo de limitação física e incapacidade, fenômeno que se acentua nos grupos etários mais avançados7. No contexto das doenças reumáticas, destacam-se a artrite reumatóide e a osteoartrose, as quais representam os distúrbios reumáticos mais prevalentes.

    A determinação das condições de saúde da população idosa deve considerar o estado de saúde não como apenas a ausência de doença, mas um bem estar biopsicossocial. Segundo Ramos8, “um idoso com uma ou mais doenças crônicas pode ser considerado um idoso saudável, se comparado com um idoso com as mesmas doenças” já que o que vai diferenciar um idoso de outro, com as mesmas patologias, são as incapacidades e seqüelas associadas. Dessa forma, pensa-se como paradigma de saúde do idoso a idéia de funcionalidade.

    A manutenção da capacidade funcional, definida por Veras3 como “a capacidade de se manter as habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente e autônoma”, deve, juntamente com necessidade de autonomia, cuidado e participação social, nortearem o bojo das discussões no que tange a elaboração das políticas públicas voltadas para a pessoa idosa9. Reiterando essa idéia, Marchon, Cordeiro e Nakano10 afirmam que os órgãos de saúde busquem como objetivos “manter e recuperar a autonomia, prevenir e diminuir a mortalidade por causas previsíveis e promover atenção curativa, visto que é impossível desacelerar o processo de envelhecimento”.

    Este estudo tem como objetivo descrever as características de saúde, os aspectos sociodemográficos e realizar uma avaliação funcional dos idosos com doenças reumáticas que vivem em comunidade. A relevância desta pesquisa se baseia na necessidade de conhecer os aspectos relacionados a essa população, tendo em vista que o acometimento por essa doença torna-os ainda mais vulneráveis ao surgimento de incapacidades.

Metodologia

    Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e seccional, do tipo censo, realizado na Unidade de Saúde da Família (USF) José Maximiliano Sandoval, que é composta por duas Equipes de Saúde (eSF), coordenadas por enfermeiras. Cada uma das eSF é subdividida em 6 microáreas, totalizando 12 microáreas, cobertas por 12 Agentes Comunitárias de Saúde (ACS).

    Por se tratar de um censo populacional, foram incluídos no estudo todos os sujeitos com idade igual ou superior a 60 anos, que residiam na área de abrangência da USF José Maximiliano Sandoval, na localidade URBIS III e IV, bairro Jequiezinho, no município de Jequié. Os critérios de exclusão foram ter menos de 60 anos de idade e estar ausentes do domicílio após quatro visitas realizadas pela equipe de coleta de dados, sendo que essas visitas foram realizadas em dias da semana e turnos diferentes. Entre os 293 idosos elegíveis, 75 foram consideradas perdas pelo fato de não estarem na residência após as 4 visitas ou se recusarem a responder o questionário. Portanto, este estudo contou com a participação de 218 idosos.

    Com o intuito de testar os instrumentos a serem aplicados neste estudo foi realizado um estudo-piloto deste projeto, na USF Dr. Aurélio Sciarreta, no bairro do Mandacarú, em Jequié-BA, e envolveu a participação de 31 idosos. Ele reproduziu as estratégias e os métodos utilizados na coleta de dados desta pesquisa, onde foram testados de forma definitiva os instrumentos a serem aplicados. Após a realização do estudo-piloto, ou autores desta pesquisa avaliaram a viabilidade do questionário aplicado, reformulando-o nos aspectos cujo resultado não foi satisfatório e acrescentando a ele novas variáveis de estudo. As novas variáveis adicionadas tiveram o intuito de deixar o instrumento de coleta de dados apto a alcançar os objetivos propostos.

    O instrumento de coleta de dados foi composto por blocos de questões oriundos de outros questionários, tais como o Brazilian Old Age Schedule (BOAS), Índex de Independência nas Atividades Básicas da Vida Diária (AVD), desenvolvido por Sidney Katz, a Escala de Lawton, e perguntas referentes a Doenças Crônicas Auto-Referidas e Auto-percepção de saúde, provenientes do Suplemento Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-2003).

    O planejamento da coleta de dados foi feito com a ajuda da equipe de saúde da USF, que forneceu o cadastro da maioria dos idosos residentes na comunidade. No entanto, em algumas microáreas foi necessário fazer uma busca ativa nos registros. Após essa etapa, a área de abrangência foi mapeada com auxílio do software Google Earth, da Google, o que permitiu a localização dos endereços a serem visitados.

    Os dados coletados foram tabulados pelo software Epidata v. 3.0 e exportados para análise estatística no pacote SPSS v. 15.0. As variáveis são em sua maioria categóricas e, portanto, analisadas através de tabelas de freqüência. O presente estudo cumpriu todas as exigências da Resolução 196∕96 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, sob o protocolo 047/2009.

Resultados

    Dos 218 idosos que participaram da pesquisa, 106 (48,6%) referiram ter artrite ou algum tipo de reumatismo. Entre esses idosos, a faixa etária predominante foi entre 70 e 79 anos (37,7%), a maioria é do sexo feminino (71,7%), sabe ler e escrever (79,2%), (42,5%) está casada ou morando junto com algum companheiro e (94,3%) teve filhos. O benefício previdenciário, representado pela aposentadoria ou pensão, é recebido por 83 idosos entrevistados (78,3%) (Tabela I).

Tabela I. Dados sociodemográficos de idosos que residem na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família, em Jequié-BA, 2011.

    Em relação aos aspectos familiares e do lar, 74,5% dos domicílios são de propriedade do entrevistado, apenas 10,4% moram sozinhos, sendo mais prevalentes os domicílios com 2 pessoas (32,1%). Os idosos afirmaram ser mutuamente vantajoso o arranjo familiar no qual habitam (75,5%), 96,7% responderam estar satisfeitos com o relacionamento que tem com as pessoas que compõem esse lar e 86% estão satisfeitos em relação aos aspectos gerais da sua vida (Tabela II).

Tabela II. Características dos lares de idosos que residem na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família, em Jequié-BA, 2011

    A análise das condições de saúde permite inferir que 93,4% dos indivíduos apresentam outras morbidades além das doenças reumáticas, sendo mais freqüente a Hipertensão Arterial (76,4%) e as Doenças de Coluna (70,8%). No tocante aos aspectos subjetivos da saúde, 73,8% tem uma autopercepção de saúde negativa, apesar de 88,7% afirmarem ter uma saúde melhor ou igual a pessoas da mesma idade. Além disso, 18,9% dos idosos portadores de reumatismos foram internados em ambiente hospitalar e somente 22 anciãos (20,8%) relataram episódios de queda nos últimos 12 meses (Tabela III).

Tabela III. Aspectos de saúde de idosos que residem na área de abrangência

de uma Unidade de Saúde da Família, em Jequié-BA, 2011

    Os aspectos funcionais mostram que os idosos que compuseram essa pesquisa são, em geral, funcionalmente independentes para realização de atividades básicas da vida diária, já que apenas 17 idosos (16%) têm alguma dependência, sendo os problemas de “continência” os mais freqüentes, presente em 15 idosos (14,2%). No que se refere às atividades instrumentais, 49,1% dos sujeitos são completamente independentes, 40,6% tem uma dependência moderada e apenas 11 anciãos (10,4%) tem um nível de incapacidade que dificulta gravemente a vida independente em comunidade. A avaliação das atividades instrumentais mostrou que as dificuldades mais prevalentes foram “arrumar a casa” e “ir a locais distantes”, já que 33% e 31,3% dos idosos, respectivamente, não conseguem realizá-las sem alguma forma de auxílio (Tabela IV).

Tabela IV. Funcionalidade de idosos que residem na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família, em Jequié-BA, 2011

Discussão

    O processo de envelhecimento populacional pelo qual o mundo está passando tem sido o tema de estudo de muitas pesquisas, fato este que faz com que possa ser detalhada e, portanto, melhor compreendida essa transição epidemiológica. Permitiu-se perceber que o envelhecimento da população é devido à queda da taxa de fecundidade11 e a feminização da velhice se deve, por sua vez, à maior longevidade das mulheres, conseqüência da menor exposição a fatores de risco e maiores cuidados com a saúde, por exemplo12. Esta pesquisa permitiu observar o envelhecimento e a feminização da velhice na comunidade estudada, sendo esse fato representado pela alta média de idade dos idosos e pela grande representação de mulheres na amostra.

    Quanto ao grau de escolaridade foi possível observar que boa parte dos idosos sabe ler e escrever, o que pode ser indicativo de maior conhecimento sobre seus direitos ao perceber que a educação pode atuar como uma forma de conscientização e inclusão do idoso na sociedade13.

    Com o aumento da quantidade de idosos no país, aumenta também a prevalência de doenças associadas ao envelhecimento, como as doenças reumáticas – evento observado na pesquisa pela grande incidência de idosos que apresentam a doença – que por acometerem as articulações e estruturas adjacentes7 geram dor e podem ser fator importante para o aparecimento de dependências do idoso em determinadas funções, de acordo com o grau de acometimento da doença. A incapacidade que pode ser trazida por essas doenças fazem com que o idoso tenha mais gastos, sejam eles diretos como a compra de medicamentos, consultas ou outro tipo de cuidado, ou indiretos 14.

    A dor provocada por essas doenças afetam o idoso na sua funcionalidade, na sua qualidade de vida e, portanto, no seu bem-estar. Para ser possível a vida em comunidade é necessária a interação dos indivíduos entre si e entre o meio e, ao ser dependente funcional, o idoso fica por vezes limitado de sair de casa e até mesmo do leito, dificultando a interação e o convívio com outras pessoas.

    Ao falar sobre viver em comunidade podem ser admitidas duas possibilidades: viver sozinho ou viver em co-residência. Como pôde ser observado no presente estudo, morar em co-residência foi a opção mais adotada pelos idosos da amostra. Tal escolha pode ter sido pelo fato de que dividir o lar com parentes sejam eles filhos, netos, noras ou outros, pode significar dividir as despesas, as preocupações e, até mesmo, garantir um maior cuidado e companhia nessa fase da vida.

    Receber benefício previdenciário é um direito do idoso e é, muitas vezes, a sua única fonte de renda. A maioria dos idosos entrevistados recebe algum benefício e isso pode possibilitar uma maior participação do idoso na sociedade, ao passo que ele pode fazer compras e contratar serviços, sentindo-se assim mais útil e menos dispensável ao lar, principalmente quando ele é responsável pelo sustento ou por alguma despesa da casa. Ter aposentadoria ou pensão pode ser um fator que pode influenciar na escolha de viver sozinho ou em co-residência pelo fato de que a renda recebida pelos idosos pode atrair familiares que usufruem desse benefício15, assim como o idoso ter casa própria como a maioria da população estudada.

    O idoso vê na sua família a responsabilidade pelo seu cuidado16, podendo essa ser a explicação para que o idoso viva, na sua maioria, com 2 pessoas. Quanto ao grau de satisfação do idoso em relação às pessoas com quem convive, a população mostrou estar satisfeita, assim como quanto à satisfação em relação à vida em geral. Maior parte dos entrevistados afirmou que viver em co-residência é vantajoso para si e para as pessoas com quem convive, já que há relações mútuas de ajuda entre os familiares.

    No que diz respeito à autopercepção de saúde os idosos relataram ser negativa, fator que pode influenciar no estado emocional e cognitivo do paciente, principalmente quando relatam também comorbidades associadas às doenças reumáticas como hipertensão arterial e doença na coluna/costas, fato esse que pode agravar a situação de dependência funcional do idoso, causando-lhe maiores limitações e impacto na sua qualidade de vida. Outros aspectos importantes que a pesquisa permitiu analisar é que a população estudada tem baixo histórico de internações hospitalares e de quedas, que podem.

    A avaliação quanto às atividades da vida diária mostrou que esses idosos têm elevado nível de independência funcional, o que pode explicar o baixo número de internações e de quedas, porque mesmo tendo comorbidades, os idosos têm sua capacidade funcional básica preservada. A pesquisa permite inferir que a população é dependente no que tange ao fator “continência”.

    Os idosos mostraram ser independentes também nas atividades instrumentais da vida diária, embora número considerável de idosos necessite de algum tipo de ajuda, tendo sido categorizados em dependentes moderados e graves. As atividades instrumentais que os idosos mais mostraram dependência foram “ir a locais distantes” e “arrumar a casa”.

Conclusão

    Concluiu-se com essa pesquisa que entre os idosos entrevistados, parcela considerável apresenta doenças reumáticas e as características gerais dessa população mostram que houve predomínio do sexo feminino, com média de idade inferior a 80 anos, casado ou viúvo e com filhos. Sabem ler e escrever e recebem algum tipo de benefício previdenciário, vivem geralmente com dois membros da família, em casa própria do idoso, julga ser vantajoso para ambas as partes o arranjo familiar em que convive e sentem-se satisfeitos em relação às pessoas com quem mora e em relação à vida em geral.

    No que tange aos aspectos de saúde os idosos apresentam altos níveis de independência funcional tanto em atividades básicas quanto em atividades instrumentais e tem baixos números de internações hospitalares e de quedas, apesar de apresentarem comorbidades como hipertensão arterial e doença na coluna/costas associadas às doenças reumáticas e terem a autopercepção de saúde negativa, mesmo alegando ter saúde melhor ou igual a pessoas de mesma idade.

    A análise da funcionalidade em idosos que vivem em comunidade requer a compreensão de aspectos que juntos fazem o bem-estar e a qualidade de vida desses idosos, já que a qualidade da saúde não envolve somente aspectos puramente anatômicos e fisiológicos, mas englobam também fatores sociais, culturais, demográficos e econômicos, tais como os arranjos domiciliares17 que, como mostrados na pesquisa, podem trazer satisfação ao idoso e conseqüentemente promover o bem estar emocional e físico, diminuindo assim a sua dependência funcional.

Referências

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  2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010: população do Brasil é de 190.732.694 pessoas. Brasília. 29 nov. 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1766&id_pagina=1. Acesso em: 05 jan. 2011.

  3. Veras R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev Saúde Pública, 2009; 43 (3):548-54.

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  13. Godoi MP, Godoi GP. A educação do idoso como fator de conscientização dos seus direitos e inclusão social. UNESP, Bauru, s/d.

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  15. Paulo MA. A relação entre renda e composição domiciliar dos idosos no Brasil: um estudo sobre o impacto do recebimento do Benefício de Prestação Continuada. UFMG, 2008.

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  17. Paulo MA. A relação entre renda e composição domiciliar dos idosos no Brasil: um estudo sobre o impacto do recebimento do Benefício de Prestação Continuada. UFMG, 2008.

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