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Intervenção da atividade física no controle ou redução 

da ansiedade dos professores da Escola Adventista de 

Cachoeirinha (EACh) no estado do Rio Grande do Sul

 

Escola Adventista de Cachoeirinha

Especialista em Metodologia do Ensino dos Esportes

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Marcelo Borba Guimarães

mbg_@ig.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo é o controle ou a redução da ansiedade dos professores da Escola Adventista de Cachoeirinha no Estado do Rio Grande do Sul. Participaram neste estudo 10 professores voluntários com idades entre os 29 à 46 anos de idade, sendo 10 voluntários do sexo feminino. Os dados foram coletados através de um questionário de auto-avaliação, incluindo, para além de variáveis sócio-demográficas, duas questões para a medição da prática do exercício físico. O estudo indica que em níveis mais elevados de prática de exercício físico, estão associados abaixa da ansiedade. Contudo, recomenda-se a prática de atividade física regular para pessoas de todas as idades, através de uma ação preventiva, em pessoas saudáveis ou terapêutica em pessoas doentes.

          Unitermos: Atividade física. Ansiedade. Professores.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

No principio...

    Em nossos ancestrais o mecanismo da ansiedade foi destinado à sobrevivência diante dos perigos concretos e próprios da luta pela vida, como foi o caso das ameaças de animais ferozes, das guerras tribais, das intempéries climáticas, da busca pelo alimento, da luta pelo espaço geográfico, entre outros.

    No ser humano moderno, apesar dessas ameaças concretas não mais existirem em sua plenitude tal como existiram outrora, esse equipamento biológico continuou existindo.

    Apesar dos perigos primitivos e concretos não existirem mais com a mesma frequência, persistiu em nossa natureza a capacidade de reagirmos ansiosamente diante das ameaças.

Nos dias de hoje...

    Com a civilidade do ser humano outros perigos apareceram e ocuparam o lugar daqueles que estressavam nossos ancestrais. Hoje em dia tememos a competitividade social, a segurança, a competência profissional, a sobrevivência econômica, as perspectivas futuras e mais uma infinidade de ameaças abstratas e reais, enfim, tudo passou a ter o mesmo significado de ameaça e de perigo que as questões de pura sobrevivência como os animais ameaçavam nossos ancestrais. Se na antiguidade tais ameaças eram concretas e a pessoa tinha um determinado objeto real à combater (fugir ou atacar), localizável no tempo e no espaço, hoje em dia esse objeto de perigo vive dentro de nós. As ameaças vivem, dormem e acordam conosco.

    Se, em épocas primitivas o coração palpitava, a respiração ofegava e a pele transpirava diante de um animal feroz a nos atacar, se ficávamos estressados diante da invasão de uma tribo inimiga, hoje em dia nosso coração bate mais forte diante do desemprego, da violência, do trânsito, dos preços altos, das dificuldades para educação dos filhos, das perspectivas de um futuro sombrio, dos muitos compromissos econômicos cotidianos e assim por diante. Como se vê, hoje nossa ansiedade é continuada e crônica. Se a adrenalina antes aumentava só de vez em quando, hoje ela está aumentada quase diariamente.

E na escola...

    Na atualidade o papel do professor extrapolou a mediação do processo de conhecimento do aluno, o que era comumente esperado. Amplio-se a missão do profissional para além da sala de aula, a fim de garantir uma articulação entre a escola e a comunidade. O professor além de ensinar, deve participar da gestão e do planejamento escolar, o que significa uma dedicação mais ampla, a qual se estende às famílias e à comunidade.

    As condições de trabalho, ou seja, as circunstâncias sob as quais os docentes mobilizam as suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para atingir os objetivos da produção escolar podem gerar sobre esforço ou hiper solicitação de suas funções psicológicas e fisiológicas. Se não há tempo para a recuperação, são desencadeados ou precipitados os sintomas psicossomáticos como a ansiedade.

    Por causa dessa preocupação que surgiu o interesse de fazer essa pesquisa com os professores da Escola Adventista de Cachoeirinha no Estado do Rio Grande do Sul. O objetivo desta pesquisa é o controle ou a redução do índice de ansiedade dos professores, através da atividade física, além disso também aumentar os momento de socialização e recreação entre os professores.

Entendo a ansiedade

    A ansiedade aparece em nossa vida como um sentimento de apreensão, uma sensação de que algo está para acontecer, ela representa um contínuo estado de alerta e uma constante pressa em terminar as coisas que ainda nem começamos. Desse jeito, nosso domingo têm uma apreensão de segunda-feira e a pessoa antes de dormir já pensa em tudo que terá de fazer quando o dia amanhecer. É a corrida para não deixar nada para trás, além de nossos concorrentes. É um estado de alarme contínuo e uma prontidão para o que der e vier.

    Os sintomas individuais de ansiedade variam amplamente. Alguns pessoas têm sintomas cardiovasculares, tais como palpitações, sudorese ou opressão no peito, outros manifestam sintomas gastrointestinais como náuseas, vômito, diarreia ou vazio no estômago, outros ainda apresentam mal-estar respiratório ou predomínio de tensão muscular exagerada, do tipo espasmo, torcicolo e lombalgia. Enfim, os sintomas físicos e viscerais variam de pessoa para pessoa. Psicologicamente a ansiedade pode monopolizar as atividades psíquicas e comprometer, desde a atenção e memória, até a interpretação fiel da realidade.

Exercício físico e a saúde

    ELBAS E SIMÃO (1997), salientam que há menos de um século, o exercício físico não era algo que as pessoas fizessem para ficar em forma. O exercício fazia parte da rotina das pessoas: cortar lenha, fazer longas caminhadas para visitar amigos e outros. E ISSIP (1992), destaca que, durante o século XX ocorreu uma redução substancial na frequência e na intensidade com que as pessoas se engajavam em atividades físicas constantes e equilibradas.

    Com as mudanças e facilidades decorrentes do progresso, observou-se uma significativa modificação no comportamento do ser humano. O aumento da carga horária de trabalho, a mudança de atividades profissionais, o aumento da renda per-capita, as modernidades e facilidades, a obesidade, o estresse e o sedentarismo foram levando a uma mudança de hábitos que, consequentemente se refletiram sobre a saúde do homem.

    Hoje em dia, a necessidade do aumento da qualidade de vida da população tem sido enfatizado por diversos setores da sociedade. Apesar de ser condicionada por variados fatores como, alimentação, situação socioeconômica, meio ambiente, entre outras, a prática regular de atividades físicas também se encontra presente como meio de melhoria da qualidade de vida da população.

    O estilo de vida ativo e a prática regular de atividades físicas apresentam-se como métodos eficazes na redução dos riscos de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e hipertensão arterial, bem como na obtenção de benefícios psicológicos.

    Segundo GODOY (2002), o impacto do exercício físico poderá possibilitar: a redução da ansiedade e depressão, melhorar o auto-conceito, auto-imagem e auto-estima, aumentar o vigor, melhorar a sensação de bem-estar, melhorar o humor, aumentar a capacidade de lidar com os fatores psicossociais de stress e diminuir os estados de tensão.

    E para WHITE (1991), nosso corpo deve ser conservado nas melhores condições físicas possíveis, e sob as maiores influências espirituais, a fim de que possamos fazer o melhor uso dos nossos talentos. Ao negligenciarmos fazer exercício físico, ao sobrecarregarmos a mente ou o corpo, desequilibramos o sistema nervoso. Aqueles que assim encurtam a existência, desatendendo as leis da Natureza, são culpados de roubo para com Deus. Não temos nenhum direito de negligenciar ou fazer mau uso do corpo, da mente ou das energias, os quais devem ser utilizados para oferecer a Deus um devotado serviço.

Metodologia

Amostra

    Este estudo contou com a participação voluntária de 10 (dez), professores da Escola Adventista de Cachoeirinha, com idade compreendida entre os 29 e 46 anos. Relativamente à distribuição por sexo, responderam por 10 professores do sexo feminino. Desta amostra todos habitam em meio urbano, no que concerne ao estado civil dos professores voluntários, a amostra apresenta que todos os professores são casados. Quanto às habilitações literárias, todos os professores voluntários tem terceiro grau completo. Considerando o exercício físico ou qualquer outra atividade que faça aumentar a pulsação e/ou transpirar: 80% são inativos (0 dias de prática de exercício físico), 20% moderadamente ativos (3 a 4 dias).

Instrumento

    Foi adaptada uma Escala para averiguar o nível de Ansiedade dos Professores Voluntários da Escola Adventista de Cachoeirinha. Esta Escala denominada de “Questionário de Auto-avaliação” (Q1 e Q2), sendo composta por um questionário com 27 itens. O voluntário terá 4 (quatro) opções de respostas, sendo o somatório das respostas do voluntário o nível de ansiedade que ele se encontra. Foi dividido em 4 (quatro) níveis de ansiedade: 1) 0 a 20 pontos - nível baixo de ansiedade; 2) 21 a 40 pontos – nível normal de ansiedade; 3) 41 a 60 pontos – nível alto de ansiedade; 4) Acima de 60 – nível crítico de ansiedade.

Procedimento

    Para a realização deste estudo procedeu-se à elaboração de um questionário auto-avaliativo (ver anexo), sua aplicação foi feita nos professores voluntários da Escola Adventista de Cachoeirinha foi garantindo a confidencialidade e anonimato dos resultados e participantes. Antes do preenchimento do questionário, foi explicado aos professores qual o objetivo deste estudo.

    Foi distribuído no inicio do projeto no dia trinta de agosto 2012, o questionário 1 (Q1).

    E durante os meses de agosto e setembro de 2012, foi aplicado a intervenção da atividade física, que teria a duração de 10 (dez) semanas sendo aplicado 3 (três) vezes por semana, com uma duração de 50 minutos, sendo distribuído esse tempo em: Alongamento (5min.), Atividades Aeróbias (20min.), Atividades Anaeróbias (20min.) e Volta calma (5min.). A intensidade da atividade física foi alta, tendo o alcance de até 70% da frequência cardíaca.

    Segundo WEIMBERG (1997), faz referência a outros autores que avaliaram a redução da ansiedade, relacionando-se à intensidade e tipo dos exercícios, o tipo de exercício físico mais intenso (aeróbico, em especial a corrida a pé, a natação e principalmente a própria dança aeróbica) parece influir positivamente para a redução do estado de ansiedade entre 2 e 24 horas depois do exercício. Este efeito pode se estender até 15 semanas depois dessa prática aeróbica e parece ser maior quando a prática do exercício estimula uma frequência cardíaca até 70% da frequência máxima do esportista em questão, enquanto as seções de intensidade mais baixa ou moderada não parecem contribuir na redução da ansiedade.

    Após o final das 10 (dez) semanas eles receberiam o questionário 2 (Q2). O Q1 e o Q2 servem como dados para analise para verificar se o objetivo do estudo foi alcançado.

Resultados

    Analisando o Gráfico 01, podemos observar que no Q1 que foi realizado no dia trinta de agosto 2012, dos 10 voluntários que iriam começar o estudo, 1 (um) voluntário esta com o nível baixo de ansiedade, já 3 (três) voluntários estavam com o nível normal de ansiedade ainda 5 (Cinco) voluntários estavam com o nível de ansiedade alta e tinha 1 (um) voluntário com o o nível de ansiedade crítico. Depois de 10 semanas de atividade física o Q2 ,que foi realizado no dia cinco de outubro de 2012, mostra aumento no número de voluntário para nível de ansiedade baixa de 1 (um) voluntário para 4 (quatro) voluntários e de 3 (três) voluntários que no primeiro momento estavam com o nível de ansiedade normal passou para 5 (cinco) voluntários, e de 5 (cinco) voluntários que estavam com o nível de ansiedade alto, caiu no final do estudo para apenas 1 (um) voluntário, e ainda sendo zerado os voluntários que estavam com a ansiedade crítica.

Gráfico 01. Dados dos Questionários – Q1 e Q2

 

Discussão / Conclusão

    Os resultados obtidos neste estudo confirmam o objetivo feito para o mesmo, que a prática da atividade física promove uma redução dos níveis de ansiedade.

    Segundo WEIMBERG (1997), transcreve um quadro de Taylor onde se relaciona os esportes vinculados ao bem estar psicológico, sugerindo que, em geral o esporte diminui a ansiedade, a depressão, a tensão, a ira, as fobias, além de melhorar a autoconfiança e a estabilidade emocional.

    Outro estudioso do tema sobre ansiedade confirma que “a atividade física pode ser um meio alternativo excelente para descarregar ou liberar tensões, emoções e frustrações, acumuladas pelas pressões e exigências da vida moderna” (COSSENZA e CARVALHO).

    Já DOYNE (1987), mostra que a falta de exercício físico é um fator importante para o aparecimento de sintomas de ansiedade e depressão, o vem a corroborar com os resultados do estudo.

    E também foi “comparado grupos de homens sedentários com grupos de homens que se exercitavam com regularidade, referem que o nível de ansiedade, hostilidade e depressão do grupo que se exercitava eram mais baixo do que os níveis nos sedentários” (FRANCIS e CARTER).

    Dentre todos esses estudiosos que procuram explicar os efeitos da ansiedade e do exercício, percebe-se que há um consenso entre eles. Acredito que a prática de uma atividade física regular seja indicada para pessoas de todas as idades. Seja através de uma ação preventiva, em pessoas saudáveis ou terapêutica, em pessoas doentes.

Questionário de Auto-avaliação

    Este questionário esta inserido no projeto de pesquisa “INTERVENÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NA REDUÇÃO DA ANSIEDADE DOS FUNCIONÁRIOS E PROFESSORES DA ESCOLA ADVENTISTA DE CACHOEIRINHA”; que esta sendo aplicado na Escola adventista de Cachoeirinha.

    O questionário é anônimo, confidencial e de resposta voluntária, no entanto, para posterior análise estatística, pedimos que responda às seguintes questões:

1)     Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

2)     Idade: __________ (anos)

3)     Habilitações Escolares: Ens. Básico ( ) Ens. Fundamental ( ) Ens. Superior ( )

4)     Estado Civil: Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) União de Fato ( ) Viúva ( ) Divorciado/a ( )

5)     Local de Residência: Perto do Trabalho ( ) Longe do Trabalho ( )

6)     Situação Profissional: Empregado ( ) Desempregado ( ) Estudante ( )

7)     Prática de Exercício Físico:

    Considerando o exercício físico como qualquer atividade que aumenta a sua pulsação, ao ponto de ficar ofegante (respirar depressa e com dificuldade) e/ou transpirar (exemplo: caminhar, corrida, andar de bicicleta, entre outros deste gênero):

7.1)     Na última semana, em quantos dias praticou exercício físico durante pelo menos 30 minutos?

( ) 0 dias ( ) 1 dia ( ) 2 dias ( ) 3 dias ( ) 4 dias ( ) 5 dias ( ) 6 dias ( ) 7 dias

7.2)     Numa semana normal, em quantos dias pratica exercício físico durante pelo menos 30 minutos?

( ) 0 dias ( ) 1 dia ( ) 2 dias ( ) 3 dias ( ) 4 dias ( ) 5 dias ( ) 6 dias ( ) 7 dias

    A seguir, pede-se que leia cada uma das afirmações abaixo, assinale 0, 1, 2 ou 3 para indicar quanto cada afirmação se aplicou a si durante a semana passada. Não há respostas certas ou erradas. Não leve muito tempo a indicar a sua resposta em cada afirmação.

Classificação é a seguinte:

  • 0 – Não se aplicou nada a mim 

  • 1 – Aplicou-se a mim algumas vezes

  • 2 – Aplicou-se a mim muitas vezes 

  • 3 – Aplicou-se a mim a maior parte das vezes

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 181 | Buenos Aires, Junio de 2013  
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