Análise dos aspectos de desempenho na natação em meninos e meninas nas condições crawl com pernada tradicional e crawl com pernada de borboleta Análisis de los aspectos de rendimiento en natación en los niños y las niñas en condiciones de crol con patada tradicional y crol con patada de mariposa |
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*E.E.F.E.U.S.P. Laboratório de Comportamento Motor **E.E.F.E.U.S.P. Departamento de Esporte ***Centro Universitário Ítalo Brasileiro ****Universidade Guarulhos (Brasil) |
Me. Ivan Wallan Tertuliano* Me.Caio Graco Simoni da Silva* *** Dr. Antonio Carlos Mansoldo** *** **** André Estevan Rezende*** |
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Resumo O objetivo deste estudo foi investigar as diferenças entre os nados, Crawl tradicional e Crawl com pernada do Borboleta em relação a medida de Tempo Total de Nado (TTN) em uma distância de 50 metros. Participaram 21 crianças nadadoras, todas voluntários, do sexo masculino (11) e feminino (10), com média de idade de 12 anos. A tarefa foi nadar 50 metros em velocidade máxima em duas condições de nado: Crawl tradicional (CR/CR) e Crawl com pernada de Borboleta (CR/BO). Foram realizadas 6 tentativas sendo: 3 CR/CR e 3 CR/BO. Para análise foram consideradas medidas que demonstram o desempenho do nadador em termos de Tempo Total de Nado em velocidade máxima para as duas condições do estudo. Foi conduzido um teste de Friedman para encontrar diferenças entre as condições intra grupo. Concernente à localização das diferenças, utilizou-se o teste de Wilcoxon. Nas comparações entre grupos, utilizou-se o teste U de Mann Whitney. Os resultados, referente ao TTN, intra grupos, mostram que todas as condições CR/CR foram melhor que as condições CR/BO e que a Tentativa CR/CR 1 foi a melhor de todas as 6 tentativas para as meninas. Os resultados, intra grupos, para o sexo masculino, referente ao TTN, mostraram que os tempos das 3 tentativas de CR/CR forma menores que os tempos das 3 tentativas de CR/BO. Além disso, os resultados indicam que a Tentativa CRCR1 foi a mais rápida de todas as 6 tentativas. Na análise entre grupos, os resultados não mostraram diferenças significantes, ou seja, os grupos foram parecidos. Os resultados permitem concluir que a condição CR/CR teve um melhor desempenho do que a condição CR/BO, já que obteve um menor tempo de nado para a tarefa e que o fator gênero não é determinante para os resultados de desempenho, nesta faixa etária. Unitermos: Desempenho. Nado crawl. Tempo total de nado.
Abstract The aim of this study was to investigate the differences between swims, and traditional Crawl with the butterfly leg in relation to measure Total Swim Time (TTN) at a distance of 50 meters. 21 children participated in swimming, all volunteers, male (11) and female (10), with a mean age of 12 years. The task was to swim 50 meters at full speed in two swimming conditions: Crawl traditional (CR / CR) and Crawl to kick Butterfly (CR / BO). 6 attempts were made as follows: 3 / CR 3 and CR / BO. For analysis were considered measures that demonstrate the performance of the swimmer in terms of Total Swim Time at full speed for the two study conditions. We conducted a Friedman test to find differences between conditions intra group. Concerning the location of the differences, we used the Wilcoxon test. In comparisons between groups, we used the Mann Whitney U test. The results, regarding the TTN, intra groups, show that all conditions / CR conditions were better than CR / BO and the Attempt CR / CR 1 was the best of all 6 attempts for girls. The results, intra groups, for males, referring to TTN, showed that the periods of 3 attempts to CR / CR form below the time of the 3 trials of CR / BO. Furthermore, the results indicate that the attempt CRCR1 was the fastest of all six trials. In the analysis between groups, the results showed no significant differences, ie, the groups were similar. The results indicate that the condition CR / CR had a better performance than the condition CR / BO, he obtained a shorter swim to the task and that the gender factor is not decisive for the performance results in this age group. Keywords: Performance. Swim freestyle. Backstroke total time.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Ao observar indivíduos peritos praticando esporte supõe-se que estejam repetindo uma série de movimentos iguais. No entanto, de acordo com Bartlett (1932) a característica de que o comportamento motor habilidoso é, ao mesmo tempo, consistente e variável, não pode ser desconsiderada. Referindo-se à rebatida do tênis de mesa Bartlett (1932) afirmou que ao executarmos movimentos, na realidade não produzimos algo absolutamente novo e nem repetimos algo velho, pois a bola não cai duas vezes no mesmo lugar, com a mesma rotação, com a mesma velocidade e angulação. Sendo assim, para ter sucesso seria insuficiente repetir exatamente o mesmo movimento. Além disso, existe o problema dos inúmeros graus de liberdade existentes nas articulações, músculos e unidades motoras, o qual também torna a repetição de movimentos improvável no nível microscópico (BERNSTEIN, 1967). Nesse sentido, o que no comportamento motor habilidoso parece idêntico a partir de uma observação geral, macroscópica, quando observado em detalhes, microscopicamente, apresenta variabilidade. Por exemplo, quando um nadador cruza a piscina, utilizando o nado Crawl, aspectos como a sincronização entre os movimentos dos braços e das pernas se mantém relativamente invariantes ao longo do percurso. Nesse sentido, observa-se um padrão consistente de movimentos. Porém, olhando mais detalhadamente, pode-se verificar que aspectos como a velocidade dos movimentos das pernas e dos braços, a amplitude da braçada e a força exercida na puxada variam. A própria ondulação formada pelas braçadas e as marolas formadas pelo corpo do praticante demandam ajustes mesmo em uma habilidade que se caracteriza pela manutenção da consistência dos movimentos. Portanto, o comportamento motor habilidoso apresenta aspectos invariantes que resultam em um padrão característico da habilidade praticada (consistência), e aspectos variantes, quando fatores microscópicos são focalizados (variabilidade). Portanto, qualquer tentativa de compreender o comportamento motor habilidoso deve considerar consistência e variabilidade como características complementares.
No entanto, nos estudos de comportamento motor até a década de 1990, a variabilidade foi tida como sinônimo de erro e, portanto, como algo a ser reduzido ou mesmo eliminado (Newell; Corcos, 1993). Provavelmente esta visão da variabilidade tem origem na tendência de associar o nível de habilidade à consistência do desempenho, muito difundida pela concepção finita do processo de aquisição de habilidades motoras (por exemplo, FITTS; POSNER, 1967; ADAMS, 1971). Nesta concepção, variabilidade e consistência são tidas como características opostas e mutuamente excludentes (FREUDENHEIM, 1999; FREUDENHEIM; MANOEL, 1999). Mas, se houvesse apenas consistência, o sistema se tornaria rígido, incapaz de se ajustar às variações da tarefa, do ambiente e do organismo, e de mudar em direção a níveis de maior complexidade.
No entanto, nos estudos dos aspectos biomecânicos do nadar de peritos, características de consistência e variabilidade, ou seja, os aspectos macroscópicos e microscópicos do comportamento não têm sido distinguidos. Em consequência, as medidas, os resultados obtidos e sua análise se referem à manutenção/mudança dos aspectos macroscópicos e/ou microscópicos do comportamento motor, indistintamente. Além disso, independente do objetivo do estudo, os padrões cinemáticos são estudados em função de uma medida de tendência central, normalmente, a média. Assim, os resultados são interpretados desconsiderando a variabilidade relativa dos aspectos invariantes e variantes do comportamento, pois ela é tida como um desvio da norma, sem significado para a produção do comportamento motor habilidoso. Assim, o desvio padrão é apresentado nesses estudos, como coadjuvante da média. Em consequência, os resultados e discussões destes estudos são limitados para conhecer o nadar de peritos. Por sua vez, os poucos estudos realizados considerando estas características são insuficientes para conclusões acerca do assunto. Portanto, considerando a natureza do fenômeno, faltam estudos que contemplem a variabilidade como característica construtiva do nadar habilidoso.
Objetivo
O objetivo do presente estudo foi investigar as diferenças entre os nados, Crawl tradicional e Crawl com pernada do nado Borboleta em relação a medida de Tempo Total de Nado (TTN) em uma distância de 50 metros. Mais especificamente, investigar a consistência e a variabilidade do nado Crawl em crianças de 12 anos de idade, de ambos os sexos.
Material e método
O desenvolvimento do tema proposto foi realizado por um estudo de caráter exploratório comparativo e descritivo, com enfoque dentro da abordagem da análise quantitativa.
A pesquisa foi realizada com 21 sujeitos, com idade média de 12,6 anos, sendo 11 meninos e 10 meninas, competidoras amadores de natação.
A escolha desta faixa etária ocorreu em função de, nesta fase os indivíduos já apresentam organização espacial dos movimentos de acordo com a técnica que caracteriza o nado Crawl (BLANKSBY; PARKER; BRADELEY, 1995).
A coleta de dados foi realizada na piscina coberta e aquecida, com dimensões de 50 metros de comprimento por 25 metros de largura, sem quebra ondas laterais no Centro Olímpico – São Paulo Capital. A saída foi realizada do bloco de partida nas tentativas. Foram descritos os principais tempos dos sujeitos no seu desempenho de cada tentativa, assim como análise biomecânica do nado Crawl, contendo, número de braçadas, comprimento da braçada, frequência das braçadas.
A tarefa solicitada foi a de nadar 6 x 50 metros (3 x 50 metros de nado Crawl com pernada do nado Crawl e 3 x 50 metros de nado Crawl com pernada do nado borboleta) em trajetória retilínea, delimitada por uma raia lateral. Mais especificamente, partindo de uma posição de auto-sustentação no meio líquido, os sujeitos deram impulso na parede, após um sinal sonoro, iniciavam a tarefa. Os sujeitos realizaram a tarefa em esforço máximo. A sequência das tentativas foi estabelecida de forma aleatória, definida por sorteio.
A coleta de dados ocorreu em duas etapas. Na primeira etapa os sujeitos recebiam as informações sobre o estudo e eram convidados a assinar o termo de consentimento após esclarecimentos.
A segunda etapa compreendeu a execução da tarefa, ou seja, nadar 50 metros nas duas condições distintas (nado Crawl com pernada do nado Crawl e nado Crawl com pernada do nado borboleta). Para tal, os sujeitos foram conduzidos ao recinto da piscina. Foi feita uma familiarização com o ambiente (piscina), na qual todos os sujeitos realizaram um aquecimento individualizado de acordo com especificações de seu técnico de, no mínimo, 15 minutos.
A instrução da tarefa na piscina foi dada logo após o aquecimento. Foi lhes informado que, de uma posição de auto sustentação no meio líquido, deveriam realizar o impulso na parede e iniciar a tarefa. Após cada tentativa, os sujeitos descansaram de cinco a oito minutos (descanso utilizado para recompor o sujeito após velocidade intensa de treinamento, utilizado pelo técnico da equipe participante) e continuaram as tentativas. Foi-lhes informado também que a duração dos intervalos ficaria na dependência do batimento cardíaco de cada sujeito, sendo assim, a execução em cada condição estava condicionada ao retorno prévio do batimento cardíaco a no mínimo 50% do esforço máximo que foi obtido na sua primeira tentativa.
O tempo de execução de cada tentativa foi cronometrado e fornecido, após cada tentativa, aos sujeitos.
Vale ressaltar que para a realização do experimento contamos com a presença de 5 experimentadores, alunos de educação física do Centro Universitário Ítalo Brasileiro (UNIÍTALO) com experiência em coleta de dados. Um experimentador recebeu os sujeitos e explicou o experimento. Outro experimentador forneceu os termos de consentimento. Um experimentador controlou o tempo de aquecimento junto com o técnico dos sujeitos; 3 cronometristas, sendo que um deles deu a partida para a realização da tarefa, anotaram o tempo em cada tentativa.
Vale esclarecer que o presente estudo foi aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa Centro Universitário Ítalo Brasileiro (UNIÍTALO).
Delineamento
Foram Formados 2 grupos, Grupo masculino, com 11 sujeitos e Grupo Feminino, com 10 sujeitos.
O objetivo dos grupos era nadar 3 x 50 metros de nado Crawl com pernada do nado Crawl e 3 x 50 metros de nado Crawl com pernada do nado borboleta, em velocidade máxima. A escolha da ordem foi aleatória, através de sorteio.
Após a execução em cada uma das condições, houve um intervalo de recuperação de 5 a 8 minutos. A duração dos intervalos estava na dependência do batimento cardíaco de cada sujeito, sendo assim, a execução em cada condição estava condicionada ao retorno prévio do batimento cardíaco a no mínimo 50% do esforço máximo que foi obtido na sua primeira tentativa.
Após cada tentativa durante a coleta, o sujeito foi informado do seu tempo de percurso em cada uma das condições, bem como do número de braçadas e frequência cardíaca.
Foi investigado o nível de desempenho de cada sujeito, com o auxílio de cronômetro.
Resultados
Considerando que todas as medidas utilizadas são de natureza intervalar e que continha menos de 30 participantes por grupo, foram realizados testes de normalidade e homogeneidade de variância (teste de Levine) para verificar se os pressupostos da análise paramétrica seriam atendidos. Não foi encontrada normalidade e homogeneidade de variância para todas as condições envolvidas na análise (p≤0,05).
Neste caso, foram realizados testes não-paramétricos. Mais especificamente, o teste de Friedman foi utilizado para encontrar diferenças entre as condições intra grupo. Concernente à localização das diferenças, utilizou-se o teste de Wilcoxon. Para controle do erro tipo 1 foi utilizado o procedimento sequencial Holm de Bonferroni (GREEN; SALKIND; AKEY, 2000). Esse procedimento requer a divisão do nível de significância adotado (0,05) pelo número de comparações realizadas. No caso desse estudo (15 comparações), o valor adotado para localizar diferenças foi p > 0,0033333 (valor ajustado).
Em termos de comparações entre grupos, utilizou-se o teste U de Mann Whitney.
Análise intra grupo
Medidas de tempo feminino
Pode-se observar, através da média e desvio padrão (SD), que o tempo total de nado (TTN) em velocidade máxima, para as duas condições foi bem distinto, sendo o nado Crawl tradicional (CRCR) sempre o mais veloz (Tabela 1), o que pode-se melhor observar na FIGURA 1. Isso indica que as condições CR/CR foram mais eficientes em termos temporais, já que tiveram um tempo de nado menor que as condições em CR/BO. Essa observação foi confirmada pelo teste de Friedman, visto que foi detectada diferença significante [x2.(5, n=10)=38,410, p=0,000]. O teste de Wilcoxon com o procedimento sequencial Holm de Bonferroni não identificou as diferenças entre os blocos (p>0,003333, valor ajustado). Porém, quando se analisa pelos postos de maior e menor valor (Friedman), verificou-se que a diferença está entre as tentativas: CRCR1/CRCR2, CRCR1/CRBO1, CRCR1/CRBO2, CRCR1/CRBO3, CRCR2/CRBO1, CRCR2/CRBO2, CRCR3/CRBO2,. Esses resultados indicam uma tendência de melhor desempenho para as tentativas de CR/CR em relação as tentativas de CR/BO, visto que os tempos das 3 tentativas de CR/CR forma menores que os tempos das 3 tentativas de CR/BO. Além disso, os resultados indicam que a Tentativa CRCR1 foi a mais rápida de todas as 6 tentativas.
Tabela 1. Tempo total (em segundos e centésimo de segundos) de nado em cada tentativa, para cada sujeito, Média e Desvio Padrão (SD)
Figura 1. Média do tempo total (em segundos e centésimo de segundos) de nado nas condições CR/CR e CR/BO.
Medidas de tempo masculino
Pode-se observar, através da média e desvio padrão (SD), que o tempo total de nado (TTN) em velocidade máxima, para as duas condições foi bem distinto, sendo o nado Crawl tradicional (CRCR) sempre o mais veloz (Tabela 2), o que pode-se melhor observar na FIGURA 2. Isso indica que as condições CR/CR foram mais eficientes em termos temporais, já que tiveram um tempo de nado menor que as condições em CR/BO. Essa observação foi confirmada pelo teste de Friedman, visto que foi detectada diferença significante [x2.(5, n=11)=50,116, p=0,000]. O teste de Wilcoxon com o procedimento sequencial Holm de Bonferroni não identificou as diferenças entre os blocos (p>0,003333, valor ajustado). Porém, quando se analisa pelos postos de maior e menor valor (Friedman), verificou-se que a diferença está entre as tentativas: CRCR1/CRCR3, CRCR1/CRBO1, CRCR1/CRBO2, CRCR1/CRBO3, CRCR2/CRBO1, CRCR2/CRBO2, CRCR2/CRBO3, CRCR3/CRBO1, CRCR3/CRBO2, CRCR3/CRBO3. Esses resultados indicam uma tendência de melhor desempenho para as tentativas de CR/CR em relação as tentativas de CR/BO, visto que os tempos das 3 tentativas de CR/CR forma menores que os tempos das 3 tentativas de CR/BO. Além disso, os resultados indicam que a Tentativa CRCR1 foi a mais rápida de todas as 6 tentativas.
Tabela 2. Tempo total (em segundos e centésimo de segundos) de nado em cada tentativa, para cada sujeito, Média e Desvio Padrão (SD)
Figura 2. Média do tempo total (em segundos e centésimo de segundos) de nado nas condições CR/CR e CR/BO
Medidas de tempo Masculino X Feminino
Na comparação entre grupos, pode-se observar, tanto pela Tabela 3, como pela FIGURA 3 que as tentativas de CR/CR foram melhores que as tentativas CR/BO, para os dois grupos (meninos e meninas) e que os meninos nas tentativas de CR/CR foram mais rápidos que as meninas, já nas tentativas de CR/BO, as meninas foram mais rápidas. Isso não foi confirmado pelo teste U de Mann Whitney, visto que não foi detectada diferença significativa entre os grupos (p>0,05), ou seja, os grupos tiveram desempenho equivalente uns com os outros, em todas as condições e tentativas.
Tabela 3. Tempo total (em segundos e centésimo de segundos) de nado em cada tentativa, média de meninos e meninas
Figura 3. Média do tempo total (em segundos e centésimo de segundos) de nado nas condições CR/CR e CR/BO, em meninos e meninas
Discussão
Pode-se dizer que há certo consenso entre pesquisadores de Aprendizagem Motora que a prática é um dos fatores essenciais para a aprendizagem de habilidades motoras. O objetivo do presente estudo foi investigar as diferenças entre os nados, Crawl tradicional e Crawl com pernada do nado Borboleta em relação ao Tempo Total de Nado (TTN) em uma distância de 50 metros em meninas e meninos praticantes de natação.
Para análise foram consideradas medidas que demonstram o desempenho do sujeito (segundos gastos para executar a tarefa) em termos de Tempo Total de Nado (TTN) em velocidade máxima para as duas condições do estudo: nado Crawl com pernada do nado Crawl e nado Crawl com pernada do nado borboleta.
Primeiramente fez-se análise intra grupo e entre grupos, com o intuito de verificar as diferenças dentro dos grupos e de um grupo com o outro.
Considerando os resultados obtidos, intra grupo, quanto ao tempo total de nado (TTN), resultado que reflete o desempenho dos sujeitos, para a distância de 50 metros nas duas condições, os resultados demonstram que as condições em que foram realizadas com CR/CR foram mais eficientes que as condições CR/BO, para ambos os grupos. Esse resultado reflete a maior quantidade de prática pelos sujeitos (meninos e meninas) na condição CR/CR, haja vista eles sempre treinarem em velocidade máxima essa condição e menos a condição CR/BO. No entanto o post hoc sem o procedimento sequencial de Bonferroni foi capaz de localizar as diferenças, indicando um melhor desempenho das tentativas CR/CR. Isso nos leva a crer que a introdução de prática na condição CR/BO pode não ser tão eficiente para uma melhor desempenho nas provas de nado Livre.
Considerando os resultados obtidos, entre grupos, quanto ao tempo total de nado (TTN), resultado que reflete o desempenho dos sujeitos, para a distância de 50 metros nas duas condições, os resultados demonstram que os grupos apresentaram resultados parecidos (p>0,05), demonstrando que tanto meninas como meninos apresentaram resultados temporais muito parecidos. Além disso, os dois grupos apresentaram resultados melhores nas tentativas CR/CR em comparação as tentativas CR/BO e, que, a primeira tentativa de CR/CR foi a melhor de todas as 6 tentativas.
Retornando a hipótese de falta de prática da condição CR/BO podemos pensar na prática como um elemento essencial para qualquer aprendizagem. Isso porque sem a prática não há ocorrência de aprendizagem. Mas o que é prática? Ela pode ser vista como um esforço consciente de organização, execução, avaliação e modificação das ações motoras a cada execução (TANI, 1989), ou seja, a falta de uma maior quantidade de tentativas na condição CR/BO e a prática desta anteriormente ao experimento podem ser os motivos de seu pior desempenho.
Os resultados demonstram que meninos e meninas, com média de idade de 12 anos, apresentam resultados muito parecidos, o que pode ser explicado pela resistência anaeróbia. Estudos tem mostrado que a potência Anaeróbia melhora com o passar da idade e que nesta faixa etária (12 anos), meninos e meninas apresentam valores muito parecidos (DAVIES; BARNES; GODFREY, 1972; MATSUDO; PEREZ, 1986).
Medidas complementares como Número de Braçadas e Comprimento de braçada poderiam ser utilizadas para analisar melhor o fenômeno.
Conclusão
Com base nos resultados encontrados pode-se concluir que:
A condição CR/CR teve um melhor desempenho do que a condição CR/BO, já que obteve um menor tempo de nado para a tarefa, em todas as tentativas, em ambos os sexos.
Nesta faixa etária, Gênero não é determinante para resultados de desempenho.
O número de braçadas poderia ser explorado para verificar seu papel no desempenho temporal da tarefa.
O comprimento de braçada pode ser futuramente explorado para saber sua relação com o desempenho e ver se corrobora com os achados de Chollet et al. (2000).
A falta de prática dos sujeitos na condição CR/BO pode ter levado a um pior desempenho dos sujeitos nesta condição.
Deve-se re-investigar o presente objetivo, porém, utilizando uma quantidade maior de tentativas, seguindo os preditos da definição de prática de Tani (1989).
Re-investigar com faixa etária diferente, para verificar se o gênero é determinante em faixas etárias maiores ou menores.
Referências
Adams, J. A. A closed-loop theory of motor learning. Journal of Motor Behavior, Washington, v.3, p. 111-150, 1971.
BARTLETT, F.C. Remembering: A study in experimental and social psychology. Cambridge: Cambridge University Press. 1932.
BERNSTEIN, N. The coordination and regulation of movements. New York: Pergamon, 1967.
Blanksby, B. A.; Parker, H. E.; Bradley, S. Children’s readiness for learning front crawl swimming. Australian Journal of Science and Medicine in Sport, Melbourne, v.27, n.2, p.34-37, 1995.
CHOLLET, D.; CHALIES S.; CHATARD J. C. A new Index of Coordination for the Crawl: Description and Usefulness. International Journal Sports Medicine; v. 20, p. 54-59, 2000.
DAVIES, C. T. M.; BARNES, C.; GODFREY, S. Body composition and maximal exercise performance In:______. Children. Human Biological, v.44, p.195-214, 1972.
Fitts, P. M.; Posner, M. I. Human performance. Belmont, California: Brooks/Cole, 1967.
FREUDENHEIM, A. M. Organização hierárquica de um programa de ação e a estabilização de habilidades motoras. Tese (Doutorado) – Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo, 1999.
FREUDENHEIM, A. M; MANOEL, E. J. Organização hierárquica e a estabilização de um programa de ação: um estudo exploratório. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.13, n.2, p. 177-96, 1999.
GREEN, S. B.; SALKIND, N. J.; AKEY, T. M. Using SPSS for windows: analyzing and understanding data. 2 ed. New Jersey: Prentice Hall, 2000.
MATSUDO, V. K. R.; PEREZ, S. M. Teste de corrida de quarenta segundos: características e aplicação. In: CENTRO DE ESTUDOS DO LABORATÓRIO DE APTIDÃO FÍSICA DE SÃO CAETANO DO SUL. CELAFISCS: dez anos de contribuição as ciências do esporte. São Caetano do Sul, CELAFISCS, 1986. p.151-96.
NEWELL, K. M. Coordination, control and skill. In Goodman, D.; Franks, I.; Wilberg, R. (Eds.), Differing perspectives in motor control, p. 295-317, Amsterdam: North-Holland, 1993.
TANI, G. Efeitos da frequência do conhecimento de resultados no processo adaptativo em aprendizagem motora. São Paulo: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP, Relatório Final. 1989.
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