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Significados e afinidade com a Educação Física escolar: o 

que dizem os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental?

Significados y afinidad con la Educación Física escolar: lo que dicen los alumnos de los años iniciales de educación primaria

 

*Licenciado em Educação Física pela Universidade

Estadual Paulista – Unesp Câmpus de Bauru

**Doutora em Ciências da Motricidade pela Universidade

Estadual Paulista – Unesp Câmpus de Rio Claro

Rodrigo Bianco Cantarelli*

Fernanda Rossi**

digo_bianco@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste artigo consistiu em analisar os significados e a afinidade dos alunos dos primeiros anos do ensino fundamental com a disciplina Educação Física na escola. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 27 alunos do ensino fundamental de uma escola da rede pública municipal de Jaú-SP, sendo 14 alunos do terceiro ano e 13 alunos do quinto ano. Concluiu-se que para os alunos a educação física tem seu significado associado às brincadeiras, aos esportes e ao “descanso” dos outros componentes curriculares, sendo que a grande maioria declarou gostar das aulas de educação física.

          Unitermos: Educação Física escolar. Ensino Fundamental. Perspectivas de alunos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Desde que a educação física ingressou no ambiente escolar buscam-se objetivos, conteúdos, métodos e avaliações que sejam adequadas para o processo ensino-aprendizagem nas aulas e para o desenvolvimento do aluno. A educação física é uma disciplina do currículo regular nas escolas assim como as demais disciplinas, o que justifica a sua importância no processo educacional.

    Notamos o importante papel da educação física, principalmente nas primeiras séries do ensino fundamental, possibilitando aos alunos se desenvolverem nos aspectos cognitivo, afetivo-social e motor, ou seja, a disciplina propicia oportunidades para que as crianças descubram movimentos novos, seus limites, interajam com outras pessoas, enfrentem seus medos e desafios, conheçam o próprio corpo, entre outros.

    Contudo, o que se constata pela revisão de literatura é que os conteúdos das aulas estão normalmente ligados aos esportes mais veiculados nos meios de comunicação de massa. É essencial diversificar os conteúdos das aulas, com a inclusão do jogo, da luta, da dança, da ginástica e os esportes, considerando a adequação à faixa etária, e, ainda, que o objetivo principal das aulas não deve se restringir a quaisquer movimentos (o “fazer pelo fazer”), mas sim desenvolver movimentos que enfoquem a reflexão e a compreensão sobre como, por que, para quê e quando fazer, contribuindo, enfim, para que as crianças possam, no decorrer do processo educativo, elaborarem os seus próprios significados relacionados à cultura corporal de movimento.

    E nesse contexto, é salutar dar voz às crianças no intuito de compreender o que significa a disciplina Educação Física para elas. Nesse sentido, o objetivo deste artigo foi analisar os significados e a afinidade dos alunos dos primeiros anos do ensino fundamental com a disciplina na escola.

    As pessoas geralmente explicam suas ações apoiadas em normas, utilidades e gostos. É importante conhecer o que os alunos gostam, pensam e esperam da disciplina educação física, para assim buscar desenvolver uma educação física contextualizada e que respeite as crianças como sujeitos ativos do processo ensino-aprendizagem (LOVISOLO, 1997).

    Temos ciência da dificuldade de investigar a concepção de cada indivíduo sobre diferentes assuntos, especialmente quando se trata de crianças, que estão em fase de desenvolvimento do conhecimento de si mesmas, de escolhas de valores, de formação do seu modo de pensar e de seu senso crítico. Porém, esta pesquisa representou uma oportunidade para que os alunos pudessem expressar o que desejassem ao que diz respeito à disciplina educação física. Talvez esse espaço que os alunos desfrutaram possa contribuir para que se sintam à vontade para opinar em outras pautas em situações futuras.

A Educação Física nos primeiros anos do ensino fundamental: apontamentos

    O desenvolvimento da criança acontece de modo global e não fragmentado. Não há desenvolvimento cognitivo fragmentado do movimento corporal, nem a importância do movimento se reduz ao desenvolvimento físico e motor. A criança se desenvolve de modo integral. Assim, é válido ressaltar que o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e motor estão diretamente relacionados e a mediação nos processos educativos pode contribuir para formar um indivíduo crítico e autônomo, consciente de suas ações.

    A atividade física é imprescindível para as crianças no que diz respeito à aquisição de habilidades psicomotoras e para o desenvolvimento intelectual e social.

    Segundo Basei (2008), a educação física proporciona às crianças numerosas experiências através de situações nas quais elas podem descobrir movimentos novos, criar, brincar, inventar etc., além de dar oportunidade para que descubram seus limites, enfrentem seus medos e desafios, relacionem-se com outras pessoas, aprendam a utilizar a linguagem corporal, conheçam e valorizem o próprio corpo, entre outras situações que contribuem para o desenvolvimento infantil.

    A autora chama a atenção para as diferenças de cada indivíduo, sabendo que cada pessoa tem uma maneira de pensar, jogar, brincar, falar, escutar, movimentar-se, entre outras divergências. A criança expressa seus sentimentos pelo corpo, utilizando inúmeros movimentos e, assim, explora o mundo, estabelecendo vínculos com outras pessoas e com o meio em que está inserida.

    Conforme Becker (2008) o movimento faz parte da vida desde o nascimento e o desenvolvimento da criança é gradativo e em cada fase da vida são adquiridas novas habilidades. Por isso, o professor deve entender que a criança é um ser global que possui sentimentos, emoções, medos, facilidades, dificuldades e deve ser estimulada em todos esses aspectos.

    Quintão et al. (2004) cita que um dos fatores diferenciais para o desenvolvimento do indivíduo é a interferência de outras pessoas. O papel do profissional de educação física deve ser o de estimulador, ou seja, deve estimular a criança a progredir em sua aprendizagem e habilidades por meio de desafios que façam com que elas busquem soluções. Para tanto, este profissional deve conhecer todos os estágios do desenvolvimento infantil para trabalhar o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social de maneira adequada e bem sucedida.

    Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais-PCN (BRASIL, 1997), as aulas de educação física nas séries iniciais do ensino fundamental são de grande importância, pois oferece aos alunos a oportunidade de desenvolver, desde cedo, habilidades corporais e de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e danças, com a finalidade de lazer, expressão de sentimentos, socialização, bem como o desenvolvimento motor.

    Os PCN trazem, também, que a prática da educação física escolar poderá favorecer a autonomia dos educandos para monitorar as próprias atividades, regulando o esforço, traçando metas, conhecendo as potencialidades e limitações, sabendo distinguir situações de trabalho corporal que podem ser prejudiciais à sua saúde, criando assim uma participação ativa do aluno em suas expressões corporais e atividades motoras, fazendo com que ele carregue ao longo de sua trajetória escolar essa autonomia assimilada ao final do ensino fundamental.

    A cultura corporal de movimento, concebida como “parcela da cultura geral que abrange as formas culturais que se vêm historicamente construindo, no plano material e no simbólico”, refere-se a manifestações corporais como o jogo, o esporte, as ginásticas e as práticas de aptidão física, as atividades rítmicas/expressivas e a dança, as lutas/artes marciais, sendo a educação física a área de conhecimento e intervenção que lida com essa cultura mediante referenciais científicos, filosóficos e pedagógicos (BETTI, 2001, p. 156).

    Bracht (1999a, p. 16) ressalta que a educação física é uma “[...] prática pedagógica que tematiza com a intenção pedagógica as manifestações da cultura corporal de movimento”. Betti (1992) afirma que o importante não é só fazer com que as crianças executem o movimento, mas sim fazer com que elas entendam e reflitam sobre o que fazem, oferecendo a oportunidade para que o aluno avance ao nível de sujeito consciente e ativo.

    Conforme Oliveira, Betti e Oliveira (1988), a educação física escolar preocupa-se com o movimento humano dentro do processo educacional, sendo a única disciplina que possui essa finalidade, por isso deve ser entendida como uma prática educacional específica dentro de um projeto pedagógico global.

    A educação física contribui para a instauração de conhecimentos científicos, técnicos, estéticos, entre outros, dentro da escola; e assim pode revelar algo de diferente na vida das pessoas envolvidas e da sociedade, já que o ponto de partida da prática enquanto educação é mostrar situações de equilíbrio da hierarquia educacional, onde se revela importante não apenas o professor como formador de idéias, mas sim o professor – aluno – escola – sociedade, responsáveis pela construção do conhecimento comum (SAVIANI, 2005).

    A disciplina deve promover oportunidades para que o aluno analise, critique, reconheça diferentes manifestações da cultura corporal de movimento, a fim de que tire o melhor proveito possível de seu conhecimento e desfrute do lazer. Betti (1992) aponta que o aluno, ao sair da escola, dever ser um praticante ativo de atividades físicas e que é preciso levá-lo a descobrir os motivos para praticar essas atividades. Esta reflexão permite compreender que ele deve ser autônomo em suas atitudes dentro da escola e também na sociedade em que está inserido.

    O professor de educação física deve auxiliar o aluno a compreender seu sentir e seu relacionar-se na esfera da cultura corporal de movimento (BETTI, 1998).

    A dimensão que a cultura corporal ou de movimento assume na vida do cidadão atualmente é tão significativa que a escola é chamada não a reproduzi-la simplesmente, mas a permitir que o indivíduo se aproprie dela criticamente, para poder efetivamente exercer sua cidadania. Introduzir os indivíduos no universo da cultura corporal ou de movimento de forma crítica é tarefa da escola e especificamente da EF. (BRACHT, 1999b, p. 82)

    Betti (2009) diz que no processo ensino-aprendizagem há graus de liberdade para que o professor mude seus objetivos educacionais, ou seja, o professor pode optar entre diversas possibilidades didático-pedagógicas e sóciopsicológicas que compõem o processo de ensino-aprendizagem da Educação Física escolar, dependendo de suas convicções filosóficas sobre o homem, sociedade e o papel da educação.

    Com essas afirmações, é possível entender que a função pedagógica da educação física é de integrar e introduzir as crianças no mundo da cultura física, formando a criança para a vida (BETTI, 1992). Com isso, podemos buscar que o aluno não pratique uma atividade por praticar e sim saber por quê está praticando, como praticar, quais os benefícios, qual intensidade e frequência, quais os seus significados.

Metodologia

    Esta pesquisa é de natureza qualitativa e caracteriza-se como um estudo do tipo descritivo ou inferencial, que conforme Negrine (1999) possui o propósito de descrever e explicar as idéias das pessoas sobre determinado assunto.

    O estudo foi realizado na cidade de Jaú – SP, em uma escola da rede pública municipal, localizada na região periférica da cidade. A pesquisa de campo envolveu alunos do 3º ano (antiga 2ª série) e do 5º ano (antiga 4ª série).

    A opção por entrevistar alunos de anos/faixas etárias diferentes ocorreu devido à intenção de incluir grupos que embora não tenham diferença muito significativa em termos de faixa etária podem apresentar concepções diferenciadas com relação à educação física escolar diante do tempo maior de vivência da disciplina na escola. Questionamos os alunos sobre o que é a educação física na visão deles e se gostam ou não das aulas desta disciplina. Foram entrevistados vinte e sete alunos. Do 3º ano foram quatorze crianças, 57% do sexo masculino e 43% feminino, com idades entre 7 e 10 anos. Do 5º ano foram entrevistadas treze crianças, 62% do sexo masculino e 38% do sexo feminino, com idades variando dos 9 aos 11 anos.

    Para identificação dos alunos participantes da pesquisa adotamos como descrição a letra A que significa aluno, seguida do número que representa o ano (3 para o 3º ano ou 5 para o aluno do 5º ano) e, na sequência, o número que identifica a ordem de realização das entrevistas. Por exemplo: A3.1 representa o primeiro aluno do 3º ano que foi entrevistado e A5.1 refere-se ao primeiro aluno entrevistado do 5º ano, e assim sucessivamente. Os pais ou responsáveis pelos sujeitos participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, autorizando a participação do seu filho(a) na pesquisa e a publicação das informações obtidas.

    Após a coleta de dados foi realizada análise do conteúdo (BARDIN, 2000) e os significados e afinidade com a educação física na escola, expressos nos relatos dos alunos, são apresentados e discutidos a seguir.

Vozes dos alunos do ensino fundamental: significados e afinidade com a educação física na escola

    Com base nas respostas dos alunos foi possível verificar que a educação física é concebida como um momento para descanso, para brincar e divertir-se.

    A maioria dos entrevistados citou que gosta da educação física por ela oferecer momentos para brincar. A diversão que a educação física proporciona também foi colocada por alguns alunos, bem como os exercícios de alongamentos, a promoção da saúde e os momentos de “descanso” das outras disciplinas escolares. O esporte também foi bastante citado, mais especificamente o futebol.

    No gráfico abaixo apresentamos as respostas obtidas no que se refere a gostar ou não das aulas de educação física.

Gráfico 1. Você gosta das aulas de educação física?

    Diante o gráfico é possível observar que entre os vinte e sete alunos entrevistados vinte e seis gostam das aulas de educação física, enquanto somente uma aluna disse não gostar das aulas alegando o seguinte motivo: “[...] quando eu corro eu sinto falta de ar [...] e não gosto” (A3.5). Contudo, essa mesma aluna relatou que gostaria de ter mais aulas de educação física durante a semana por esse ser o único momento que ela pode brincar na escola.

    Barbosa (1997) diz que as crianças, nos primeiros anos de escola, sentem uma grande necessidade de movimentar-se e as aulas de educação física são primordiais para tal acontecimento, sendo este um dos motivos pelo qual a maioria das crianças gosta das aulas.

    O movimento corporal, por vezes negligenciado na escola, é uma das principais linguagens da criança. Não é possível conhecer o mundo somente pelo pensamento, ou seja, pela razão, sem recorrer à percepção dos sentidos do corpo. E a escola deve propiciar a liberdade de movimentar-se, assim como a mediação adequada do movimento para promover aprendizagens, lembrando que não há desenvolvimento cognitivo e afetivo-social fragmentado do movimento corporal, nem a importância do movimento se reduz ao desenvolvimento físico e motor. Entendemos que o movimento corporal é um dos elementos fundamentais para o desenvolvimento infantil pleno.

    Vale ressaltar que a qualidade das aulas e a motivação dos alunos sofrem grande influência dos procedimentos didáticos pedagógicos do professor, visto que este deve aliar a sua competência técnica ao compromisso de ensinar, despertando a criatividade e conduzindo os alunos à reflexão, a fim de evitar alunos desinteressados ou desanimados. O professor de educação física possui grande vantagem sobre os demais componentes curriculares, já que esta aula pode ser por si só uma prática motivadora (CASTELLANI FILHO, 1998 apud ALMEIDA, 2007).

    Segundo Paiano (2006), o que pode distanciar alguns alunos das aulas de educação física é a não diversificação do repertório de atividades, sendo que, hoje em dia, as escolas atribuem enfoque maior aos esportes coletivos, como o futebol, basquetebol, voleibol e handebol. Ainda, por não atender a todos os gostos e interesses dos alunos pode gerar a exclusão de muitos deles.

    No gráfico 2 é possível visualizar os motivos apontados pelos alunos que gostam das aulas de educação física:

Gráfico 2: Motivos que contribuem para os alunos gostarem das aulas de educação física

    Os alunos do 3º ano citaram as razões pelas quais gostam das aulas de educação física. Para o aluno A3.1: “Gosto porque é divertido”. Os alunos A3.7 e A3.11, apresentaram, respectivamente, opiniões semelhantes: “gosto [...] é exercício... coisas para ficar forte..., bonita”;Gosto... porque tem bastante coisa para exercitar o corpo [...]”.

    O esporte foi o principal conteúdo citado pelos alunos A3.6, A3.8, A3.9, A3.12 e A3.13 quando questionados sobre os motivos que os levam a gostar das aulas de educação física.

    Em pesquisa realizada por Filgueiras et al. (2007) concluiu-se que o gosto por determinados conteúdos, como o esporte, por exemplo, também é influenciado pelo tipo e pela qualidade dos conteúdos desenvolvidos pelos professores de educação física, ou seja, é necessário oferecer aos alunos diversas atividades para que eles tenham oportunidade de experimentar práticas novas. A diversificação dos conteúdos e sua mediação pedagógica adequada podem gerar quadros mais diversificados quanto aos conteúdos preferidos dos alunos.

    O fato de ter a oportunidade de brincar durante essas aulas foi a principal razão que cinco alunos do 3º ano citaram para gostar deste componente curricular. Foi possível compreender isso ao analisar a resposta do aluno A3.2: “Gosto... porque tem muitas brincadeiras e do aluno A3.3: Gosto porque a gente gosta de brincar [...]”.

    De acordo com Friedmann (1996), os jogos/brincadeiras são os grandes responsáveis por estabelecer vínculos sociais entre as crianças, fazendo com que elas aprendam a ganhar e a perder, respeitando todas as regras e aceitando a participação das outras crianças com os mesmos direitos.

    Como consta nos PCN (BRASIL, 1997), as crianças podem interagir com os adversários e buscar o respeito mútuo em um jogo, buscando participar de forma leal e não violenta, sabendo que é fundamental o trabalho em equipe para que a solidariedade possa ser exercida e valorizada.

    Ao analisar as respostas dos alunos do 5º ano foi possível observar que não houve grande diferença em relação às respostas do grupo do 3º ano, já que as justificativas dos alunos para o fato de gostarem das aulas de educação física também giraram em torno da diversão que ela proporciona, como disse A5.3: “Gosto...porque se diverte” e A5.4: “[...] é legal... eu me divirto”, o que mostra novamente o prazer que os alunos vêem em brincar e se divertir na escola. A5.10 e A5.12 apontaram o esporte como motivação.

    Uma resposta que se diferenciou das opiniões dadas pelos alunos do 3º ano foi que a educação física proporciona um tempo “livre” das outras aulas (A5.5 e A5.7). E A5.8 especificou: “Ah... educação física é... como a gente fica bastante tempo na classe... a gente não se exercita... não faz nada, nenhum esporte. A educação física é boa de mexer com os músculos... aí a gente brinca também todos juntos... várias coisas... é bom para a saúde... para mexer os músculos... e também para levantar o ânimo... porque a gente estuda de manhã”. A5.9 também seguiu esta linha de raciocínio dizendo que: “ [...] a gente descansa um pouco”.

    A resposta mais curiosa ficou por conta do aluno A5.11 ao dizer: “[...] é recreio né... só que o professor ensina”. Neste caso, entendemos que o “recreio” para este aluno está relacionado com o tempo que ele tem para brincar, se divertir, descansar ou praticar esportes.

Considerações finais

    Constatamos que na ótica da maioria dos alunos a educação física tem seu significado associado às brincadeiras, aos esportes e ao “descanso” dos outros componentes curriculares e a grande maioria declarou gostar das aulas de educação física.

    Os conteúdos da educação física na escola devem ser abordados de uma forma ampla, nesta faixa etária especialmente, de modo que os alunos conheçam o próprio corpo, descubram movimentos novos, criem, brinquem, inventem, expressem seus sentimentos, estabeleçam vínculos com outras pessoas, respeitando-as e aprendendo a lidar com suas diferenças, enfim, sejam inseridos na cultura corporal de movimento, desenvolvendo uma formação crítica.

    Para alcançar uma aula de educação física de boa qualidade é fundamental que exista a diversidade dos conteúdos, pois cada aluno tem gostos e interesses diferentes e se for ministrada sempre a mesma aula, com as mesmas atividades, há o risco de alguns alunos perderem a vontade de participar dela, gerando a exclusão. Entendemos que este momento da escolarização é propício para valorizar e estimular as brincadeiras, brinquedos e jogos infantis, uma vez que as crianças demonstraram necessidades e desejos relacionados a esses elementos.

    Em síntese, a educação física deve proporcionar aos alunos a construção dos significados (bem como a (re)significação destes) relacionados aos conteúdos da cultura corporal de movimento. Além disso, contribuir para a reflexão sobre normas e valores importantes para a sociedade em que estão inseridos, como todas as demais disciplinas deveriam promover. Assim, estará contribuindo para o aumento do repertório cultural dos alunos, criando condições para o desenvolvimento de sua autonomia e promovendo, dessa forma, o crescimento individual.

Referências

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  • BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2000.

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  • BECKER, Ângela. Importância da Atividade Física no Desenvolvimento da Criança. 2008. Disponível em: http://www.angelabecker.com.br/2008/12/atividade-fsica-e-o-desenvolvimento-da.html. Acesso em: 8 nov. 2009.

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  • FRIEDMANN, Adriana. Brincar: Crescer e aprender - O resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996.

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