A ginástica laboral para trabalhadores do setor de abate de bovinos em uma empresa frigorífica de Várzea Grande, MT La gimnasia laboral para los trabajadores del sector de faenado del bovinos en una empresa frigorífica de Várzea Grande, MT |
|||
Professor de Educação Física da rede pública e particular de ensino em Manaus, AM |
Alexandre da Silva Gonçalves (Brasil) |
|
|
Resumo Qualidade de vida é um conceito que deve ser aplicado a todas as idades, das crianças aos idosos, e deve ser um objeto de preocupação não só dentro do ambiente de trabalho, mas também, nas suas casas, escolas e em todos os lugares. É impossível falar em Qualidade Total sem investimentos na qualidade de vida dos trabalhadores, oferecendo uma condição favorável a realização da atividade laboral com um ambiente saudável e produtivo, para que o trabalhador possa sentir-se valorizado e respeitado. A Ginástica Laboral pode ser compreendida como uma ferramenta que, se utilizada de forma certa, melhora a saúde do trabalhador, reduzindo e muito o seu afastamento do serviço. Busca-se através dessa pesquisa diagnosticar os benefícios proporcionados pela Ginástica Laboral a todos os trabalhadores do setor de abate. A partir disso, vemos que a Ginástica Laboral é uma ferramenta para melhoria da qualidade de vida e que traz melhoras aos trabalhadores, a partir dos problemas identificados, proporcionando melhoras na sua vida laboral. Unitermos: Ginástica laboral. Qualidade de vida. Benefícios bio-psico-emocionais.
Abstract Life quality is a concept that the should be applied all of the ages, of the children to the seniors, and it should be a concern object not only inside of the work atmosphere, but also, in their houses, schools and every place. It is impossible to speak in Total Quality without investments in the quality of the workers' life, offering a favorable condition the accomplishment of the activity laboral with a healthy and productive atmosphere, so that the worker can be valued and respected. The Gymnastics Laboral can be understood as a tool that, if used in a right way, it improves the worker's health, reducing and a lot his/her removal of the service. It is looked for through that research to diagnose the proportionate benefits for the Gymnastics Laboral the all the workers of the section of discount. Starting from that, we see that the Gymnastics Laboral is a tool for improvement of the life quality and that he/she brings improvements to the workers, starting from the identified problems, providing improvements in his/her life laboral. Keywords: Gymnastics laboral. Quality of life. Bio-psycho-emotional benefits.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
1. Qualidade de Vida e ginástica laboral
1.1. Conceito de Qualidade de Vida
Quando nos indagamos sobre o que é Qualidade de Vida, logo imaginamos que é ter um carro novo, uma casa confortável, um emprego estável, se alimentar bem etc., e é muito mais que isto, é ter uma boa saúde física e mental, estar de bem consigo mesmo, com a vida, com as pessoas queridas, enfim, estar em equilíbrio com tudo e todos que estejam ao meu redor. Mas isso pressupõe inúmeras coisas, como hábitos saudáveis, cuidados com o corpo, boas amizades, saber separar trabalho do lazer etc.
Qualidade de vida é um conceito que deve ser aplicado a todas as idades, de crianças a idosos, e deve ser um objeto de preocupação não só dentro do ambiente de trabalho, mas também, em casas, escolas e em todos os lugares.
É impossível falar em Qualidade Total sem investimentos na Qualidade de Vida dos trabalhadores, oferecendo uma condição favorável a realização da atividade laboral com um ambiente saudável e produtivo, para que o trabalhador possa sentir-se valorizado e respeitado.
1.2. Histórico da Ginástica Laboral
Conforme Cañete citado por Polito e Bergamaschi (2003, p. 25), a Ginástica Laboral não é uma atividade física recente. Há relatos deste tipo de atividade desde 1925, na Polônia, onde é chamada de Ginástica de Pausa e destinada a operários. Neste mesmo período, pesquisas foram realizadas na Bulgária, 150 mil empresas, envolvendo 5 milhões de funcionários praticavam e ainda praticam a ginástica de pausa, adaptada a cada cargo.
Mas não foi na Polônia que a Ginástica Laboral começou a ser difundido, o seu desenvolvimento ocorreu no Japão, onde empregados dos correios a realizavam com o intuito de descontração e qualidade de vida.
Após a Segunda Guerra Mundial, esta prática tornou-se habitual, onde quase todos os trabalhadores a praticavam, conseguindo com isso uma melhora significativa em sua produtividade e em sua saúde.
Uma rádio local do Japão é que foi o grande precursor da Ginástica Laboral, onde além de passar exercícios de alongamento muscular e ginástica rítmica, davam informações relativas à saúde do trabalhador.
Como vimos não é de hoje que os empresários estão tendo uma maior preocupação com seus funcionários; eles estão percebendo que podem aumentar seus lucros e produtividade investindo no bem-estar e saúde dos mesmos, onde muitos males são evitados e vários benefícios adquiridos.
A primeira noticia que se tem da Ginástica Laboral no Brasil é de 1901, onde trabalhadores de uma fábrica de tecidos situada em Bangu, no Estado do Rio de Janeiro, reuniam-se ao redor de um campo para praticar atividade física.
De acordo com Lima (2003, p. 5):
Em 1985, a Fundação Emilio Odebrecht publicou que, no Brasil, apenas 1% do prêmio seguro que os empregados pagam ao INSS é utilizado em medidas preventivas, enquanto 99% se dirigem as medidas curativas. Isso reflete a predominância dos pressupostos mais ortodoxos na medicina curativa, cujo foco recai sobre o individuo doente e não sobre o individuo saudável, com vistas neste caso, a garantir níveis cada vez mais elevados de bem-estar físico, mental e social.
Como vimos, outrora era investidos mais recursos em trabalhadores doentes do que em trabalhadores saudáveis, uma vez que o melhor é o contrário, onde o objetivo principal é a promoção da saúde do trabalhador. De tal forma que, a Ginástica Laboral analisa a importância da reeducação postural, o alívio do estresse e a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.
Sendo assim, a Ginástica Laboral começa a ser compreendida como uma ferramenta que, se utilizada de forma certa, melhora a saúde do trabalhador, reduzindo e muito o seu afastamento do serviço.
1.3. Mas o que é Ginástica Laboral?
Como o próprio nome diz: Ginástica Laboral, (labor = trabalho), a Ginástica Laboral é um tipo de ginástica realizada no ambiente de trabalho, não só por trabalhadores braçais, mas também por digitadores, líder de produção, gerente, administrador, enfim, por todos que queiram sentir uma melhora significativa na sua saúde física e mental.
Segundo Lima (2003, p.7):
A Ginástica Laboral pode ser conceituada como um conjunto de práticas físicas, elaboradas a partir da atividade profissional exercida durante o expediente de trabalho, que visa compensar as estruturas mais utilizadas no trabalho e ativar as que não são requeridas, relaxando-as e tonificando-as.
Mas engana-se quem pensa que a Ginástica Laboral é apenas uma atividade de alongamento muscular. Ela é muito mais que isso, ela nos proporciona momentos de lazer, descontração e interação entre os trabalhadores.
É nesse momento que eles deixam de lado seus problemas, buscando através das brincadeiras e atividades minimizar o estresse do dia-a-dia.
1.4. Classificação quanto a horários e objetivos
Existem três tipos específicos de Ginástica Laboral, que são realizados em momentos diferentes e com objetivos diferentes, vejamos quais são:
1.4.1. Ginástica laboral de Aquecimento ou Preparatória
Realizada no começo do expediente de trabalho, quer seja no início do turno da manhã, tarde ou noite. Possui como objetivo principal despertar o trabalhador, além de aquecer os grupos musculares que serão solicitados.
Segundo Mendes e Leite (2004, p. 4):
A Ginástica Laboral de aquecimento ou preparatória proporciona melhores condições físicas e mentais aos funcionários, pois os prepara para reagirem aos estímulos externos com reações mais adequadas para situações de trabalho, principalmente quando há risco de erros, de acidente ou necessidade de manuseio de equipamentos e máquinas que exijam muita atenção, velocidade, força e/ou muita repetição dos movimentos durante a execução das tarefas de trabalho.
1.4.2. Ginástica Laboral de Pausa ou Compensatória
Ginástica realizada durante o expediente de trabalho, onde é interrompido o trabalho para a execução da mesma, realizando exercícios compensatórios ao esforço físico realizado.
Seu objetivo é prevenir vícios posturais, trabalhando musculaturas pouco exigidas e relaxando aquelas exigidas em demasia.
1.4.3. Ginástica Laboral de Relaxamento ou Final
Para Lima (2003, p. 18):
É uma ginástica com duração aproximada de 10 minutos, baseada em exercícios de alongamento e relaxamento muscular, e realizada no final do expediente, com objetivo de oxigenar as estruturas musculares envolvidas na tarefa diária.
Conforme Mendes e Leite (2004, p. 8), “este tipo de ginástica é o melhor empregada aos trabalhadores que atendem ao público, por exemplo, bancários e atendentes.”
1.5. Benefícios da Ginástica Laboral para os Funcionários
A Ginástica Laboral promove inúmeros benefícios, tanto para os funcionários como para as empresas, além de prevenir doenças ocupacionais ela proporciona melhora na qualidade de vida dos trabalhadores.
O funcionário, ao realizar a ginástica, pode adquirir outros benefícios à sua saúde, vejamos:
Fisiológicos
Promove o combate e prevenção das doenças profissionais;
Promove o combate e prevenção do sedentarismo, estresse, depressão e ansiedade;
Promove a sensação de disposição e bem-estar para a jornada de trabalho.
Psicológicos
Motivação por novas rotinas;
Melhora a auto-estima e a auto-imagem;
Desenvolvimento da consciência corporal;
Combate as tensões emocionais.
Sociais
Favorece o relacionamento social e o trabalho em equipe;
Melhora as relações interpessoais.
2. Características do trabalho no setor de abate de empresas frigoríficas
Ao falarmos do trabalho em frigoríficos, não imaginamos o quão desgastante ele é. Muitas vezes os funcionários realizam a mesma atividade laboral por dias, semanas e até meses. Imagina o quão estressante e monótono é realizar tal atividade, sem contar que se realiza um único movimento das 6 até as 16 horas. Tudo isso acaba gerando uma enorme tensão no grupo muscular que está sendo trabalhado, originando lesões osteomusculares.
Mas não podemos culpar somente os movimentos repetitivos, pois existem outros fatores que contribuem e muito para a existência das doenças no ambiente de trabalho, vejamos alguns:
Exigência da utilização da força conjuntamente com vários movimentos. imagine um trabalhador flexionando e estendendo a coluna inúmeras vezes por dia, e ao flexionar a coluna pega um peso de 2 kg, esse é o trabalho de um funcionário que realiza a retirada da sangria do boi. Há também, o funcionário que realiza a retirada da cabeça do boi e coloca-a numa pia para a lavagem; imagine o estresse que seu bíceps sofre, levantando várzea cabeças pesando em torno de 10 kg cada uma.
Posição inadequada. Muitas vezes por estarem cansados ou por acharem que a posição correta é a mais difícil, os funcionários acabam realizando uma postura inadequada e prejudicial, o que, poderá originar lesões.
Não há rodízios do grupo muscular nem de funções. Os funcionários do toalete, por exemplo, realizam movimentos giratórios dos punhos inúmeras vezes ao dia, sem haver um maior movimento em outros músculos.
Velocidade acelerada na nórea. Este é um dos fatores que mais preocupa, pois chegando cedo e saindo tarde do serviço o funcionário passa muito, muito tempo longe de casa, e para evitar isso, acaba pedindo um aumento na velocidade da nórea, que da normal de 80 a 100 bois por hora acaba subindo para 140 a 160 bois por hora, um aumento exagerado, o que contribui e muito para cortes, lesões osteomusculares e queda na qualidade do produto, pois com tal velocidade é impossível realizar a tarefa perfeitamente.
Outro fator preponderante, juntamente com o anterior, é o da pressão das chefias para cumprir a meta estipulada para cada produto e subproduto. Os empresários, gerentes e líderes de produção querem que o abate comece às 6 horas da manhã e termine às 3 horas da tarde, com um abatimento de 1.200 cabeças diárias, o que é impraticável.
Todos esses fatores devem ser analisados e reavaliados, pois a cobrança acaba no funcionário que para não perder o seu emprego submete-se a tais situações, deixando de lado o seu bem mais valioso: a sua saúde.
2.1. Descrição geral do fluxo de produção no abate de bovinos
No setor de abate de bovinos são 5 etapas no processo de linha de produção, onde o boi é abatido e processado por 105 funcionários em aproximadamente 30 minutos (isso sem quebras, falhas nas nóreas, funcionários na linha de produção e velocidade moderada).
Os processos do abate do boi são os seguintes: atordoamento, esfola, evisceração, toalete e pesagem. A passagem de um processo ao outro é realizada com a utilização de transportes de correntes, chamadas de nóreas. Vejamos agora as características de cada processo:
Atordoamento: este processo é onde tudo começa; o boi chega vivo e recebe uma pistolada de ar comprimido na cabeça, o que resulta num atordoamento; depois ele é içado e colocado na nórea de cabeça para baixo. Os funcionários ao realizar tal processo têm que inclinar o corpo à frente a mais ou menos 90º, segurando uma máquina (pistola de atordoamento) que pesa 10 Kg.
Esfola: este processo é o de retiragem de couro. Os funcionários retiram todo o couro do boi, ao fazê-lo, fazem uma força no punho e coluna. No punho, para retirar o couro do traseiro e, na coluna, quando a flexionam para retirar o couro do dianteiro.
Evisceração: Este é, sem dúvida, o processo mais difícil e o que mais gera doenças aos funcionários. A maioria dos casos de bursite, tendinite e dores na coluna, relacionadas no setor de abate, saem desse local.
A atividade realizada neste processo é a retirada das vísceras do boi, e onde o funcionário tem que realizar movimentos giratórios com os punhos, flexão da coluna e dos joelhos.
Toalete: aqui os movimentos mais executados são: flexão e extensão dos punhos, abdução e adução dos ombros e raramente ocorre uma flexão de coluna.
Pesagem: este é o último processo, no setor de abate de bovinos e onde não há registros de ocorrências de doenças ocupacionais.
Como vimos os exercícios a serem aplicados serão apropriados para sanar as exigências impostas a cada músculo, mas lembrando que em cada processo deve-se dar ênfase em uma articulação, pois do que adianta priorizar o punho no atordoamento se o que mais eles fazem são a flexão e extensão da coluna e do cotovelo.
2.2. Metodologia e descrição das aulas de Ginástica Laboral para os trabalhadores do setor de abate de bovinos
Esta pesquisa caracteriza-se por ser do tipo pesquisa de campo e experimental, na mesma foi utilizado um questionário, com 18 perguntas fechadas, para conhecer o nível de estresse e um teste para identificar os pontos dolorosos do corpo dos trabalhadores, a fim de saber qual o tipo de exercício a ser aplicado.
O questionário e o teste foram aplicados num primeiro momento (pré-teste), no período de 03, 04, 05 e 06 de abril de 2006. A amostra da pesquisa foi constituída de 30 trabalhadores, sendo 15 homens e 15 mulheres, todos solteiros, com faixa etária entre 20 de 30 anos e com, no, mínimo, 5 anos de empresa e sendo todos do abate de bovinos.
Experimento desenvolvido foram aulas de Ginástica Laboral do tipo de aquecimento ou preparatória, ou seja, realizada antes do expediente de trabalho, e foram realizadas no período de 10 de abril a 14 de julho, no horário das 6:00 às 6:10 na área suja (atordoamento e esfola) e das 6:20 às 6:30 na área limpa (evisceração e toalete) de Segunda a Sexta-feira.
As aulas foram assim elaboradas: de Segunda a Quarta-feiras realizava exercícios de alongamentos e aquecimento muscular com ênfase nas articulações mais solicitadas em cada processo. Quinta e Sexta-feira realizávamos exercícios de alongamento e aquecimento com ênfase em massagem, devido ao estresse sofrido pelos músculos nos dias anteriores.
3. Apresentação e discussão dos resultados
Nesta parte do trabalho destacamos os resultados da pesquisa, dando ênfase num primeiro momento aos pontos dolorosos do corpo dos trabalhadores pesquisados antes da Ginástica Laboral e depois da mesma.
Posteriormente, vamos analisamos o nível de estresse dos trabalhadores através de um questionário em que as respostas são classificadas numa escala de nível de estresse. Faremos também a comparação do nível de estresse dos trabalhadores antes e depois da Ginástica Laboral.
3.1. Pontos dolorosos do corpo antes e após a Ginástica Laboral
Em relação aos pontos dolorosos do corpo dos trabalhadores na área frontal, verificamos que, antes da Ginástica Laboral, 12 funcionários sentiam dores no ombro direito e 10 no esquerdo, 15 no joelho direito e 9 no esquerdo, 18 no pé direito e 18 no pé esquerdo.
Depois do desenvolvimento da Ginástica Laboral, verificamos que houve uma diminuição dos que sentiam dores no ombro direito de 12 trabalhadores para 3; no ombro esquerdo houve uma diminuição de 10 sujeitos para 2. No joelho direito houve uma diminuição de 15 para 4 trabalhadores; dos 9 funcionários que sentiam dores no joelho esquerdo antes da Ginástica Laboral, depois do desenvolvimento da mesma todos deixaram de sentir dor. Dos 18 trabalhadores que indicaram sentir dores nos pés direito e esquerdo, apenas 7 relataram continuar sentido dor no pé direito e 6 no pé esquerdo após a Ginástica Laboral.
Quadro 01. Pontos dolorosos do corpo – Área Frontal
Ombro direito |
12 |
GL |
3 |
Ombro esquerdo |
10 |
GL |
2 |
Joelho direito |
15 |
GL |
4 |
Joelho esquerdo |
9 |
GL |
- |
Pé direito |
18 |
GL |
7 |
Pé esquerdo |
18 |
GL |
6 |
FONTE: Dados coletados pelo próprio pesquisador (10/2006)
Quanto à área posterior do corpo, verificamos que antes da Ginástica Laboral 14 trabalhadores sentiam dores na região cervical e 21 na lombar, mas que após o desenvolvimento do experimento os números de trabalhadores com dores na região cervical caíram para 5 e com dores na região lombar caiu para 3.
Quadro 02. Pontos dolorosos do corpo – Área Posterior
Cervical |
14 |
GL |
5 |
Lombar |
21 |
GL |
3 |
FONTE: Dados coletados pelo próprio pesquisador (10/2006)
Já nos pontos dolorosos das mãos, antes da Ginástica Laboral 8 colaboradores sentiam dores no dorso da mão direita e 9 no dorso da mão esquerda, 7 sentiam dores na palma da mão direita e 11 na palma da mão esquerda. Após o desenvolvimento do experimento esses números foram reduzidos a zero.
Quadro 03. Pontos dolorosos das mãos
Mão Direita |
Mão Esquerda |
Palma |
Palma |
7 (GL) |
11 (GL) |
Dorso |
Dorso |
8 (GL) |
9 (GL) |
FONTE: Dados coletados pelo próprio pesquisador (10/2006)
Deste modo, percebemos que houve melhoras significativas em relação à sensação de dor no corpo após a Ginástica Laboral. O que evidencia que o programa de Ginástica Laboral desenvolvido para os trabalhadores do setor de abate foi eficaz para a diminuição das dores no corpo dos mesmos, proporcionando resultados positivos para contribuição da saúde e qualidade de vida dos trabalhadores. Como foi possível verificar, as partes do corpo mais acometidas por dores são os ombros, coluna (cervical e lombar), joelhos e pés, isto porque estas partes são as mais solicitadas na execução das atividades laborais em cada processo.
3.2. Avaliação do nível de estresse dos trabalhadores antes e depois da Ginástica Laboral
Para avaliar o nível de estresse dos sujeitos da pesquisa. Utilizamos um questionário com 18 perguntas fechadas. Cada pergunta tinha 6 alternativas, cada alternativa recebia um número que, no final da entrevista, foi somado para classificar o nível de estresse dos pesquisados em uma das 7 possibilidades ou categorias.
Estas categorias representam um escalonamento que vai de um indivíduo totalmente sem estresse (positivo bem-estar) até um indivíduo com nível de estresse muito alto e comprometedor (sofrimento severo). A seguir vamos apresentar todas as categorias e definir o que elas significam:
Positivo bem-estar = indivíduos que não apresentam estresse e estão com uma boa qualidade de vida, ou seja, estão num quadro de bem-estar.
Baixa positividade = indivíduos que não apresentam estresse, porém, o nível de bem estar positivo é baixo.
Marginal = indivíduos que não apresentam estresse, mas que não podem ser considerados num quadro de bem estar. Representa uma linha de equilíbrio.
Problemas de estresse = indivíduos que estão num estágio inicial ou com baixo nível de estresse.
Sofrimento = indivíduos que estão sofrendo por problemas de estresse.
Sofrimento sério = indivíduos que tem um grau de comprometimento maior devido a problemas de estresse.
Sofrimento severo = indivíduos altamente comprometidos num quadro de estresse, precisando de ajuda especializada no seu tratamento.
A seguir apresentaremos um quadro com os dados coletados em relação ao nível do estresse dos trabalhadores do abate de bovinos.
Quadro 04. Nível de estresse dos trabalhadores do abate de bovinos de um
frigorífico de Várzea Grande, antes e depois da Ginástica Laboral
Categorias de Estresse |
Antes |
Depois |
Positivo bem-estar |
3 |
6 |
Baixa positividade |
4 |
17 |
Marginal |
18 |
4 |
Problemas de estresse |
2 |
3 |
Sofrimento |
- |
- |
Sofrimento sério |
3 |
0 |
Sofrimento severo |
- |
- |
TOTAL |
30 |
30 |
FONTE: Dados coletados pelo próprio pesquisador (10/2006)
Como foi mostrado no quadro anterior houve uma diminuição de estresse nos funcionários, pois antes da Ginástica Laboral apenas 3 trabalhadores foram classificados na categoria positivo bem-estar e após a Ginástica Laboral este número aumentou para 6. Na categoria baixa positividade, 4 trabalhadores encontravam-se nesse quadro antes da Ginástica Laboral e depois esse número aumentou para 17. Os 18 sujeitos que se encontravam na categoria marginal foram reduzidos a 4, já na categoria marginal os 18 trabalhadores foram reduzidos a 4. Apenas 2 trabalhadores foram classificados na categoria problemas de estresse antes do desenvolvimento da Ginástica Laboral, mas após o seus desenvolvimento esse número subiu para 3. Nenhum colaborador foi classificado na categoria sofrimento, mas na categoria sofrimento sério 3 trabalhadores foram classificados antes da Ginástica Laboral que, após a mesma esse número foi reduzido a zero. Já na última categoria sofrimento severo, não tivemos nenhuma classificação tanto antes da Ginástica Laboral como depois dela.
Considerações finais
Com base na análise dos resultados pode-se concluir que a Ginástica Laboral proporciona benefícios para aqueles que usufruem de suas atividades, pois sendo um programa direcionado a promoção da saúde, faz com que seus praticantes conscientizem que a prática de atividades físicas é importante para manter uma vida saudável onde a mesma minimizou os números de dores no corpo, como também um aumento da relação intra e interpessoal dos funcionários devido à diminuição do estresse.
A partir disso, posso afirmar que a Ginástica Laboral é uma ferramenta para melhoria da qualidade de vida e traz melhoras aos trabalhadores, a partir dos problemas identificados, proporcionando melhoras na sua vida laboral.
Referências
Benefícios da Ginástica Laboral. Disponível em: http://HYPERLINK "http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_frame.asp?cod_noticia=849" www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_frame.asp?cod_noticia=849 acesso em 30/08/06;
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1991.
LIMA, Valquíria. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho – São Paulo. Phorte, 2003.
MENDES, Ricardo Alves; LEITE, Neiva Ginástica Laboral: princípios e aplicações práticas – Barueri, SP. Manole, 2004.
OLIVEIRA, Elke. Fibromialgia – ponto de vista. Disponível em: http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudos frame asp?cod noticia = 1383; acesso em 24/09/06.
POLITO, Eliane; BERGAMASCHI, Eliane. Ginástica Laboral: Teoria e prática – Rio de janeiro. Sprint, 2003.
RANDAM, Jenner. Tendinite e Bursite. Disponível em: http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo-frame.asp?Cód_noticia = 750; acesso em 24/09/2006.
SILVA, Marco Aurélio Dias da. MARCHI, Ricardo de. Saúde e qualidade de vida no trabalho. São Paulo, Best Seller, 1997.
VOLTOLINI, Ellen Witzel Rechia. LERs: Lesões por esforços repetitivos, DORTs: distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. In: Enfoque Institucional, ano 3, nº 6, abril 2004.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 181 | Buenos Aires,
Junio de 2013 |