A ginástica intervalada como
conteúdo de ensino La gimnasia intervalada como contenido de enseñanza de la Educación Física en la escuela The interval gymnastic as teaching content in school physical education |
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Vice-Diretor da ESEF/UFPel Prof. Associado IV do Departamento de Ginástica e Saúde (Brasil) |
Dr. Flávio Medeiros Pereira |
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Resumo Oriunda de ambiente escolar a Ginástica Intervala (GI) tem dois momentos: a Fase de Intervalo Ativo (FIA) e a Fase de Exercitação Específica (FEE). A FIA é constituída de exercícios de baixa intensidade e complexidade, como marchas e corridas principalmente estacionárias. A FEE compreende exercícios localizados de força e resistência, como abdominais, apoios, agachamentos, e de flexibilidade. Pedagogicamente referenciada, como conteúdo de ensino de Educação Física sua prática propicia o desenvolvimento de capacidades físicas e de conhecimentos. Independente de música, locais e materiais sofisticados, a GI é praticada sem interrupções com seqüências de FIA e FEE. Estudos e experiências pedagógicas dão sustentação científica de seus benefícios e possibilidades de uso escolar. Unitermos: Educação Física. Escola. Conteúdo. Ginástica intervalada.
Resumen Originaria de la escuela de Gimnasia Intervala (GI) tiene dos fases: Fase de Intervalos Activos (FIA) y Fase de Ejercitación Específica (FEE). La FIA consiste en ejercicios de baja intensidad y complejidad, tales como marchas y carreras principalmente estacionarias. La FEE comprende ejercicios localizados de fuerza y resistencia, como abdominales, apoyos, sentadillas y de flexibilidad. Pedagógicamente referenciada como contenido de la enseñanza de la Educación Física, su práctica proporciona el desarrollo de capacidades físicas y conocimientos. Independiente de música, espacios y materiales sofisticados, la GI se practica sin interrupciones, secuencialmente las FIA y las FEE. Estudios y experiencias pedagógicas proporcionan apoyo científico de sus beneficios y posibilidades de uso en la escuela. Palabras clave: Educación Física. Escuela. Contenido. Gimnasia intervalada.
Abstract Coming from the school environment the Interval Gymnastics (IG) has two phases: Active Interval Phase (AIP) and Specific Exercises Phase (SEP). The AIP consists of low-intensity exercise and complexity, such as marches and runs mostly stationary. The SEP includes localized exercises of strength and endurance, such as curl-ups, push-ups, squats, and for flexibility. Pedagogically referenced as content teaching physical education, her practice provides the development of physical skills and knowledge. Independent of music, and sophisticated local and materials, the IG is practiced with uninterrupted sequences of AIP and SEP. Studies and teaching experience give scientific support for the benefits and possibilities for school use. Keywords: Physical Education. School. Content. Interval gymnastics.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Este ensaio, propositivo e não prescritivo objetiva socializar uma metodologia gímnica para aulas de Educação Física (EF). Suas bases filosóficas, pedagógicas e cinesiológicas-fisiológicas encontram-se respectivamente em Pereira (1988, 1994 e 2005).
A Ginástica Intervalada (GI, gê-i) surgiu no cotidiano escolar para solucionar problemas concretos de aulas práticas de EF em instituição carente de material e instalações, notadamente quando de mau tempo. Não sendo refém do clima, improvisos ou dogmas a EF necessita comprometer-se com a formação de cidadãos aptos, críticos e participativos. EF que ao visar à exercitação física continuada relembra Suchodolski (1977) que trata da “cultura para todos os dias e não somente para os domingos”.
A ginástica é conteúdo histórico da EF escolar. Conforme Pereira (1988, 227-228) a ginástica compreende:
... a exercitação corporal, o conjunto de exercícios físicos e mentais em ações que solicitem e ativem os diversos sistemas e aparelhos orgânicos, visando o desenvolvimento de qualidades físicas, mentais e sociais do ser humano. A ginástica consiste em atos motores visando à beleza, a eficiência e harmonia corporal.
A ginástica precisa de aprendizado e é uma ação essencialmente humana, cultural, “não-natural”. Ela ajuda o homem a “retornar” à natureza, usando os músculos, o cérebro e os sentimentos com intensidade maior do que é freqüente e necessário numa sociedade que, sempre em mudança, tende a diminuir estes requisitos motores e cognitivos. A ginástica não se reduz ao exercício físico. Mas sem exercitação corporal não existe ginástica. A essência da ginástica é o exercício físico, que, fenomenicamente implica: subjetividade, objetividade, axiologia, aprendizado, prática, técnica, método, processo, repetição, contradição, totalidade, continuidade e necessidade de espaço e tempo.
Desenvolvida em escola a GI obrigatoriamente se referencia pedagogicamente. É um meio educativo para ajudar os alunos a serem sujeitos de suas vidas. Vidas se concretizam na realidade objetiva com todas suas mazelas e potencialidades.
A GI diferencia-se das formas gímnicas como a Ginástica Artística ou Rítmica. Distingue-se também de práticas de academias, com coreografias, implementos sofisticados e música. A GI compõe-se de exercícios ginásticos elementares, os quais, como conteúdo de ensino requerem a participação ativa física e mental dos alunos. Praticar sem conhecer não possui o caráter pedagógico e, apenas lendo ou discutindo sobre a ginástica, sem prática motora apenas se reforça os malefícios do sedentarismo.
2. A ginástica intervalada
A GI iniciou sendo praticada no pátio escolar e em sala de aula. Ela sofreu influência da Ginástica Localizada, com exercícios elementares e sem implementos, do Boxe; com exercitação em ambiente fechado, como pular corda; do Karatê, com as rotinas, Katas e, principalmente do Circuit Training e do Interval Training. Do uso empírico em aulas de EF, com experimentos, estudos e pesquisas, pedagogizou-se a GI como conteúdo escolar. Na ambiência escolar ela requer a interligação pedagógica entre objetivos, planejamento, conteúdos, competências, ensino e avaliação, considerando tempo, materiais e instalações disponíveis.
A GI tem objetivos imediatos e futuros visando melhorias corporais e cognitivas nos alunos. Além de valores comprometidos com a cidadania, visa-se o aprendizado técnico-gestual, o desenvolvimento de habilidades e capacidades físicas, o gosto pela prática da ginástica e bases crítico-cognitivas para a exercitação continuada no futuro.
Antes do início do ano letivo o planejamento do ensino da GI é elaborado entre os professores de EF, com colegas de outras disciplinas e a administração escolar. São previstas aulas e atividades de EF, escolhidas as turmas, dias da semana e horários, materiais e locais das aulas. No primeiro dia de aula é apresentado o plano de ensino aos alunos. Em acatando alterações, é afixada uma síntese desse plano com: professor, turma, datas, horários e objetivos, conteúdos, locais e materiais de cada aula.
Os conteúdos são identificadores e caracterizadores das disciplinas. No seu desenvolvimento se concretizam valores e concepções pedagógicas. Num entendimento amplo, os conteúdos implicam processos, ações, idéias, convicções, competências, conhecimentos, habilidades, hábitos e atitudes. Sinteticamente eles se referem ao que de fato é lecionado. Os conteúdos de ensino são imprescindíveis para o desenvolvimento de competências e tem várias classificações: declarativos, condicionais, conceituais, procedimentais, atitudinais, históricos, sócio-culturais, etc.. Considerando que as atitudes compreendem atividades, que valores se concretizam nos atos humanos, e que conhecimentos são mais do que conceitos, os conteúdos da GI subdividem-se em práticos e cognitivos. Um conteúdo prático-motor exemplifica-se na realização de exercícios como abdominais. Um conteúdo cognitivo tipifica-se nos questionamentos e comparações feitos pelos alunos. Eles podem ser tratados nos espaços didáticos das aulas, auxiliados com material impresso, eletrônico ou com grupos de estudos em redes sociais.
As competências são vinculadas ao fazer correto, à prática eficaz. Somente se é competente com realizações. Pedagogicamente para a GI, dentre outras, aos professores requerem-se competências como: planejar, objetivar o ensino, responsabilizar-se, trabalhar coletivamente, dominar os conteúdos, variar aulas com criatividade e motivação, avaliar, pesquisar e socializar suas práticas pedagógicas. Precisa também: manter-se em forma, atualizar-se e se autoquestionar. Aos alunos visam-se, dentre outras, competências, como: dispor de nível de proficiência física-cognitiva que propicie condições para a exercitação física ao longo da vida, capacidade de autocrítica, auto-avaliação, autonomia em seus aprendizados, participação e liderança de grupos.
O ensino da GI operacionaliza-se nas aulas regulares de EF. Basicamente a disposição dos alunos é em semicírculo. O professor em posição central pode observar a todos e todos o visualizam. Durante práticas individuais ou grande grupo, os escolares ocupam todo o espaço pedagógico disponível. A ação docente é sempre presencial e aproximada aos alunos, incentivando, questionando, corrigindo, exemplificando, motivando. Anota situações pedagógicas, valoriza os esforços dos alunos, e ações éticas e criativas. Quando necessário parcializa o ensino, mas privilegia a aprendizagem por solução de problemas. Usa “seminários” momentos em aula para os alunos assumirem condições de liderança. Utiliza fichas com rotinas de GI e a prescreve como tema para casa.
As aulas com GI têm quatro fases encadeadas: introdução, “aquecimento”, parte principal e finalização. O foi realizado anteriormente é revisado subseqüentemente. A GI pode ser praticada seguindo orientação: a) docente; b) do conjunto professor-alunos, c) ou somente dos escolares,sempre com a elevação gradual de quantidade de repetições, grau de dificuldade e tempo de exercitação. Os alunos se exercitam conforme suas individualidades com o professor os questionando sobre os objetivos e técnica gestual do que é praticado.
A GI pode ser usada: a) no aquecimento; b) em metade do tempo da parte principal da aula; c) durante toda essa fase; d) na finalização. Seu ensino é demarcado pelo questionamento, co-responsabilidade, promoção pedagogicamente fundamentada do conhecimento e da aptidão física.
As avaliações, vitais para a verificação da aprendizagem, sendo certificativas dos avanços nos adiantamentos. Sua prática explicita valores, competências e concepções didático-pedagógicas. Servem de subsídio para planejamentos, reflexões e melhorias nas práticas pedagógicas. Com avaliações diagnósticas, formativas e somativas, usam-se registros de proficiência motora e cognitiva e de ações discentes que evidenciem comportamentos de: volição, autonomia, cooperação, presteza, autodisciplina, dentre outros, A complexidade e exigências avaliativas se elevam com os adiantamentos e as condições concretas dos escolares. Freqüência avaliativa, critérios e formas das avaliações são de conhecimento prévio dos alunos. Elas são analisadas coletivamente após sua realização. Conteúdos práticos são avaliados com provas práticas, demonstrações de melhorias na aptidão e habilidade, incluindo testes criados conjuntamente pelo professor e seus alunos. Conteúdos cognitivos avaliam-se com provas teóricas, verbais ou escritas, com esclarecimentos e justificativas. Cuidados com fichas, cumprimento de prazos, auto-avaliações, são consideradas para notas e pareceres, com menores valores que os atribuídos a avaliação da aprendizagem cognitivo-motora.
Na sua utilização escolar a GI precisa apenas de espaços com cerca de 2 m2 por aluno e ao abrigo de intempéries. Implementos ginásticos contribuem para a elevação do teor qualitativo das aulas, pois eles motivam os alunos, variam os exercícios e sobrecarregam determinados grupamentos musculares e segmentos corporais. Faltando implementos ginásticos, como “mais vale acender uma vela do amaldiçoar a escuridão” os professores podem apelar para a improvisação, sem deixar de lutar por apropriadas condições de trabalho,
Escolarmente a GI se concretiza através do exercício físico educativo. Exercício é termo usado sempre ativamente evocando ação, atividade. Em português inexistem o aexercício ou desexercitado. Fenomênica e objetivamente o exercício é uma forma qualitativa/quantitativa superior, mais desenvolvida de atividade física.
Conceitualmente tem-se:
A GI compreende a prática de conjunto exercícios físicos com alternância na intensidade dos esforços, em ações conscientes, processuais e objetivadas. A GI é uma forma ginástica onde, metodicamente, exercícios mais suaves, com de caráter de espaçamento e de manutenção do corpo em atividade, se intercalam com outros exercícios ginásticos mais fortes e mais específicos. (Pereira, 2005, 10)
A prática da GI implica em contínua exercitação física e mental dos alunos. Ela compreende seqüencialmente duas fases distintas: a Fase de Intervalo Ativo (FIA) e a Fase de Exercitação Específica (FEE).
FIA. Basicamente é composta por marchas e corridas, com pequenos deslocamentos ou estacionárias, ou outros exercícios de baixa complexidade. Nela o rigorismo técnico-gestual e o tempo de atividade são mais flexíveis.
Na FIA, esforços de menor intensidade, intercalam-se entre outros exercícios para manter o corpo com a freqüência cardíaca elevada e proporcionar momentos de reflexão aos alunos. Durante a FIA eles pensam, principalmente, no que realizaram na fase anterior, no que fazem no momento e na exercitação a seguir. Enquanto “descansam” o corpo os escolares estimulam o cérebro.
A FIA também pode ser constituída por outros exercícios ginásticos: abdominais ou Polichinelos ou esportivos: ginga da Capoeira ou passes do Futsal, ou ainda passos de Dança. Para motivar e diversificar as aulas se incluem nas marchas-corrida, movimentos de membros superiores, inferiores e de tronco como: giros, rotações, elevações, abrir-fechar mãos, torções, rotações e inclinações, deslocamentos em círculo, quadrado, semicírculo, zig-zag, com elevações-afastamento de joelhos, saltitos, sobre passos, saltos, etc.
A duração das FIA oscila entre 15 a 90 segundos, sendo 30 segundos o tempo-padrão. Sua duração, intensidade e conteúdos variam conforme: objetivos, condição física dos alunos, implementos e tempo disponíveis. Referenciando-se com a corrida estacionária num ritmo de trote, o tempo de 15 segundos corresponde à contagem de 20 passadas, consideradas cada vez que um dos pés toca no solo ou 40 passadas totais.
FEE. É composta de exercícios ginásticos elementares, que visam mobilizar determinados segmentos e regiões corporais e, no seu conjunto, exercitar todo o corpo, da cabeça aos pés, regiões frontal e posterior do corpo e lados direito e esquerdo. Pelas FEE são desenvolvidas, principalmente, capacidades físicas como: força, resistência muscular localizada, coordenação motora e flexibilidade. Da duração total das FIA e FEE, a GI propicia o desenvolvimento da resistência aeróbica.
Operacionalmente as FEE compreendem séries de exercícios ginásticos, intercalados pelas FIA, com repetições cadenciadas e subdivididos em seis subgrupos. Cada exercício, que repetido compreende uma FEE, implica em: posição inicial (PI), ação (A) movimento até a posição final (PF), retorno a PI. Para uma série de 15 repetições de um como o Apoio, o aluno realiza sem interrupções, 15 movimentos de flexão e extensão dos cotovelos (A) até tocar o peito no solo e voltar a estar apoiado nas palmas das mãos com médio afastamento e na ponta dos pés unidos com o corpo estendido e olhar para frente (PI-PF). As FEE podem ser de 15 a 90 segundo, podendo se estender por até dois minutos. A FEE-padrão dura o mesmo que a FIA: 30 segundos.
Os componentes básicos da FEE são exercícios para:
Membros Inferiores (MI). O exercício-referência é o “Agachamento”. PI-PF: com o aluno em ortostática. A: flexão-extensão dos joelhos, baixando o corpo com angulação coxa-perna próxima de 90 graus.
Abdominais (ABD). O exercício-referência é o “ABD”. PI: aluno em decúbito dorsal, nuca no solo, braços cruzados sobre o peito, flexão do quadril e joelhos, com as coxas na vertical. A: flexão do tronco para frente, mantendo a região lombar no solo e movendo os cotovelos até tocarem no meio das coxas, PF. Retorno a PI.
Membros Superiores (MS). O exercício-referência é o “Apoio” descrito anteriormente;
Região Posterior do Corpo (PC). O exercício-referência é a “Inclinação Frontal do Tronco”. PI: Aluno em ortostática, mãos unidas na nuca e pés com afastamento igual à largura dos ombros. A: “encaixando do quadril”, com leve flexão dos joelhos, inclina-se o tronco para frente, até formar um ângulo de aproximadamente 60 graus (PF). Concentrando o esforço na região dorso-lombar, retorno à PI.
Exercícios Combinados (EC). O exercício-referência é o “Polichinelo”. PI: Aluno em ortostática, mãos ao lado das coxas e calcanhares quase unidos. A: Tempo um: saltito e afastamento lateral de pés com elevação lateral dos membros superiores batendo as mãos espalmadas acima da cabeça, PF. Tempo dois: saltito e retorno a PI.
Exercícios de Flexibilidade (FLX). Compreendem os alongamentos destinados, primordialmente, para as articulações escápulo-umeral e do tronco-quadril.
Nos exercícios anteriores das FEE se consideravam suas repetições, na FLX além de quantidade insistências, também se pode contar o tempo de manutenção posicional. Além da técnica gestual atenta-se não se alongar os músculos em demasia.
6.1. O exercício-referência de FLX para a articulação do tronco-quadril é a “Inclinação Frontal Profunda com os Pés Unidos”: PI: Tronco curvado à frente, joelhos estendidos e mãos caídas próximas dos pés unidos. A: Forçar o tronco para baixo, alongando a região posterior do corpo e sentindo o estiramento mio-articular desde atrás dos joelhos até a região dorso-lombar, buscando que os dedos das mãos toquem os dedos dos pés, PF.
6.2. O exercício-referência de FLX para a articulação escápulo-umeral é o “Forçamento do Quadril para Frente na Posição Sentada”. PI: Aluno sentado, tronco reto, joelhos fletidos, planta dos pés totalmente apoiadas no solo, cotovelos estendidos com afastamento igual à largura dos ombros, mãos solo com a ponta dos dedos apontados para trás. A: Sem mover mãos e pés, elevar o quadril para frente, aproximando os glúteos dos calcanhares, PF. Voltar a PI.
Podem compor as FEE os Exercícios Mistos (EM), derivações dos exercícios referências, que na sua execução trabalham dois segmentos corporais, como: MI: agachamento com cruzamento e afastamento de MS a altura do peito; ADB com afastamento de MS na fase de flexão do tronco; MS, apoio com elevação de um MI na fase de flexão dos cotovelos.
Para reduzir a intensidade das FIA diminui-se a velocidade nas marchas e corridas. Nas FEE pode-se facilitar os exercícios como: nos apoios também colocar os joelhos no solo, diminuir o grau de flexão dos joelhos nos agachamentos ou não saltitar e apenas elevar lateralmente um joelho fletido no Polichinelo. Nas FLX apenas alongam-se os músculos, sem sentir desconforto.
Para elevar a intensidade nas FIA, além do manuseio de sobrecargas leves: halteres manuais, bastões ou bolas esportivas, pode-se aumentar a velocidade nas corridas e se incluir saltos. Nas FEE para MI usa-se saltos nos agachamentos; nos Polichinelos (PI e PF na posição de agachamento profundo) e nos apoios (batendo palmas quando da extensão dos cotovelos); nos ABD se incluir contração isométrica na fase subida do tronco. Nas FLX a alongamento até sentir pequeno desconforto. Na FEE em duplas de alunos, emparelhados por peso e estatura, é facilitada a realização FLX e se tem o peso corporal do colega como sobrecarga.
Em aulas de EF, uma “sessão-padrão” de GI compreenderia prática sem interrupções de: FIA, MI, FIA, ABD, FIA, MS, FIA, PC, FIA, EC, FIA, FLX tronco-quadril, FIA, FLX escápulo-umeral, FIA, e assim em diante.
Como outras variações, pode-se enfatizar a solicitação de um ou duas regiões corporais, como MI e ABD, como: FIA, MI, FIA, MI, FIA, MI, FIA, ABD, FIA, ABD, FIA, ABD, FIA, MS, FIA, PC, FIA, EC, FIA, FLX tronco-quadril, FIA, FLX escápulo-umeral. Ou então focar a flexibilidade com: FIA, FLX tronco-quadril, FIA, FLX tronco-quadril, FIA, FLX tronco-quadril, FIA, FLX escápulo-umeral, FIA, FLX escápulo-umeral, FIA, FLX escápulo-umeral, FIA, ABD, FIA, MS, FIA, PC, FIA, EC, FIA.
3. Fundamentação científico-pedagógica
a. A GI iniciou sendo utilizada como aquecimento para o esporte escolar em aulas de EF para turmas masculinas de 7ª série. Gradativamente a GI passou de aquecimento para parte principal das aulas. Com os devidos preceitos pedagógicos de alternativa transmutou-se para conteúdo de ensino de EF (PEREIRA, 1980).
b. A GI foi usada também como tarefas discentes, “deveres de casa” de EF, similarmente a outras disciplinas. Com o uso de fichas para a prática da GI, em suas residências eles se exercitavam anotando datas, horários e duração. Resultados de testes motores com exercícios constituintes da ficha de GI, acatamento de datas de entrega, preenchimento e cuidado com as fichas também eram considerados para fins avaliativos (PEREIRA, 1984).
c. Em pesquisa para a fundamentação da futura dissertação de mestrado, realizou-se estudo com doze escolares, média de idade de 18,2 anos, peso 63,9 kg e estatura 1,74 m. Usando monitorização da freqüência cardíaca, se comprovou estatisticamente a capacidade da GI em propiciar benefícios aeróbicos (PEREIRA, 1986). Encontrou-se correlação de 0.86 entre a freqüência cardíaca registrada durante: a) Prática de GI por 12 minutos, sendo as FEE compostas por 12 diferentes exercícios ginásticos, realizados durante 30 segundos, intercalados pelas FIA, corrida estacionária, também com essa duração. Compuseram as FEE agachamentos, abdominais, inclinações frontais e laterais do tronco, alongamentos de tronco/quadril e apoios “regulares’ e com as mãos unidas. Os batimentos cardíacos, durante esses últimos exercícios, mostram a linha da freqüência cardíaca elevada acima da média registrada durante as corridas. b) Corrida durante 12 minutos (Teste de COOPER, 1979) com registro da freqüência cardíaca também a cada 30 segundos os alunos, conforme o gráfico abaixo:
Figura nº 1. Trajetórias das freqüências cardíacas registradas durante a GI e o Teste de Andar/Correr em 12 Minutos
d. “A ginástica intervalada como atividade física utilitária” foi o título da dissertação de mestrado em Ciência do Movimento Humano, no Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria (PEREIRA, 1987). Experimento que objetivou verificar a influência da GI sobre o desenvolvimento da resistência aeróbica, força/resistência muscular localizada, potência de membros superiores e flexibilidade. A amostra foi composta por 16 mulheres com médias de: idade 35,3 anos, peso de 58,9 kg e estatura 1,56 m. Usando apenas colchonetes improvisados, durante 12 semanas elas participaram de 35 aulas três vezes por semana. Comparando os resultados iniciais e finais, verificaram-se melhorias altamente significativas estatisticamente em todas as qualidades físicas estudadas. A resistência aeróbica elevou-se em 29%, “t” de – 4.89; a força repetitiva abdominal melhorou 32,5%, “t” de – 6.06; a potência muscular elevou-se em 13%, “t” de – 5.33 e a flexibilidade melhorou em 18,2%, “t” de – 6.13. As participantes reduziram o peso corporal médio em 1,2 kg e informaram melhoras no bem-estar geral, com desaparecimento de dores lombares, fadigas e insônia.
e. A GI foi usada no projeto de extensão na ESEF/UFPel: “Ginástica Feminina”. Participaram mulheres de meia-idade e a GI propiciou melhorias na flexibilidade no nível do tronco/quadril, força repetitiva abdominal e no bem-estar. Elas reduziram o peso, em níveis não-significativos estatisticamente, e também circunferências corporais, como na região abdominal (PEREIRA & SARAIVA, 1996).
f. A GI foi usada como aquecimento e preparação física no “Projeto Quarentinha” (PEREIRA & SIMON, 1996), também de extensão universitária, dedicado a prática recreativa do Futsal. Participaram homens com média de idade de 45 anos. Ao final de um semestre verificou-se que os sujeitos podiam jogar continuamente, duas vezes por semana, durante 50 minutos com nível técnico apropriado de esporte recreativo. A GI iniciou ocupando metade de cada sessão gímnico-esportiva e aos poucos se reduziu para 10 minutos. Ela ajudou na diminuição da circunferência abdominal e melhorias no nível de flexibilidade, determinado no tronco/quadril e na força repetitiva abdominal dos participantes.
g. Comprovou-se as potencialidades pedagógicas da GI em pesquisa por três bimestres letivos em escola com o ensino médio diurno da rede federal, com dois encontros de EF semanais, uma aula isolada num dia e duas seqüenciais noutro (PEREIRA, 2006). Uma turma de primeiro ano compôs o grupo experimental (G1) com 19 escolares, média de idade de 15,4 anos, 11 alunas e 8 alunos. Outra turma, também desse adiantamento, fez parte do grupo controle (G2) com 15 alunos, média de idade 16,8 anos, 10 alunas e 5 alunos.
Coletaram-se dados de: peso corporal, estatura, flexibilidade (teste de sentar e alcançar de Wells & Dillon), resistência/força repetitiva abdominal (teste de deitar e sentar em 60 segundos), hábitos de vida e conhecimentos sobre EF.
Para ambos os grupos e sob a direção de seus professores nas aulas de EF mantiveram-se os conteúdos tradicionais: Futsal, Voleibol, Handebol e ginásticas (destas 70 % eram caminhadas e o restante exercitação em circuito e localizada).
Para o grupo experimental em 22 encontros sob a direção do Autor, sem a participação do professor da turma, em espaços didáticos, inseriram-se conteúdos cognitivos e GI. Os procedimentos do ensino cognitivo encontram-se em Pereira (2011). A GI durou em média 6’ e 40” (+ 1:79, máx. 10’ e mín. 4’). Usando apenas colchonetes improvisados a GI constitui-se de rotações articulares, marchas, corridas estacionárias e com pequenos deslocamentos, alongamentos e exercícios localizados como Polichinelos, abdominais, apoios, agachamentos e inclinações frontais e laterais do tronco.
Confrontando-se os resultados iniciais e finais, verificou-se que os IMC dos grupos não se alteraram de forma significativa, mas encontraram-se melhoras altamente significativas nos índices de força repetitiva abdominal e de flexibilidade, conforme o quadro abaixo.
Tabela Nº 1. Valores médios, iniciais, finais, percentuais e diferenças nos indicativos de
força repetitiva e de flexibilidade, por gênero do grupo experimental e grupo controle.
Os indicativos de flexibilidade, de ambos os gêneros e de força abdominal das moças do grupo experimental foram elevados nível estatisticamente significativo comparadas ao grupo controle. Entre os dois grupos nos abdominais os resultados finais dos rapazes a diferença não foi significativa, conforme quadro abaixo.
Tabela Nº 2. Valores médios finais, percentuais e diferenças dos índices de força
repetitiva e de flexibilidade, por gênero entre o grupo experimental e grupo controle
h. Replicou-se esse estudo noutra instituição, também com EM com três as aulas de EF em diferentes dias da semana onde a GI foi incluída em 22 aulas. Participaram duas turmas femininas do clube de Futsal, Turma Um (T1) e Turma Dois (T2), com idades médias de 16,0 e 16,8 anos respectivamente e sem grupo controle. As aulas ocorreram em quadra esportiva e para a GI usou-se apenas colchonetes. A GI enfatizou a flexibilidade e a força repetitiva abdominal, durou em média 5:21’ para a T1 e 5:22’ para a T2. Confrontando dados iniciais e finais constatou-se a manutenção do IMC e expressivas melhorias nas capacidades físicas, conforme o quadro abaixo:
Tabela Nº 3. Duração média de prática da GI, percentuais e diferenças de melhorias na flexibilidade e de força repetitiva abdominal das turmas 1 e 2
i. Cardoso (2011) utilizou a GI em dissertação de mestrado. A amostra tinha 40 alunos, 24 rapazes e 16 moças com média de idade de 14,5 anos, duas turmas de primeiro ano diurno do ensino médio, com uma aula isolada de EF com duração de 60 minutos e outras duas seqüenciais em diferentes dias por semana. Dentre outros, foram registrados peso e altura, índices de flexibilidade, teste de sentar e alcançar; resistência no percurso de em corrida de nove minutos e força repetitiva abdominal, deitar e sentar em 60 segundos.
A GI foi utilizada como conteúdo principal em 53% de 32 aulas do estudo. Em 22% foram praticados: Basquetebol, Futsal e Handebol e nos percentuais restantes coletaram-se dados e houve conselhos de classe.
Usando apenas colchonetes, a prática da GI visava abranger “todas as regiões e segmentos corporais”. Ao final do estudo dentro outros resultados, encontraram-se mudanças significativas na resistência abdominal e flexibilidade para ambos os sexos e na resistência aeróbia somente para as alunas.
Os alunos sem atividade extraclasse tiveram mudanças altamente significativas na força repetitiva/resistência abdominal e apenas significativas na flexibilidade e na resistência aeróbica. Para os alunos que tinham atividade extraclasse a força repetitiva/resistência abdominal elevou-se significativamente, mas as melhorias na flexibilidade e na resistência aeróbia não foram significativas. Atribuiu-se a não-significância estatística das melhoras encontradas nos parâmetros estudados devido a quebras de seqüência das aulas de EF durante o estudo.
4. Final
Independendo de instalações e implementos sofisticados, a GI requer ser desenvolvida com preceitos pedagógicos, sendo comprometida com a vida objetiva dos escolares. Como opção de conteúdo ginástico de EF escolar a GI referencia-se pela corporeidade dos alunos, objetivando o desenvolvimento de capacidades físicas e de conhecimentos.
A GI propicia esforços físicos e mentais, visando competências para a exercitação física continuada e metódica ao longo da vida. Pois a educação escolar não pode conformar-se em educar os alunos somente até que eles atinjam os 18 anos de idade.
E, atinente a metodologia é pertinente se lembrar de Descartes: “... o meu propósito não é ensinar aqui o método que cada um deve adotar para guiar acertadamente sua razão, mas somente mostrar de que forma tenho tratado de guiar a minha”.
Referencias
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 181 | Buenos Aires,
Junio de 2013 |