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A Educação Física no Ensino Médio na perspectiva da Saúde Renovada

La Educación Física en la Escuela Media en la perspectiva de la Salud Renovada

 

*Licenciado em Educação Física

**Mestre em Educação Física

(Brasil)

Luiz Carlos Pivetta Junior*

Silvio Thomaz Pedroso Neto*

Jonatas Ribeiro de Araújo Costa*

Rita de Cassia Fernandes**

rita.fernandes@esamc.br

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho visa analisar a Educação Física no Ensino Médio na perspectiva da saúde renovada. Buscamos identificar o conhecimento dos professores bem como a aplicabilidade desta proposta. Para tal, a pesquisa de campo foi realizada em nove escolas estaduais do município de Votorantim, SP, o que representa 75% do total de escolas no âmbito em questão. Os participantes da pesquisa são dez professores de Educação Física escolar de ambos os sexos da rede estadual do mesmo município. Foi disponibilizado um questionário com três questões abertas e uma fechada. Concluímos que apesar dos professores afirmarem que conheciam a perspectiva da saúde renovada, ficou evidente a existência de lacunas no conhecimento teórico-metodológico dos professores, afirmando que utilizam na íntegra o material das apostilas do currículo da rede estadual de São Paulo.

          Unitermos: Educação Física. Ensino Médio. Professores. Saúde.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O presente trabalho tematiza a Educação Física no Ensino Médio. Desse modo, nosso objetivo está pautado na análise da perspectiva da saúde renovada neste segmento de ensino, buscando identificar o conhecimento dos professores bem como a aplicabilidade desta proposta. Entendemos que os professores precisam estar preparados para legitimar esse componente curricular, fundamentando sua prática pedagógica em elementos consistentes e críticos, a fim de compreender sua relevância para a formação global dos alunos.

    No Ensino Médio, a maioria dos alunos se encontra na adolescência, sendo pertinente, portanto, conhecer as especificidades e características dessa fase, especialmente quanto aos aspectos socioculturais, pois nesse momento o aluno está formando opiniões próprias e começando a tomar suas próprias decisões.

    Em se tratando de adolescentes, o professor de Educação Física deve orientar esses alunos, buscando formar pessoas autônomas que tenham um pensamento crítico, e não apenas “treinando” músculos e aprimorando a prática de esportes.

    Nesse sentido, inferimos que a construção dos conhecimentos da cultura corporal deve aproximá-los de forma lúdica com vistas ao aprofundamento e conscientização frente aos desafios de tomar atitudes para uma vida ativa e saudável. Assim, a compreensão das diferentes manifestações da cultura corporal também se torna indispensável, pois esse conhecimento poderá contextualizar melhor a aprendizagem a fim de que os educandos conheçam as diferentes culturas e saibam respeitar e valorizar a diversidade.

    Entendemos que a Educação Física no Ensino Médio deve ser composta de métodos que modifique o estilo de vida dos alunos, inclusive os que trabalham. O professor deve ter a consciência que seja qual for o contexto no qual seus educandos estão inseridos sempre haverá uma possibilidade de tornar a educação física uma disciplina que contribua para a qualidade de vida.

    Dessa forma, num primeiro momento trata-se da complexidade da adolescência dos alunos no ensino médio, onde aspectos biológicos, psicológicos, físicos e sociais influenciam muitos na sua maneira de pensar e agir.

    Num segundo momento, trata-se da abordagem saúde renovada, que tem como base os relacionamentos humanos, a atividade física e a busca pelo bem estar.

    Num terceiro momento, apresentamos a metodologia utilizada bem como os resultados obtidos em pesquisa de campo com os professores de educação da rede estadual do Ensino Médio do município de Votorantim-SP.

1.     Educação Física no Ensino Médio

    Para discutirmos a Educação Física no Ensino Médio precisamos primeiro entender a complexidade dessa faixa etária, visto que não podemos deixar de considerar os aspectos socioculturais ao nos reportarmos às questões biológicas. Cabe salientarmos que a adolescência pode ser vivida de diferentes formas dependendo do contexto sociocultural, por isso não podemos estabelecer generalizações.

    A adolescência é a idade da mudança, como implica a própria etimologia da palavra: adolescere, que significa ‘crescer’. Portanto corresponde ao período do crescimento acelerado entre a infância e a maturidade. (MARCELLI; BRACONNIER, 1989, p. 21)

    A fase da adolescência é talvez a mais complexa na vida do ser humano, pois, é neste momento que se encontram os conflitos, sejam eles psicológicos, físicos e sociais. O aluno está num momento de transição da infância para a vida adulta e o problema é que ele ainda não é um adulto.

    De acordo com Calligari (2011, p. 12), “em nossa cultura, um sujeito será reconhecido como adulto e responsável na medida em que viver e se afirmar como independente, autônomo, como os adultos dizem que são.”

    Os aspectos biológicos vão interferir diretamente na vida do adolescente. Nessa fase, o organismo está em processo de mudança, pois o indivíduo passará pela fase do estirão, ou seja o crescimento dos ossos de forma mais acelerada, surgimento de pelos, nas meninas o crescimento dos seios devido a grande quantidade de hormônios produzidos, dentre os quais podemos destacar os hormônios sexuais, os de crescimento e os da tireóide. (TANI et al, 1988). Essas mudanças mesmo sendo biológicas, podem variar muito de indivíduo para indivíduo, ocorrendo em diferentes ritmos de acordo com o organismo.

    Os jovens podem estar na fase de maturação sexual e do último estirão de crescimento, que segundo Tani et al (1988), após esse estirão o organismo pode ser considerado adulto.

    Na adolescência é comum o aluno começar a se questionar sobre o mundo à sua volta, e seus pensamentos já alcançam uma amplitude e aprofundamento muito maior, pois ele já não pensa mais como uma criança, tendo a capacidade de fazer abstrações e relações de idéias, valores, até fazer projetos para seu futuro.

    Os adolescentes, porém, possuem características muito positivas que devem ser aproveitadas pelos professores. Nessa fase da vida o jovem aluno, por questionar o mundo à sua volta, e muitas vezes não concordar com o senso comum, também possui imensa vontade de sentir-se inserido na sociedade, acreditando ser capaz de transformá-la, fazendo planos cada vez mais ambiciosos e complexos para o futuro. Nessa troca do “eu” pelo “nós”, o adolescente é engajado em projetos de reforma social, e o professor deve ter sensibilidade acerca dessas características para fazer de sua aula algo prazeroso, suprindo as necessidades dos alunos.

    Durante todo o ciclo escolar, desde o Ensino Infantil, os alunos passaram por etapas que cumprem com os respectivos objetivos propostos para cada faixa etária, e cada uma com sua importância.

    No Ensino Médio não é diferente, porém, é uma fase que exige muito cuidado, pois além das mudanças biológicas, psicológicas e sociais, o Ensino Médio é o encerramento de uma de uma etapa da escolarização. Terminado esse ciclo, os alunos irão fazer suas escolhas, trabalhar, estudar, entre outros.

    Diante desse cenário, muitas dúvidas irão surgir por parte dos professores, como atingir os objetivos propostos, a fim de que o aluno do Ensino Médio saia preparado para atingir novos rumos em sua vida.

    Para isso os professores têm como base a legislação e as orientações curriculares nacionais que servem de referência para que possam desenvolver sua atividade de forma mais eficiente atendendo as necessidades do Ensino Médio.

    Segundo a LDB - Lei nº 9394/ 96 - seção IV- art. 35:

    O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

  1. a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

  2. a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

  3. o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

  4. a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. (BRASIL, 1996)

    Nos ciclos escolares anteriores até o 9º ano os alunos tiveram o foco do aprendizado voltado para danças, jogos, lutas e esportes. No ensino médio, porém começam a surgir novos problemas a serem resolvidos, os alunos já vivem em uma realidade bem diferente dos anos anteriores, começam a se preparar para os vestibulares cada vez mais concorridos e muitas vezes já estão inseridos no mercado de trabalho, e os conteúdos das aulas de Educação Física precisam ser repensados a fim de atender a essa demanda.

    A Educação Física tem um papel muito importante dentro da escola que vai muito além de atender a conteúdos que estão descritos em lei, existe uma amplitude muito maior que isso, que é o fato de educar cidadãos capazes de construir uma sociedade digna e democrática, principalmente no Brasil onde existe uma diversidade cultural muito grande. O Ensino Médio é uma oportunidade de sair em busca desse conhecimento.

    Como está posto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) de Ensino Médio:

  • Espera-se que no decorrer do Ensino Médio, em toda a Educação Física, as seguintes competências sejam desenvolvidas pelos alunos:

  • Compreender o funcionamento do organismo humano, de forma a reconhecer e modificar atividades corporais, valorizando-as como recurso para melhoria de suas aptidões físicas.

  • Desenvolver as noções conceituais de esforço, intensidade e freqüência, aplicando-as em suas praticas corporais.

  • Refletir sobre as informações específicas da cultura corporal, sendo capaz de discernias e reinterpretá-las em bases cientificas, adotando uma postura autônoma na seleção de atividades e procedimentos para manutenção ou aquisição da saúde.

  • Assumir uma postura ativa, a prática de atividades físicas, e consciente da importância delas na vida do cidadão. (BRASIL, 2000, p. 42)

    Os conhecimentos da Educação Física que são desenvolvidos com os alunos abrangem áreas muito ramificadas sendo elas muitas vezes voltadas ao conhecimento corporal, e assim, a utilização desse aprendizado pode se tornar uma base prática, o que pode vir a resultar em uma sociedade mais saudável que aprenda a valorizar o estilo de vida ativo, participativo, gerenciando suas praticas corporais nos momentos de lazer.

    Entretanto, o cansaço da rotina exaustiva de trabalho aliado à falta de conteúdo e/ou a repetições das aulas podem vir a desmotivar os alunos.

    Os alunos do ensino médio reclamam muito da repetição das aulas de Educação Física por basearem-se, principalmente, nas modalidades esportivas e coletivas mais comuns como (futsal, vôlei, basquetebol e handebol), já vivenciadas durante todo Ensino Fundamental. (MOREIRA, NISTA-PICCOLO, 2009, p. 178)

    A prática da educação física escolar atual muitas vezes encontra-se voltada exclusivamente ao esporte na escola, tornando-a objeto fechado para os mais talentosos e deixando de lado muitos alunos que também precisam adquirir conhecimentos da área. Incluir toda comunidade escolar nas aulas significaria expandir alem dos esportes, seria utilizar da educação física para melhoria da qualidade de vida de pessoas, que muitas vezes desconhecem a importância das atividades físicas para a saúde, ou não tem tempo para tais práticas devido à carga horária de trabalho muito intensa.

    Velardi e Toledo (2009) também afirmam que os alunos já sabem (infelizmente) que nas aulas de Educação Física farão sempre as mesmas atividades e acabam por desinteressar-se por elas.

    Segundo as mesmas autoras, alguns alunos que tem mais dificuldades em habilidades motoras pré-definidas são os mais prejudicados, pois seus interesses nunca são atingidos ou sequer respeitados. Alunos do ensino médio já vivenciaram essas práticas esportivas ao longo de sua vida escolar, o que nos leva a pensar que as aulas acabam virando meros momentos de lazer dentro de uma rotina estressante de estudos e/ou trabalhos.

    Para Oliveira (2004), a falta de motivação do professor e as mesmices das aulas, levam o aluno ao desânimo quando não ao abandono das aulas. É através de uma mudança de postura e o entendimento do contexto do aluno que as aulas de Educação Física terão um sentido mais amplo.

    Por outro lado o professor precisa sentir-se motivado para atender a essas demandas. Segundo Betti (1999), a situação seria diferente se muitos professores não estivessem apenas esperando por sua aposentadoria sem a mínima preocupação com as práticas pedagógicas.

2.     A Educação Física no Ensino Médio na perspectiva da Saúde Renovada

    A abordagem da saúde renovada foi delineada por Guedes e Guedes (1996) e Nahas (1996), tendo como base os relacionamentos humanos, a atividade física e a busca pelo bem estar. Os autores concordam quanto à importância da aptidão física e da saúde. Sendo assim, incorporando essa metodologia dentro das atividades de Educação Física escolar para que o educando adote hábitos saudáveis de atividade física ao longo de toda sua vida.

    Darido (2003) explica o surgimento de uma proposta de Educação Física a partir da década de 1990 que se volta “[...] para a saúde, em moldes que ampliam a perspectiva higienista”. A mesma autora afirma que a abordagem da saúde renovada já estaria inclusa em outras abordagens como princípios e cuidados, onde a maior preocupação estaria em atender pessoas obesas, portadores de deficiência física e sedentários.

    De tempos em tempos as propostas para a Educação Física escolar são modificadas de acordo com o contexto sociocultural da sociedade. Houve uma época em que era muito importante cuidar da higiene da população, em outro momento voltaram-se as atenções para o esporte, jogos e brincadeiras, tudo com o intuito de melhorar a qualidade de vida na escola. Atualmente, não é diferente, pois a Saúde Renovada é uma nova perspectiva que vem para o melhor desenvolvimento dos nossos alunos e no progresso pedagógico da Educação Física, oferecendo uma nova visão sobre a saúde e qualidade de vida.

    A Saúde Renovada deve atender essas questões de forma que o aluno venha a entender o que acontece com o seu corpo diante dessas situações e perceber a importância da atividade física para a sua saúde, podendo assim levar uma vida muito mais saudável independente do trabalho que ele venha a desenvolver.

    A educação física ao longo do tempo passou por diversas modificações em relação aos seus conteúdos no ambiente escolar buscando um meio de atender as necessidades da população. A educação física foi elaborada e reelaborada de acordo com tendência da época, para chegar ao que conhecemos hoje foi preciso à contribuição de diversos pensadores que sugeriram um meio mais efetivo de educação física de acordo com sua visão sobre perspectiva de eficiência dentro da área.

    Entre os inúmeros métodos de educação física no âmbito escolar surgiu a saúde renovada como perspectiva de ensino que aborde temas que sejam úteis para o aluno ao longo de sua vida formando uma pessoa que ao final de sua escolarização saiba auto-avaliar todos os componentes que envolvam aptidão física e saúde, saber interpretar seu condicionamento físico e ter autonomia para avaliar e realizar as modificações necessárias para uma manutenção da saúde.

    Muitas doenças atribuídas à população no século XXI estão relacionadas à falta de exercício físico regular, como, obesidade, doenças cardiovasculares, hipertensão, que aliadas a uma má alimentação podem trazer sérios riscos as pessoas. Por isso é que devemos trabalhar com essa prevenção já na escola, para que futuramente, muitos casos possam ser evitados, modificando o estilo de vida da população.

    A prática da atividade física associada a uma boa alimentação pode ser o inicio das mudanças que envolvem os adolescentes. A atividade física regular além de trazer todos os benefícios à saúde pode contribuir também para uma melhora na autoestima, estimula a socialização, além de outros fatores aliados que ajudam na formação da personalidade do educando. A educação física nessa faixa etária deve possibilitar atividades prazerosas e recreativas levando o educando a um relaxamento o ajudando a perceber e controlar o próprio corpo. Estamos inseridos no mundo adolescente e temos de saber compor uma educação física voltada à totalidade do individuo que se expressa através de movimentos e sentimentos e por fim, aliar aspectos os cognitivos ao afetivo-vivenciais elevando a continuidade de seu desenvolvimento global.

    Nesta abordagem cabe ao professores focar em metas de promoção de bem estar e saúde dos educandos que no futuro proporcionem pessoas mais ativas fisicamente e que dêem continuidade quando adultos. Lembrando que o esporte é fundamental na Educação Física escolar, porém, cabe ressaltar que o que deve ser modificado são os objetivos das aulas. Podemos trabalhar sim o esporte na Saúde Renovada, apresentando, por exemplo, seus benefícios ao corpo humano, e não mais o rendimento ou aperfeiçoamento técnico ou tático.

    Sobretudo, um dos maiores obstáculos encontrados em aplicar a abordagem, é que certos profissionais utilizam de modalidades esportivas a fim de promover saúde e estilo de vida, utilizando o esporte como único aliado da saúde. Lembrando que essa proposta não vai contra a idéia de esporte na escola, o que ela apresenta é um maior aprofundamento, a fim de esclarecer muitas questões relacionadas à aptidão física.

    Segundo Darido (2003), é muito importante que as aulas de Educação Física ultrapassem o pragmatismo. É fundamental conscientizar o aluno da importância dos exercícios, esclarecendo os motivos porque ele realiza as atividades. Esses devem ter consciência das reações do corpo humano diante do exercício físico, bem como as conseqüências de suas práticas relacionadas à sua fisiologia e a diferença dos exercícios para cada pessoa, tendo em vista que o grupo de ensino médio é heterogêneo, isso se torna muito importante quando o professor esclarece questões relacionadas à obesidade, diabetes, hipertensão etc. Contudo, trabalhando também na motivação desses alunos quando eles passam a entender da importância da Educação Física para a saúde.

    Além da atividade física propriamente dita, também são necessários debates junto aos alunos buscando um maior entendimento sobre qualidade de vida e saúde. A utilização de jogos como futebol, basquete e até mesmo o atletismo é uma opção para a aplicabilidade da Saúde Renovada.

    Porém ainda há muita questão sobre a difusão da abordagem Saúde Renovada, médicos subtendem que a prática de atividade física passa ser mais como terapia do que o próprio bem estar do individuo.

3.     Aspectos metodológicos

    Esta pesquisa qualitativa tem como objetivo analisar se os professores conhecem e/ou aplicam essa proposta de ensino dentro das aulas de Educação Física, levando em consideração aspectos físicos, culturais e sociais de cada instituição de ensino pesquisada.

    A pesquisa de campo foi realizada em nove escolas estaduais do município de Votorantim, SP, o que representa 75% do total de instituições que atendem a este segmento de ensino.

    Os participantes da pesquisa são dez professores de Educação Física escolar de ambos os sexos da rede estadual do município de Votorantim/ SP. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    Foi disponibilizado aos professores um questionário com três questões abertas e uma fechada.

4.     Apresentação, análise e discussão dos dados

    A pesquisa de campo foi realizada nas escolas com 10 professores entrevistados, sendo que 8 entrevistados eram do sexo feminino e 2 do sexo masculino. Sendo que a média de idade é de 44 anos.

Figura 1. Gênero

    Na questão n°1 - Qual(s) abordagem(s) de ensino você utiliza em suas aulas de Educação Física? - identificamos que 90% adotam o uso da apostila fornecida pela rede estadual, e apenas 10% afirmam utilizar atividades esportivas coletivas.

Figura 2. Abordagem utilizada

    Nessa primeira questão podemos notar, que os professores ainda tem dificuldade para definir o que é abordagem, afirmando que utilizam a apostila para planejarem e aplicarem suas aulas, ou apenas aplicando conteúdos de atividades esportivas coletivas, sem objetivos específicos, o que demonstra certo comodismo em relação ao processo de ensino, por terem que cumprir um planejamento determinado.

    Na questão n° 2 - Você conhece a abordagem de Saúde Renovada? – todos os professores responderam de forma afirmativa.

Figura 3. Conhecimento da abordagem Saúde Renovada

    Na questão n° 3 - Em caso afirmativo, como você entende essa abordagem? - detectamos que 100% dos professores afirmaram que a Saúde Renovada está diretamente ligada á qualidade de vida, bem estar e incentivo á prática de atividades físicas.

    Podemos inferir que apesar das respostas terem sido satisfatórias, ainda é necessário um pouco mais de entendimento sobre essa proposta de ensino, pois a Saúde Renovada vai muito além das características apresentadas pelos professores entrevistados, como relatados por eles, apenas um momento de lazer e bem estar. No entanto, segundo Darido (2003), essa abordagem oferece aos alunos maior entendimento da relação entre exercícios físicos e saúde.

    Na questão n° 4 - Caso já tenha utilizado essa proposta, como foi à aceitação dos alunos nas aulas? – tivemos como resultado que 90% dos professores disseram que o índice de interesse foi satisfatório, e 10 % ainda não utilizaram de tal abordagem em suas aulas.

Figura 4. Aceitação dos alunos nas aulas

    Apesar da abordagem da Saúde Renovada ainda ter um longo caminho a ser explorado dentro da escola, notamos que a motivação é muito maior por parte dos alunos quando o professor se compromete com o processo de aprendizagem e propõe novas perspectivas de ensino, saindo do método tradicional.

Considerações finais

    Por meio desta pesquisa, ficou-nos claro que Educação Física escolar precisa constantemente refletir sobre seus processos de ensino e aprendizagem, especialmente para o Ensino Médio. Notamos também a preocupação dos professores com a questão dos exercícios físicos para os adolescentes, porém, ainda há uma falta de conhecimento para nortear as metodologias de ensino.

    Os professores, em especial da rede estadual, estão “presos” às apostilas, repassadas pelo governo com o intuído de ajudar o professor no desenvolvimento das aulas. O problema é que os professores não estão sabendo como relacionar seus conhecimentos com os conteúdos das apostilas, nem tampouco tendo autonomia para desenvolver os conteúdos.

    Ao concluir o presente trabalho, esperamos ter contribuído de maneira significativa para o esclarecimento dos assuntos que dizem respeito a nossa disciplina de Educação Física escolar, nesse caso, o estudo da abordagem da Saúde Renovada.

Referências

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