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Efeitos do treinamento resistido sobre a agilidade específica no karatê

Los efectos del entrenamiento resistido sobre la agilidad específica en el karate

 

 *Autor. Pós-graduando em Ciência do Exercício Física: da saúde a performance

Professor faixa preta 3º Dan pela Federação Paulista e Confederação Brasileira

de Karatê. Técnico desportivo da equipe dracenense de Karatê

**Co-Autores

UNIFADRA, Dracena

Márcio Rogério Perez*

Carla Nascimento**

Merlyn Mércia Oliani**

marciorperez@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo pretende verificar os efeitos do treinamento resistido sobre a agilidade em movimentos específicos na prática do Karatê.

          Unitermos: Agilidade. Karatê. Treino. Performance.

 

Abstract

          The present study aims to investigate the effects of resistance training on agility movements in specific practice of Karate

          Keywords: Agility. Karate. Training. Performance.

 

          Projeto de pesquisa apresentado ao curso de Pós Graduação em Ciência do Exercício Físico: da saúde à performance das Faculdades de Dracena, UNIFADRA sob a orientação do Professora Carla Nascimento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente, a aptidão física e o exercício físico em adolescentes têm se tornado elemento de estudo em meio aos pesquisadores, com intensa contribuição aos trabalhos desenvolvimentistas. A prática de atividades de luta configura-se hoje em uma alternativa importante para auxiliar no desenvolvimento de variados componentes da capacidade funcional.

O karatê e a agilidade

O Karatê

    O karatê é um tipo de luta desenvolvida por ancestrais orientais que tem como característica ao longo do processo de treinamento, a aprendizagem de movimentos que simulam ou reproduzem lutas, fazendo com que os indivíduos executem repetidamente ações que auxiliam na melhora da performance motora em longo prazo. De acordo com Manoel (1995), a relevância dessa atividade, como outras lutas, ocorre principalmente no plano motor, onde as capacidades físicas e motoras são amplamente solicitadas.

    Segundo Bull (1989, apud Manoel, 1995), as artes marciais são atividades capazes de contribuir para a diminuição da agressividade, proporcionar autoconhecimento, melhoria do autoconceito, conhecimento de outras culturas e reforçamento de conceitos acadêmicos uma vez que há aprendizado sobre o movimento e através do movimento.

    Ponderando estudos de Gallahue apud Tani et al. (1988) para programação de atividades motoras para a Educação Física na escola, o Karatê é uma habilidade desportiva que se enquadra dentro da fase de movimentos determinados culturalmente.

    De modo geral, o que se observa na prática cotidiana do Karatê é uma tendência geral de ensino que se caracteriza pala uniformização dos movimentos corporais. A mínima variação dos movimentos feitos por qualquer aluno ou grupo é sempre corrigida a tempo, para que todos executem, simultaneamente, e de forma “perfeita” o mesmo movimento.

    Segundo Zilio (1994), agilidade é uma propriedade motora que permite o indivíduo mudar rapidamente de direção e/ou posição do corpo no espaço. De acordo com Guedes (2006) e Gobbi et al. (2005), agilidade é a capacidade de realizar movimentos de curta duração em alta intensidade com mudanças de direção e/ou mudanças no centro de gravidade do corpo, com aceleração e desaceleração.

    Para Schmid e Alejo apud Arrais (2009), a agilidade é a habilidade para mudar os movimentos o mais rápido possível frente a situações imprevisíveis, tomando rápidas decisões e executando ações de modo eficiente. Deste modo, como a velocidade, a agilidade deve ser desenvolvida desde a infância, sendo tão importante como outras capacidades físicas. É fundamental principalmente nas artes marciais como o karatê e também nos esportes que exigem constantes mudanças de direção como o basquetebol, futebol, handebol e outros. O desempenho da agilidade é influenciado pelos mesmos fatores da velocidade, acrescentando a capacidade de aceleração e desaceleração, pois a agilidade consiste em mudanças de direção e sentido, consequentemente a velocidade deve ser diminuída o mais tardia e rapidamente possível ao próximo ponto de mudança de direção, seguido de uma maior aceleração possível.

    Sabe-se que o treinamento resistido possui efeitos positivos em inúmeros componentes da capacidade funcional que são codependentes de uma melhor resistência de força e/ou força máxima para serem desempenhados com maior eficiência e segurança. Desta maneira, o objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos do treinamento resistido sobre componentes específicos de agilidade em adolescentes praticantes de karatê.

Testes de agilidade

    Testes de agilidade realizados no início do treinamento de Karatê

Execução de movimentos (feminino)

Execução de movimentos (masculino)

Testes de agilidade realizados após treinamento de Karatê

Execução de movimentos (feminino)

Execução de movimentos (masculino)

Materiais e métodos

    Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo, de delineamento transversal não controlado, que ponderou a agilidade no Karatê entre alunos praticante da arte. O tipo de estudo admitiu que a natureza determinasse seu curso no qual o investigador mediu, mas não interviu na pesquisa.

    Participaram do estudo 4 adolescentes de ambos os sexos residentes no município de Dracena, São Paulo. Todos os participantes convidados a integrarem o estudo cumpriram todo o protocolo de avaliação necessário para a analise dos dados do presente estudo.

Coleta de dados

    Primeiramente, foi solicitada autorização dos responsáveis de alunos para realização da pesquisa, utilizando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados ocorreu através de testes de repetições de golpes específicos. Os testes foram aplicados aos alunos, visando facilitar e melhorar a performance, e as respostas registradas pelo pesquisador, no instrumento. Deste modo, os alunos foram convidados a participar da pesquisa sendo orientados sobre os objetivos do estudo, ainda sendo esclarecidos quanto à preservação de sua identidade e respostas. Assim, perante o aceite por parte do aluno, aplicou-se o instrumento de coleta de dados.

    Após a coleta de dados iniciais os atletas foram submetidos ao treino de repetições dos golpes específicos, utilizando tornozeleiras para treino de chute e halteres para soco, que se deu da seguinte forma:

    Como critério de exclusão foram considerados: a) presença de alguma incapacidade motora que inviabilize a realização do protocolo de treinamento e avaliação; b) Condições cognitivas que possam impedir a compreensão do protocolo de testes e; c) doenças e comorbidades presentes que pudessem alterar a interpretação e validade dos resultados. Desta forma, participantes que não possuíam nenhuma das características supracitadas foram incluídos na amostra experimental.

    Os dados estão apresentados em forma de estatística descritiva. Para a análise dos resultados, foram consideradas a comparação da média dos resultados pré e pós-treinamento resistido separadamente para homens e mulheres.

Resultados

    As atletas do sexo feminino apresentavam idade média de 17 anos, peso corporal médio de 53 kg e estatura média de 162,5 cm. Já os atletas do sexo masculino feminino apresentavam idade média de 18 anos, peso corporal médio de 65,5 kg e estatura média de 171,5cm.

    O gráfico 01 a seguir demonstra o comportamento da performance feminina frente aos golpes sequencia de socos e chute com perna de trás. Os golpes foram executados bilateralmente.

    O gráfico a seguir exibe o desempenho feminino.

Gráfico 1. Testes de agilidade realizados pré e pós treino mostrou que houve uma melhora

de 24,27% no golpe kizame-zuki/gyaku-zuki e 21,45% no golpe mawache-gueri

Fonte: Dados de pesquisa realizado pelo autor

    A performance masculina apontada no gráfico seguinte mostra o desempenho bilateral nos golpes: sequência de socos e chutes com a perna de trás.

Gráfico 2. Testes de agilidade realizados pré e pós treino mostrou que houve uma melhora

de 29,25% no golpe kizame-zuki/gyaku-zuki e 26,56% no golpe mawache-gueri

Fonte: Dados de pesquisa realizado pelo autor

Discussão

    Com a análise dos dados expostos, verifica-se que os dados concordam com Viana & Novaes (2009), com relação à velocidade média básica de execução de mulheres ser em média 10 a 15% menos do que as do sexo masculino.

    Desta maneira, os dados coletados pelo autor, comparando o masculino com o feminino, demonstram que realmente a performance masculina é maior, chegando a uma diferença total de 16,39% e a superioridade se nota também na evolução dos resultados de 3,69% para pessoas treinadas no golpe Kizame-zuki/Gyaku-zuki e 2,82% para pessoas treinadas no golpe Mawache-gueri.

    Como visto no gráfico 1, os testes de agilidade feminino realizados pré e pós treino mostraram que houve uma melhora de 24,27% no golpe kizame-zuki/gyaku-zuki e 21,45% no golpe mawache-gueri.

    O gráfico 2 mostra os testes de agilidade realizados pré e pós treino mostrou que houve uma melhora de 29,25% no golpe kizame-zuki/gyaku-zuki e 26,56% no golpe mawache-gueri.

    Tal melhora da performance se deve ao treinamento resistido utilizando-se de carga, tanto nos membros superiores quanto nos membros inferiores.

Conclusão

    Apesar de haver diversos estudos que sugerem a realização do treinamento com carga ativo previamente a realização de testes de agilidade, ainda é difícil chegar a um consenso sobre o modelo e a intensidade do referido treinamento, pois a maioria dos estudos utilizam modelos e intensidades diferentes de cargas. Porém, testes realizados com a utilização de repetições com cargas demonstram que há um desenvolvimento significativo na performance do praticante de Karatê, o que consequentemente proporciona melhores resultados em competições, e pela experiência de 15 anos do autor como treinador da equipe, foram testados outros tipos de treinamento e o treinamento referido neste artigo foi o que apresentou maior resultado, pois esse método de treino tornou atletas campeões paulistas e brasileiro, classificando também as equipes masculina e feminina para os Jogos Abertos do Interior; tendo em vista ainda que as competições de lutas estão em alta na mídia e q esse método pode ser utilizado em treinamentos para outras lutas.

Referências bibliográficas

  • ARRAIS, E C. Agilidade de atletas de futebol em função da categoria profissional e posição em campo. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 14(136), 2009. http://www.efdeportes.com/efd136/agilidade-de-atletas-de-futebol.htm

  • MANOEL, E. J. et alli. Considerações sobre a inclusão de atividades motoras típicas de artes marciais em um programa de educação física. ANAIS da II CICEEF, São Paulo, 1995, p. 65-68.

  • TANI, G. et alli. Educação física escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU/EDUSP, 1988.

  • VIANA, J. M.; NOVAES, J. Personal Training e condicionamento em academia. 3 ed. Rio de Janeiro: Shape Editora, 2009.

  • ZILIO, A. Treinamento Físico: terminologia. Canoas: Ed Ulbra, 1994.

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