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Efeito do treinamento aeróbico em indivíduos hipertensos

El efecto del entrenamiento aeróbico en personas hipertensas

 

*Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN, Mossoró, RN

**Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Saúde e Sociedade

da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, UERN, Mossoró, RN

***Universidade Potiguar, UnP, Natal-RN

(Brasil)

Thiago Renee Felipe** ***

Victor Hugo de Oliveira Segundo***

João Carlos Lopes Bezerra**

Gleidson Mendes Rebouças**

Ubilina Maria da Conceição Maia**

Adalberto Veronese da Costa*

Nailton José Brandão de Albuquerque Filho**

Edson Fonseca Pinto* ***

Humberto Jefferson de Medeiros*

Maria Irany Knackfuss*

thiagorenee@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Exercício físico tem sido recomendado para o tratamento de diversas doenças crônicas não transmissíveis, entre elas a hipertensão arterial sistêmica (HAS), caracterizada como um dos fatores de risco para doenças cardiovasculares, sendo considerada uma causa multifatorial com elevados níveis pressóricos. Um dos efeitos agudos do exercício é a hipotensão pós-exercício (HPE) e acontece tanto em normotensos como em hipertensos. O objetivo do estudo foi comparar as respostas hemodinâmicas após uma sessão de repouso (SR) e após uma única sessão de exercício (SE) aeróbio. Quinze idosos hipertensos controlados realizaram uma caminhada (30 min) em esteira ergométrica com intensidade entre 50% e 65% da frequência cardíaca de reserva (FCR) e, 48h após, permaneceram durante 40 minutos em uma situação de repouso. A pressão arterial (PA) foi analisada nos momentos pré-sessão e nos minutos 10 (T10), 20 (T20) e 30 (T30) após a SE. Já na SR a PA foi observada a cada dez minutos durante 40 minutos. A medida de PA foi realizada através de método auscultatório. A análise estatística ocorreu de forma descritiva (média e desvio padrão) e inferencial, a partir do teste T de Student, adotando um nível de significância p < 0,05. Os resultados convergem para uma diminuição nos níveis de pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) no período de recuperação na SE quando comparados a SR, média da SR pré (118/63 mmHg), T10 (122/70 mmHg), T20 (120/70 mmHg) e T30 (114/65 mmHg) e média da SE pré (118/80 mmHg), T10 (105/60 mmHg), T20 (122/68 mmHg) e T30 (120/70 mmHg). Concluiu-se que a comparação entre a situação repouso e a situação exercício apresentou redução apenas nos primeiros 10 minutos após a SE em comparação a SR.

          Unitermos: Exercício físico. Hipertensão arterial sistêmica. Hipotensão.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As doenças crônicas não transmissíveis são a maior causa de morte no Brasil e no mundo, sendo as doenças cardiovasculares responsáveis por quase metade desses óbitos atingindo principalmente a população idosa (OMS, 2011). Como parte do tratamento não farmacológico da hipertensão arterial, a prática regular de exercício físico é algo que deve ser indispensável, uma vez que um de seus efeitos agudos e crônicos é a hipotensão pós-exercício (HPE) (REGO, 2011; CUNHA, 2006), caracterizada pela diminuição da pressão arterial após a sessão de exercícios além dos níveis de repouso (KENNEY, 1993).

    Diversos estudos têm investigado a HPE (FARINATTI et al. 2011; FORJAZ, 2010; CASONATTO, 2009; SIMÃO, 2008; HAMER, M. 2006), porém ainda existem certas dúvidas quanto a melhor estratégia de prescrição para esse público, já que o treinamento inclui diversas variáveis que podem influenciar nas respostas pressóricas (CASONATTO, 2009).

    Dentre as diversas formas de exercício, os de característica aeróbia são os que mostraram melhores resultados em estudos anteriores quando se analisou o efeito hipotensor seja de forma aguda ou crônica, tornando algo bastante relevante a ser pesquisado. A sociedade brasileira de hipertensão (SBH, 2010) sugere que a frequência cardíaca (FC) durante o exercício aeróbio praticado por hipertensos varie entre 50% e 80% da FC de reserva, porém, quanto à intensidade de exercício, a literatura se mostra um pouco conflitante quando são observadas a magnitude e a duração da HPE (CASONATTO, 2009).

    Portanto, levando em consideração esses resultados contraditórios e buscando contribuir com a comunidade científica, o objetivo do presente estudo foi comparar as respostas pressóricas entre duas situações, sendo uma delas uma situação de exercício com intensidade entre 50% e 65% da FCR e outra situação sendo ela de repouso.

Metodologia

    O presente estudo do tipo descritivo foi composto por 15 idosos hipertensos que fazem uso de medicamentos anti-hipertensivos.

Tabela 1. Características físicas dos sujeitos

    Os participantes foram submetidos a três sessões laboratoriais, em dias distintos, com intervalo de 72 horas entre as sessões. Na primeira visita, os sujeitos responderam a um questionário (Anamnese) para identificar se o perfil se enquadrava nos pré-requisitos do estudo, em seguida passaram por uma avaliação antropométrica onde a estatura foi determinada através da utilização de um estadiômetro (marca Sanny, modelo Standard) e a massa corporal foi determinada através da utilização de balança digital (marca Toledo, modelo 2096), com precisão de 0,1 kg. Na segunda sessão, os sujeitos passaram por uma situação de repouso (SR), onde na posição sentada, a PA foi analisada após 10 minutos de repouso e durante mais 30 minutos com intervalos de 10 minutos entre si. Em seguida, na última sessão, os sujeitos passaram por uma situação de exercício (SE), onde realizaram 30 minutos de caminhada em esteira ergométrica, com frequência cardíaca (FC) variando entre 50% e 65% da FC de reserva. Nesse caso, a PA foi analisada no momento pré-exercício e pós-exercício nos minutos 10 (T10), 20 (T20) e 30 (T30).

    A medida de pressão arterial (PA) foi realizada com os indivíduos em repouso, na posição sentada, pelo método indireto, através de técnica auscultatória com esfigmomanômetro aneróide calibrado (Premium, ACCUMED-Brasil) e estetoscópio Rappaport (Premium, ACCUMED-Brasil).

    O protocolo de pesquisa do presente estudo foi fundamentado em conformidade com as diretrizes propostas na Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, sobre as pesquisas envolvendo seres humanos (CNS, 1996).

    A análise estatística dos valores de PA ocorreu de forma descritiva (média e desvio padrão) e inferencial, a partir do teste T de Student, adotando um nível de significância p < 0,05.

Resultados

    Os valores de pressão arterial pré e pós-sessão estão expostos na tabela 2.

Tabela 2. Valores de PAS e PAD (média e desvio padrão), SR (Situação Repouso) e SE (Situação Exercício).

    A monitoração da PA durante as sessões mostrou que apenas na SE, houve uma queda tanto na PAS como na PAD nos primeiros 10 min, voltando aos valores normais logo em seguida. Na SR, a pressão arterial não mostrou diferença significativa em nenhum momento.

Discussão

    O presente estudo teve como objetivo comparar as respostas hemodinâmicas entre uma situação de repouso e uma situação de exercício durante caminhada em esteira. Os resultados mostraram uma leve diferença entre as duas situações, tendo reduzido tanto a PAS como a PAD durante os dez primeiros minutos de observação após a caminhada, enquanto na situação de repouso não houve alteração.

    Vários estudos investigaram as respostas da pressão arterial com diversos protocolos de treinamento diferentes, com intensidades variando no geral entre 20% e 100% da capacidade máxima dos indivíduos.

    CUNHA et al. (2006), observou HPE em hipertensos após 45 minutos de caminhada com intensidade média de 60% da frequência cardíaca de reserva (FCR), porém essa diminuição foi mais duradoura que no presente estudo, permanecendo durante os 120 minutos em que os sujeitos foram acompanhados. FORJAZ (2010) ressaltou que a HPE tem maior duração e magnitude quando a atividade é mais duradoura, quando são comparados diferentes tempos de duração do exercício. WILLIANSON et al. (2004) também verificou HPE após sessões de exercício aeróbio em esteira com intensidade entre 60% e 70% da FCR. BRANDÃO RONDON (2002), estudando também idosos hipertensos, verificou efeito hipotensor após sessões de 45 min de duração em bicicleta ergométrica, porém com intensidade a 52% VO2pico. Esse efeito permaneceu durante todos os 90 min em que foram assistidos após a sessão.

    Além desses, vários outros autores observaram efeito hipotensor após sessões de exercício aeróbio em hipertensos (LIMA et al. 2012; PESCATELLO, 2004; REBELO et al, 2001; HALLIWIL, 2001; BRANDÃO RANDON, 1999), e um dos primeiros relatos do fenômeno da HPE foi descrito ainda no século XIX por Leonard Hill (1897), porém, somente a partir do estudo de William Fitzgerald (1981), é que tem sido estudado mais sistematicamente.

    Dentre alguns estudos de revisão (FORJAZ, 2010; CASONATTO & POLITO, 2009), ficou evidenciado que já se tem alguns direcionamentos seguros quanto à prescrição do exercício físico para idosos hipertensos e que o possível mecanismo responsável por esse efeito é a redução no débito cardíaco.

    Em resumo, uma única sessão de exercício aeróbio pode gerar HPE e sua magnitude e duração parece depender do tempo de execução da atividade. Indivíduos hipertensos também apresentam maior magnitude na HPE do que indivíduos normotensos independente da idade.

Conclusão

    A partir dos resultados apresentados conclui-se que no presente estudo, mostram que uma única sessão de exercício aeróbio realizado com intensidade entre 50% e 65% da FCR pode gerar hipotensão pós-exercício. Porém essa redução não foi tão duradoura como em outros estudos.

Referências

  • CASONATTO, J.; POLITO, M.D. Hipotensão pós-exercício aeróbio: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 15, p. 151-157, 2009.

  • CUNHA et al. Hipotensão pós-exercício em hipertensos submetidos ao exercício aeróbio de intensidades variadas e exercício de intensidade constante. 2006.

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  • FITZGERALD, W. Labile hypertension and jogging: new diagnostic tool or spurious discovery? Br Med J (Clin Res Ed), 1981. 282(6263): p. 542-4.

  • FORJAZ, C. L. M.; LOBO, F. S.; MEDINA, F. Efeito hipotensor do exercício físico. Hipertensão (São Paulo. Impresso), v. 13, p. 31-37, 2010.

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  • REGO et al. 2011. Pressão Arterial apos Programa de Exercício Físico Supervisionado em Mulheres idosas hipertensas. Rev Bras Med Esporte – Vol. 17, Nº 5.

  • RONDON MUPB, ALVES MJNN, BRAGA AMFW, TEIXEIRA OTUN, BARRETO ACP, KREIGER EM, et al. Postexercise blood pressure reduction in elderly hypertensive patients. J Am Coll Cardiol. 2002;39(4):676-82.

  • RONDON MUPB. Comportamento imediato e prolongado da pressão arterial pós-exercício em idosos normotensos e hipertensos [Dissertação de Doutorado]. São Paulo: EEFE USP, 1999

  • SIMÃO, R.; SALLES, B. F.; POLITO, M. D. Efeito de um programa de treinamento físico de quatro meses sobre a pressão arterial de hipertensos. Revista da SOCERJ, v. 21, p. 393-398, 2008.

  • Site da organização mundial de saúde: www.who.int; dados divulgados em 14/09/2011.

  • VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL. Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH); Sociedade Brasileira de Cardiologia; Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2010.

  • WILLIANSON JW, MCCOLL R, Mathews D. Changes in regional cerebral blood flow distribution during postexercise hypotension in humans. J Appl Physiol. 2004; 96:719-24.

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