A promoção da saúde e os problemas encontrados na terapia medicamentosa através da farmácia clínica no âmbito hospitalar La promoción de la salud y los problemas encontrados en la terapia medicamentosa a través de la farmacia clínica en el ámbito hospitalario |
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Farmacêutica Graduada pelas Faculdades de Saúde Ibituruna – FASI (Brasil) |
Taciane Barreto Ferreira |
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Resumo O farmacêutico na farmácia clínica no âmbito hospitalar é condizente com a provisão responsável de cuidados relacionados à farmacoterapia, com o propósito de conseguir resultados definitivos que melhorem a qualidade de vida do paciente hospitalizado. Objetivou- se identificar o papel do farmacêutico na atuação da farmácia clínica no âmbito hospitalar, assim como demonstrar suas possíveis intervenções terapêuticas a fim de promover a saúde do paciente. Tratou-se de uma revisão bibliográfica sistemática, o qual a amostra constou de publicações bibliográfica e artigos de periódicos feitos através de buscas em banco de dados como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os descritores utilizados foram: farmácia clínica, farmacêutico, farmácia hospitalar. Concluiu- se que com a implementação da farmácia clínica no âmbito o farmacêutico é capaz de identificar diversos problemas na terapia medicamentosa e, fazer possíveis intervenções que juntamente com a equipe multiprofissional garante a promoção da saúde. Assim, consegui assegurar a eficácia no tratamento do paciente hospitalizado evitando- se o agravamento do seu quadro clínico. Unitermos: Farmácia clínica. Farmacêutico. Farmácia hospitalar.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Podemos definir a farmácia clínica como toda atividade executada pelo farmacêutico voltada diretamente ao paciente através do contato direto com este ou através da orientação a outros profissionais clínicos, como o médico e o dentista (BISSON, 2007).
Nesse sentido, é preciso discutir a complexidade da atuação profissional isolada, bem como refletir sobre os aspectos intersubjetivos do trabalho em equipe, no que concerne aos cuidados com a saúde e ao uso dos medicamentos (LYRA JUNIOR et al., 2006).
O farmacêutico é profissional capacitado para avaliar as prescrições, propor o uso racional de medicamentos e praticar a atenção farmacêutica, proporcionando informação e orientação imparcial sobre a utilização dos mesmos (NICOLINI et al., 2008).
Assim, conforme Bortolon et al. (2008) pode-se acrescentar que o medicamento ocupa papel central na busca pela recuperação da saúde e elemento essencial das práticas profissionais. A disponibilidade desses produtos pode satisfazer as expectativas dos usuários, mas deve ser considerada pelos profissionais de saúde como uma ferramenta adicional, acessória às medidas de caráter preventivo e de promoção da saúde da população.
Diante este contexto, o presente estudo tem como objetivo identificar o papel do farmacêutico na atuação da farmácia clínica no âmbito hospitalar, assim como demonstrar suas possíveis intervenções terapêuticas a fim de promover a saúde do paciente.
Métodos
A revisão sistemática foi a estratégia utilizada neste estudo. A amostra constou de publicações bibliográficas e de artigos de periódicos feitos através de buscas em banco de dados como a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).
Os descritores utilizados foram: farmácia clínica, farmacêutico, farmácia hospitalar.
Através desta metodologia fez- se a leitura do material encontrado na integra, o qual analisou- se criteriosamente as informações a fim de se obter o conteúdo do assunto proposto, seguindo o roteiro dos autores.
Resultados
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o hospital é parte do sistema integrado de saúde, cuja função é dispensar à comunidade completa assistência à saúde preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos à família em seu domicílio e ainda um centro de formação para os que trabalham no campo da saúde e das pesquisas biossociais (CAVALLINI & BISSON, 2002).
Segundo Bisson (2007), as funções clínicas devem ser voltadas ao paciente e direcionadas para os resultados. A atenção farmacêutica descreve o propósito original da farmácia clínica, quando ela é entendida como uma prática profissional, assim como uma ciência da saúde.
Conforme Lyra Júnior et al. (2006 apud LIU e CHRISTENSEN, 2002) vários estudos têm demonstrado problemas relacionados às prescrições, originando enormes danos à população.
No entanto, é comum encontrar, em suas prescrições, dosagens e indicações inadequadas, interações medicamentosas, associações, como também redundância (uso de fármacos pertencentes à mesma classe terapêutica) e medicamentos sem valor terapêutico (LYRA JUNIOR et al., 2006). Tais fatores podem gerar reações adversas aos medicamentos, algumas delas graves e fatais (TEIXEIRA & LEFÉVRE, 2001).
No Brasil, milhões de prescrições geradas, anualmente, nos serviços públicos de saúde, não apresentam os requisitos técnicos e legais imprescindíveis para a dispensação eficiente e utilização correta dos medicamentos. Isso retroalimenta a demanda pelos serviços clínicos, muitas vezes em níveis mais complexos, diminuindo a relação custo/efetividade dos tratamentos, onerando de forma desnecessária os gastos com saúde e diminuindo a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, as prescrições inadequadas, ou mesmo ilegíveis, aliadas ao baixo nível socioeconômico cultural dos pacientes brasileiros são fatores relevantes na exposição das várias camadas que compõem a sociedade, em especial idosos e crianças, aos possíveis Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs) (TEIXEIRA & LEFÉVRE, 2001).
Os PRMs são entendidos como problemas de saúde relacionados à farmacoterapia, podendo ter origem no sistema de saúde, em fatores biopsicossociais, no atendimento prestado por profissionais de saúde e na utilização de medicamentos, interferindo nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário (IVAMA, 2002).
Sabe-se que os eventos adversos relacionados aos medicamentos podem ocorrer em qualquer etapa do processo, ou seja, na prescrição, transcrição, distribuição, administração e monitorização das reações adversas. Neste contexto, a prescrição medicamentosa tem papel ímpar na prevenção destes eventos e, atualmente, sabe-se que prescrições ambíguas, ilegíveis ou incompletas, bem como a falta de uma padronização da nomenclatura de medicamentos prescritos (nome comercial x genérico); uso de abreviaturas e a presença de rasuras são fatores que podem contribuir com os eventos adversos (GIMENES et al., 2009 apud COHEN, 1999 & CASSIANI, 2003). Ainda, estudos têm apontado a administração de medicamentos em horários diferentes do prescrito como sendo o evento adverso mais freqüente na etapa da administração (GIMENES et al., 2009 apud SANTELL et al., 2003 e PROT et al, 2005).
A associação de fármacos não deve ser usada para encobrir ou contrabalançar a falta de diagnóstico acurado, indispensável à escolha de medicamentos específicos. Poucas são as situações em que se justificam associações. Isso ocorre no tratamento com anti- hipertensivos, anti- neoplásicos, antituberculosas e anti-retrovirais (FUCHS e WANNMACHER, 2006).
Particularmente, os pacientes idosos são mais susceptíveis a reações adversas durante o tratamento com anti-hipertensivos (LYRA JUNIOR et al., 2006 apud BENSON, 2000).
Nos países desenvolvidos, as doenças cardiovasculares são responsáveis pela metade das mortes, além disso, são as principais causadoras de óbito na população brasileira há mais de 30 anos. Dentre essas doenças, a hipertensão arterial é a mais comum em todo o mundo, sendo responsável por altos índices de morbimortalidade, sobretudo entre os idosos. Em razão da prevalência de doenças crônico-degenerativas há tendência ao uso dos medicamentos que aumenta desde a quarta década de vida (LYRA JUNIOR et al., 2006 apud ROSENFELD, 2003).
Estima-se que 30% das admissões hospitalares de pacientes idosos são relacionadas a problemas com medicamentos, incluindo efeitos tóxicos advindos do seu uso (HANLON, 1997).
O paciente hospitalizado por Reações Adversas a Medicamentos (RAM) pode ter o seu tempo de internação aumentado em 1,7 dias e a média do tempo de internação chega a 7,69 dias, conseqüentemente, há aumento nos custos totais com internação (MASTROIANNI et al., 2009 apud CLASSEN et al., 1997). No entanto, 67% a 75% dos casos poderiam ser prevenidos, porque são conhecidas as propriedades farmacológicas, o que demonstra que as RAM são negligenciadas (MASTROIANNI et al., 2009 apud HOWARD et al., 2003 e ONDER et al., 2002) e subnotificadas.
Além disso, é importante também destacarmos as interações clinicamente relevantes das demais, sendo aquelas em que o início da ação resultante da interação é rápido, em até 24 horas, podendo representar risco à vida do paciente (dano permanente ou deterioração do quadro clínico), possuem embasamento científico bem documentado na literatura e apresentam alta probabilidade de ocorrência (PIVATTO JÚNIOR et al., 2009 apud KAWANO, 2006).
Existe a possibilidade de que alguns efeitos farmacológicos adversos passem despercebidos ou possam ser mal interpretados, como manifestação da patologia de base. Estima- se que os pacientes hospitalizados apresentem de 2 a 60 % de interações medicamentosas (DIAS & MENDES, 2001; SIERRA et al., 1997; VERDUGO; DURÁN; BRAVO, 1998).
Por isso, as interações medicamentosas devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de respostas inesperadas aos medicamentos, tanto quanto as RAM (STORPIRTIS et al., 2008). Logo, o farmacêutico tem o papel essencial de evitar tais efeitos maléficos fazendo a análise das prescrições antes de dispensar o medicamento para o leito do paciente.
De acordo Bisson (2007), a atenção farmacêutica não envolve somente a terapia medicamentosa, mas também decisões sobre o uso de medicamento para cada paciente. Apropriadamente, podemos incluir nesta área a seleção das drogas, doses, ao paciente e aos membros da equipe multidisciplinar de saúde; e o aconselhamento de pacientes. No contexto amplo de saúde podemos ter o cuidado médico, o de enfermagem e o cuidado farmacêutico ou atenção farmacêutica.
De acordo Bisson (2007), embora as evidências demonstrem que os serviços de prevenção são capazes de prolongar a vida dos pacientes e diminuir os custos médico- hospitalares, os médicos e farmacêuticos freqüentemente não integram estas atividades preventivas em suas práticas.
Os farmacêuticos atuam como último elo entre a prescrição e a administração, identificando na dispensação os pacientes de alto risco, enfatizando a importância da monitorização da farmacoterapia e evitando futuras complicações (LYRA JUNIOR et al., 2004, 2006).
Bisson (2007) parte do princípio de que o bem-estar do pacientes é supremo para que esta atenção seja diretamente voltada a ele, com o contato direto ou através dos outros profissionais de saúde, aconselhando, sugerindo e definindo terapias que melhor se adaptem á situação clínica do paciente.
Conclusão
É de grande relevância que no âmbito hospitalar seja implementado o serviço de farmácia clínica a fim de garantir a segurança e eficácia no tratamento farmacoterapêutico.
Diversos são os problemas encontrados nos tratamentos de pacientes hospitalizados, como erros em prescrições médicas, problemas relacionados aos medicamentos, reações adversas, dentre outros que dependendo da gravidade podem pior o seu quadro clínico.
Logo, a atuação do farmacêutico na farmácia clínica é capaz de identificar diversos problemas decorrentes e, fazer a intervenção necessária antes da dispensação do medicamento melhorando a qualidade de vida dos pacientes com os recursos necessários juntamente com a equipe multiprofissional.
Contudo, para que se garanta a qualidade da assistência prestada aos pacientes é necessário que haja sempre a comunicação dos diversos profissionais envolvidos nos cuidados clínicos dos pacientes, de modo que, se evite possíveis problemas nos tratamentos. Assim, haja visto que é possível reduzir os gastos, otimizar e efetivar o tratamento dos pacientes.
Referências
BISSON, M. P. Farmácia clínica e atenção farmacêutica. 2. ed. Baruerí: Manole, 2007. 371p.
BORTOLON, P. C. et al. Análise do perfil de automedicação em mulheres idosas brasileiras. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2008, vol.13, n.4, pp. 1219-1226. ISSN 1413-8123.
CAVALLINI, M. E.; BISSON, M. P. Farmácia hospitalar: um enfoque em sistemas de saúde. Baruerí: Manole, 2002. 218 p.
DIAS, M. F.;MENDES, G.B.B. Interações medicamentosas potenciais em ambiente hospitalar. 2001. Dissertação (Mestrado)- Unicamp, Campinas, 2001.
FUCHS, F.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 1074 p.
GIMENES, F. R. E. et al. Influência da redação da prescrição médica na administração de medicamentos em horários diferentes do prescrito. Acta paul. enferm. [online]. São Paulo - SP, v. 22, n.4, 2009.
HANLON, J.T.; SCHMADER, K.E.; KORONKOWSKI, M.J., WEINBERGER, M.; LANDSMAN, P.B.; SAMSA, G.P.; LEWIS, I.K. Adverse drug events in high risk older outpatients. J Am Geriatr Soc 1997; 45(8):945-948.
IVAMA, A.M. Consenso brasileiro de atenção farmacêutica: proposta. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2002
LYRA JUNIOR, D.P. de, et al. A farmacoterapia no idoso: revisão sobre a abordagem multiprofissional no controle da hipertensão arterial sistêmica. Rev. Latino-Am. Enfermagem (online), Ribeirão Preto-SP, v.14, n.3, maio - jun 2006.
MASTROIANNI, P. de C. et al. Contribuição do uso de medicamentos para a admissão hospitalar. Braz. J. Pharm. Sci. [online]. São Paulo - SP, v.45, n.1, jan.- mar. 2009.
NICOLINI, P.; NASCIMENTO, J.W.L.; GRECO, K.V.; MENEZES, F. G. de. Fatores relacionados à prescrição médica de antibióticos em farmácia pública da região Oeste da cidade de São Paulo. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2008, vol.13, suppl., pp. 689-696. ISSN 1413-8123.
SIERRA, P. et al. Interacciones farmacológicas potenciales y reales en pacientes en estado crítico. Rev. Esp. Anestesiol. Reanim., Madrid, v. 44, p. 383- 387, 1997, Supplement 10.
STORPIRTIS, S. et. al.; Farmácia Clínica e Atenção farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, v.1, p.202-222, 2008.
TEIXEIRA, J.J.V; LEFÉVRE F. A prescrição medicamentosa sob a ótica do paciente idoso. Rev Saúde Pública 2001 abril; 35(2):207-13.
PIVATTO JÚNIOR, F et al. Potenciais interações medicamentosas em prescrições de um hospital - escola de Porto Alegre. Rev. AMRIGS, Porto Alegre, julho - setembro 2009; v.53 n° 3.
VERDUGO, M.D.C.; DURÁN, H.C.; BRAVO, J.M.C. Detección y seguimiento de interacciones farmacológicas en um hospital mexicano. Ver. O.F.I.L., Madrid, v. 8, p. 51- 64, 1998. Supplement 2.
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