Rapel vertical para cadeirantes: uma proposta de intervenção El rapel vertical para personas en silla de ruedas: una propuesta de intervención |
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*Graduado em Ciências da Atividade Física pela USP Pós Graduado em Psicologia Política pela USP Mestrando em Participação Política pela USP **Graduanda em Fisioterapia pela UMC ***Professor Doutor em Ciências da Atividade Física pela USP (Brasil) |
Eduardo Mosna Xavier* Nicole Franco Bellido** Marco Antonio Bettine de Almeida*** |
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Resumo Os Esportes de Aventura permitem uma interação entre homem e meio ambiente extremamente salutar. Na modernidade, o grande número de pessoas com capacidades físicas limitadas abrem uma perspectiva de mercado de trabalho ampla, permitindo a formação de um campo de trabalho novo, qual seja, o de modificar esses esportes, conceituados como “radicais”, aproximando ao máximo as atividades desses seres humanos com aqueles que não possuem deficiências. Nesse contexto, o rapel urbano foi adaptado para as necessidades do cadeirante, permitindo que, mesmo com uma limitação motora, ele possa realizar esse esporte de aventura e se apropriar, dessa forma, de todo o benefício por ele gerado. Unitermos: Esportes de aventura. Rapel. Mobilidade reduzida. Cadeirante. Inclusão social.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução aos Esportes de Aventura
No Brasil, os Esportes de Aventura, conhecidos comumentemente como Esportes Radicais começaram a ganhar força de participação e visibilidade midiática a partir da década de 1980 e, segundo UVINHA (2001), “desde então, vem sendo notado um considerável incremento no número de adeptos”. (p. 34).
Os Esportes de Aventura evoluíram sobremaneira nos últimos 30 anos de nossa História, sendo considerados como “modernos”. Segundo GUTTMANN (1978), os Esportes modernos possuem como características “o secularismo, a igualdade de oportunidades na competição e em suas condições, a especialização de regras, a racionalização possibilitando sua internacionalização, a organização burocrática, o impulso para a quantificação e a busca de recordes”. Esta visão recente sobre a abordagem interpretativa do Esporte segue a chamada Escola de Frankfurt que, segundo INGHAM (1979) seria “um modelo de tipo ideal do esporte organizado, pensado em dois momentos históricos distintos, um denominado pré-moderno e o outro moderno”.
2. O Rapel
Rapel (em francês: rappel) é uma atividade vertical praticada com uso de cordas e equipamentos adequados para a descida de paredões e vãos livres bem como outras edificações. Trata-se de um esporte criado a partir das técnicas do alpinismo o que significa que requer preocupação com a segurança do praticante. A atividade é praticada essencialmente em grupo onde cada integrante se deve preocupar com o companheiro, questionando qualquer situação que possa gerar um incidente e até um acidente. Portanto, há nefcessidade de estabelecimentos de vínculos sociais para realizar esta prática, auxilando nos princípios básicos de socialização necessários ao ser humano para sua existência (conforme visto na Introdução deste trabalho).
Rappel é uma palavra que em francês quer dizer "chamar" ou "recuperar" e foi usada para batizar a técnica de descida por cordas. O termo veio da explicação do "criador" do rappel, Jean Charlet-Stranton, por volta de 1879, quando explicava a técnica: "je tirais vivement par ses bouts la corde qui, on se le rappelle...." que quer dizer em tradução livre "Quando chegava perto de meus companheiros eu puxava fortemente a corda por uma de suas pontas e assim a trazia de volta para mim...", ou seja, ele chamava a corda de volta ao terminar a escalada e a descida de uma montanha ou pico (fonte: wikipédia.com)
O Rapel apresenta diversas variações no tocante á sua execução, que se alternam conforme o grau de dificuldade em que o praticante deseja abordar em sua descida, aliada ao tipo de “parede” ou de “não parede” existente para a prática desta modalidade.
O Rapel Inclinado é o tipo de rapel mais simples de ser executado, como o próprio nome diz, ele é feito em uma parede ou pedra com menos de 90º de inclinação. Ele serve de base para os outros tipos, e é o estilo ideal para iniciantes. O Rapel Vertical não se difere muito do visto acima, tendo suas grandes diferenças apenas na saída, onde dependendo do ponto de fixação da corda, poderemos ter um alto nível de força no baudrier (cadeirinha) devido à passagem do plano horizontal para o vertical. E outro fator a ser considerado é uma maior pressão no freio. No Rapel Negativo, o rapelista inverte sua ancoragem (realizada na acoplagem do cinto localizada nas suas costas), partindo frontalmente para a parede de descida. O rapelista caminhará frontalmente pela parede. Esta técnica é utilizada para trabalhos avançados. No Rapel “Aranha”, o rapelista inverte sua posição, com o auxílio da parede, ficando de cabeça para baixo, através de uma pendulação entre seu eixo tronco – membros inferiores. O rapelista deslizará pela corda, sem contar com o apoio da parede. Esta técnica é utilizada para trabalhos avançados.
O Rapel permite uma diversidade de benefícios aos seus praticantes, á saber:
Melhora do desenvolvimento e do controle motor: pela possibilidade de realizar movimentos de difícil execução em “chão firme”, os grais de liberdade na realização de atividades suspensos pela corda permitirá aos cadeirantes uma nova interação não apenas para a realização de movimentos com maior facilidade, como, também, na sua propriocepção, descobrindo parte dos corpo onde estímulos em locais fixos não poderiam gerar os estímulos suficientes para esse aprendizado.
Trabalho em grupo: o rapel é um dos esportes radicais que mais permite a interação com outros participantes e, sobretudo, com os monitores; essa interação é baseada no estabelecimento de vínculos de confiança para a execução das atividades, o que possibilita aos participantes a aproximação e o aprofundamento de relações pessoais significativas para uma vida mais harmônica
“Superação de Limites”: a possibilidade apresentada ao cadeirante para ter autonomia na realização de movimentos doravante nunca conseguidos por seu próprio esforço, permite um reforço psicológico importante para que esse ser humano supere com maior motivação as adversidades não apenas na realização do rapel como, também, na consecução das suas atividades da vida diária.
3. O Rapel Vertical para o cadeirante
O Rapel Vertical permite uma liberdade do cadeirante em relação á cadeira de rodas para a realização da atividade, permitindo uma maior expressão corporal e uma perceptível potencialização dos graus de liberdade motora na realização da atividade.
Além do citado fator, a possibilidade de realização do rapel sem a cadeira de rodas potencializa os locais para a realização da atividade, sobretudo, em terrenos urbanos (como pontes e vãos de edifícios, facilitando a acessibilidade dos cadeirantes para a prática, além de permitir uma maior aderência e identificação com a atividade em virtude de uma menor quantidade de barreiras físicas que poderiam afastá-los da prática.
A possibilidade de maior controle motor pelo cadeirante criará uma situação nova para essas pessoas, permitindo uma aproximação de postura em relação ao não cadeirante. Em suspensão, o cadeirante terá a possibilidade de realizar o endireitamento entre a cabeça, o tronco e seus membros sem o auxílio de terceiros. Além do alinhamento corporal, terá a possibilidade de manter uma horizontalidade no olhar que permite uma nova percepção e interação com o meio ambiente, sem a limitação gerada, naturalmente, por seu instrumento de locomoção.
Por fim, a possibilidade de controle do equilíbrio (através da tentativa de manutenção de uma postura exigida pela prática) e de sua estabilidade (manutenção da altura do centro de gravidade em relação ao peso de seu corpo), bem como a possibilidade de um maior clônus muscular são fatores posturais que tornam o Rapel Vertical uma variação mais atrativa no trabalho
Referências
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WERNECK, C. Você é gente? O direito de nunca ser questionado sobre o seu valor humano. Rio de Janeiro: WVA, 2003. p. 15-44.
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