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Análise da atuação da equipe de controle de

infecção na prevenção da infecção hospitalar

Análisis de la actuación del equipo de control de infección en la prevención de la infección hospitalaria

 

*Enfermeira. Especialista em Vigilância em Saúde e Controle de Infecção

pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes.

*Enfermeira. Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes.

*Enfermeiro. Mestre em Ciências da Saúde. Doutorando em Ciências da Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros

****Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde

Doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil

Líder do Grupo de Pesquisa em Enfermagem

das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros

Elizânia Márcia dos Santos*

Wanessa Geórgia França Cunha**

Thiago Luis de Andrade Barbosa***

Ludmila Mourão Xavier Gomes****

zanaports2008@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo analisar a atuação da equipe de controle de infecção na prevenção da Infecção Hospitalar. Optou-se pela abordagem quantitativa, descritiva, exploratória e transversal. Participaram do estudo 14 profissionais de enfermagem. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário individual e anônimo com 11 questões estruturadas escritas de forma clara e objetiva para facilitar a compreensão e obter objetividade nas respostas. Após coletados os dados foram organizados e submetidos ao programa Microsoft® Excel 2007 que viabilizou a construção de tabelas e gráficos para subsidiar a análise das informações. Os resultados apontaram o enfermeiro como profissional mais atuante da equipe de enfermagem. A equipe realiza buscas ativa e colhe dados de forma sistemática, sendo a principal fonte de informações o prontuário do paciente. Os fatores influentes na ocorrência de Infecção Hospitalar derivados do trabalho do profissional de saúde são: realização das técnicas antissépticas de forma incorreta, desconhecimento das técnicas antissépticas e descuido na realização dos procedimentos. As precauções adotadas para evitar as Infecções Hospitalares são às precauções padrão. Concluiu-se que a equipe de enfermagem atua de forma que a legislação vigente recomenda e oferece serviços de qualidade à clientela, mas é preciso que a CCIH invista em programas de capacitação dos trabalhadores.

          Unitermos: Infecção Hospitalar. CCIH. Gestão de Enfermagem.

 

Abstract

          The present study aimed to evaluate the performance of nursing in the prevention of Hospital Infection. We opted for the quantitative approach, descriptive, exploratory and cross. Study participants were 14 nurses. Was used as an instrument for data collection and an individual questionnaire with 11 questions structured anonymous written in a clear and objective to facilitate understanding and objectivity in obtaining answers. After the data were collected and submitted to the organized program Microsoft ® Excel 2007 that enabled the construction of tables and graphs to help analyze the information. Results showed the professional nurse as more active nursing team. The team conducts searches actively and systematically collects data, the main source of information the patient's record. The factors influencing the occurrence of Hospital Infection derivative work of healthcare professionals are performing the techniques antiseptic incorrectly, ignorance and carelessness of antiseptic techniques in procedures. The precautions taken to prevent the Hospital Infections are the standard precautions. It was concluded that the nursing staff works so that existing legislation recommends and offers quality services to customers, but we need to invest in CCIH training programs for workers.

          Keywords: Hospital Infection. CCIH. Nursing Management.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A infecção hospitalar (IH) representa atualmente uma preocupação não somente dos órgãos de saúde competentes, mas um problema de ordem social, ética e jurídica em face às implicações na vida dos usuários e o risco a que estes estão submetidos (SOUZA et al., 2008).

    Conforme Brasil (1998) Infecção Hospitalar, segundo a Portaria Nº 2616/98 do Ministério da Saúde, é caracterizada como sendo aquela adquirida após admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou a procedimentos hospitalares. São também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas após 72 horas da alta hospitalar, quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados durante este período.

    Santos, Hoyashi e Rodrigues (2010) relatam que a suscetibilidade do paciente a infecção durante a internação tende a ser aumentado devido ao constante contato com pacientes de diversas patologias em ambiente fechado. O uso de materiais em procedimentos médicos e de enfermagem, o contato com os profissionais de saúde e a própria vulnerabilidade do indivíduo predispõe às infecções secundárias que se relacionam com a hospitalização.

    Para Cavalcanti e Hinrichsen (2004) os custos das infecções hospitalares encarecem o atendimento, na medida em que causa aumento da demanda terapêutica (gastos com antibiótico), da permanência hospitalar e da morbimortalidade. Esses custos são classificados pelo Ministério da Saúde como: custos diretos, que estão intimamente relacionados às despesas do paciente com IH; indiretos, que são resultantes da morbidade, como afastamento de trabalho, sequela de alguma doença ou mesmo morte e os custos inatingíveis, impossíveis de serem medidos economicamente, pois compreendem os distúrbios provocados pela dor, mal-estar, isolamento, angústia e pelo sofrimento experimentado pelo paciente no ambiente hospitalar.

    Para Souza, Rocha e Gabardo (2011) o aumento da incidência das infecções hospitalares aconteceu com o desenvolvimento tecnológico, a partir da revolução industrial, que possibilitou o aumento de procedimentos e técnicas mais invasivas, elevando as chances de o paciente contrair uma infecção. Além do surgimento de novas tecnologias, outros fatores contribuem significativamente para o aumento da incidência de IH, como o tratamento de doenças crônico-degenerativas que elevam a taxa de permanência do paciente no hospital, possibilitando, desta forma, oportunidades de o paciente ser contaminado por alguma infecção. Os maiores problemas enfrentados se referiram tanto à proteção pessoal, como à prevenção da propagação entre os pacientes internados e aos visitantes nos hospitais.

    Segundo Santos, Hoyashi e Rodrigues (2010) em relação à atuação de enfermagem compete ao enfermeiro dentro de suas atribuições supervisionar, organizar, planejar e executar medidas que possam favorecer a prevenção de infecções decorrentes da hospitalização. Deve envolver toda a sua equipe de trabalho, incluindo a participação da equipe interdisciplinar de saúde.

    Ao levantar as várias possibilidades de contaminação e riscos de infecção nos pacientes, o enfermeiro pode classificar por áreas, sua atuação no ambiente hospitalar. No ambiente hospitalar, os recipientes de coleta de roupa suja devem possuir tampas acionadas por pedal e devem ser mantidas continuamente fechadas. Os profissionais devem trocar as luvas e lavar as mãos entre a execução dos procedimentos, mesmo que em um mesmo paciente. Ao preparar de infusões, não se deve esquecer de utilizar os equipamentos de proteção individual; quando descartar os resíduos dos serviços de saúde, não reencapar agulhas e utilizar as caixas coletores de perfurocortantes até o limite máximo de 2/3 de sua capacidade total (SILVA; PEREIRA; MESQUITA, 2004).

    Segundo Silva e Lacerda (2011) há uma crescente demanda pela utilização de sistemas de avaliação da qualidade de serviços e práticas assistenciais na área de Controle de Infecção Hospitalar (CIH) com ênfase no processo de gestão. Os autores ressaltam que o gestor precisa possuir atributos básicos como liderança, capacidade de planejamento estratégico, foco no cliente e no mercado, disponibilizar informações, gerir pessoas, materiais e processos.

    Para Souza, Rocha e Gabardo (2011) há muitas maneiras de o hospital controlar a infecção, tais como higiene pessoal, medidas de gestão de doentes, fatores ambientais (ventilação, espaço, modalidades, facilidades de limpeza, dentre outros), e medidas de proteção, incluindo os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), mas precisa de efetiva participação do gestor. Neste sentido este trabalho objetivou analisar atuação da equipe de enfermagem na prevenção da infecção hospitalar em um hospital situado no norte de Minas Gerais. Assim, este estudo teve como objetivo analisar a atuação da equipe de controle de infecção na prevenção da Infecção Hospitalar.

Método

    Traçados os objetivos delimitou-se o método a ser percorrido. Segundo Rover (2006) o método é um conjunto de procedimentos sistemáticos no qual os questionamentos são utilizados com critérios de caráter científico a fim de obter fidedignidade dos dados. Envolve princípios e normas que possam orientar e possibilitar condições ao pesquisador, na realização de seus trabalhos, para que o resultado seja confiável e tenha possibilidade de ser generalizado para outros casos.

    Conforme o autor supracitado o conhecimento científico é real e sistemático, próximo ao exato, procurando conhecer além do fenômeno em si, as causas e leis. Por meio da classificação, comparação, aplicação dos métodos, análise e síntese, o pesquisador extrai do contexto social, ou do universo, princípios e leis que estruturam um conhecimento rigorosamente válido e universal. Neste, são feitos questionamentos e procuradas explicações sobre os fatos, através de procedimentos que possam levar ao resultado com comprovação. Não é considerado algo pronto, acabado e definitivo, busca constantemente explicações, soluções, revisões e reavaliações de seus resultados, pois, a ciência é um processo em construção.

    Nesse contexto, optou-se pela abordagem metodológica quantitativa, descritiva, exploratória e transversal a fim de atingir os objetivos da presente investigação.

    A pesquisa foi realizada na Santa Casa de Misericórdia e Hospital São Vicente de Paulo de Porteirinha (SCMHSVP) nos meses de novembro e dezembro de 2011. O referido Hospital é uma entidade privada, filantrópica, beneficente, sem fins lucrativos. A instituição possui atualmente 48 leitos, todos credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e está localizada no Município de Porteirinha no Norte de Minas Gerais, sendo considerada referência para os municípios de Riacho dos Machados, Serranópolis de Minas, Pai Pedro, Catuti, Mato Verde, e até outras mais distantes, tais como: Monte Azul, Santo Antônio do Retiro, Gameleiras e Mamonas.

    A SCMSVP tem por finalidade prestar assistência social a pessoas carentes, sem distinção de raça, cor e religião ou ideologia política, especialmente em serviços médicos-assistenciais, hospitalar e ambulatorial, em convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), atuando de forma complementar nos termos da Constituição Federal e da Lei n°8.080/90.

    A SCMHSVP atende nas seguintes áreas; clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, ginecologia e obstetrícia, traumatologia, ortopedia e cardiologia.

    Em relação à população estudada a pesquisa foi desenvolvida com 14 profissionais de enfermagem que atuam na Santa Casa de Misericórdia e Hospital São Vicente de Paulo.

    Mediante a abordagem quantitativa, foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário individual e anônimo com questões estruturadas visando fornecer dados precisos e necessários para atingir os objetivos da pesquisa, oferecendo ao pesquisado a liberdade e espontaneidade de resposta.

    Trata-se, portanto, de um questionário autoaplicável composto de onze questões escritas de forma clara e objetiva para facilitar a compreensão e obter objetividade nas respostas. O questionário avaliou a composição dos profissionais que trabalham na CCIH bem como os métodos de notificação e informação das infecções hospitalares e as atividades realizadas pela CCIH.

    Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o parecer número 3130, foi realizado um teste piloto com cinco profissionais de enfermagem que trabalham na instituição pesquisada.

    Após coletados os dados foram organizados e submetidos ao programa Microsoft® Excel 2007 que viabilizou a construção de tabelas e gráficos para subsidiar a análise das informações de acordo com os objetivos propostos.

    Quanto às questões éticas, foi enviado um Termo de Concordância ao diretor administrativo do hospital solicitando autorização para realização da pesquisa, em seguida, todos os participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que garantiu a eles autonomia em participar ou não da pesquisa. Este termo está em conformidade com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que versa sobre a pesquisa com seres humanos. Ainda de acordo com essa Resolução, o termo assinado pelos participantes esclareceu sobre os objetivos, metodologia, procedimentos, justificativa, benefícios, desconforto e riscos, confidencialidade, compensação, indenização e o consentimento de sua participação na pesquisa.

Resultados e discussão

    A amostra estudada foi composta por 14 (100%) profissionais de enfermagem, dentre eles auxiliares, técnicos e enfermeiros que aceitaram responder ao questionário da pesquisa.

    O Gráfico 1 apresenta a formação dos profissionais que compõem a CCIH da Santa Casa de Misericórdia e Hospital São Vicente de Paulo, segundo o conhecimento dos profissionais investigados. Neste sentido os pesquisados identificaram como integrantes da CCIH por ordem de citações os recursos humanos enfermeiro (13; 54,54%), médico clínico (08; 24,24%), administrador (06; 18,18%), cirurgião (05; 15,15%) e auxiliar administrativo (01; 3,03%).

    Percebe-se que os profissionais enfermeiros e médicos foram os mais citados pelos profissionais investigados. Segundo Santos, Hoyashi e Rodrigues (2010) o enfermeiro tende a liderar a equipe de CCIH, pois compete a ele dentro de suas atribuições supervisionar, organizar, planejar e executar medidas que possam favorecer a prevenção de infecções decorrentes da hospitalização, devendo, portanto, envolver toda a sua equipe de trabalho, incluindo a participação da equipe interdisciplinar de saúde.

    De acordo com Cardoso e Silva (2004) é correto que o enfermeiro tenha uma atuação de destaque dentro dessa comissão por deter grande número de informações e manter um maior e mais restrito contato com os pacientes em situação de internação.

    Quanto às capacitações e treinamentos desenvolvidos pela CCIH acerca das IHs detectou-se que apenas 21,42% (03) dos profissionais entrevistados participaram de capacitações. Destaca-se que 14,29% (02) dos profissionais desconhecem quaisquer treinamentos desenvolvidos pela CCIH.

    Para Santos, Hoyashi e Rodrigues (2010) a capacitação da equipe de enfermagem é a estratégia mais apontada como eficiente na redução das Infecções Hospitalares. No estudo realizado, por esses autores, concluíram que dos 40 (100%) dos depoentes, 30 (75%) privilegiam essa ação, como a mais conveniente e essencial para o controle de infecção hospitalar.

    Conforme Santos et al. (2008) dentre as estratégias de capacitação estão a transferência de conhecimento sobre as fontes de infecção e as medidas para evitar a contaminação, orientar e educar a equipe, nesse sentido deve-se incentivar a equipe para a melhor realização das técnicas. Foi apontada ainda a necessidade de realização de reuniões periódicas com toda a equipe de enfermagem, onde o CCIH estaria passando todo o conhecimento e aceitando sugestões dos profissionais.

Gráfico 1. Estrutura de Recursos Humanos da CCIH Conforme Relatado Pelos Profissionais de 

Enfermagem da Santa Casa de Misericórdia e Hospital São Vicente de Paulo - Porteirinha/MG, 2012

    A prevenção e o controle das infecções hospitalares exigem a aplicação sistemática de medidas técnicas e administrativas, orientadas por informações obtidas por meio de sistemas de vigilância epidemiológica e de monitoramento de indicadores de processos (SILVA, 2003).

    Em relação ao método de notificação de IH a CCIH utiliza os métodos ativo (21,43%), passivo (50%) e ambos os métodos (28,57%) conforme informações dos profissionais de enfermagem investigados e mostrado no Gráfico 2. De acordo com Aguiar, Lima e Santos (2008) as CCIHs enfrentam muitas dificuldades quanto à execução do método passivo; o preenchimento incorreto das fichas de notificação e prontuários com anotações incompletas ou omissões, relatam dificuldades relacionadas à qualidade dos prontuários; à fonte de informações; e, com frequência falta de apoio administrativo. Com referência ao método ativo, várias dificuldades foram assinaladas pelos autores, sobressaindo, a questão da qualidade dos prontuários, o tempo gasto pelos enfermeiros da CCIH na coleta de dados e a falta de enfermeiro em dedicação exclusiva.

Gráfico 2. Métodos de Busca Utilizada Segundo Informações da Equipe de Enfermagem da 

Santa Casa de Misericórdia e Hospital São Vicente de Paulo em Porteirinha-MG, 2012

    Arantes et al. (2003) relatam que a coleta de dados, a consolidação, a análise e a divulgação dos mesmos devem servir de base para estabelecer níveis endêmicos, identificar surtos, sensibilizar profissionais de saúde e administradores sobre a necessidade do controle e avaliar as medidas implantadas.

    Questionados a respeito da periodicidade da realização de buscas ativas de IHs, houve certa convergência de informações, para 64,29% (09) a busca ativa acontece diariamente, já 35,71% (05) a busca acontece semanalmente. De acordo com Fonseca et al. (2011) as ações do enfermeiro no combate às Infecções Hospitalares, enquanto profissional assistencial devem estar presentes no trabalho cotidiano e passam por buscas ativas dessas infecções que devem ser realizadas de forma sistematizada e divulgadas. Em relação à coleta de dados, a CCIH realiza coleta de dados de maneira sistemática (09; 81,82%) e interpreta e divulga os dados coletados (02; 18,18%).

    As fontes de informações sobre as Infecções Hospitalares são levantadas dos prontuários dos pacientes (14; 70%), relatórios de enfermagem (04; 20%) e exames laboratoriais (02; 10%). Segundo Padre e Vasconcellos (2001) os dados secundários são indicativos para localizar e definir as infecções hospitalares e suas fontes é o prontuário do paciente, composto dos dados pessoais, história pregressa, exame de internação e hipótese diagnóstica, prescrições, evoluções, resultados de exames e sumário de alta com diagnóstico; os registros de intercorrências cirúrgicas e anestésicas; a liberação de antimicrobianos e materiais para procedimentos invasivos na farmácia e almoxarifado; os sinais vitais do paciente internado; a reinternação de egresso; e as solicitações de exames laboratoriais e de imagens com hipótese e resultado de infecção entre outros.

    Neste sentido, Cavalcanti e Hinrichsen (2004) informam que a qualidade dos dados coletados depende da habilitação e treinamento dos profissionais técnicos, cujo conhecimento e adesão aos critérios e conceitos devem ser validados, para garantir informações confiáveis.

    Verificou-se que a CCIH implanta e atualiza Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) nos postos de trabalho sobre Infecções Hospitalares, o que foi relatado por 92,86% (13) profissionais. Em relação aos POPs implantados pela CCIH, os investigados informaram ter conhecimento sobre as seguintes temáticas: higienização das mãos (13; 34,21%), curativo simples e técnica de punção venosa (08; 21,05% respectivamente), curativo cirúrgico (06; 15,79%) e hemotransfusão (01; 2,63%).

    Conforme Aguiar, Lima e Santos (2008) é fundamental, a implantação de manuais de Procedimentos Operacionais Padrão (POP) e de protocolos para a realização correta das atividades hospitalares, uma vez que auxiliam na implementação da assistência e representam uma importante ferramenta para o controle das Infecções Hospitalares.

    Questionados a respeito dos fatores que influenciam na ocorrência de Infecção Hospitalar derivados do trabalho do profissional de saúde e as medidas de precauções para evitá-las, a Tabela 1 mostra que os principais fatores listados pelos pesquisados foram realização das técnicas antissépticas de forma incorreta (11; 32,35%), desconhecimento das técnicas antissépticas (08; 23,53%), descuido na realização dos procedimentos (07; 20,60%), má higienização do local acometido (05; 14,70%), material contaminado (03; 8,82%), infecção cruzada, má higienização das mãos e não uso do jaleco apareceram uma vez cada.

    Segundo Santos et al. (2010) embora as principais causas de infecção hospitalar estejam relacionadas com o doente suscetível à infecção e com os métodos de diagnósticos e terapêuticos utilizados, não se pode deixar de considerar a parcela de responsabilidade relacionada aos padrões de assepsia e de higiene do ambiente hospitalar e da conduta profissional.

    De acordo com Dantas et al. (2010) a contaminação de superfícies, equipamentos e mãos de profissionais da saúde tem sido relacionada à quebra de barreiras e focos de infecção, transmissão de patógenos. Patógenos hospitalares podem sobreviver durante meses em superfícies inanimadas; alguns estudos mostram que alguns fatores influenciam nesta sobrevivência, como baixa temperatura, umidade e o tipo de material.

    Conforme Souza, Rocha e Gabardo (2011) há muitas maneiras de o hospital controlar a infecção, tais como higiene pessoal, medidas de gestão de doentes, fatores ambientais (ventilação, espaço, modalidades, facilidades de limpeza, dentre outros), e medidas de proteção, incluindo os equipamentos de proteção individual e adoção da realização das técnicas antissépticas da forma padronizada.

    As precauções padrão adotadas para evitar as Infecções Hospitalares neste estudo estão apresentadas na Tabela 1. Observa-se que as medidas de maior ênfase são higienização das mãos (12; 34,28%), uso de luvas (09; 25,71%), desinfecção do leito (08; 22,86%), uso de máscara e gorro (06; 17,15%), uso de jalecos e capotes durante os procedimentos com pacientes apareceram uma vez cada.

    Silva e Lacerda (2011) destacam que as precauções padrão representam um conjunto de medidas que devem ser aplicadas no atendimento a todos os pacientes hospitalizados e na manipulação de equipamentos e artigos contaminados, ou sob suspeitas de contaminação.

    Os autores relatam ainda que as precauções padrão devem ser aplicadas todas as vezes que houver possibilidade de contato com sangue, secreções, excreções, fluidos corpóreos, pele não íntegra e mucosas.

    A lavagem das mãos é importante para diminuição da infecção hospitalar, estas devem ser lavadas antes de cada contato direto com o paciente, e após qualquer atividade ou contato que resulte em nova contaminação, visando à quebra da cadeia de transmissão do profissional para com os pacientes (KUNZLE et al., 2006).

Tabela 1. Fatores que influenciam na ocorrência de Infecção Hospitalar e a medidas de precauções para evitá-las, 

segundo relato dos profissionais de enfermagem da Santa Casa de Misericórdia e Hospital São Vicente de Paulo, Porteirinha-MG

Conclusão

    A infecção hospitalar é assunto que sem dúvida gera muito interesse e discussão para a saúde, pois sua ocorrência causa elevado ônus a toda sociedade. As instituições hospitalares por sua vez tem se precavido por meio de programas elaborados e implantados pela CCIH. O presente estudo avaliou a atuação de enfermagem na prevenção da infecção hospitalar sob uma ótica voltada para gestão de qualidade. Participaram do estudo 14 profissionais, dentre eles, auxiliares, técnicos e enfermeiros.

    Identificou-se o profissional enfermeiro com maior número de citações nos questionamentos quanto a estrutura humana da CCIH, o que de fato está em acordo com a literatura, uma vez que o enfermeiro atua na CCIH em três dimensões: científica, humana e técnica. Apesar da CCIH elaborar e implantar manuais de procedimentos operacionais padrão, os dados coletados mostraram falhas na execução da CCIH quanto a suas atribuições, pois a maior parte dos profissionais informaram que a CCIH não realiza treinamentos com a equipe.

    Os profissionais de enfermagem investigados percebem a notificação das IHs por meio dos métodos ativo e passivo, realizando busca ativa de forma sistemática, contudo houve divergências quanto à periodicidade da realização dessas buscas ativas, parte dos questionados relata ser diariamente e outra parte relatou acontecer semanalmente. As fontes de informações sobre as Infecções Hospitalares são os prontuários dos pacientes, os relatórios de enfermagem e os exames laboratoriais.

    Na visão dos profissionais de enfermagem investigados, os fatores que influenciam na ocorrência de infecção hospitalar derivados do trabalho do profissional de saúde são: realização das técnicas antissépticas de forma incorreta, desconhecimento das técnicas antissépticas, descuido na realização dos procedimentos, má higienização do local acometido, material contaminado, infecção cruzada, má higienização das mãos e não uso do jaleco. As precauções adotadas para evitar as Infecções Hospitalares foram basicamente às precauções padrão que são adotadas como medidas de segurança em qualquer procedimento que ofereça risco ao profissional e ao cliente.

    Apesar das conclusões o estudo teve limitações principalmente aquelas relacionadas à adesão e comprometimento dos participantes da pesquisa em responder aos questionários. A partir desse estudo podem-se desenvolver novas pesquisas com indagações que surgiram a partir dos resultados encontrados.

    No entanto conclui-se que apesar das deficiências a enfermagem e a CCIH atuam de forma que a legislação vigente recomenda e oferece serviços de qualidade a clientela, mas é preciso que a CCIH invista em programas de capacitação dos trabalhadores.

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