Os benefícios da ginástica artística para o desenvolvimento motor infantil: um estudo comparativo entre duas modalidades Los beneficios de la gimnasia artística para el desarrollo motor infantil: un estudio comparativo entre dos modalidades |
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*Graduado em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia **Doutora em Educação Física pela Unicamp **Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia *** Professora na Faculdade NETWORK (Brasil) |
Cezar Augusto Chaves Filho* Evelyn Da Silva Alves* Mitali Camila dos Santos Gimenez* Helena Brandão Viana** Roberta de Oliveira Guimarães*** |
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Resumo A base para o desenvolvimento motor de uma criança é permitir e ensinar movimentos variados de forma com que ela obtenha inúmeras experiências na sua vivencia corporal. Objetivos: Identificar através de testes aplicados o nível de desenvolvimento motor da criança em algumas capacidade físicas em duas modalidades, a ginástica artística (GA) e a natação (NA). Metodologia: Para averiguar foram feitos testes de avaliação motora como: flexibilidade (banco de Wells), agilidade (teste do quadrado), e velocidade (20 metros). A coleta foi realizada com 20 crianças de cada modalidade. Resultados: Em flexibilidade e agilidade os alunos da GA mostraram-se melhor, enquanto que em velocidade os atletas de NA foram melhores. Destaca-se também que as meninas tiveram um melhor nível da flexibilidade do que os meninos, e os meninos destacaram-se na força, bem como na velocidade e agilidade. Considerações finais: Pode-se analisar que independente da modalidade esportiva em que se realizava teve indícios de um bom acervo motor adquirido pela prática esportiva. Unitermos: Desenvolvimento motor. Ginástica Artística. Natação.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Muitas pessoas vêem a ginástica artística (GA) como sendo uma modalidade somente de alto nível, e algumas vezes há uma precocidade na formação desses atletas, então a iniciação esportiva a nível profissional ocorre muito cedo. Porém na infância não se pode saber qual dos atletas em treinamento chegará ao profissional e a grande maioria desses indivíduos não chegam ao profissionalismo. Mas a GA pode ser trabalhada de uma forma diferente. Ela traz muitos benefícios para o indivíduo praticante, e os programas de iniciação esportiva beneficiarão o controle do corpo através dos movimentos como os giros, saltos, balanços aterrissagem, etc. (TSKUNAMOTO & NUNOMURA, 2005).
Em uma leitura, mais detalhada dos PCN’s pode-se saber que a GA não é muito aplicada no ambiente escolar sendo assim desconhecida por muitos professores. Dentro do processo da aplicação da GA, a criança começa a aprender a conhecer seu próprio corpo, sabendo quais são seus limites, e os movimentos vão do mais simples até o mais complexo, aumentando ainda mais seu repertório motor, como: saltos, equilíbrio, locomoções diversas, que serão fundamentais para a aprendizagem da criança e onde o medo e insegurança são maiores nos anos iniciais, e a repetitiva execução dos movimentos é fundamental para o desenvolvimento da criança pela diversidade de exercícios. Mas ainda que a GA possa parecer ótima para o desenvolvimento, há uma dificuldade de conhecimento do tema pelos professores de EF.
É importante que as escolas contemplem a GA em seus projetos pedagógicos, pois pode-se aplicar com materiais adaptados, para as escolas com poucos recursos financeiros. Essa prática possibilita ao aluno um melhor desenvolvimento e formação psicomotora (NASCIMENTO, 2010).
Um dos principais motivos pelo qual a GA não é aplicada nas escolas, é a falta de conhecimento por parte dos professores, a falta de uma visão mais aprofundada da modalidade, por não conseguirem ver além de apenas uma modalidade competitiva, e também do conhecimento de como esta prática auxiliará com a formação e desenvolvimento motor dos seus alunos (SCHIAVON; NISTA-PICCOLO, 2007).
Certamente a GA é uma das formas que trará experiências tanto para o educando quanto para o educador, o ensino da GA nas escolas tem suma importância para a formação integral do indivíduo (RINALDI; SOUZA, 2003).
A importância deste trabalho que foi desenvolvido é de indicar os benefícios que a ginástica artística traz à criança em relação ao desenvolvimento motor em sua fase fundamental, indicando alguns aspectos que levam a criança à prática da ginástica artística e/ou outra atividade física.
Desenvolvimento motor
"A educação física como atividade curricular deve oferecer às crianças elementos por meio dos quais elas possam seguir o processo normal de maturação" (ALVES, ALVES, 2009, p.46).
O desenvolvimento da criança na escola vai se refletir no futuro e é de extrema importância que ela desenvolva na primeira fase de sua vida escolar, para que posteriormente ela tenha um desempenho melhor nas suas atividades físicas.
A prática de esportes vem aumentando cada vez mais, as crianças tem se envolvido muito nas atividades físicas, que vem crescendo nos últimos tempos. Se a prática esportiva é aplicada de forma correta e especialmente bem orientada, essa prática se tornará bem eficiente para o crescimento da criança seja social, cognitivo, afetivo, físico ou motor (TSUKAMOTO & NUNOMURA, 2005).
As crianças que praticam a ginástica artística obtêm um melhor conhecimento sobre os movimentos que seu corpo executará, podendo assim controlar melhor seu corpo nas atividades realizadas durante as aulas de ginástica artística. Tal modalidade se torna cada vez mais interessante para o praticante quando passa a se tornar um desafio com atividades variadas dentro da própria modalidade (ALVES, ALVES, 2009).
A base para o desenvolvimento motor de uma criança é permitir e ensinar movimentos variados de forma com que ela obtenha inúmeras experiências na sua vivência corporal. Entre os vários movimentos os básicos que são realizados no dia-a-dia por uma criança já ajudam a ter um melhor desenvolvimento nas aulas de educação física como saltar, correr, apoiar-se, fazer rolamentos entre outro (NASCIMENTO, 2010).
Segundo Bezerra, Ferreira, Feliciano (2006, p.130):
Nesse contexto, as crianças devem ser expostas a uma ampla variedade de atividades desportivas, para assegurar que elas possam identificar as modalidades que melhor se adaptam às suas necessidades, interesses, capacidade e constituição física, pois isto tende a aumentar o êxito e o prazer no esporte.
Não é lógico trabalhar determinados tipos de atividades sem que o aluno tenha domínio de corpo, e possa controlar seu próprio corpo nas aulas. A Ginástica artística prepara a criança para atividades futuras que ajudam num melhor rendimento na prática de outros esportes, como a queda durante uma partida de basquetebol, por exemplo (TSUKAMOTO & NUNOMURA, 2005).
Segundo Nilges (2000) apud Tsukamoto, Nunomura (2005, p.162):
[…] além de desenvolver capacidades como força, flexibilidade e controle corporal, a Ginástica pode contribuir para a aquisição de outras habilidades esportivas, como o giro de pivô do basquetebol e o salto com vara no atletismo.
A implantação de atividade que desenvolvam as habilidades motoras deveria ser uma disciplina básica na educação física escolar e a modalidade que mais exercita tais habilidades é a ginástica artística e através deste trabalho isso será comprovado de forma nítida. As capacidades físicas dos alunos aumentarão e ocorrerá de forma significativa uma melhoria da aptidão física (NASCIMENTO, 2007).
O professor, ao realizar atividades com movimentos diferenciados criará cada vez mais a ampliação da área motora e grandes benefícios serão obtidos na melhoria das capacidades motoras. A ginástica artística é uma modalidade que envolve tanto a parte física quanto a parte intelectual na parte em que o aluno tem que pensar antes de executar certos movimentos, aplicando nas aulas de educação física de forma lúdica os alunos terão muito mais interesse e prazer ao praticá-los. A ginástica artística tem atividades de amplos movimentos podendo ser considerada com uma modalidade básica que conduz o aluno a um melhor desenvolvimento motor. O domínio do corpo é de suma importância pois o aluno saberá controlar melhor seu corpo nas demais atividade em geral, sua postura na sala de aula é melhor, a integração social, disciplina, responsabilidade, iniciativa e organização são mais destacadas que nos outros alunos, além de trabalhar a resistência muscular localizada e geral, coordenação, flexibilidade, equilíbrio, ritmo e consciência corporal (BEZERRA, FILHO, FELICIANO, 2006).
Metodologia
Segundo os autores Thomas e Nelson (2002), esta pesquisa teve caráter predominantemente qualitativo.
Características de pesquisa
Os testes foram aplicados em três locais diferentes, em um centro de treinamento de Ginástica Artística (Hortolândia), e em duas escolas de natação onde há equipes de treinamento de crianças, uma em Hortolândia e outra em Sumaré, interior do estado de São Paulo, Brasil. Ao todo foram 40 crianças, sendo que 20 participantes de ginástica e 20 de natação.
Tabela 1. Média de idade
Aspectos éticos
Para realizarmos a coleta de dados num dos locais esportivos, que foi Vitor Savala foi necessário uma autorização da secretária de esportes da cidade de Hortolândia.
Somente teve a participação dos testes aqueles, cujos pais ou responsáveis assinaram e entregaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
Instrumentos
Foram utilizados os seguintes instrumentos de avaliação:
Flexibilidade (Banco de Wells): através deste teste pode-se avaliar o nível de flexibilidade dos atletas, identificar o desenvolvimento motor dos atletas/crianças.
Agilidade (teste do quadrado): este teste tem como objetivo avaliar o nível de deslocamento dos atletas/crianças Utiliza-se um quadrado desenhado no chão, medindo 4m x 4m, onde a criança deve se deslocar o mais rápido possível seguindo na diagonal, paralela, diagonal, paralela.
Figura 1. Esquema do teste do quadrado
Velocidade de deslocamento (teste de 20m): neste teste pode-se avaliar a velocidade de deslocamento em uma direção linear, com espaço de 20 metros, e obtém-se o menor tempo. Em um local plano, marca-se uma distância de 22 metros, e o avaliador na distância de 20 metros, ao sinal o atleta corre o mais rápido possível. Repete-se a corria duas vezes e anota-se o menor tempo.
Coleta de dados
Para realizarmos a coleta com os atletas de ginástica, tivemos que solicitar permissão à secretária de esporte de Hortolândia. Também tivemos que ter a autorização dos pais e da treinadora do centro. Deixamos os termos de consentimento e marcamos um dia para realizar os testes, foi preciso dois dias para a realização, por causa do tempo em que os atletas estariam parados, sem treinar. Com a natação houve certa complicação, por ser em dois lugares diferentes e distantes, e os atletas não treinavam todos no mesmo horário.
Resultados:
Apresentam-se aqui os resultados:
Figura 2. Valores de flexibilidade de ginástica artística
Figura 3. Valores de flexibilidade de natação
Tabela 2. Valores de referência mínimos de flexibilidade para cada idade.
Segundo Dantas apud Tonello e Siqueira (2010) a flexibilidade tem uma importância para o desenvolvimento motor do ser humano, ajudando em certos as aspectos como: aperfeiçoamento motor; eficiência mecânica; profilaxia de lesões; expressividade e consciência corporal. A flexibilidade nos ajuda a ter um melhor êxito em outras atividades a serem realizadas, ou seja, com mais amplitude, força, facilidade e rapidez, não pensando apenas em atividades esportivas mais também em atividades diárias.
A flexibilidade é mais explicita em meninas do que em meninos, segundo Achour (2004), Bertolla et al., (2007), Milazzotto, Corazzina, Liebano (2009) apud Wllhelms et al. (2010):
[...] a maior quantidade do hormônio estrogênio no gênero feminino causa menor desenvolvimento da massa muscular e concentra mais água e polissacarídeos do que o gênero masculino, diminuindo o atrito entre as fibras musculares, sendo a responsável pela maior flexibilidade.
Dentro das informações dos gráficos acima se pode perceber que todos os atletas chegaram a um nível alto em relação à tabela 1 que indica até quanto elas devem alcançar, porém os gráficos acima demonstram certa diferença entre as duas modalidades, onde a ginástica, por trabalhar bem a flexibilidade, tem um diferencial grande em relação à natação, tanto no sexo masculino quanto no feminino, que indica que a prática da modalidade de ginástica artística pode desenvolver a flexibilidade da criança melhor que outra modalidade esportiva.
Figura 4. Valores do teste de agilidade de ginástica artística
Figura 5. Valores do teste de agilidade de natação
Tabela 3. Tabela de valores em segundos do teste de agilidade masculino
Tabela 4. Valores do teste de agilidade feminino
Através dos dados coletados verificamos que nenhuma das duas modalidades alcança o resultado proposto pela tabela 2 e 3 que é considerado como excelente, analisando a tabela observamos que tanto as meninas como os meninos eles tem certa vantagem da ginástica Artística em relação à natação.
Figura 6. Valores do teste de velocidade de ginástica artística
Figura 7. Valores do teste de velocidade de natação
Tabela 5. Valores do teste de velocidade masculino
Tabela 6. Valores do teste de velocidade feminino
Este teste mostra em segundos, a velocidade dos atletas, também neste teste nenhum resultado mostra que os atletas estão excelentes e relação à tabela 4 e 5, e também que a natação demonstrou estar em um nível um pouco melhor do que a ginástica, e esta diferença é bem demonstrada nos testes realizados com as atletas femininas.
Considerações finais
Este trabalho apontou que as atividades propostas da GA podem desenvolver nas crianças uma melhor coordenação motora, ente outras capacidades que não estão aqui citadas. Mediante os dados coletados houve um desenvolvimento motor da criança independentemente da modalidade esportiva em que o atleta praticava, mas pela coleta pode-se perceber que na capacidade física de flexibilidade e agilidade, a modalidade de ginástica artística teve certo êxito, mas pode-se ver também que no teste de velocidade a equipe de natação foi superior. Através dos resultados coletados percebemos que houve uma pequena diferença entre essas duas modalidades, assim percebemos o trabalho que é realizado no corpo da criança através desses esportes em prática. Os dados apresentados reforçam a idéia defendido por muitos autores, que é importante que a criança vivencie ao longo do seu desenvolvimento, diferentes atividades motoras para que possa alcançar desenvolvimento pleno das diferentes capacidades físicas e habilidades motoras.
Referências
ALVES C. M. C.; ALVES, R. C. A. Prática da Ginástica Artística: Perfil, Influências e Preferências. Rev. Ciênc. Ext. v.5, n.1, p.43, 2009.
BEZERRA, S.P.; FILHO, R, A, F.; FELICIANO, J, G. A Importância da Aplicação de Conteúdos da Ginástica Artística nas Aulas de Educação Física no Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série Revista Mackenzie de Educação Física – v. 5 (especial): p.127-134, 2006.
GAYA, A. C. A. PROJETO ESPORTE BRASIL. Manual de Aplicação de Medidas e Testes, Normas e Critérios de Avaliação. Porto Alegre – RS. 2009.
NASCIMENTO, L. S. F.; Ginástica Artística: equilíbrio corporal no desenvolvimento das habilidades motoras na educação e anos iniciais do ensino fundamental. Canoas, 2010. 103f. Dissertação (Mestrado em educação) - Unilasalle Centro Universitário La Salle.
RINALDI, I. P. B.; SOUZA, E. P. M.; A Ginástica no Percurso Escolar dos Ingressantes dos Cursos de Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade Estadual de Campinas; Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 24, p. 159-173, n. 3, maio 2003.
SCHIAVON, L.; NISTA-PICCOLO, V.; A Ginástica Vai a Escola; Rev. Mov. Porto Alegre, v. 13, p. 131-150, n. 03, setembro/dezembro de 2007.
TONELLO, A. CARLESSO, P. SIQUEIRA, M. Avaliação dos níveis de flexibilidade de adolescentes com idades entre 16 e 24 anos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15 - Nº 146. http://www.efdeportes.com/efd146/avaliacao-de-flexibilidade-de-adolescentes.htm
TSUKUNAMOTO, M. H.C.; NUNOMURA, M.; Iniciação Esportiva na Infância: Um Olhar Sobre a Ginástica Artística; Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 26, p. 159-176, n.3, maio 2005.
WILHELMS, F. et al. Análise da flexibilidade dos músculos da cadeia posterior mediante a aplicação de um protocolo específico de Isostretching. Arq. Ciênc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 14, n. 1, p. 63-71, jan./abr. 2010.
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