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Lutas e suas possibilidades de aprendizado

Las luchas y sus posibilidades de aprendizaje

 

Professor de Educação Física

Formação em Licenciatura e Bacharelado em Educação Física

Formação em Gestão de Clubes e Eventos Esportivos

Diego da Silva Fernandes

dfenandesz@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo fará uma breve passagem sobre os componentes e determinantes que compõem as possibilidades de aprendizado dentro das lutas e artes marciais. Ele será divido entre uma breve definição e histórico sobre as lutas, a filosofia presente nas lutas e artes marciais, suas características, as lutas no âmbito educacional, os estudos dos movimentos dentro das lutas, condicionamento físico e conhecimento sobre o corpo.

          Unitermos: Lutas. Artes marciais. Aprendizado.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Há milhares de anos vivenciamos, criamos, reproduzimos e transformamos culturas de nosso mundo, a humanidade é repleta de manifestações culturais onde é expressa de variadas formas e estilos. Dentre de todas que fazem parte de uma história, partirei para as lutas e artes marciais, onde CAZETTO e MONTAGNER (2009) se referem ao fenômeno como Lutas e Artes Marciais, tentando dar um tratamento diversificado e abrangente, incluindo nessa concepção as questões históricas e tradicionais, como os costumes e valores, e as questões modernas e atuais, como o espetáculo e as novas modalidades. Classificam assim esses elementos como sendo polissêmicos e polimórficos, ou seja, manifestações da cultura que aparecem em diferentes formas e com diferentes significados.

    Entre seus significados HIRATA; DEL VECCHIO (2006) cita que a Arte marcial (AM) significa arte de guerra e aqui serão tratadas como sinônimo de lutas. As AM nasceram a muitos séculos atrás, originadas pela necessidade de autodefesa. Na luta entre tribos, os guerreiros compreenderam a necessidade do treinamento físico e especifico em lutas para obterem melhor resultado nos combates e as habilidades necessárias eram treinadas nos tempos de paz.

    A luta que se enquadra em um treinamento físico e esportivo necessita de um aprendizado embasado em cima dela.

    “O treinamento esportivo depende de um planejamento adequado considerando a modalidade em questão, o nível de desenvolvimento esportivo e maturacional do atleta e as áreas complementares do conhecimento (biomecânica, medicina, nutrição, fisiologia, anatomia, sociologia, aprendizado motor, psicologia, medidas e avaliação, estatística.” (BOMPA, 2002).

    Junto a todo um conhecimento as lutas e artes marciais se constroem dentro da sociedade, se modificando através da história, modalidades e função encontrada e buscada nela. Com tudo isso começa a crescer o interesse estudos por lutas. “Observa-se claramente um crescimento no número de publicações totais, tanto da área de humanas como de biológicas e também no interesse acadêmico pelo estudo de lutas e artes marciais (com aumento do número relativo).” (CAZETTO e LOLLO, P.C, 2010).

    Partindo dessas características presentes nas lutas e artes marciais é de interessante função, saber e conhecer os aspectos que compõe o aprendizado dentro delas.

Filosofia das lutas

    Toda luta tem sua tradição e Filosofia dentro de seu aprendizado, então é de grande importância uma reflexão sobre esse aspecto presente nela.

    As lutas são compostas de atitudes de respeito, até dentro de um combate onde os lutadores se cumprimentam ao terminarem. Atitudes como essas e outras como de não bater em um adversário que está caindo no boxe, de não dar golpes abaixo da cintura, são filosofias exploradas dentro das regras de tal modalidade.

    Pesando que regras e técnicas são passadas por alguém mais graduado, podendo esse ser chamado de mestre, professor, sensei. Dentro de todo esse aprendizado passado por eles, como fosse de pai para filho, de professor para aluno e de mestre para aprendiz, de forma simplória ou de forma intencional, é passado uma filosofia, um respeito a regras, ao professor, ao adversário e ao companheiro de equipe.

    Analisando todo um contexto de lutas temos frases e campanhas com o slogan "Quem luta, não Briga"; dentro dessa frase há uma grandeza filosófica e educacional que rege uma regra e comportamento de lutadores e praticantes de artes marciais a não brigarem, e utilizarem as lutas apenas dentro de o âmbito das artes marciais com o seu devido respeito.

    Assim as lutas têm um cunho filosófico dentro de seu aprendizado que sempre deves ser explorados por professores, mestres, senseis e outros que estão de algumas atrelados as lutas e artes marciais.

Características das lutas

    “O fenômeno Luta abrange uma série de modalidades institucionalizadas que passaram pelo processo de criação de técnicas baseadas nas regras de cada uma, isso foi aprendido pelos praticantes, tornou-se tradição e vem sendo transmitido nas mais diferentes culturas. Cada modalidade carrega consigo sua história, sua origem, sua vestimenta, suas tradições e características que competem a cada manifestação de Luta. Mesmo com os princípios condicionais, existem fatores que diferenciam uma modalidade da outra e até uma única modalidade pode ter diferentes vertentes. Porém, a dinâmica interna e algumas técnicas tradicionais de cada uma, muitas vezes, podem ser comuns a outras modalidades". (GOMES et al, 2010)

    Cada luta tem sua essência e aprendizado, isso é demonstrado através do golpe, algumas lutas são composta de quedas, projeções, desequilíbrio, outras de defesas, outras de ataques, ou de socos, chutes, outras utilizam equipamentos, espadas, bastões e etc. Assim se faz toda a característica de uma modalidade em questão e isso ajuda a distinguir e trazer a essência de cada luta, explorando em cada uma delas diferentes golpes e aprendizado.

    Segundo o Modelo de Bayer (1994) citado em Gomes et al (2010) as lutas são compostas de algumas características que a definem, sendo essas.

  • Contato Proposital

  • Fusão Ataque/Defesa

  • Imprevisibilidade

  • Oponente(s)/Alvo(s)

  • Regras

Lutas no âmbito educacional

    As lutas são práticas bastantes diversificadas e que são praticadas, e estudadas em diferentes ambientes, podendo ser esses clubes sociais, centros esportivos, academias, praças e etc. Baseado no estudo de Correia & Franchini (2010) os autores citam em seu trabalho baseado em outros estudos a respeito das lutas no ambiente Educacional.

    No contexto da escolarização, as lutas são propostas como tema integrativo do currículo formal a partir das sinalizações da política educacional vigente. Como exemplo desta realidade, encontramos indicações nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Educação Física (BRASIL, MEC, 1997) e na Proposta Curricular de Educação Física do Estado de São Paulo (SÃO

    PAULO, CENP/SE, 2008), proposições para a sistematização do tema lutas/artes marciais nos contextos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Ainda nesta direção, é comum o oferecimento de programas de lutas no interior das escolas no âmbito do domínio extracurricular. No Ensino Superior, é muito freqüente a prática das lutas proporcionadas pelas atléticas e centros acadêmicos. No processo de preparação profissional encontramos as lutas, as artes marciais e os esportes de combate como disciplinas dos cursos de bacharelado e licenciatura em Educação Física, uma vez que a temática é prevista pelas diretrizes dos respectivos cursos (DEL VECCHIO; FRANCHINI, 2006).

    Nota-se que a luta tenho um cunho bastante importância para nossa cultura corporal de movimento e no aprendizado, engrandecendo assim a Educação Física e todas as áreas que estão atrelados ao movimento humano e manifestações artísticas e culturais.

    Com essa amplitude de conhecido atrelada as lutas e artes marciais, começa o interesse universitário, em congressos e publicações de artigos a respeito do tema.

    "Dessa maneira podemos entender que o crescimento das lutas e das artes marciais enquanto tema de trabalhos em congressos representa:

  • um crescimento no sentido de diversificação do campo de atuação da educação física;

  • um processo de cientifização e erudição para a área específica das lutas e das artes marciais, necessário, especialmente pelo considerável número de praticantes". (CAZETTO e LOLLO, 2010)

Estudo dos movimentos dentro das lutas

    Pensando no movimento humano dentro das lutas, atrelamos à cinesiologia e Educação Física que são áreas compatíveis ao estudo dessa manifestação. Segundo Tani (1996)

    "Para a estrutura acadêmica da Cinesiologia, Educação Física e Esporte. Nessa classificação, os estudos de caráter básico são realizados pela Cinesiologia, tendo como diferentes níveis de análise a Biodinâmica do Movimento Humano, o Comportamento Motor Humano e os Estudos

    Sócio-Culturais do Movimento Humano. Os estudos de caráter aplicado seriam conduzidos, no caso da Educação Física, nas áreas de Pedagogia do Movimento Humano e Adaptação do Movimento Humano, ao passo que no Esporte, os estudos seriam conduzidos nas áreas de Treinamento Esportivo e Administração Esportiva. A escolha dessa classificação se deveu ao fato da mesma contemplar áreas historicamente consolidadas no campo da Educação Física/Esporte no âmbito da produção de conhecimento".

    Analisando a luta e arte marcial no especificidade do movimento, ela é rica em movimentos e várias áreas compatíveis a isso, podem estar estudando essa grande manifestação que pode ter o movimento como forma cultural, como forma de saúde, como performance ou até mesmo como lazer.

    Então existem imensas possibilidades para a Educação Física e áreas do movimentos humano estudarem dentro das lutas e artes marciais, pois a grandeza dos golpes pode gerar um imenso leque de aprendizado em torno do movimento humano e seus determinantes.

Condicionamento físico

    Por abrangerem uma gama infinita de movimentos, técnicas e características, tenta-se classificar as Lutas em função de uma série de critérios como: os objetivos de um combate, tipo de contato entre oponentes, suas ações motoras, distância entre oponentes, tipo de meta no enfrentamento. Esses agrupamentos unem as Lutas pelo que têm em comum, assim como as separam por suas diferenças. (GOMES et al, 2010)

    Dentro de suas diferenças podemos notar que o que predomina as lutas e artes marciais são ações motoras e movimentos, com uma intensificação e repetições de movimentos em golpes, treinamentos, exercícios e combates. Nessa imensa gama de aprendizado e ações motoras acaba exigindo e contribuindo para um condicionamento físico do individuo que pratica as lutas e artes marciais, que começam a obter também melhores habilidades motoras e capacidades físicas como força, flexibilidade, resistência, atrelando tudo isso a uma condição física.

Conhecimento sobre o corpo

    Abrangendo um leque de estilos, características e golpes de lutas, é necessário um conhecimento sobre o corpo, sobre suas estruturas, sobre seus limites e possibilidades, para que assim atinja um aprendizado e uma pratica, respeitando o seu corpo e do outro.

    O corpo é repleto de possibilidades e cheio de estruturas, alavancas e articulações e as lutas podem nos possibilitar o conhecimento dessas mais a fundo, sentindo-as e respeitando os limites.

Conclusão

    Fazendo uma passagem pelo mundo das lutas e das artes marciais, pudemos descobrir que elas são compostas de vários aprendizados e áreas do conhecimento, uma modalidade em questão pode trazer dentro dela o conhecimento sobre o corpo, respeito, condicionamento físico, saúde, história, cultura, arte, filosofia entre outros aprendizados.

    Dividindo o conteúdo entre uma breve definição e histórico sobre as lutas, a filosofia presente nas lutas e artes marciais, suas características, as lutas no âmbito educacional, os estudos dos movimentos dentro das lutas, condicionamento físico e conhecimento sobre o corpo vimos que as lutas são compostas de inúmeras possibilidades de aprendizado e estudo, áreas do conhecimento e de novas alternativas em prol do conhecimento.

Referencias

  • BAYER, C. O ensino dos desportos coletivos. Lisboa: Dinalivro, 1994.

  • BOMPA, T. O. Periodização. São Paulo: Editora Phorte, Quarta edição, 2002.

  • BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC, 1997.

  • CAZETTO & LOLLO, P.C. Publicações sobre lutas e artes marciais em congressos de iniciação científica. Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP, Campinas, v. 8, n. 2, p. 187-199, maio/ago. 2010.

  • CAZETTO, F. F. A influência do esporte espetáculo sobre o modelo de competição dos mais jovens no Judô. 2009. 210 f. (Dissertação) – Faculdade de educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.

  • CORREIA, W. R. & FRANCHINI. Produção acadêmica em lutas, artes marciais e esportes de combate. Motriz, Rio Claro, v.16, n.1, p.01-09, jan./mar. 2010

  • DEL’VECCHIO, F. B.; FRANCHINI, E. Lutas, artes marciais e esportes de combate: possibilidades, experiências e abordagens no currículo de educação física. In: SAMUEL DE SOUZA NETO; DAGMAR HUNGER (Org.). Formação profissional em Educação Física: estudos e pesquisas. Rio Claro: Biblioética, 2006, v. 1, p. 99-108.

  • Gomes, M.S.P. et al. Ensino das lutas: dos princípios condicionais aos grupos situacionais. Revista movimento, Porto Alegre, v. 16, n. 02, p. 207-227, abril/junho de 2010.

  • HIRATA, D. S; DEL VECCHIO, F. B. Preparação física para lutadores de Sanshou: Proposta baseada no sistema de periodização de Tudor O. Bompa. Movimento & Percepção, Espírito Santo de Pinhal, v. 6, n. 8, 2006.

  • SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. Proposta Curricular de Educação Física. São Paulo: CENP/SP, 2008.

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