Educação Física no ensino fundamental II: experiência pedagógica a partir do campo de estágio supervisionado III La Educación Física en la enseñanza fundamental II: una experiencia pedagógica a partir del campo de pasantía supervisada III |
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Graduando no Curso de Licenciatura em Educação Física (UERN – CAMEAM) Pau dos Ferros, RN (Brasil) |
Francisco Leosvaldo Arlindo Júnior |
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Resumo O objetivo deste trabalho consiste em um relato de experiência profissional a partir do estágio supervisionado III na Educação Física escolar, contemplando o ensino fundamental II, com o intuito de possibilitar a pratica de jogos através da cultura corporal de movimento e da concepção construtivista de João Batista Freire. Unitermos: Educação Física escolar. Profissional. Jogos.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Segundo Brasil (1998), a Educação Física exerce um trabalho muito importante na categoria de Ensino Fundamental II, pois possibilita aos alunos, o desenvolvimento de habilidades corporais e de participar de atividades culturais, como jogos, esportes, lutas, ginásticas e atividades rítmicas e expressivas, com a finalidade do aluno enquanto sujeito cidadão.
Dessa forma, o ensino da Educação Física na escola deve possibilitar a aprendizagem de diferentes conhecimentos sobre a cultura corporal de movimento, contemplando as três dimensões: procedimental (saber fazer), conceitual (saber sobre) e atitudinal (saber ser).
No entanto, a realidade observada na Escola Estadual Tarcísio Maia da rede pública dom município de Pau dos Ferros/RN, através do contato com estágio supervisionado, obrigatória do curso de licenciatura em Educação Física, identificou-se que a prática pedagógica do professor ainda estar muito direcionada ao ensino dos esportes, o que caracterizam que não está trabalhando devidamente os demais conteúdos da Educação Física escolar.
Diante desse pressuposto, optou-se por uma elaboração de um referido plano de ensino para ser aplicado na Escola Estadual Tarcísio Maia, contemplando o ensino fundamental da cidade de Pau dos Ferros/RN. Cujo objetivo é possibilitar a prática de jogos visando à formação e o desenvolvimento integral do aluno através do lúdico como meio educacional. Desse modo teremos como ênfase a vivência das demais habilidades motoras e principalmente o desenvolvimento da prática de valores.
A partir deste presente momento, é muito importante salientarmos o quanto este trabalho torna-se relevante para nos discentes que estamos graduando no curso de licenciatura em Educação Física. De todo modo o estágio supervisionado III é uma das poucas chances que temos para entrar em contato direto não somente com a realidade escolar, mas com o corpo docente e principalmente com os próprios alunos. Dessa forma é uma chance única e especial de ganharmos experiências para aplicarmos todo o aprendizado pedagógico que adquirimos durante o nosso processo de formação.
Para a realização do nosso trabalho utilizaremos como estudo uma pesquisa qualitativa descritiva, onde teremos com suporte teórico abordagens pedagógicas da Educação Física escolar, como os Parâmetros Curriculares Nacionais, haja vista que há a necessidade de englobar as três dimensões para o tratamento dos conteúdos que são eles: conceituais, procedimentais e atitudinais e a abordagem Construtivista de João Batista Freire, pois sente-se a necessidade da construção do conhecimento e da interação do sujeito com o próprio meio.
Referencial teórico
Nos dias atuais entendemos a Educação Física como uma prática pedagógica que trata do conhecimento da cultura corporal de movimento e a Educação Física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (BRASIL, 1998).
Neste sentido é obrigação primordial da escola dar oportunidade para que todos os demais alunos desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos.
Corroborante com este pensamento Freire (2003, p.28) ressalta que:
a Educação Física por suas peculiaridades seria uma disciplina bastante adequada para fazê-lo: lida diretamente com o corpo, coloca o jovem em contato direto com as coisas práticas, reais, gera laços profundos de ligação com a vida, ensina-o a viver com sua corporeidade.
Sobre essa mesma perspectiva, o mesmo autor diz ainda que a Educação Física cumprindo seu papel, é uma disciplina de extrema importância para o processo de formação e desenvolvimento na educação de adolescentes.
Dessa forma Brasil (1998), acrescenta ainda que Educação Física escolar possui como tarefa, garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura corporal, contribuindo dessa maneira para uma melhor construção do estilo pessoal de praticá-las e oferecer instrumentos para que sejam capazes de apreciá-las criticamente na sua fase adolescente.
Dentro dessa perspectiva é notável o quanto o profissional de Educação Física torna-se importante. Pois é justamente o professor que será o mediador desse processo de ensino-aprendizagem, onde ele irá dispor de diversos fatores como: conteúdos acessíveis, linguagem, a cultura vivenciada pelos próprios alunos e entre outros fatores, para tornar suas aulas cada vez mais elucidativas e prazerosas fortalecendo assim uma melhor interação entre professor-aluno.
Segundo Freire (1994) o profissional de Educação Física exerce uma influencia considerável sobre seu aluno a ponto de moldar o seu caráter, isso mostra que o professor consegue tocar de forma especial na raiz formativa do aluno. O educador físico torna-se responsável por experiências e descobrimentos que podem ser agradáveis ou não.
Ainda na linha de pensamento de Freire (1994) o professor de Educação Física deve usufruir de conhecimentos motores, físicos, culturais e psicológicos. Além desses conhecimentos específicos faz-se necessário também a transmissão de valores, normas, maneiras de pensar e agir para a vivência em sociedade.
A partir da disciplina estágio supervisionado III obrigatória do curso de licenciatura em Educação Física, onde atuei como estagiário, na Escola Estadual Tarcísio Maia do município de Pau dos Ferros/RN, eu encontrei uma realidade de certa forma já esperada, devido ao fato de ter sido aluno daquela escola durante minha adolescência.
A escola demonstrava uma carência no quesito estrutura, pois há apenas uma quadra poliesportiva de salão e de areia. Com relação ao material pedagógico também deixava muito a desejar, pois era dando ênfase primordial ao material destinado as modalidades esportivas coletivas (futsal, handebol, basquete e vôlei) e acima de tudo a interferência do corpo docente.
A escola possuía um respeito considerável a cerca do seu histórico cultural, principalmente quando justamente se tratava da sua participação nos JERNS (Jogos Escolares do Rio Grande do Norte). Dessa forma, o professor de Educação Física tinha que priorizar as aulas de caráter prático destinado às modalidades esportivas, para futuras montagens de equipes, havendo assim inclusão dos mais aptos e exclusão dos menos aptos.
Durante minha observação também foi possível perceber que somente as aulas teóricas havia uma diversificação maior dos conteúdos aplicados, enquanto que a aula prática era voltada exclusivamente para o ensino dos esportes e havia ainda a questão da separação por sexo. O professor tinha formação na área e trabalhava exclusivamente na concepção dos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais).
A partir desses aspectos entrei com a minha proposta de ensino que era possibilitar a prática de jogos visando à formação e o desenvolvimento integral do aluno através do lúdico como meio educacional. Cujo propósito era justamente dar uma criatividade mais elucidativa para a realização das aulas, onde todos os alunos tivessem um maior prazer em participar e acima de tudo construir a aula com o próprio professor despertando desse modo, a socialização, cooperação, valores e o interesse de todos para com as aulas.
De acordo Brenelly (1996), A importância dada ao fato de a criança aprender divertindo-se é muita antiga. Esse pensamento surgiu ate mesmo nas civilizações antigas como nos gregos e nos romanos. Aprender jogando é o primário [...] pois o jogo é a primeira expressão da criança, a mais pura e espontânea, logo, a mais natural. (MURCIA, 2005).
Com relação aos jogos Huizinga (2010), diz que eles podem ser entendidos como atividades ou uma ocupação voluntária que é exercida em limites de tempo e espaço obedecendo obrigatoriamente a regras, surgindo dessa forma sentimentos de tensão, prazer, espontaneidade, alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana.
Para Haetinger (2005) o jogo é a atividade mais importante para a educação de qualidade. Pois o lúdico é essencial para uma melhor formação da criança, haja vista que ele fortalece o relacionamento social e as vivências no ambiente escolar.
Considerando os escritos de Soares et al (1992), que vem a fortalecer a importância do trato jogo na vida humana, os autores afirmam que quando a criança joga automaticamente opera o significado de suas ações , desenvolvendo assim sua vontade própria tornando-se consciente de suas escolhas e decisões. Dessa forma o jogo é apresentado como um elemento básico para a mudança das necessidades e da consciência.
De acordo com essa perspectiva, Murcia (2005) diz que o conteúdo jogo é um meio importante de propiciar novos ensinamentos e também diversos elementos educativos, onde podemos desenvolver no aluno diversos fatores que possam contribuir para uma melhor formação, como a cognição, o afetivo-social e o psicomotor.
A partir da decorrência de minhas aulas onde promovi a realização dos jogos, foi possível perceber um envolvimento maior da turma, pois eram jogos que de certa forma foram poucos utilizados na escola e como conseqüência despertou um maior interesse das crianças e o prazer de está participando das aulas.
Este fato se deveu justamente pela aplicação de uma metodologia eficácia, pois boa parte das aulas foi construída a partir do conhecimento prévio cultural trazido pelos próprios alunos. Ou seja, foi promovida a chance dos alunos pensarem sobre o que querem, aquilo que eles gostam, aquilo que eles realmente querem brincar com mais desejo e satisfação.
A partir dos jogos ofertados, eram montados grupos para propor variações daqueles jogos. Era bastante perceptível o empenho dos alunos, pois eles agiam, pensavam, criavam e despertavam emoções para a realização da aula.
Como conseqüência tivemos aulas muito mais criativas, potencialidades novas foram adquiridas, aprendemos diferentes formas de jogar um jogo, e principalmente movimentos novos foram aprendidos graças à comunicação verbal. Esse fato se deveu justamente por ter possibilitado um espaço para que os alunos pudessem se expressar criticamente sobre o real valor das atividades.
Outra questão satisfatória foi surgimento da prática de valores. Durante as atividades foi possível identificar uma melhor comunicação entre os alunos, graças ao elemento do jogo, ocasionando dessa forma o respeito mútuo, a cooperação, a interação, socialização e o trabalho em equipe.
Todos esses fatores são essenciais para uma melhor formação e desenvolvimento do aluno que estará presente durante toda sua vida, contribuindo dessa forma para ser um sujeito crítico e autônomo enquanto cidadão para a vivência em sociedade.
Considerações finais
De todo modo, evidenciamos o quanto a prática do estágio supervisionado torna-se importante para nossa formação acadêmica, enquanto discentes do curso licenciatura em Educação Física. Haja vista que nos possibilita um maior aprendizado nos fatores ensino, aprendizagem e prática, amadurecendo desde cedo o nosso incentivo para coma a área, fortalecendo a nossa prática docência.
Por outro lado vimos que a Educação Física escolar como prática pedagógica, possui o papel de introduzir o aluno na cultural corporal de movimento, possibilitando diversos conhecimentos sobre o movimento, contemplando as três dimensões: procedimental, conceitual e atitudinal, com a finalidade de sujeito autônomo enquanto cidadão.
Nessa perspectiva o profissional de Educação Física torna-se o mediador de todo esse conhecimento. Dessa forma deve possibilitar uma prática metodológica criativa e de responsabilidade para uma melhor formação do aluno, apesar dos demais obstáculos que podem ser encontrados na realidade escolar.
Com relação ao jogo enquanto conteúdo da Educação Física, vimos que é uma ferramenta poderosa e indispensável para se aplicar na escola. Sendo assim é imprescindível para a formação e desenvolvimento do aluno no processo de ensino de aprendizagem.
Referências bibliográficas
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. 2. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRENELLY, Rosely Palermo. O jogo como espaço para pensar: A construção de noções lógicas e aritméticas. 6. ed. São Paulo: Papirus, 1996.
FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1994.
FREIRE, João Batista; SCAGLIA, Alcides José. Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2003.
HAETINGER, Max Gunther. O universo criativo da criança: na educação. Brasil: Instituto criar, 2005.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.
MURCIA, Juan Antonio Moreno. Aprendizagem através do jogo. Porto Alegre: Artmed, 2005.
SOARES et al. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
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