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Danos de especialização precoce nas 

crianças nas múltiplas dimensões do esporte

Los perjuicios por la especialización precoz en los niños en las múltiples dimensiones del deporte

 

*Discentes do Curso de Educação Física da Universidade Salgado de Oliveira

** Orientador. Docente do curso de Educação Física

da Universidade Salgado de Oliveira

(Brasil)

Marilha Santana e Silva*

Raquel Carvalho da Silva*

Sérgio Ricardo Guimarães*

Sabrina Roberta Garcia*

Edson Leonel**

raquelsports@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Uma iniciação esportiva precoce causa uma dimensão de problemas às crianças. O esporte deve ser trabalhado visando o desenvolvimento da criança e deve ser tratado de maneira adequada, respeitando a individualidade da criança, independente dos interesses ou objetivos das instituições de ensino. Este deve ser adaptado ás condições técnicas físicas e psíquicas da criança de forma compatível com as suas necessidades e possibilidades adequadas ao crescimento e desenvolvimento. Mas, nem sempre estes objetivos de respeito ao desenvolvimento infantil é o que acontece na prática merecendo a atenção deste estudo, no sentido de analisar, dentro da literatura especializada, as sugestões e as propostas adequadas para a melhor intervenção nesta fase.

          Unitermos: Especialização precoce. Iniciação esportiva. Esporte. Criança.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Atualmente existem diversos estudos comprovando que a prática de atividades físicas e esportivas, quando realizada com conhecimento e responsabilidade, contribui positivamente para o desenvolvimento psíquico, social e motor da criança. Por outro lado, quando o desporto é voltado para a competição e iniciado precocemente, pode trazer graves problemas ao desenvolvimento do praticante.

    Neste sentido, Ferreira (2001) afirma que, ao falarmos na relação da criança com a especialização desportiva, não podemos esquecer que o desempenho técnico de uma criança está diretamente ligado às suas possibilidades motoras, ou seja, para exercer total domínio sobre as técnicas individuais de um desporto, faz-se necessário que a criança tenha total domínio sobre seus movimentos. O processo de ensino, para ser eficiente, deve levar em conta o nível de desenvolvimento real da criança e o seu nível de desenvolvimento potencial adequado a sua faixa etária, conhecimentos e habilidades que já possui.

    A especialização desportiva precoce é a atividade esportiva que se caracteriza pela alta dedicação aos treinamentos, desenvolvida antes da puberdade e caracterizada, principalmente, por ter uma finalidade eminentemente competitiva. Essa prática pode desenvolver, em crianças competidoras, problemas ósseos, cardíacos, musculares, entre outros, visto que, o treinamento excessivo ou incorreto é extremamente prejudicial à saúde da criança (NETO & VOSER, 2001).

    Este trabalho tem como objetivo analisar e discutir sobre a especialização esportiva precoce, abordando os riscos, danos e como evitar para que as crianças não fiquem expostas e submetidas a esse erro.

2.     Metodologia

    Este trabalho consiste em pesquisa bibliográfica que se efetua tentando resolver um problema ou adquirir novos conhecimentos a partir de informações ou documentos similares (catálogos, folhetos, artigos, livros etc.) Seu objetivo e desvendar, recolher e analisar as principais contribuições determinando fato, assunto ou idéia (GALLIANO, 1986 p. 109)

3.     Referencial teórico esporte, especialização no esporte e criança e o esporte

    O esporte vem ocupando um espaço cada vez maior na vida das pessoas, especialmente das crianças e dos jovens. A influência dos eventos esportivos divulgados com grande freqüência pelos meios de comunicação, a identificação com ídolos, a pressão dos pais e dos amigos e a esperança de obter sucesso e status fazem com que um número crescente de crianças inicie sua prática cada vez mais cedo. Treinar, competir, vencer, prêmios, são palavras comuns no cotidiano dos jovens que praticam esporte ou que o vislumbram como grande possibilidade de sucesso (DE ROSE JR, 2002, apud LEITE, 2007). O esporte ele vem sendo alvo de grande valia na vida das crianças e dos jovens por ser uma atividade muito recomendada na infância. A especialização esportiva precoce é a atividade esportiva desenvolvida antes da puberdade (antes dos 12 anos) e caracterizada por uma alta dedicação dos treinamentos, mais de 10 horas semanais, e principalmente por ter uma finalidade eminentemente competitiva de acordo com (PERSONE apud VARGAS NETO, 1999). Com isso as crianças começam cada vez mais cedo a pratica esportiva em busca de talento e performance. A prática de atividades físicas e esportivas, atualmente é considerada essencial no desenvolvimento psicomotor do ser humano, sabe-se então a importância dessas atividades em crianças que estão começando a desenvolver-se. Observou-se a possibilidade de introduzir nas aulas os jogos e brincadeiras que proporcionem um desenvolvimento de raciocínio rápido, que serão essenciais no objetivo de normalizar o comportamento motor da criança (LE BOULCH, 1982; SILVA, TASHIRO, SILVA, 2006; OLIVEIRA et al, 2008).

3.1.     Danos de especialização precoce nas crianças

    A iniciação precoce no esporte tem começado muito cedo na vida das crianças em busca de obter sucesso em curto prazo o que se torna alvo de grande preocupação, pois segundo Kunz (2001), a especialização precoce é entendida por como um processo que acontece quando crianças são introduzidas antes da fase da pubertária a um treinamento planejado e organizado em longo prazo, e que se efetiva em um mínimo de três sessões semanais, com o objetivo do gradual aumento do rendimento, além, de participação periódica em competições esportivas. Os esportes altamente competitivos praticados em idade precoce são construídos em diversas faixas etárias devido à especialização precoce assim despertamos uma alerta para os danos físicos que podem ser ocasionados, tanto psicologicamente ou fisicamente, de acordo com DEACON, apud NEGRÃO (1984), alerta para os danos físicos que podem ser ocasionados pelo esporte altamente competitivo praticado em idade precoce. A motivação competitiva faz com que a criança supere o mecanismo de auto-regulação, através da liberação intensa da adrenalina, o que pode ser extremamente prejudicial. Outro aspecto que merece ênfase é a diferença maturacional numa mesma faixa etária. Tem-se conhecimento de que nem sempre a idade cronológica corresponde à idade fisiológica, em uma mesma criança. Por essa razão, em uma mesma faixa etária, encontra-se uma variação maturacional com bastantes acidentes, principalmente em modalidades esportivas que envolvem contato corporal com o adversário, afirma (NEGRÃO, 1980, apud LEITE, 2006), Há também casos onde médicos ortopedistas pedem para alguns pararem de jogar e praticar atividades como ginástica rítmica e Karatê por causa de lesões nos joelhos, no tornozelo, na coxa, rompimentos de tendões junto à inserção óssea e até mesmo fraturas, devido à criança não apresentar maturação óssea equivalente, pois tem que tratar urgentemente, já (KUNZ, 2001) relata que: Mais problemáticos do que prejuízos a saúde, são os problemas de ordem psíquica. Estes se manifestam e se tornam mais graves, especialmente, em casos onde houve desilusões, fracassos e até mesmo pela falta de talento para a modalidade ou para o próprio esporte em geral. Quando isso acontece os atletas se sentem excluídos e podem levar a anos de martírio. De qualquer forma o fato mais preocupante psicologicamente, é o que alguns autores chamam de “infância não vivida”, por culpa da alta dedicação aos treinamentos exigidos principalmente em algumas modalidades esportivas, que pode chegar a várias horas ao dia durante todos os dias da semana, acrescentando ainda mais a atividade escolar. KUNZ (1994) detectou que isto pode provocar uma formação escolar deficiente, e pior, parece ser que a criança esportista participa menos das brincadeiras e jogos do mundo infantil, atividades estas que são indispensáveis ao pleno desenvolvimento de sua personalidade.

3.2.     Como evitar este erro

    O esporte ele tem muito a contribuir no desenvolvimento da criança em todos os aspectos mais para que isso ocorra de maneira adequada é preciso desenvolver um trabalho de forma coerente e planejada. Em se tratando de evitar a especialização precoce, concordamos com Paes (1989), o qual assinala essa fase como generalizada, na qual pretende-se a aquisição das condições básicas de jogo ao lado de um desenvolvimento psicomotor integral, possibilitando a execução de tarefas mais complexas. Essa fase, porém, não deverá ser utilizada para a firmação obrigatória da especialização desportiva dos atletas. Neste sentido, Gallahue (1995) apud Oliveira e Paes (2004) pondera que esse momento é importante para os aprendizes passarem do estágio de transição para o de aplicação, ou seja, aprender com relativa instrução do professor a liberdade dos gestos técnicos. Vieira (1999) apud Oliveira e Paes (2004) corrobora com essa idéia, afirmando que, nessa fase, a atenção está direcionada para a prática bem como para as condições de promover o refinamento da destreza, planejando situações práticas progressivamente mais complexas, ressaltando que o sistema de ensino é parcialmente aberto, no qual as atividades são também parcialmente definidas pelo professor/ técnico. Sendo assim a criança deve sentir momentos de liberdade ao se praticar algum esporte aonde ela venha se sentir livre, gosto e prazer dentro de sua pratica esportiva. Nesse contexto, Greco (1998) e Paes (2001) apud Oliveira e Paes (2004) afirmam que a função primordial é assegurar a prática no processo ensino-aprendizagem, com valores e princípios voltados para uma atividade gratificante, motivadora e permanente, reforçada pelos conteúdos desenvolvidos pedagogicamente, respeitando-se as fases sensíveis do desenvolvimento, com carga horária suficiente para não prejudicar as demais atividades como o descanso, a escola, a diversão, dentre outras; caso contrário, será muito difícil atingir os objetivos em cada fase do período de desenvolvimento infantil.

4.     Considerações finais

    Todos nós sabemos da real importância da atividade física, praticada pela criança, para seu crescimento e desenvolvimento adequados. No entanto, é necessário analisar cuidadosamente que a exigência de altos rendimentos nas primeiras fases da vida pode vir a ser muito mais prejudicial que positiva.

    O fenômeno da especialização desportiva precoce, embora possa levar a uma rápida estagnação do desempenho, deve ocorrer o mais tarde que for necessário e com base em uma estrutura de treinamento adequada, levando-se em consideração o desenvolvimento individual das capacidades coordenativas da criança e a aquisição de suas habilidades motoras no tempo certo. Caso este treinamento esportivo seja realizado de maneira incorreta e irresponsável poderá causar diversos prejuízos à saúde e ao desenvolvimento da criança, como os riscos físicos, psicológicos, riscos do tipo motriz e os riscos de tipo esportivo.

    Como se pode perceber, o trabalho de especialização desportiva requer cuidados especiais referentes às fases do desenvolvimento infantil. Entende-se então que é necessário que se aplique à criança um modelo de esporte adequado às suas necessidades, características e possibilidades reais.

Referências bibliográficas

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