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Corpo deficiente e cadeira de rodas: potencialização e corporização

El cuerpo del discapacitado y la silla de ruedas: potenciación e incorporación

 

*Acadêmicos do Curso de licenciatura em Educação Física

da Universidade Federal de Sergipe, UFS

Membros do Grupo de pesquisa “Corpo e Governabilidade”.

**Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe, UFS

Doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia, UFBA

Membro do Grupo de pesquisa “Corpo e Governabilidade”

***Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe, UFS

Doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia, UFBA

Membro do Grupo de pesquisa “Corpo e Governabilidade”

(Brasil)

Elder Silva Correia*

Beatrice Kornélia Hipólito Wanders*

João Filipe dos Santos*

Vinicius dos Santos Souza*

Tiago de Brito Ferreira Santos*

Evandro Santos de Melo Bomfim*

Fabio Zoboli**

zobolito@gmail.com

Renato Izidoro da Silva***

izidoro.renato@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A inclusão do deficiente nos mais variados âmbitos sociais é uma realidade cada vez mais presente. Um dos facilitadores desse processo inclusivo são as tecnologias que ampliam as potencialidades do corpo deficiente para alem de sua natureza. O cadeirante é um deficiente que tem na cadeira de rodas um prolongamento de seu corpo, prolongamento este que se confunde com sua condição de ser/ter corpo. A presente pesquisa é fruto de um estudo de caso realizado na disciplina de “Educação Física, adaptação e inclusão” do curso de Educação Física (licenciatura) da Universidade Federal de Sergipe – UFS – que objetivou proporcionar ao sujeito não deficiente a experimentação do uso da cadeira com fim de perceber a mesma como extensão e potencialização de seu corpo – aqui suspendido a condição de deficiência. Os instrumentos de coleta de dados foram: experienciação com cadeiras de rodas num percurso pré-estipulado no campus da UFS; questionário, observação direta e filmagem do percurso. Os resultados apontam que a cadeira é um objeto estranho ao publico não deficiente, no entanto reconhecido como extensão do corpo deficiente.

          Unitermos: Acessibilidade. Cadeira de rodas. Corpo deficiente. Universidade Federal de Sergipe, UFS.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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A cadeira de rodas e a potencialização do corpo eficiente

    A inclusão do deficiente nos mais variados âmbitos sociais é uma realidade cada vez mais presente (MANTOAN,1997). Um dos facilitadores desse processo inclusivo são as tecnologias que potencializam o corpo para alem de sua natureza corporal. Para Novaes (2006), é impossível pensar o corpo sem levar em conta as tecnologias que nele se acoplaram no decorrer de sua história, objetivando protegê-lo de doenças, corrigindo suas falhas, melhorando seu rendimento e, sobretudo invadindo seu território biológico.

    Entendemos, pois, a tecnologia como um elemento intensificador do corpo, gerador de um devir, compreendida como uma alteradora no plano da intensidade, e não no plano da identidade (BARTOLO, 2007). Neste sentido, de antemão, queremos deixar bem claro que o artefato técnico fundido com o biológico, não faz com que o corpo deixe de ser corpo, ou com que o humano deixe de ser humano, mas sim que ele intensifica/potencializa esse corpo/humano, fazendo parte do mesmo por um processo de corporização.

    Assim, a técnica/tecnologia constantemente está buscando dominar e ultrapassar as fronteiras do corpo humano, potencializando-o no sentido de sanar sua precariedade enquanto natureza. Uma dessas tecnologias de potencialização do corpo é a cadeira de rodas; que para o deficiente acaba sendo uma espécie de prótese/prolongamento de suas pernas. A tecnologia cadeira de rodas, enquanto prótese; implica uma dupla transformação na imagem corporal do sujeito: a) o aparelho como prolongamento de suas partes anatômicas e funções, ou seja, a cadeira de rodas como parte de seu corpo; b) a prótese oferece uma forma ao seu corpo que a ela se molda, no caso da cadeira de rodas, a posição sentada. Apreende-se a emergência de outro corpo. Portanto, revelam-se a esse corpo outras dimensões e posições do mundo.

    Se o ser humano existe via corpo, ou seja, se a condição humana é corporal, subtrair ou atrelar alguma “coisa” a este corpo é de alguma forma fazer com que esta “coisa” se torne corpo – in corpore (LE BRETON, 2011). A prótese que prolonga – e que também passa a constituir esse próprio corpo - também dá forma ao corpo e ao ambiente correlativo. Neste sentido, a cadeira de rodas torna-se o próprio corpo do deficiente, na medida em que é por meio dela que o cadeirante estabelece sua relação com o mundo, com o outro e consigo mesmo.

    Neste sentido, Bartolo (2007, p. 232) enfatiza que: “A prótese opera então por corporização a partir de si. Ela é o ponto-central da corporização. Quando me é colocada uma mão protésica [ou uma cadeira de rodas para substituir as pernas] o meu corpo é, como vimos, corporizado a partir dela, ela constitui-se como Órgão-Corpo”. Assim, se a cadeira de rodas faz parte do próprio corpo deficiente, e é por meio dela que o cadeirante estabelece suas relações com o mundo, o outro e consigo mesmo.

    Sobre essa relação com o mundo, o outro e consigo; a prótese fornece uma forma generalista, minimamente ajustável, para o corpo próprio que a ela se acopla, molda-se e experimenta a singularidade a partir de um instrumento massificado e discrepante do corpo que a veste. Por um mecanismo de generalização, o cadeirante passa a fazer parte de um grupo pela semelhança externa incorporada mediante o aparelho. Em certa medida, os sucessos e fracasso da relação com o mundo e com o outro passam a ser convividos.

    Contudo, a generalidade esconde uma experiência singular, muitas vezes silenciada e apenas subjetivada. Lembrando Merleau-Ponty (2004, p. 16), o cadeirante enfrenta: “O enigma [que] consiste em meu corpo ser ao mesmo tempo vidente e visível. Ele, que olha todas as coisas, pode também se olhar, e reconhecer no que vê então o ‘outro lado’ de seu poder vidente”. Na constituição do ser singular há um processo de inerência entre aquele que vê e aqui que por ele é visto. Todavia, não é uma inerência clara e distinta, mas é construída por uma confusão irresoluta entre observador e observado; confusão que movimenta uma dialética constante da identidade entre o eu e a coisa; o eu e o outro; o sujeito e a cadeira de rodas na constituição de um cadeirante. Podemos dizer que o eu é, em parte, o outro com o qual convive (MERLEAU-PONTY, 2004, p. 17).

    Sob este aspecto, Novaes (2006) ressalta que a prótese incorpora o limite, e é muito mais que um simples prolongamento, destacando que a prótese potencializa as possibilidades do corpo, este que por sua vez ao abrigar a técnica/prótese/cadeira de rodas é assim um corpo que se funde, soma, não é algo fechado em si, passando a não distinguir o mesmo da cadeira de rodas.

    Assim, por conta da tecnologia, o cadeirante desestabiliza as representações de corpo, uma vez que avança pelos limites da sua reconstrução, enfrentando, a partir da intervenção tecnológica, as tensões de um campo de disputa entre natureza e técnica (NOVAES, 2009). Uma disputa que ora tem sucesso e ora fracassa entre o geral e o específico do corpo pensado pela ciência (MERLEAU-PONTY, 2004, p. 14). Intervenção tecnológica esta (cadeira de rodas) que se conecta ao biológico (corpo deficiente) do corpo e do cérebro na formação da imagem, do pensamento e da fala e nos remete a tentar perceber a intencionalidade humana em apropriar-se da técnica a fim de garantir sua própria existência.

    A fusão entre cadeira rodas e o corpo deficiente, faz surgir um olhar diferente e de estranhamento do outro em relação ao cadeirante, isso por que:

    [...] principalmente a partir da utilização de uma prótese [cadeira de rodas] que incorpora padrões estéticos distantes de uma plástica que tangencia a normalidade, [pelo fato da mesma ser] uma prótese que não se disfarça. Seu hibridismo, pungente e necessário, constrói uma visibilidade que é encarada como símbolo de monstruosidade e assume uma representação negativamente valorizada e significada, hegemonicamente, como a própria deficiência [...] (NOVAES, 2006, p. 46).

    Esse olhar de estranhamento pode não apenas vim do outro, mas também do próprio corpo deficiente em relação à cadeira de rodas. A partir de Bartolo (2007) compreendemos isso por meio do fato de que a cadeira de rodas implica uma desterritorialização em relação às pernas, no entanto, é ela que se torna o meio para a organização do corpo que estava desterritorializado.

    Isso significa que a cadeira de rodas/prótese tem a função de territorializar, mas não no sentido de uma territorialidade original tal como a anterior, e sim numa nova maneira, ressignificando este corpo, potencializando-o através de um processo de corporização. Ou seja, ao mesmo tempo em que a cadeira de rodas causa um estranhamento desterritorilizando em relação as pernas, ela potencializa na medida em que territorializa e organiza o corpo, afinal é por meio dela que o cadeirante estabelece suas relações com o mundo, com o outro e consigo mesmo.

Metodologia

    Metodologicamente, tal investigação se caracterizou como um estudo de abordagem qualitativa, pois “procurou trabalhar com os “achados” da pesquisa em sua articulação com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes” (MINAYO, 2010, p.21).

    Tratou-se de uma pesquisa realizada sob o viés de um estudo de caso no campus de São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe – UFS – que analisou a apropriação e percepção da cadeira de rodas em relação ao corpo enquanto prolongamento e potencialização do mesmo no contexto da pessoa deficiente. Para Gil (2008, p.58) o estudo de caso “é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência.”

    O objetivo do trabalho foi proporcionar ao sujeito não deficiente a experimentação do uso da cadeira de rodas a fim de perceber a mesma como extensão e potencialização de seu corpo – aqui suspendido à condição de deficiência. Foram disponibilizadas 02 cadeiras de rodas num período de 04 horas para a realização da pesquisa feita junto à programação de inauguração do Projeto Paradesportivo de Sergipe realizado no dia 22 de fevereiro na UFS junto ao Departamento de Educação Física.

    Foram utilizados os seguintes instrumentos de coleta de dados:

  1. Experimentação de um percurso no campus da UFS com cadeira de rodas: os sujeitos participantes da pesquisa eram voluntários que não possuíam deficiência física ligado ao âmbito da locomoção de membros inferiores. Num primeiro momento o sujeito sorteava um percurso entre os 30 confeccionados pelos alunos da quinta fase do curso de Educação Física (licenciatura) e a partir do sorteio ele realizava o percurso sobre uma cadeira de rodas.

  2. Observação direta: durante o percurso o sujeito participante da pesquisa era acompanhado por dois acadêmicos do curso de Educação Física que o observava e se necessário fosse o auxiliava, afinal, o objetivo era completar o percurso de forma autônoma – ou seja, sem auxílio. A observação direta se configura, segundo Cunha (1982), como sendo uma técnica de pesquisa que, a partir de uma observação espontânea, se procura extrair conclusões utilizando o mínimo de controle na obtenção dos dados observados.

  3. Filmagem: Filmagem: foi acoplada uma câmera de filmagem, do modelo “GOPRO HERO 2”, a cabeça do sujeito sobre a cadeira de rodas com a intenção de filmar o percurso.

  4. Questionário com perguntas fechadas: após o percurso os sujeitos pesquisados assinavam um termo de pesquisa livre e esclarecido e depois respondiam a um questionário fechado com 05 questões dirigidas ao âmbito da percepção do corpo na cadeira de rodas. Entendemos questionário conforme conceitua Gil (2008, p.121):

    • Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado etc.

Discussão e análise dos dados

    Durante as 04 horas de atividade tivemos 10 sujeitos que se dispuseram a participar de nossa pesquisa. Isso significa que dos 30 percursos confeccionados pelos acadêmicos do curso de licenciatura somente 1/3 deles foram percorridos. Cada um dos percursos durou em média 30 minutos, nesse sentido percebemos que a limitação de 04 horas para a execução da pesquisa foi pouco, pois se ampliássemos o tempo teríamos muitos mais dados para serem analisados.

    Quando perguntados no questionário sobre a percepção da cadeira de rodas em relação ao corpo 04 sujeitos relataram que a cadeira de rodas lhes pareceram um corpo estranho, o que segundo eles tornou difícil a interação com a mesma dificultando a locomoção. No entanto, todos reconheceram que aquele tinha sido seu primeiro contato com a cadeira de rodas, ou seja, eles jamais tinham utilizado tal ferramenta para se locomover e ligaram essa resposta como estando muito próxima a sua falta de prática. Por isso acreditamos que essa questão tenha sido prematura no sentido de querermos estabelecer alguma relação de sentido já num primeiro contato com a cadeira. Porém, mesmo que algumas respostas tenham surgido na linha do não reconhecimento da cadeira como parte do corpo os sujeitos pesquisados mencionaram que: em se tratar de uma pessoa deficiente “sem pernas ou com as mesmas debilitadas”, a cadeira passa a ser uma extensão necessária a função locomotora.

    Entretanto, 06 sujeitos sentiram a cadeira de rodas como uma extensão do próprio corpo facilitando assim o manuseio e a locomoção. Quando os pesquisados apresentaram a cadeira de rodas como extensão do corpo ficou perceptível que alguns descreveram a cadeira de rodas como uma extensão do corpo substituindo os membros inferiores, sendo este um facilitador para a locomoção, tornando a relação entre o sujeito e a cadeira de rodas fundamental para a independência trazendo uma melhor auto-estima, fazendo corpo/máquina um conjunto único. Os dados aqui descritos, no que tange a fusão corpo/deficiente e cadeira de rodas/tecnologia podem ser interpretados como uma tecnologia de cunho restauradora, na medida em que a cadeira de rodas permite restaurar funções e substituir órgãos e membros perdidos (TADEU, 2009)

    Um dado interessante coletado na observação direta e também explicitado na filmagem foi de um sujeito pesquisado ter anunciado: “andar de cadeira é melhor que andar com as pernas, o único problema é que tem muitas barreiras arquitetônicas”. Aqui interpretamos que o desejo do sujeito não foi de não ter pernas para fazer uso da cadeira de rodas, mas sentimos que o mesmo relatava tal situação na medida em que visualizou nessa tecnologia algo mais rápido e leve para se locomover, ou seja, seu espanto estava ligado a um contexto de admiração tecnológica.

    Num primeiro contato dos sujeitos com a cadeira de rodas foi relatado uma sensação de prisão, desconforto e desafio, pelo fato de não poder se utilizar dos membros inferiores para a locomoção e sim dos membros superiores. Outros relataram que, os olhares das outras pessoas durante o percurso traziam estranheza quando se referem ao seu próprio corpo, sendo também percebida tal estranheza pelos acadêmicos que faziam a observação direta. Um exemplo marcante dos relatos na observação direta se deu quando um dos sujeitos participantes encontrou um grupo de amigos que ficaram surpresos e chocados quando o avistaram naquela situação, mudando a forma de agir e de como falar.

    No que tange ao estranhamento frente o diferente percebido na pesquisa vale mencionar que a fusão com a tecnologia faz nascer novas significações sobre o pensar/agir e sentir o corpo. “Al transformar la naturaleza, el hombre no solo produce cosas, sino que también produce de cierta forma sus propios sentidos, les da nuevas propiedades, produce sus sentidos como sentidos humanos” (CONTRERAS, 2011, p. 131). Neste sentido, acreditamos que se faz necessário uma ressignificação do olhar no que tange à visualização dessas novas manifestações corporais que se apropriam do humano. Mudar as estruturas de significação nos modos de concebê-lo é também parte de um processo de mudar suas relações.

    Ao tratar da sensação de ficar impossibilitado de andar sem fazer uso de suas próprias pernas todos os 10 participantes relataram a sensação de limitação e desconforto. Podemos perceber essa questão quando analisamos as filmagens pelas quais demonstram momentos que foi indispensável à ajuda de terceiros quando foi necessária a locomoção em áreas não acessíveis. Neste sentido trazemos ao texto o conceito de acessibilidade como sendo a:

    Condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004).

    Foi consenso entre todos os dez participantes quando “transportados” para o contexto de um corpo deficiente – aqui em nossa pesquisa fazendo uso da cadeira de rodas – perceberam a necessidade de tornar os lugares mais acessíveis pelo fato de terem vivenciado uma realidade própria do cadeirante, modificando o seu olhar frente aos cadeirantes. O princípio da igualdade precisa ser mediado pelo respeito à diferença, pois a inclusão só poderá acontecer na medida em que o humano possa exercer o direito de ser diferente. É como nos alertam Forest e Pearpoint (1997, p. 138):

    Inclusão trata, sim, de como nós lidamos com a diversidade, como lidamos com a diferença, como lidamos (ou como evitamos lidar) com a nossa moralidade (...) inclusão não quer absolutamente dizer que somos todos iguais. Inclusão celebra sim, nossa diversidade e diferença com respeito e gratidão.

Considerações finais

    O texto acima apresentado, nos mostra de forma sintética que a cadeira de rodas é uma tecnologia que potencializa o corpo do deficiente para além de sua natureza. No entanto, o caráter aparentemente enigmático de um corpo deficiente acoplado a uma cadeira de rodas (fusão corpo-máquina) exige de nós muito mais que um simples “aceitar”, requer uma abertura para a percepção de diferentes níveis de realidade e de diferentes níveis de percepção.

    Desta forma, se o corpo cadeirante sente, pensa e age a partir da cadeira de rodas – pois ela esta corporizada a ele – cabe à sociedade criar condições de acesso e respeito a partir de tal condição. Acessibilidade que coligue o âmbito arquitetônico com o atitudinal, afinal, a base fundante da inclusão é o respeito ao diferente e à diferença. Uma sociedade inclusiva se dá na medida em que todos os diferentes e diferenças tenham condições de se manifestar, sendo respeitadas (com certa dignidade) suas condições de existência.

Referências

  • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. NBR 9050. ABNT. Segunda Edição. Rio de Janeiro. 2004.

  • BÁRTOLO, J. Corpo e sentido: estudos intersemióticos. Covilhã: Livros Labdom, 2007.

  • CONTRERAS, R. C. Ontología y epistemología cyborg: representaciones emergentes del vínculo orgánico entre el hombre y la naturaleza. Revista Ibero Americana de ciência, tecnologia y sociedad, Buenos Aires, v. 7, n.19, p. 131-141, dic. 2011.

  • CUNHA, M. B. Metodologias para estudo de usuários de informação cientifica e tecnológica. Revista de Biblioteconomia de Brasília, v.10, n.2, jul/dez, 1982.

  • FOREST, M. e PEARPOINT, J. Inclusão: um panorama maior. In: MANTOAN, M. T. E. A integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. P. 137-41. São Paulo: Memnon, 1997.

  • GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008

  • LE BRETON, D. Antropologia do corpo e modernidade. Tradução de Fábio dos Santos Creder Lopes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

  • MANTOAN, M. T. E. A integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon, 1997.

  • MERLEAU-PONTY. M. O olho e o espírito: seguido de A linguagem indireta e as vozes do silêncio e A dúvida de Cézanne. Tradução de Paulo Neves et al. São Paulo: Cosac & Naif, 2004.

  • MINAYO, M.C. de S. (org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 29ª ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

  • NOVAES, V.S. A performance do Híbrido: corpo, deficiência e potencialização. In: COUTO, E.S; GOELLNER, S.V. Corpos mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais. 2 ed. Porto Alegre: UFRGS, p.165-179, 2009.

  • ________. O híbrido paraolímpico: ressignificando o corpo do atleta com deficiência a partir de práticas tecnologicamente potencializadas. Dissertação apresentada junto ao programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRS, 2006.

  • TADEU, T. Nós, ciborgues: o corpo elétrico e a dissolução do humano. In: HARAWAY, D.; KUNZ, H.; TADEU, T. (org.) Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009, p. 7-15.

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