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Avaliação do ensino-aprendizagem em análise significativa

La evaluación de la enseñanza-aprendizaje en un análisis significativo

 

Educadores Físicos. Graduados pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB

Especializando em Metodologia em Educação Física e Esportes pela UESB

(Brasil)

Ricardo Gomes dos Santos

ricardoedfuesb@hotmail.com

Leonardo Lopes Santana

ospleolopez@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho consiste em apresentar um estudo sobre avaliação da aprendizagem. São abordados alguns fatores referentes à trajetória da avaliação no âmbito educacional, em busca de esclarecer a sua forma de contribuição para o processo de ensino-aprendizagem, estabelecida no sentido de uma educação que proporciona ao aluno autonomia e participação social, traços estabelecidos em um sujeito capaz de se desenvolver como ser crítico, pensante, que possui condições de transformar a realidade a que se encontra.

          Unitermos: Avaliação. Ensino-aprendizagem. Educação.

 

Abstract

          This work is to present a study on assessment of learning. We address some factors related to the trajectory of the evaluation in the educational, seeking to clarify its contribution to the form of teaching and learning established towards an education that provides students with autonomy and social participation, established traits in a guy able to develop as being critical thinking, which has conditions to transform reality that is.

          Keywords: Evaluation. Teaching and learning. Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A temática avaliação e aprendizagem escolar vêm se tornando um grande campo de debates, possibilitando uma constante discussão sobre a sua utilização e eficiência na prática pedagógica dos professores. Sabe-se que muitos professores ainda utilizam a avaliação de forma tradicional como um instrumento de atribuição de notas aos alunos que apenas serve para classificá-los (LUCKESI, 2005).

    Sendo assim, é possível observar que o processo de avaliação ainda hoje é compreendido de forma errônea, confundido como simples procedimento metodológico que tem o objetivo de atribuir notas aos alunos, ou seja, algo que é estabelecido ao final do processo de ensino-aprendizagem e que não contribui para a construção do conhecimento (DEPREBITERIS, apud GOLDBERG 1980).

    Pela lógica da nova prática educativa, o processo de avaliação deve ser utilizado na perspectiva do desenvolvimento da aprendizagem, pois a prática educativa tradicional possuem características que favorecem um processo educativo excludente, ou seja, favorecem apenas os alunos considerados aptos e excluem aqueles que não alçam a média escolar estabelecida.

    A avaliação escolar deve ser estabelecida de forma processual durante todo processo educativo, não apenas ao final deste, buscando resultados provisórios para alcançar posteriormente o melhor dos resultados (LUCKESI, 2005).

    Este estudo se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica, a qual sua característica é sua informalidade, sendo o primeiro passo para o pesquisador conhecer o objeto em questão. Neste sentido Cervo e Bervian (1983) corroboram que este tipo de pesquisa explica um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Desta forma Gil (1999), cita que este tipo de pesquisa é desenvolvido mediante material já elaborado, principalmente livros e artigos científicos. Apesar de praticamente todos os outros tipos de estudo exigirem trabalho dessa natureza, há pesquisas exclusivamente desenvolvidas por meio de fonte bibliográficas.

Reflexões sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem

    Segundo Despresbiteris (1998) citado por Luckesi (1984), a questão do processo de avaliação é discutida observando que o fato de atribuir notas aos alunos fundamenta a avaliação a um procedimento seletivo capaz de classificá-los em determinadas posições a partir dos seus desempenhos.

    Nessa perspectiva o aluno pode ser considerado, por exemplo, como inferior, médio ou superior, e muitas vezes não conseguem ultrapassar as barreiras estabelecidas por todos os graus indicados, pelo fato da avaliação se encerrar nesta etapa, não oferecendo mudanças que proporcionem avanços aos níveis de aprendizagem dos alunos.

    De acordo com a visão de Luckesi (2005) a avaliação interpretada de maneira tradicional pode ser denominada exame. Pois, esta possui características, que muitas vezes privam e excluem o aluno de desenvolver a sua aprendizagem. Ou seja, esta é seletiva, ou o aluno é aprovado ou reprovado. É pontual, não considera o antes e o depois, apenas o agora, o que o aluno aprendeu no momento, não obstante como este atingiu o aprendizado, nem se este poderá aprender mais. A avaliação vista deste modo, segundo este autor é considerada também como classificatória, ou seja, importa-se mais com a nota do que aprendizagem.

    É possível interpretar de acordo com o ponto de vista do autor que a avaliação da aprendizagem deve possuir características diferentes das expostas no texto acima. Luckesi (2005) aponta que esta deve ser estabelecida de forma contínua durante o processo educativo, deixando de ser seletiva, pontal e classificatória, baseando-se em uma perspectiva que não distingui os alunos considerados bons e aprovados dos ruins e reprovados.

    Camargo e Faria (2011) citado por Luckesi (1996) expõe esta questão interpretando que este tipo de avaliação escolar fortalece o processo de dominação social, ao evocar que este processo avaliativo representa um modelo teórico de educação a serviço de manter os padrões de uma sociedade burguesa dominante, privilegiando aqueles que se encaixam no perfil de seleção e classificação, pois estes terão maiores oportunidades de prosseguimento nos estudos e consequentemente, garantias de melhores empregos.

    Segundo Fidelis; et. al. (2006) é importante observar que a avaliação estabelecida através de exame, ou seja, classificatória, tem sido um dos motivos de grandes êxodos dos alunos do âmbito escolar.

    Hoffman (2001) discute a respeito da avaliação no processo de ensino-aprendizagem, em alerta a abordagem avaliativa, atrelada aos vínculos (objetivos) educacionais. Vejamos esta fala de Gadotti que a autora destaca: “Educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos para superar as contradições, comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente” (HOFFMAN, apud GADOTTI 1984, p 16).

    Para a autora apenas neste sentido a avaliação deve ser desenvolvida no âmbito educacional. Esta critica a forma tradicional a qual é concebida a avaliação na escola. E demonstra que esta é trabalhada de forma indefinida e repleta de erros, sendo entendida muitas vezes, ainda hoje, pelo educador, baseada em um reflexo de sua história de vida como aluno, o qual se viu diante de uma avaliação tradicional por parte do seu professor no passado, obtida apenas como um instrumento de punição, carente de compromisso com o processo educativo do aluno (HOFFMAN, 2001).

    Outro ponto observado é que muitos educadores têm consciência das falhas do processo avaliativo, mas exercem uma prática avaliativa improvisada e arbitrária pela falta de compromisso com a educação (HOFFMAN, 2001).

    De acordo com a análise de Luckesi (2005) pode ser possível utilizar o procedimento de atribuição de notas para fins de uma avaliação processual. Ou seja, este procedimento metodológico também pode servir, como diagnóstico para que o professor possa vir a redirecionar sua práxis e buscar soluções para a melhor aprendizagem dos alunos.

    Segundo o autor os instrumentos de avaliação (provas, medidas em testes, redações, monografias, arguições), não deveriam ser considerados instrumentos avaliativos, mas sim, instrumentos de coleta de dados que tem o objetivo de descrever o atual desempenho do aluno, dando suporte para serem avaliados posteriormente diante de critérios estabelecidos pelo professor.

    Assim como Depresbiteris (1998) observa em seu estudo a possibilidade de estabelecer uma proposta avaliativa atribuída por notas, em busca do real desempenho do aluno, diferenciando a atividade de medir e avaliar.

    O ato de medir pode ser entendido como um processo que descreve a quantidade de algo, através de um sistema de medidas convencional. Entende-se o ato de avaliar como um processo de interpretação dos processos quantitativos que se obtém ao medir, julgando-os a partir de uma escala de valores baseada em padrões e critérios determinados (VENDRAMINI, ET. AL, apud HAYDT, 1997).

    Depresbiteris fala sobre os critérios para a avaliação:

    Pode-se dizer que critério de avaliação é um princípio que se toma como referência para julgar alguma coisa. Parâmetro, padrão de julgamento, padrão de referência são alguns sinônimos de critério. Basicamente, em termos de aprendizagem, existem dois tipos de critérios de referência: os absolutos e os relativos (DESPRESBITERIS, 1998, p. 6).

    Os critérios absolutos são a base para as medidas de avaliação referenciadas a critérios. Os critérios relativos determinam as medidas referenciadas a normas (DEPRESBITERIS, 1998).

    A partir da interpretação do que definiu esta autora sobre os tipos de medidas de avaliação referenciadas, pode-se comparar de forma análoga os testes padronizados que são aplicados no ensino fundamental e médio, por exemplo, com as medidas referenciadas a normas. Pois, estes testes possuem um caráter classificatório, excludente, quais os resultados são apenas utilizados para verificar o grau de desempenho dos alunos, diante de um nível padrão, sem estabelecer procedimentos que visam melhorar o desempenho destes (DEPRESBITERIS, 1998).

    Na visão da autora as medidas referenciadas a critérios determinam objetivos a serem alcançados pelos alunos. O desenvolvimento dos alunos chega a níveis determinados com foco na aprendizagem destes, na medida em que são elaboradas estratégias que superem as suas falhas, estimulando-os ao sucesso. (DEPRESBITERIS, 1998).

    Fazendo uma analogia novamente, se aplicados com esta perspectiva, os testes na escola podem contribuir para uma avaliação processual, na medida em que estes critérios sejam estabelecidos para determinar os objetivos educacionais que se encontram em um planejamento de ensino. Estes testes podem servir não como uma forma de obter apenas resultados, mas, sim, como uma forma de investigar se o processo de ensino-aprendizagem está sendo possível, ao interpretar o desempenho dos alunos diante do que está sendo apresentado.

    Ao estabelecer o diagnóstico o professor poderá encontrar o norte para a realização do seu trabalho, recriando a sua metodologia de ensino, a fim de que os alunos alcancem melhores resultados em termos educacionais, obtendo assim a avaliação como um processo que se estabelece de forma contínua com o ensino-aprendizagem.

Considerações finais

    Concernente ao que foi exposto nota-se que é possível o processo de avaliação contribuir de forma significativa à aprendizagem dos alunos. Para tanto, a avaliação deverá ser estabelecida durante o processo de construção do conhecimento, atrelada aos objetivos educacionais, que buscam uma educação transformadora da realidade, comprometida com formação do sujeito autônomo e crítico. Ao contrário de uma prática educativa excludente que serve a interesses econômicos do sistema capitalista.

Referências

  • CAMARGO, Aline Cristina Veiga Corrêa. Faria; Moacir Alves de Faria. Avaliação: Concepções e Reflexão. Revista Eletrônica Saberes da Educação – Volume 2 – nº 1 – 2011.

  • CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

  • DEPRESBITERIS, Léa. Avaliação da aprendizagem do ponto de vista técnico-científico e filosófico-político. Série Idéias n. 8. São Paulo: FDE, 1998, p. 161-172.

  • FIDELIS, Geraldine Silva Furtado; FURTADO, Rosa Maria Silva; SOUZA, Fabiana Sampaio Mello e. A Avaliação da Aprendizagem e suas Implicações no Fracasso Escolar: Evasão e Repetência. FASB, (Faculdade de São Bernardo) 2006.

  • GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1991.

  • HOFFMAN, Jussara Maria Lerch. Avaliação mito e desafio: uma perspectiva construtivista. 30º Ed. Porto Alegre: Mediação, 2001.

  • LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem; visão geral. Entrevista concedida ao Jornalista Paulo Camargo, São Paulo, publicado no caderno do Colégio Uirapuru, Sorocaba, estado de São Paulo, por ocasião da Conferência: Avaliação da Aprendizagem na Escola, Colégio Uirapuru, Sorocaba, SP, 8 de outubro de 2005.

  • LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação educacional escolar; para além do autoritarismo. Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro, ABT, 13(61):6-15, nov./dez., 1984.

  • VENDRAMINI, Claudette Maria Medeiros, SILVA, Liane di Stefano da. CHENTA, Vanessa Cassinelli. A elaboração de testes de sala de aula. Psicol. Esc. Educ. vol.8 no.2 Campinas, Dec. 2004.

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