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Avaliação da agressividade de crianças inseridas 

no Projeto Nadar/Unimontes, Minas Gerais, Brasil

La evaluación de la agresividad de niños inscriptos en el Proyecto Nadar/Unimontes, Minas Gerais, Brasil

Evaluation of aggressiveness of children inserted in Swim Project/Unimontes, Minas Gerais, Brazil

 

*Universidade Estadual de Montes Claros. Departamento de Educação Física

**Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros. Departamento de Farmácia

***Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros

Departamento de Comunicação Social-Publicidade e Propaganda

****Universidade Estadual de Montes Claros. Departamento de Administração

*****Universidade Estadual de Montes Claros. Centro de Educação a Distância

Montes Claros, MG

(Brasil)

Brunna Librelon Costa*

Ronilson Ferreira Freitas**

Gustavo Souza Santos***

Rogério Santos Brant**** *****

Vivianne Margareth Chaves Reis*****

Betânia Maria Passos Ogando* *****

Josiane Santos Brant Rocha* *****

ronnypharma@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O comportamento agressivo vem sendo estudado frente à crescente preocupação de pais e educadores. Este estudo objetivou-se analisar o comportamento agressivo de crianças inseridas no Projeto Nadar/Unimontes, Minas Gerais, de acordo com o gênero e raça. Pesquisa de natureza quali/quantitativa e descritiva. Amostra composta por 100 crianças inseridas no Projeto Nadar, com idades entre 7 e 12 anos. Os resultados demonstraram que crianças do gênero masculino são significativamente mais agressivas que as do gênero feminino no ambiente escolar. As crianças de raça mestiça apontaram tendências não significativas mais agressivas que as de raça branca. Conclui-se que o gênero masculino é mais agressivo que o gênero feminino e que estudos sobre raça precisam ser desenvolvidos diante da variável encontrada.

          Unitermos: Agressividade. Crianças. Projeto Nadar.

 

Abstract

          The aggressive behavior has been studied under the worry of parents and educators. This study had the objective of analyse the aggressive behavior of children who take part of Nadar Project/Unimontes, Minas Gerais according to gender and race. Qualitative, quantitative and descriptive research. Sample composed of 100 children inserted in Nadar Project aged among 7 and 12 years old. The results revealed that male gender children are significantly more aggressive than the female gender in school environment. Despite of it is non-significant children of mixed races presented more agressive trending than white children. It's conclusive that the male gender is more aggressive than female gender in school environment and studies about race must be applied to develop the results found.

          Keywords: Aggressiveness. Children. Swim Project.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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    A violência e a agressão de crianças é um problema em países desenvolvidos (SISTO, 2005; SPOSITO, 2001), e é caracterizada como uma maneira explícita ou encoberta de resolver conflitos por coerção física ou psicológica (LEME, 2004). A agressividade ainda é conceituada como um ato intencional que procura causar um mal a alguém ou a alguma coisa (SISTO, 2005); comportamentos destrutivos e nocivos; instinto natural que surge como resultado de eventos na vida (FRASER et al., 2005). O ambiente escolar e familiar podem trazer informações peculiares acerca das interações sociais de crianças carentes (ECCLES; ROESER, 1999; BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2002; ARAÚJO, 2005; WOLFE et al., 2003), podendo ser indicados como principais meios influenciadores no comportamento agressivo.

    O comportamento agressivo vem sendo estudado frente à crescente preocupação de pais e educadores principalmente pelo fracasso escolar observado em indivíduos agressivos (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2003; LEME, 2004). Partindo para o trabalho de Winnicott (1987) sobre a natureza e as origens da tendência anti-social, o autor afirma que dentre as tendências humanas de comportamento, a agressividade é escondida, disfarçada e atribuída a agentes externos , quando é manifestada, suas origens são de difícil identificação.

    Os comportamentos agressivos na infância têm sido alvo de interesse científico há anos (PEREIRA; PINTO, 1999; SISTO; OLIVEIRA, 2007), e suas conseqüências no sistema de educação no Brasil são graves (GUZZO, 2001), instigando, desta forma, a busca pelas causas do surgimento de condutas agressivas que podem prejudicar a aprendizagem da criança.

    As organizações governamentais e privadas vem reconhecendo o poder transformador do esporte, aumentando o número de projetos esportivos para a população jovem de baixa renda. Nesse sentido, o Projeto Nadar institucionalizado pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes desde 2005, tem como objetivo inserir crianças carentes na pratica de natação, visando o desenvolvimento afetivo, o aprimoramento motor e cognitivo, uma vez que a agressividade infantil pode ser observada nos principais meios de socialização das crianças (BARBOSA et al, 2011). Entretanto, dados acerca da relação entre agressividade em crianças inseridas em projetos sociais, considerando gênero e a raça ainda são inconsistentes na literatura . Desta maneira, o objetivo deste estudo foi analisar o comportamento agressivo de crianças inseridas no Projeto Nadar/Unimontes, Minas Gerais, de acordo com o gênero e raça.

Método

Caracterização do estudo

    O presente estudo é de caráter descritivo e de metodologia quali/quantitativa.

Amostra

    A amostra foi composta de 100 crianças inseridas no Projeto Nadar, projeto de extensão da Universidade Estadual de Montes Claros – MG, com idades entre 7 e 12 anos, sendo 48 meninas e 52 meninos. A coleta foi feita na escola estadual a qual as crianças pertencem e, após orientação do pesquisador, o questionário foi respondido individualmente.

Aspectos éticos

    O projeto foi submetido ao Comitê/Conselho de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes atendendo a todas as normas que constam na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996, cujo número do protocolo é 062.

    O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi entregue anteriormente à coleta de dados. Foi lido e assinado pelos pais dos sujeitos do estudo, ressaltando-se que a pesquisadora prestou esclarecimentos quanto aos objetivos do estudo e à confiabilidade das informações a todos os participantes e seus responsáveis.

Instrumento

    A análise da agressividade foi feita por meio de uma Escala de Agressividade para crianças e jovens (SISTO; BAZI, 1998), que permite avaliar, por meio de perguntas, três medidas para o comportamento estudado: agressividade em situação familiar, agressividade em situação escolar e uma medida de agressividade geral.

    O instrumento utilizado foi a Escala de Agressividade para Crianças e Jovens (Sisto e Bazi, 1998), que foi adaptado em alguns quesitos para atender às características da amostra. Esta escala fornece três tipos de medidas: agressividade em situação familiar, agressividade em situação escolar e uma medida de agressividade geral. O instrumento é composto de 16 afirmativas, das quais 8 se referem à situação escolar e outras 8 à situação familiar. A agressividade geral é avaliada através da soma dos valores encontrados na agressividade escolar e familiar. Cada afirmativa oferece 2 alternativas - Sim (1 ponto) e Não (0, valor nulo). As pontuações podem variar entre 0 (menor valor) e 8 (maior valor) para agressividade familiar e escolar e de 0 (menor valor) à 16 (maior valor) na agressividade geral.

Análise estatística

    O universo amostral pesquisado foi caracterizado por uma análise descritiva com média e desvio padrão. A diferença entre as variáveis independentes foi encontrada pelo teste de Mann-Whitney e foi considerado como nível de significância, o valor de p<0,05, estabelecido pelo pacote “Statistical Package for the Social Science” (SPSS) versão 14.0.

Resultados

    A seguir são apresentados os dados da pesquisa referentes à análise da agressividade das crianças correlacionada ao gênero e à raça.

Tabela 1. Diferença das medianas (Mean Rank) das duas variáveis analisadas na atividade livre, no comportamento 

dos pais, no gênero e na raça quanto à agressividade na família, a agressividade na escola e a agressividade geral

Discussão

    Os resultados da caracterização amostral corroboram com os dados encontrados na literatura quando destacam que crianças do gênero masculino são significativamente mais agressivas que as do gênero feminino no ambiente escolar (BARBOSA et al, 2011; JOLY; DIAS; MARINI, 2009). Os níveis de agressividade escolar apresentados pelos meninos são superiores aos encontrados no ambiente familiar demonstrando que, no meio estudantil, os garotos não se reprimem em conter seus impulsos agressivos. Por outro lado, no ambiente familiar eles são mais hábeis em administrá-los. Tendo em vista que o instrumento utilizado para avaliar a agressividade está ligado à submissão às autoridades tanto na família como na escola, pode-se inferir que os meninos são menos submissos aos seus superiores na escola e mais submissos às autoridades no ambiente familiar e, deste modo, temem mais aos pais, por terem conhecimento de possíveis punições mais danosas, que aos professores. Lisboa e Koller (2001) concordam com este fato onde crianças não apresentam os mesmos níveis de agressividade encontrada nas suas relações com colegas, grupos de iguais, aos pais e aos professores (LISBOA; KOLLER, 2001). Nas avaliações de agressividade familiar e geral não houve resultados significativos, apesar de as meninas serem mais agressivas que seus companheiros na família e os meninos serem mais agressivos no geral.

    De acordo com a raça, apesar dos dados não serem significativos, as crianças de raça mestiça apresentaram uma tendência de maior agressividade que as de raça branca nas três avaliações de agressividade. Este fato evidencia a necessidade de que novos trabalhos sejam desenvolvidos em torno destas variáveis a fim de averiguar se uma amostra maior comprovaria significativamente esta tendência.

Conclusão

    Conclui-se que o gênero masculino é determinantemente mais agressivo que o gênero feminino no ambiente escolar e não sendo significativamente diferente a agressividade na variável raça e que estudos aprofundados acerca da influência da raça sobre a agressividade infantil devem ser realizados para melhor compreensão da tendência encontrada.

Referências

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  • BARBOSA, A.J.G.; SANTOS, A.A.A.; RODRIGUES, M.C.; FURTADO, A.V.; BRITO, N.M. (2011). Agressividade na infância e contextos de desenvolvimento: família e escola. Psico, Porto Alegre, PUCRS, v. 42, n. 2, p. 228-235, abr./jun.

  • BOLSONI-SILVA, A.T.; MARTURANO, E.M. (2002). Práticas educativas e problemas de comportamento: uma análise à luz das habilidades sociais. Estudos de Psicologia. Natal, v. 7, n. 2, p. 227-235.

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