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Atividade física como terapia auxiliar 

no tratamento de dependentes químicos

La actividad física como terapia auxiliar en el tratamiento de drogodependientes

Physical activity as therapy assistant in the treatment of chemical dependent

 

*Graduada em Educação Física pelo UNIS, MG

**Professora do UNIS, MG

***Discente de Nutrição UFLA

****Graduados em Educação Física pela FAGAMMON

*****Professor do UNIS, MG - UNIFOR, MG e FAGAMMON

(Brasil)

Cristiély Paola Naves*

Ione Maria Ramos de Paiva**

Bianca Martins de Figueiredo***

Rafael da Cunha Mângia****

Maykeline Stéphani Pereira****

Alan Peloso Figueiredo*****

alanpf@terra.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho tem como finalidade analisar se a atividade física regular exerce influência positiva no tratamento de dependentes químicos, verificando se a mesma pode ser uma intervenção para o tratamento dos adictos. Aborda a questão dos ajustes metabólicos gerados pela atividade e conseqüentemente, alterações psicológicas. Trata também da contribuição da atividade física na educação do homem aderindo a ele valores para que saiba lidar melhor com as complicações do dia-a-dia, além de citar alguns hormônios que são liberados pela prática da atividade física que atenuam a crise de abstinência. Concluiu-se com o estudo que a prática de atividade física regular e com a intensidade certa de trabalho é um fator de grande importância no tratamento de dependentes químicos, conferindo ao adicto um estilo de vida saudável.

          Unitermos: Atividade física. Dependentes químicos. Tratamento.

 

Abstract

          This work has finality examine if regular physical activity plays positive influence on treatment of addicts verifying that the same may be one intervention for the treatment of addicts. Addresses the question of metabolic adjustments generated by the activity and consequently, psychological changes. Also the contribution of physical activity in the man’s education adhering to the values ​​that he knows better deal with the complications of day-to-day, as quote some hormones that are released physical activity that alleviate the crisis of abstinence. It was concluded from the study that the practice of regular physical activity and with a certain intensity of work is a factor of great importance in the treatment of addicts, giving the addict a lifestyle healthy.

          Keywords: Physical activity. Addicts. Treatment.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A atividade física é uma forma de lazer e de restaurar a saúde dos efeitos estressantes, depois de superado o período inicial. É uma atividade usualmente agradável e que traz inúmeros benefícios ao praticante, que vão desde a melhora do perfil físico até a melhora da autoestima (SILVA et al., 2007).

    Segundo Ferreira, Tufik e Mello (2001) a atividade física tem como resultado diversas adaptações orgânicas, frente a estímulos durante o estado de atividade corporal aumentado. Também que, em conjunto, essas adaptações melhoram a saúde física e mental do praticante.

    A droga é capaz de alterar a fisiologia de todo o organismo, provocando assim um distúrbio da homeostase. A prática do exercício reduz a ansiedade, a percepção de esforço e aumenta o prazer, podendo, esse prazer e ansiedade que antes eram encontrados na droga serem encontrados na atividade física (MELO et al., 2005). Então, surge o interesse em identificar qual a influencia da atividade física no tratamento de dependentes químicos.

    Esta pesquisa visa analisar se a atividade física regular exerce influência positiva no tratamento de dependentes químicos, bem como identificar os efeitos psicológicos da atividade física em dependentes químicos.

2.     Dependência química: definição

    Segundo Correia (2002), a dependência química é também conhecida por adicção, uma doença progressiva, incurável e que pode levar a morte. Adicto é uma palavra de origem grega que significa escravo. Na concepção atual, adicto designa o dependente, o escravo, das drogas. Toda a sua vida e seus pensamentos estão centrados em drogas de uma forma ou de outra seja obtendo, usando ou encontrando maneiras de conseguir mais.

    A dependência química é uma doença de caráter social, físico e psíquico. Com o uso de drogas o usuário supre necessidades psicológicas e com isso passa a consumi-la freqüentemente para satisfazer-se, evitar sensações de mal estar e buscar resoluções para seus problemas anteriores. Progressivamente a droga desperta sensação de fissura, um desejo invencível de usar drogas para desfrutar da sensação de prazer. Com as desigualdades financeiras, de oportunidades e de conhecimento e situações conflitantes relacionadas a valores desperta-se a dependência química sendo ela também um fator social. (BUCHELE; MARCATTI; RABELO, 2004).

    Ferreira, Tufik e Mello (2001, p. 32) definem o termo droga como substância entorpecente, alucinógena ou excitante, ingerida, em geral, com o fato de alterar transitoriamente a personalidade.” Cavalcanti (1997), diz que o uso de drogas é uma prática antiga e universal; porém, foi a partir dos anos 60 que o abuso tornou-se preocupação mundial, ocupando espaços nos meios de comunicação e gerando um modismo em amplas faixas da sociedade.

    Correia (2002), completa dizendo que a progressão da doença se dá com o decorrer do tempo de uso. As ações e as preocupações do adicto em relação à droga vão se modificando proporcionalmente, de acordo com sua evolução. O usuário já não fica satisfeito com o que usa, pois o organismo já ficou tolerante ao tipo e a quantidade de droga do início da drogadição e sente a necessidade de se drogar mais vezes e com maior intensidade, conhecendo e passando a usar novas drogas.

    Murad (1994) separa o indivíduo em níveis de vício, dizendo que este pode ser apenas um usuário experimentador (uso por curiosidade), ou um usuário ocasional (quando este uso ainda não provocou rupturas nas relações afetivas, sociais ou profissionais), mas pode também ser um usuário habitual (faz uso freqüente, ainda controlado, mas já apresenta sinais de ruptura), e por fim o dependente ou toxicômano (vive pela droga e para droga, descontroladamente e com rupturas em seus vínculos sociais, isolamento e marginalização.

2.1.     Tratamento

    A questão do uso e abuso de drogas deve ser visto e tratado com um todo, como uma doença física e mental. Um dos mais importantes passos para a recuperação é escolher o caminho mais adequado para si próprio, não prevenir somente a recaída mais conquistar uma autonomia e um novo posicionamento diante do mundo Buchele, Marcatti e Rabelo (2004).

    Szupszynski e Oliveira (2008) dizem que avaliar a motivação para mudança, independentemente do tratamento utilizado, parece ser um aspecto importante para a utilização de intervenções adequadas aos pacientes. O comportamento motivacional trata, então, de engajar a pessoa em comportamentos positivos que se esperam ou a evitar comportamentos considerados negativos.

    Um modelo atual que atua na contribuição para a mudança de comportamento é representado pelo Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento. Este modelo é divido em estágios.

    No estágio de pré-contemplação, não se observa nenhuma intenção do adicto de mudar comportamentos, dificilmente procuram ajuda para iniciar seu processo de mudança. No estágio de contemplação, há nítida vontade de mudar, entretanto, surgem momentos de ansiedade e de dúvida. No estágio de preparação, há uma melhor conscientização do problema e o indivíduo constrói um plano cuidadoso de ações orientadas para a mudança. No de ação, a pessoa inicia explicitamente a modificação de seus comportamentos-problema, e no de manutenção é o grande desafio no processo de mudança. É necessário um esforço constante do indivíduo para consolidar os ganhos conquistados nos outros estágios, além de um esforço para evitar recaídas (PROCHASKA; DICLEMENTE; NORCROSS apud SZUPSZVNSKI; OLIVEIRA, 2008).

    Segundo Szupszynski e Oliveira (2008) esses estágios de mudanças estão diretamente ligados às atividades nas quais as pessoas engajam-se para alterar afeto, pensamento, comportamento ou relacionamentos relativos ao comportamento-problema. Sendo, qualquer atividade que ajude na modificação do comportamento, sentimento ou forma de pensar é um processo de Modelo Transteórico no tratamento da dependência química.

2.2.     Atividade física e o dependente químico

    A atividade física proporciona um grande fascínio na sociedade brasileira, faz parte da cultura e gera um grande número de ídolos e de conquistas no cenário esportivo. Alves e Pieranti (2007) sugerem que a atividade física possa ser importante para inclusão social e para redução de problemas ligados à saúde e à educação, além de evitar a evasão escolar, o uso de drogas e a criminalidade, aumentando a auto-estima, cooperação e a solidariedade.

    Segundo Ferreira, Tufik e Mello (2001) a atividade física é considerada como agente estressor e influencia diversos processos corporais. O corpo humano se adapta ao estresse provocado pelo exercício, através de um rápido ajuste metabólico. Além de adaptações físicas, atribuem-se ao exercício alterações comportamentais, pois indivíduos envolvidos em programas de exercício experimentam efeitos positivos na saúde, com parte deles observados após sua execução, em relação aos estados de humor.

    A prática da atividade física pode ser usada na melhora da autoconfiança, e da auto-estima, melhorando a comunicação e comportamento. Ela torna-se motivante e quebra a rotina estas atividades podem substituir a emoção encontrada na rua, que pode ser perigosa e sedutora (ANDRADE; MATOS, 2011).

    Andrade e Matos (2011) também afirmam que a atividade física pode contribuir na educação do homem, através da organização e centralização de seu corpo, movimentação e relacionamento com outros seres humanos, absorvendo valores que tenham modos mais adequados ao se deparar com situações da realidade e do cotidiano, como a disposição para o comportamento social, estabilidade emocional, motivação para o rendimento, autodisciplina e força de vontade, sendo influenciadora na construção da personalidade. Ela pode servir como intervenção na ocupação do tempo livre e como fator de intervenção ao uso de drogas através de regras, normas e valores.

    Na vida de um adicto o mundo se encolhe de tal maneira que a droga passa a ter maior papel de destaque e importância, tornam-se em geral pessoas sedentárias, pois não conseguem conciliar o uso desenfreado da droga, com alguma atividade física regular. No inicio da recuperação ou abstinência a atividade física deve ser ingressada em sua vida de forma lenta e gradativa, para que possa acompanhar seu processo natural de desintoxicação perda de obsessão pelas drogas. Ao perceber os resultados positivos na sua saúde e vida proporcionados pelo exercício físico, o seu eu interior se fortalece e sua autoconfiança aumenta, revelando-se, também, um resgate da auto-estima, que se encontrava apagada pelo uso das drogas (CORREIA, 2002). Desta forma, a aderência ao exercício estará praticamente garantida na sua vida, transformando-se, assim em mais um aliado em sua principal inimiga, a droga.

    Correia (2002) também diz que a droga sempre foi a fonte principal de bem estar e prazer na vida do dependente químico. Ao praticar-se uma atividade física, estimula-se a produção da endorfina, que é um hormônio capaz de proporcionar exatamente estes tipos de sensações, sendo assim, atividades físicas são de grande valor para a nova maneira de viver do adicto em recuperação, como um início na inversão de valores, substituindo uma vida desagregada e desgovernada por uma vida saudável e feliz.

    Howley e Franks (2000) afirmam que há um dilema ético envolvido em avaliar as conseqüências de persuadir pessoas a se comportarem de maneira que levem a uma boa saúde versus o direito dos indivíduos de fazer o que eles gostam com sua própria saúde, desde que isso não viole o direito dos outros. O “consentimento informado” teoricamente dá aos participantes uma escolha livre depois que receberam toda a informação necessária para tomar uma decisão. Se um estilo de vida prejudicial à saúde é baseado na ignorância ou em informações incorretas, deve-se proporcionar a informação necessária para uma escolha esclarecida. No entanto, Correia (2002) cita que se deve trabalhar em torno dos seguintes objetivos: desenvolver a autoconfiança, integrar o adicto em geral, recuperar a auto-estima, prevenir o uso das drogas, humanizar, substituir parte do espaço deixado pelas drogas, ajudar o autoconhecimento, despertar para o sentido da liberdade, trabalhando a ansiedade e o estresse e diminuindo a obsessão pelas drogas.

2.3.     Contribuições dos hormônios liberados durante a atividade física que podem atenuar a crise de abstinência

    Segundo Werneck, Bara Filho e Ribeiro (2005) muitos dos efeitos positivos do exercício sobre a saúde mental têm sido atribuídos a uma indução da produção de endorfina. Neste sentido, preconiza que o aumento das endorfinas circulantes durante e após o exercício estaria associado a sentimentos de euforia e uma redução da ansiedade, tensão, raiva e confusão mental. Sabe-se que o aumento das endorfinas circulantes pode-se ultrapassar até cinco vezes os valores basais, sendo esta resposta variável em função da intensidade e duração do exercício. A literatura analisada indica que exercícios de alta intensidade (acima de 70% VO2 máx) e/ou aqueles de longa duração otimizam a liberação de endorfinas, apontando indicações para a prescrição de exercícios físicos com o objetivo de promover melhorias psicológicas.

    Serotonina é um neurotransmissor que tem como meta a modulação do humor. Quando alto, gera euforia, e quando muito baixo, a depressão até o nível de levar ao suicídio. Quando as taxas de serotonina são baixas, levam a comportamentos instáveis como aumento de acidentes, alcoolismo e vícios. Toda atividade física aumenta a serotonina e, portanto, funciona como antidepressivo (BERENSTEIN, 2004).

3.     Considerações finais

    Ao investigar a influência da atividade física no tratamento de adictos conclui-se que ela exerce papel de grande importância para recuperação dos adictos gerando pensamentos e sentimentos positivos substituindo assim as sensações encontradas na droga, pois, a atividade física ajuda na regulação das substâncias relacionadas ao sistema nervoso, na capacidade de lidar com problemas e com o estresse. É de fundamental importância que o indivíduo em tratamento entre em contato com meios saudáveis, ou seja, a sensação de bem-estar é um fator que influencia positivamente o estado psicológico das pessoas, fazendo com que elas busquem cada vez mais um estilo bom de vida. Diante das conclusões expostas, recomenda-se que novos estudos possam ser realizados a fim de que haja introdução de atividade física no tratamento de dependentes químicos.

Referências

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