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Pensamento e agir pedagógico da Educação Física Escolar

Pensamiento e intervención pedagógica en Educación Física Escolar

 

Graduandas em Educação Física pela Universidade

do Estado do Pará. Conceição do Araguaia, PA

(Brasil)

Dimara Tavares dos Anjos

dimaraanjos@gmail.com

Marina Martins Moura Lacerda

marinna.lacerda@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo busca investigar os conhecimentos que o profissional de Educação Física adquire durante a sua formação profissional e no decorrer do seu exercício. O termo “pensamento” refere-se à teoria/conhecimento do professor a respeito das práticas pedagógicas e o “agir pedagógico” a sua prática propriamente dita. Para a realização do trabalho, utilizamos o levantamento bibliográfico através de estudos baseados em livros e artigos, visto que, o intuito é buscar relatos e obras anteriores que abordam a teoria e prática pedagógica dos profissionais de Educação Física na área escolar. Esperamos contribuir para a melhoria da ação docente no entendimento do tema em questão.

          Unitermos: Educação Física Escolar. Prática pedagógica. Teoria e prática.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Entendemos que as concepções higienista e militarista vigente na década de 1930 foram à base para constituição da identidade pedagógica da Educação Física. Vale ressaltar que, ambos os modelos (higienista e militarista) fundamentavam-se meramente na prática, descartando o embasamento teórico como suporte de ensino, ou seja, os “educadores” não precisavam dominar o eixo teórico, porém deveriam ter sido um “ex-praticante” formado em instituição militar.

    Desde a década de 1980 até os dias atuais, lidamos com novos e mais diversificados pensamentos a respeito da área de Educação Física, causando constantes mudanças no currículo escolar, em crítica aos enfoques “biologicistas” e ainda aos tradicionais, mecanicistas e/ou esportivistas, emergiram as concepções renovadoras. Ainda que a Educação Física tenha apresentado grandes e várias modificações ao longo do tempo, com o intuito de romper os modelos tradicionais, mecanicista e esportivistas adotados nas aulas, parece não ser satisfatórios para a concretização das mudanças na intervenção profissional.

    De acordo com Costa e Nascimento (2006), é notória a inexistência da articulação entre teoria e a prática pedagógica em virtude das ações pedagógicas dos professores. Evidentemente, podemos constatar que as transformações se restringem ao campo teórico, pois a prática pedagógica permanece quase que inalterada.

O professor e as práticas pedagógicas na Educação Física

    Em virtude da dissociação entre teoria-prática que ainda ocorre durante as aulas de Educação Física, acreditamos que muitos professores utilizam apenas os conteúdos ligados aos jogos e esportes, até mesmo aqueles que tiveram formação inicial recente, por inconsistência metodológica ou dificuldade no entendimento do tema evidenciado, visto que, os conhecimentos que supomos terem sido adquiridos na formação nem sempre são utilizados, durante a prática pedagógica, pelos professores de Educação Física.

    Na perspectiva pedagógica, Darido (2003) diz:

    Entende-se por ação pedagógica o conjunto de todas as decisões que o docente toma durante o processo ensino-aprendizagem, a fim de induzir um estilo particular de aprendizagem. (p.49).

    Determinamos que, é importante saber e conhecer as dificuldades e limites que o professor lida no contexto escolar o qual está inserido, antes de avaliar a prática pedagógica por ele adotada. Várias são as causas que levam o conhecimento teórico a tropeçar na realidade educacional.

    Deste modo, Costa e Nascimento (2006) aponta que:

    O enfrentamento das diferentes possibilidades de ensino, as dificuldades em justificar escolhas, e ainda os problemas sociais e econômicos encontrados nas escolas parecem confundir e dificultar a prática pedagógica dos professores. (p. 161).

    A prática pedagógica da Educação Física está diretamente relacionada ao sistema educacional, de maneira que, suas falhas podem ocorrer por vezes por problemas evidenciados na escola. Além de envolver de forma implícita o paradigma social, cultural e político da função da Educação Física. Isso quer dizer que, por mais que o profissional tenha uma boa didática de ensino, que mescle a teoria e a prática existe um conjunto de fatores que desmotivam e interferem na sua ação.

    Barros e Araújo (2008) entendem da seguinte forma:

    Percebe-se certo comodismo por parte dos professores, comodismo este talvez ligado à baixa remuneração, falta de estrutura e material didático e, sobretudo, de reconhecimento por parte da comunidade e da própria escola. Além destes fatores, pode-se incluir a falta de coragem para ousar ou de vontade para desacomodar-se e de relativar suas certezas. (p. 5)

    As concepções sociais que caracterizam a Educação Física como o ato de brincar e jogar bola, aula passatempo ou apenas prática e que remete a prática do professor ao trabalho de “dar a bola” e deixar os alunos na quadra, tem contribuições distintas. Tal cenário justifica-se por um conjunto de fatores que estão interligados, quer seja pela postura profissional, planejamento da escola, aceitação dos alunos, significância que a sociedade afere a Educação Física. Ponderar as influências na realização do trabalho pedagógico requer a observação da infraestrutura e a reflexão mais extensa sobre o ensino da educação física. Portanto, não podemos analisar exclusivamente a ação pedagógica dos professores, mas entender também o campo político e social que procede.

    Conforme Damazio e Silva (2008) em outras palavras:

    [...] alguns aspectos que também trazem limitações: o valor social atribuído à disciplina, a atuação do professor, a organização administrativa da escola, entre outros. Identificamos, mais uma vez, nos limites deste trabalho, a necessidade de a educação física escolar refletir constantemente em torno de seus objetivos, pressupostos teóricos, limitações e possibilidades, uma vez que a sociedade em que estamos inseridos nos apresenta novos desafios. (p.195).

Saberes necessários à formação do professor de Educação Física no contexto escolar

    Na tentativa de associar a formação profissional necessária à ação pedagógica, estudamos então qual seria o papel do professor de Educação Física. Galvão (2002) entende que o papel do professor bem-sucedido é preocupar-se não só com o ensino de habilidades, mas também com a formação integral do aluno. Sabemos que estamos sujeitos a constantes desafios no dia a dia no âmbito escolar e que a responsabilidade de ser professor tem se tornado cada vez maior. A partir das nossas reflexões, formulamos abaixo alguns elementos que acreditamos ser essenciais ao bom professor:

Quadro 1. Elementos essenciais para a prática de um bom professor

    Sem dúvida, não existe receita pronta, nem tão pouco regras infalíveis para ser um bom professor. Mas, podemos seguir sim alguns critérios que acreditamos ser úteis e analisar aqueles que propiciarão um melhor ensino-aprendizagem no universo escolar. Pereira e Souza (2011) consideram que:

    “O aprendizado deve ir além do simples saber-fazer (aspecto procedimental), ou seja, deseja-se que o aluno ultrapasse o saber técnico, sendo capaz de discutir regras/estratégias e de apreciar/avaliar, criticamente, assim como de analisar, esteticamente, determinada manifestação da cultura corporal, ressignificando-a e recriando-a.” (p. 39).

Considerações finais

    Trabalhar a prática e teoria talvez seja uma das maiores dificuldades da Educação Física no contexto escolar, embora não seja impossível é uma tarefa bastante desafiadora. Mudar o cenário da educação física requer muito, exige a sua atitude crítica, consciente e preparada, demanda muitas habilidades e competências para alcançar o caráter de um bom profissional, aquele que faz a diferença.

    Destacamos o quanto é imprescindível que o professor saiba como dinamizar suas aulas, que mescle a teoria e a prática, que consiga tornar uma aula teórica interessante e sem ser monótona. Que a forma como o professor direciona suas aulas é que fará a diferença para os alunos, e que os mesmos precisam e devem saber o porquê, como e pra quê fazer determinada aula. É importante ainda que, o profissional pense a prática e que tenha a conscientização sobre o que é ensinar e o que se pretende na educação.

    Sabemos as falhas que o sistema educacional tem a falta de infraestrutura e material didático, ainda a desvalorização da comunidade e da escola, os reflexos sociais e econômicos perante a Educação Física, todo esse conjunto de fatores que interferem e dificultam a prática pedagógica, porém deve servir de suporte para a preparação do profissional. Para tanto, a presente pesquisa é bastante significativa, uma vez que, aproximar o futuro profissional da realidade, possibilitando sua preparação e favorecendo sua prática pedagógica.

Referências

  • BARROS; ARAÚJO, Carmem Teresa C. V.; David Marcos E. de. Educação Física Escolar: teoria e prática nas escolas municipais de união do ensino fundamental. ANAIS do III Encontro de Educação Física e Áreas Afins Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação Física (NEPEF) / Departamento de Educação Física / UFPI. Outubro, 2008

  • COSTA; NASCIMENTO, Luciane C. A. da Costa, Juarez Vieira do. Prática Pedagógica de Professores de Educação Física: conteúdos e abordagens pedagógicas. R. da Educação Física/UEM. Maringá, v.17, n. 2, p. 161-167, 2. Sem. 2006.

  • DAMAZIO; SILVA, Márcia Silva, Maria Fátima Paiva. O Ensino da Educação Física e o Espaço Físico em Questão. Pensar a prática 11/2: 197-207, maio/ago. 2008.

  • DARIDO, Suraya Cristina. Educação Física na Escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2003.

  • GALVÃO, Zenaide. Educação Física Escolar: A prática do bom professor. Rev. Mackenzie de Educação Física e Esporte – p. 65-72. Laboratório de Estudos e Trabalhos Pedagógicos em Educação Física. UNESP: Barueri, 2002.

  • MARTINS PEREIRA, Sissi Aparecida; COSTA SOUZA, Gisele Maria. Educação Física escolar: elementos para pensar a prática educacional. São Paulo: Phorte, 2011.

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