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A influência de fatores sócio-demográficos e comportamentais 

no nível de atividade física em adultos da região sul de São Paulo

La influencia de los factores socio-demográficos y conductuales en
el nivel de actividad física en adultos de la región sur de Sao Paulo

 

*Discente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro, UNISA

**Orientador e Docente da Faculdade de Educação Física

da Universidade de Santo Amaro

São Paulo, SP

(Brasil)

Aline Corte*

Camila Lima*

Jeferson Jará*

Prof. Dr. Carlos Brito**

line_corte@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Com a preocupação de auxiliar no processo educativo da comunidade com relação ao problema da Atividade Física (AF) (Sedentarismo) a UNISA em parceria com o Programa Agita São Paulo iniciou ações para informar a comunidade sobre os seus benefícios, bem como verificar o efeito que os fatores intrapessoais poderiam estar relacionados a este problema (Gestão Móbile - Modelo Ecológico). Este estudo teve como objetivo verificar a influência de fatores sócio-demográficos e comportamentais no nível de atividade física em adultos. Sendo, o foco deste estudo analisar os adultos (n=41) com as seguintes características: Feminino (n=27) e Masculino (n=14), Idade (32,3 ± 13), Peso (66,4 ± 12,2), Estatura (164,1 ± 0,09), IMC (24,5 ± 3,1). Utilizou-se o IPAQ (versão curta) para avaliação da prática de AF. Os resultados salientam os contrastes e a heterogeneidade de classes sociais da região, destacando-se: i) maior prevalência de renda inferior a 5 salários mínimos; ii) ao relacionarmos os resultados do IPAQ com os EMC verificamos que cerca de 7,3% relata prática de AF, mas encontra-se abaixo das recomendações mínimas; iii) em relação aos fatores demográficos a ocupação teve tendência em influenciar o nível de atividade física, porém os EMC influenciaram de forma significativa. Portanto, a realização deste projeto na região pode permitir melhor compreensão da realidade local e implantação de condutas adequadas a esta população.

          Unitermos: Atividade física. Fatores sócio-demográficos. Comportamento. Saúde.

 

          O presente trabalho de conclusão de curso se deu a partir da ação comunitária realizada na represa Guarapiranga pela Universidade de Santo Amaro (UNISA), no mês de março de 2011, bem como a participação no grupo de estudos GEPEF (Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Física), CNPq.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O sedentarismo pode ser definido como a ausência, falta ou a diminuição da prática de atividade física, podendo ser caracterizado como um problema comportamental, na qual o indivíduo passa a ter a possibilidade de adquirir diversos tipos de doenças crônico-degenerativas como a diabetes, problemas de coração, de pressão arterial, de articulações e de natureza respiratória e psíquica em contra partida, Caspersen citado por Pitanga e Lessa (2005), define a atividade física (AF) como qualquer movimento realizado pela musculatura esquelética que resulta em gasto energético.

    Com o surgimento da agricultura durante o período neolítico, o homem passou a se movimentar menos devido ao fato de não necessitar mais caçar a própria comida, passando assim a produzi-la sem tanto desprendimento de energia. Podemos ressaltar que as facilidades do progresso tal como o sedentarismo, trouxeram benefícios a humanidade em relação aos aspectos culturais e intelectuais. No entanto, conforme a humanidade se desenvolveu o estilo de vida sedentária acentuou-se, chegando ao extremo após o período da revolução industrial e tecnológica, onde a prática de atividade física ficou comprometida, já que assim como afirma Pitanga (2002) citado por Pitanga e Lessa (2005), a comodidade e a busca pelo conforto trouxeram ao ser humano hábitos contrários a sua natureza ativa.

    A prática regular de atividade física segundo Guedes, Pinto e Lopes (2006), depende da percepção do indivíduo em relação à mesma, e pode ser explicada pelos estágios de mudança de comportamento (EMC), se dividindo e classificando-o em cinco estágios. São eles: 1) Pré-Contemplação (o sujeito não pretende modificar seu comportamento em um futuro próximo); 2) Contemplação (existe a intenção de mudar, mas não imediatamente); 3) Preparação (sujeitos que não praticam atividade física de forma regular, mas que pretendem se aderir a prática nos próximos 30 dias); 4) Ação (ativos regularmente a menos de seis meses); 5) Manutenção (ativos de maneira regular a, no mínimo, seis meses) este estudo optou por chamar de pré-adoção (Comportamento Negativo) os estágios de pré-contemplação, contemplação e preparação e de pós-adoção (Comportamento Positivo) os estágios conhecidos como ação e manutenção.

    A partir do conteúdo exposto surgiu a preocupação de auxiliar no processo educativo da comunidade no que diz respeito ao atual problema da atividade física (Sedentarismo) Rigotto e Augusto (2007); Pitanga e Lessa (2005); Fragelli e Gûnther (2008).

    Guedes e Guedes (2001) registram que a fase adulta é uma fase da vida onde o comportamento em relação à prática de atividade física parece estar comprometido, tendo em vista que influenciam tanto de forma positiva como negativa o nível de atividade física de outras faixas etárias, exercendo grande importância, principalmente, na adoção de crianças e adolescentes nas práticas regulares de atividade física, aumentando assim a probabilidade dos mesmos se tornarem sedentários quando adultos.

    Desse modo a UNISA (Universidade de Santo Amaro) em parceria com o Programa Agita São Paulo iniciou ações para informar a comunidade sobre os benefícios da atividade física, bem como verificar os estágios de mudança de comportamento baseado nos de Guedes, Santos e Lopes (2006) e o efeito que os fatores intrapessoais poderiam estar relacionados a este problema (Gestão Móbile - Modelo Ecológico).

    Neste contexto, surgiu o projeto de extensão denominado Esporte, Saúde e Meio Ambiente (em andamento). O mesmo é realizado na região sul do município de São Paulo, na Subprefeitura da Capela do Socorro, que é a mais populosa das 31 Subprefeituras do município de São Paulo, com estimativa de 683.083 habitantes. É uma região de contrastes, com heterogeneidade de classes sociais, distribuídas nos três Distritos Administrativos que compõem a região. Assim, este estudo teve como objetivo verificar a influência de fatores sócio-demográficos e comportamentais no nível de atividade física em adultos da região sul de São Paulo.

Metodologia

Tipo de estudo

    Foi realizado um estudo do tipo transversal e Survey.

Amostra

    Foram avaliadas mais de 300 pessoas entre as idades de 12 a 60 anos. Entretanto, o foco do presente estudo foi analisar os adultos (n=41) com as seguintes características: Feminino (n=27) e Masculino (n=14), Idade (32,3 ± 13), Peso (66,4 ± 12,2), Estatura (164,1 ± 0,09), IMC (24,5 ± 3,1).

Instrumentos utilizados

    Utilizou-se o IPAQ (Personal Digital Assistants), versão curta, para avaliação da prática de AF, instrumento estruturado com perguntas abertas, algoritmo para identificação dos Estágios de Mudança de Comportamento (EMC) e questionário sócio-demográfico.

Forma de análise dos resultados

    Os resultados foram analisados pela estatística descritiva (média, desvio padrão, freqüência absoluta e relativa) e inferencial (Mann-Whitney, Wilcoxon W, Kruskal-Wallis, Quiquadrado, Kolmogorov-Smirnov) adotando-se o nível de rejeição de hipótese de 5% (p<0,05). Para efetivação dos cálculos estatísticos utilizou-se o SPSS v. 16.0.

Resultados e discussão

    Sendo os adultos os mais suscetíveis em influenciar os níveis de atividade física de outras faixas etárias, principalmente os níveis de crianças e jovens, podendo levá-los a adquirirem comportamentos tanto adequados como inadequados em relação a pratica habitual de atividade física, surgiu o desejo de investigar esta faixa etária em nossos estudos.

    Para confirmar nossa afirmação, tomamos o exposto por Guedes e Guedes (2001) que estudou os níveis de prática de atividade física habitual em amostra representativa de adolescentes de 15 a 18 anos, matriculados em escolas de ensino médio do município de Londrina, Paraná.

    Os resultados encontrados no estudo revelaram que 54% dos rapazes envolvidos no estudo foram classificados como suficientemente ativos e entre as moças, apenas 35% delas foram classificadas como tais. A proporção de adolescentes classificados como insuficientemente ativos foi de 65% entre moças e de 46% entre rapazes.

    Os resultados mostram que os adolescentes não estão sendo estimulados de maneira adequada quanto à prática de atividade física. Ainda, considerando a possibilidade de transferência de hábitos incorporados na adolescência para a idade adulta, parece, também, que os adolescentes não estão sendo preparados para assumir atitudes que lhes permitam, no futuro, adotar um estilo de vida ativo fisicamente.

    Os principais resultados encontrados no estudo Esporte, Saúde e Meio Ambiente foram: em relação aos estágios de mudança de comportamento (EMC) verificou-se que a população do local da pesquisa encontrava-se em um estágio considerado positivo em relação à aderência da atividade física, ou seja, encontravam-se no estágio de pós-adoção, concretizando aproximadamente 58,5%. Cerca de 41,5% encontravam-se no estágio de pré-adoção, ou seja, em um estágio considerado negativo em relação à aderência da atividade física (figura 1).

    Verifica-se que os resultados encontrados no estudo são similares aos encontrados nos trabalhos de Brito et al. (2010); Guedes, Santos e Lopes (2006); Petroski et al. (2009) e Petroski e Oliveira (2008), chamando a atenção para o estudo de Guedes, Santos e Lopes (2006) que teve como objetivo apresentar informações descritivas quanto aos estágios de mudança de comportamento e aos níveis relatados de prática habitual de atividade física em amostra representativa de acadêmicos com idade entre 18 e 35 anos dos cursos de Educação Física e de Esporte da Universidade de Londrina, Paraná, onde aproximadamente 27% dos rapazes encontravam-se no estágio de pré-adoção e 73% encontravam-se no estágio de pós-adoção, por sua vez, aproximadamente 45% das moças foram classificadas em estágio de pré-adoção e 55% em estágio considerado positivo em relação a pratica de atividade física, ou seja, no estágio de pós-adoção.

    Estes resultados mostram que independente da região este comportamento em relação à prática de atividade física poderá a vir a ocorrer, além disso, salientam a importância de se investigar este comportamento em adultos, principalmente quando estes compõem um curso universitário destinado a formação de profissionais e professores de Educação Física, que por sua vez deverão desenvolver atividades no âmbito escolar de modo que o primeiro objetivo seja o de incentivar seus alunos á adoção de um estilo de vida apropriado e saudável, com a prática de exercícios não só no período escolar, mas como por toda a sua vida.

Figura 1. Estágios de Mudança de Comportamento (EMC) descrito em porcentagem de acordo com a classificação Pré-adoção (Comportamento Negativo) e Pós-adoção*

    No que diz respeito ao nível de atividade física, a população do estudo foi avaliada como 51,2% estando dentro dos padrões em relação prática de atividade física e 48,8% como estando abaixo das recomendações mínimas (figura 2), segundo o instrumento aplicado na pesquisa (IPAQ-8).

    Observando estes resultados, verificou-se que as diferenças entre as pessoas que se encontravam suficientemente ativas e as que se encontravam insuficientemente ativas, foi de aproximadamente 3%, como o estudo se preocupou em investigar pessoas na idade adulta, tal diferença pode ser considera pequena e até mesmo preocupante, já que alguns estudos como o de Guedes, Pinho e Lopes (2006) apontam uma tendência em ocorrer à diminuição da prática de atividade física na medida em que as pessoas envelhecem em regiões que apresentam uma baixa renda, causando estado de alerta, pois, no caso da população estudada, 65,9% da amostra possuía entre 1 a 5 salários mínimos.

Figura 2. Nível de Atividade Física segundo o

Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ-8)

    Dos fatores sócios demográficos: observou-se que 70,7% da população do estudo se encontravam empregada (ocupação), sendo que 48,9% possuía ensino médio e 29,3% ensino superior (escolaridade), além de 65,9% da amostra possuir entre 1 a 5 salários mínimos (Figura 3).

Figura 3. Fatores sócio-demograficos (ocupação, renda

e escolaridade) descritos em porcentagem

    Ao observar e relacionar os resultados dos fatores sócio-demográficos (Figura 3), os dos estágios de mudança de comportamento (Figura 1), e os níveis de atividade física (Figura 2), pode-se afirmar que o fator ocupação teve tendência (p>0,093) a influenciar significativamente os níveis de atividade física

    A amostra do estudo foi composta por pessoas com idade entre 19 e 39 anos, ou seja, pessoas que se encontravam na fase adulta, considerada a mais produtiva em relação ao mercado de trabalho, assim, nesse estudo, provavelmente o fator ocupação se sobressaiu em relação a outros fatores como a renda e a escolaridade, pois, as pessoas desta faixa etária acabam por ser colocá-lo em primeiro ou até mesmo único plano, prejudicando dessa forma a prática habitual de atividade física.

    Diante desse pressuposto, é de grande valia citar o estudo de Gomes, Siqueira e Sichieri (2001), que teve como objetivo descrever três marcadores de atividade física: ocupação, lazer e horas assistindo televisão, em uma amostra probabilística de adolescentes, adultos e idosos do Município do Rio de Janeiro. Os resultados de seu estudo mostram que, independentemente da faixa etária, quando o indivíduo é inserido no mercado de trabalho, a tendência é que seu nível de atividade física diminua. Tal diminuição se acentua ainda mais, quando o mesmo tem uma ocupação de moderada a pesada, possibilitando constatar que a jornada de trabalho parece influenciar, de forma negativa, os níveis de atividade física e tal negatividade provavelmente possa se acentuar principalmente se o indivíduo iniciar a jornada de trabalho durante a sua idade escolar, podendo levá-lo a ter um comportamento negativo quando adulto.

    Estudos semelhantes apresentam outras variáveis que explicam melhor o nível de atividade física, como é o caso do estudo de Brito et al. (2010), que teve como objetivo observar as características antropométricas, verificar a prática da atividade física habitual e analisar a aderência na atividade física de indivíduos da região sul do município de São Paulo com idade entre 12 e 60 anos . Em seu estudo os resultados mostram que 51% tinham renda entre 1-5 salários mínimos e 11%, renda igual ou superior a 11 salários mínimos; 60% encontravam-se empregado; 45% possuíam ensino médio; aproximadamente 68% encontravam-se no estágio de pós-adoção e 32% em pré-adoção; 40% foram considerados insuficientemente ativos e 60% como suficientemente ativos, ao observar estes resultados relacionados aos estágios de mudança de comportamento (EMC), os níveis de atividade física e os fatores sócios demográficos, fica claro que a renda teve tendência a explicar melhor os níveis de atividade física comparando a de outros fatores sócio-demograficos, pelo fato da amostra do estudo ser composta tanto de adultos como de idosos e adolescentes.

    A escolaridade também tem se mostrado como fator a explicar de forma significativa os níveis de atividade física de uma população, assim vale citar os estudos de Guedes e Guedes (1997); Ceschini e Fiqueira Júnior (2009); Darido (2004); Guedes e Guedes (2001), ressaltando o trabalho de Ceschini e Fiqueira Júnior (2009) cujo objetivo foi descrever a prevalência de atividade física insuficiente e os fatores associados em adolescentes de São Paulo. Em seu estudo observou-se que a prevalência insuficiente de atividade física foi de 53,8%, sendo que a mesma esteve positivamente associada às seguintes variáveis: gênero, série acadêmica, moradia, tempo de TV, computador e incentivo dos pais para a prática de atividade física. Como apontado no estudo, a influência dos pais, ou seja, dos adultos, se mostrou como fator importante a explicar o nível insuficiente de atividade física, logo, informar e conscientizar os pais (adultos) a cerca da importância da prática e manutenção da atividade física em suas vidas, pode vir a influenciar, de forma positiva, no comportamento de seus filhos (crianças e adolescentes) a respeito da prática habitual de atividade física.

Conclusão

    Os resultados salientam os contrastes e a heterogeneidade de classes sociais da região, destacando-se:

Referências bibliográficas

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