A influência da música em corridas de rua La influencia de la música en las carreras urbanas |
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*Professor de Educação Física da SEED e da SME-PMC **Professor de Educação Física ***Especialista em Metodologia e Prescrição do Exercício de Força Professor da Faculdade Dom Bosco (Brasil) |
Dilvano Leder de França* César Artur de Castro Junior** Cleiton Vaz França** Marcelo Romanovitch Ribas*** |
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Resumo É fácil encontrar pessoas correndo ouvindo música, porém, não se sabe ao certo qual é a influência dela no desempenho dos corredores. Esta pesquisa tem como principal objetivo a verificação do comportamento da frequência cardíaca de corredores de rua que se utilizam da música para ditar o seu ritmo. Fizeram parte da pesquisa 10 corredores, onde foram submetidos a correr em dois testes, com um percurso de 2 km na pista de atletismo da Praça Oswaldo Cruz, em Curitiba, sendo o primeiro teste sem nenhum estímulo musical e o segundo com música. Foi mensurado o tempo de realização dos testes, a frequência cardíaca inicial, a cada 250 metros e ao final da corrida, e ao término dos 2 km os indivíduos foram submetidos a uma auto avaliação de esforço de acordo com a escala de Borg. Os dados foram analisados através de cálculos estatísticos. Os resultados desta pesquisa demonstraram que para a população que compôs a amostra desta pesquisa, a utilização de estímulo sonoro ocasionou um aumento na FC inicial, média e final, dos corredores devido à música ter ocasionado alterações no desempenho físico, fato evidenciado com o aumento da intensidade da corrida para um mesmo intervalo de tempo, porém, não houve uma diferença significativa no tempo para realização do percurso e na percepção de esforço. É fundamental que a análise dos resultados seja embasada na especificidade da modalidade de corrida, onde inclui tipo de prova, distância, terreno, e principalmente no estilo musical. Unitermos: Corrida. Música. Desempenho.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A atividade física regular de cunho aeróbio pode proporcionar melhoras na depressão e na ansiedade, bem como diminui os níveis de estresse do seu praticante à medida que este se condiciona (ARAÚJO, 2007). A fim de melhorar a aderência de seus praticantes, a atividade física tem na música uma grande aliada, esta se constitui em um elemento valioso no contexto da prática de exercícios físicos, atividades realizadas com música tendem a ser mais prazerosas e facilitam a autopercepção de competência e autodeterminação (MIRANDA e SOUZA, 2009).
Sendo assim, a música nosexercícios físicos é utilizada no sentido de motivar a continuidade da atividade ou de distrair o praticante de estímulos não prazerosos como cansaço, dor ou até tensão psicológica (LAUDIOSA e BERNARDINO, 2011). Neste contexto, tem se observado atualmente que não é raro encontrarmos pessoas que ao praticar uma corrida no parque ou participar de circuitos de corridas de rua estejam escutando música em seus fones de ouvido (MIRANDA e GODELLI, 2002), porém, não há uma total comprovação se os resultados obtidos estão relacionados também a utilização destes estímulos sonoros. A preocupação em saber a verdadeira relação entre os estímulos sonoros e a prática de corrida, tende a garantir um aumento de praticantes da modalidade de corridasde rua, em se utilizar deste recurso sonoro para garantir um aumento na quilometragem ou na diminuição do tempo durante a prática da corrida.
Para Pereira e Borges (2006) a corrida é o método mais prático e fácil de treinamento aeróbio a ser realizada, sendo uma das melhores atividades para aperfeiçoar a resistência geral, pois, melhora o condicionamento cardiovascular, a agilidade, coordenação, resistência e diversifica os estímulos promovidos ao sistema musculoesquelético.
Miranda e Godelli (2002) citam que é comum vermos pessoas utilizando-se de música durante a prática de exercícios físicos, seja individualmente ou em um grupo, e até mesmo de música ambiente. A utilização da música garante uma sincronia nos movimentos executados na atividade, além de proporcionar a realização da mesma, de forma mais satisfatória e prazerosa.
Nakamura (2008) cita que a música é composta por ritmos, melodia e harmonia, onde ritmo é uma sucessão de sons e organização das durações musicais e melodia é a sucessão de sons diferentes permitindo uma percepção global.
A partir disso, podemos relacionar a música com a prática de corrida de rua, sendo que os efeitos de uma música lenta, não serão os mesmos de uma música rápida, pois o ritmo está diretamenterelacionado à velocidade da música, quanto maior o esforço, mais rápida deveria ser a música propondo uma ligação harmoniosa, interferindo no fator motivacional de quem ouve, e posteriormente gerando melhoras no desempenho.
Na prática de corrida de rua, está presente a utilização de música para denotar o ritmo e estabelecer a distração, pois conforme se aumenta a quilometragem percorrida, aparece no íntimo uma vontade de parar, principalmente em pessoas que não tem hábitos de praticar corridas diariamente, em certos casos a música também serve como fator motivacional, pois se é de agrado da pessoa, favorece o término da atividade.
A música pode afetar os níveis de percepção de esforço, frequência cardíaca, nível de adrenalina, resistência e potência muscular, além de influenciar na digestão (ATKISON et al, 2004; SANTOS, 2008). Para Trodes (2006) é uma forma de prevenção contra a monotonia existente na atividade física sistemática, ela age no corpo distraindo a atenção do indivíduo, fazendo com que os estímulos indesejados do exercício sejam esquecidos pelo seu praticante.
Em se tratando do comportamento da noradrenalina e frequência cardíaca, Yamamoto et al (2003) relata em seu estudo realizado com 6 estudantes do sexo masculino, que a música lenta reduz os níveis de noradrenalina plasmática, trazendo como consequência a diminuição da frequência cardíaca, porém a música rápida aumenta os níveis de noradrenalina no sangue e por consequência aumenta a freqüência cardíaca.
Em estudo conduzido por Edworthy e Waring (2006) com 30 voluntários, os quais realizaram cinco sessões de exercício em esteira com diferentes variações na música de acompanhamento os autores constataram que a música rápida e alta proporcionou melhor desempenho quando comparada às outras sessões do teste com as outras variações. A presença da música em exercícios realizados em intensidades moderadas é capaz de melhorar os estados de ânimo e o desempenho (EDWORHY e WARING, 2006), porém, a influência da música em exercícios de intensidade vigorosa ainda é controversa (TENEBAUM etal, 2004).
A música auxilia nos movimentos coordenativos da atividade, através de suas informações temporais (MOURA et al, 2007), e na corrida de rua o grau de coordenação exigido é grande, pois a utilização de movimentos coordenados geram menos esforço, menos gasto de energia, e em relação a isso menos fadiga, e baseando que praticar corrida é uma atividade monótona para um iniciante, cabe à música impulsionar o indivíduo na sua prática esportiva.
A música influência diversos órgãos e sistemas do corpo humano: algumas estruturas especializadas do cérebro, como o hipotálamo, a hipófise, o cerebelo, o córtex cerebral, o tálamo, o plexo solar, os pulmões, o aparelho gastrintestinal, o sangue e o sistema circulatório (com ação vasoconstritora e vasodilatadora, agindo, portanto, na pressão sanguínea), a pele e as mucosas, os músculos e o sistema imunológico, estimula o prazer durante o exercício, proporcionando aumento à prática de atividade física e a qualidade de vida, desta forma, a música estimula o indivíduo a um melhor desempenho na atividade física (AMORIM et al, 2008).
Tame (1984) apud Oliveira (2002) cita que a música provoca reações nas várias partes do cérebro que geram respostas aos estímulos, provocando uma série de emoções e reações físicas, como batidas mais rápidas do coração, riso, lágrimas, dilatação da pupila, etc. Miranda (2003) apud Nakamura (2008) descreve que a música aumenta a motivação para exercitar-se, influência sobre os estados de ânimo e diminui o desconforto resultante do exercício físico (MIRANDA, 2003 apud NAKAMURA, 2008). Alguns dos fatores relacionados, agem continuamente na prática de corrida de rua, sendo assim como o auxílio da música possibilita certo controle, em busca de uma melhora na performance.
Sendo assim, o propósito desse estudo tem como enriquecer a literatura em torno do tema abordado, além de desmistificar a utilização de estímulos sonoros durante as corridas, beneficiando os atletas amadores, no sentido de ditar a intensidade de suas corridas, proporcionando adaptações favoráveis, sejam elas fisiológicas ou psicológicas, a fim de obter respostas satisfatórias para o público que participam de corridas de rua.
Sendo assim, o principal objetivo da pesquisa é verificar o comportamento da frequência cardíaca de corredores de rua que se utilizam da música para ditar o seu ritmo de corrida.
Seus objetivos específicos são, verificar a diferença dos tempos obtidos para uma mesma distância entre os testes com e sem estímulos musicais e compará-los; verificar a percepção subjetiva deesforço de acordocom a escala de Borg, com e sem estímulos sonoros e compará-los.
Material e métodos
Trata-se de uma pesquisa transversal, de caráter quantitativo, realizada com 10 indivíduos de ambos os gêneros sendo 09 homens e 01 mulher com idade compreendida entre 18 e 35 anos, praticantes de corrida de rua. Adotaram-se como critério de inclusão os indivíduos com idade entre 18 e 35 anos que praticavam corrida de rua a mais de um ano. Como critérios de exclusão os indivíduos que no dia da coleta de dados não apresentaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) assinado;indivíduos que apresentavam algum tipo de cardiopatia, hipertensão, diabete; algum comprometimento auditivo; alguma lesão osteomioarticular que no dia da coleta o impossibilita-se de realizar o experimento; indivíduos que faltaram em uma das duas coletas de dados.
Antes de iniciar as coletas dos dados de freqüência cardíaca, VO2 máx, tempo e da escala subjetiva de esforço, uma reunião foi realizada a fim de esclarecer algumas dúvidas, foi lido, explicado e coletada a assinatura no TCLE. Nesta mesma reunião, em comum acordo com os atletas foi criada uma seleção musical de preferência dos mesmos (músicas eletrônicas e rock, com média de 130 bpm), a fim de ouvirem quanto estivessem correndo no dia em que a corrida fosse realizada com estimulo sonoro. A coleta de dados foi realizada por profissionais de Educação Física, pertencentes à equipe do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia do Exercício da Faculdade Dom Bosco, os sujeitos foram avaliados em dia pré estabelecido, para tanto foi utilizada a pista de corrida da Praça Osvaldo Cruz em Curitiba – Pr.
Sendo assim, para participar da pesquisa os atletas foram submetidos a duas corridas de 2 km, uma realizada sem estimulo sonoro e a outra realizada uma semana após a primeira com a utilização de estimulo sonoro, por meio do aparelho MP3 Mox. Ambas as corridas foram realizadas com monitoramento da freqüência cardíaca volta a volta a cada 250 metros, para tanto se utilizou do rádio freqüêncimetro da marca Suunto Monitor Cardíaco, cintas de monitoramento cardíaco Suunto, e seus programas Sunnto Manenger e o Suunto Monitor, instalados no computador Positivo® Mobo White 1050, Software Microsoft® Excel 2007. Após a corrida os dados de freqüência cardíaca e VO2máx foram interpretados pelo programa Suunto Manenger.
Ao final do experimento os indivíduos foram submetidos a uma auto avaliação de percepção subjetiva de esforço de acordo com a escala de Borg (BORG, 1982). Ambos os testes, com e sem estímulo sonoro, foram realizados de forma igual, com exceção do fator estímulo, tendo os tempos de cada teste cronometrados e verificados a diferença entre os testes com e sem estímulos musicais.
Os dados foram interpretados e tabulados conforme as normas de tratamento estatístico, para tanto foi realizado o teste T Student onde se adotou a significância (p ≤ 0,05), para apresentar os dados fez-se uso da estatística descritiva, onde foi calculada média e desvio padrão.
Os indivíduos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, elaborado de acordo com a Resolução nº 196/96 sobre pesquisas envolvendo seres humanos do Conselho de Saúde do Ministério da Saúde, como pré-requisito para iniciarem os protocolos de avaliação. O estudo recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Dom Bosco.
Resultados
Gráfico 01. Valores referentes ao comportamento da frequência cardíaca durante uma corrida de 2000 metros
Fonte: criação dos autores
O Gráfico 01 apresenta o comportamento da frequência cardíaca média (FCM) dos indivíduos, que realizaram a corrida com música e em outro momento a corrida com estímulo sonoro, no início do teste e a cada 250 metros. Sendo que, no teste sem música a FCM inicial foi 92,5 (noventa e dois vírgula cinco) bpm, e ao final a FCM chega a 176,1 (cento e setenta e seis vírgula um) bpm. Já no teste com música a FCM inicial era 104,1 (cento e quatro vírgula um) bpm, e ao final do teste a FCM foi de 176,5 (cento e setenta e seis vírgula cinco) bpm.
A FCM no teste sem música foi de 155,1 (cento e cinquenta e cinco vírgula um) bpm, com um desvio padrão (DP) de 26,32 (vinte e seis vírgula trinta e dois). Já no teste com música a FCM foi 161,4 (cento e sessenta e um vírgula quatro) com DP de 23,87 (vinte e três vírgula oitenta e sete).
Gráfico 02. Valores referentes ao tempo total atingido na distância de 2000 metros
Fonte: criação dos autores
O Gráfico 02 apresenta o tempo médio dos indivíduos para realizar o percurso do teste, com música e sem música. Sendo que, no teste sem música o tempo médio foi de 8 (oito) minutos e 39 (trinta e nove) segundos, e o teste com música o tempo médio foi de 8 (oito) minutos e 36 (trinta e seis) segundos; com um DP de 1,12 (um vírgula doze) para o teste sem música e 1,28 (um vírgula vinte oito) para o teste com música.
Gráfico 03. Valores referentes à sensação subjetiva do esforço percebida pelos corredores com e sem estímulo sonoro após corrida de 2000 metros
Fonte: criação dos autores
O Gráfico 03 apresenta o esforço perceptivo subjetivo médio dos indivíduos de acordo com a escala de Borg (BORG, 1982). Sendo que, no teste sem música a média de esforço foi 15,3 (quinze vírgula três). Já no teste com música a média de esforço foi de 14,8 (quatorze vírgula oito). Obteve um DP de 2,91 (dois vírgula noventa e um) no teste sem música, e 1,40 (um vírgula quarenta) no teste com música.
Discussão
No gráfico 02, de acordo com o teste t, p-valor foi menor que 0,05, sendo assim, a diferença da FCM dos indivíduos entre os testes com música e sem música é significativa.
Santos (2008) também observou este resultado, aplicando com 10 indivíduos (idade entre 18 a 30 anos) sendo elas 5 homens e 5 mulheres, aonde estas pessoas participaram de 4 sessões de caminhada, em que foram ouvindo músicas populares de rock, axé, dance e também uma sessão sem música, conseguindo resultados significativos na FC na caminhada com música em relação a caminhada sem música. Tame (1984) apud Oliveira (2002) aponta que a música ocasiona o aumento dos batimentos cardíacos, e essa informação pode ser observada na comparação das FC iniciais dos testes com música e sem música.
No teste com música há uma elevação da FC já no início da corrida, o qual proporciona um princípio de corrida num ritmo mais elevado. Devido a esses fatores fisiológicos influenciados pelo estímulo os atletas permanecem por mais tempo num mesmo ritmo, dando assim, uma sensação de menos cansaço, e menor desgaste físico, o que traria um melhor desempenho individual em provas de longa duração.
A música segundo Silva (2011) aumenta a frequência cardíaca, pressão arterial, diminuição da temperatura da pele e a excitação de liberação de hormônios, como a noradrenalina,diminui o impacto dos estímulos sensoriais, tende a reduzir ou retardar a fadiga, aumenta a atividade voluntária e é capaz de provocar mudanças no metabolismo e na biossíntese de vários processos enzimáticos.Porém, no estudo de Yamamoto, Shinobunaga e Shimizu (2007) apud Silva (2011), a música relaxante reduziu a FC, justificando os resultados desta pesquisa, já que as músicas utilizadas foram de caráter estimulante.
As pesquisas acima vêm a corroborar com nossa pesquisa, pois a utilização de estímulo sonoro ocasionou um aumento na FC inicial, dos corredores devido provavelmente à música que estes estavam ouvindo no momento que antecedeu a corrida. Segundo Yamamoto (2003) a música rápida aumenta os níveis de noradrenalina no sangue e por consequência ocorre o aumento da frequência cardíaca. Contudo o estilo de música preferido pode ocasionar alterações positivas no desempenho do exercício físico (NAKAMURA, DEUTSCH e KOKUBUN 2008), desta forma é importante salientar o estilo musical selecionado, já que, estilos que não se adéquam ao gosto musical do atleta podem gerar efeitos inversos, ou seja, uma diminuição da FC, desta forma, um menor débito cardíaco, consequentemente uma menor oxigenação dos tecidos musculares esqueléticos, trazendo assim, uma fadiga antecipada, e logo, a sensação de cansaço maior, diminuindo seu rendimento durante a prova.
No gráfico 02, de acordo com o teste t, p-valor foi maior que 0,05, sendo assim, a diferença do tempo de realização do percurso entre os testes com música e sem música não foi significativa.
Tal fato pode ter ocorrido devido à seleção musical escolhida que embora estimulante com ritmo forte (> 120 bpm) (SIMPESON e KARAGEORGHIS, 2006) não foi suficiente para que o tempo musical pudesse influenciar a forma como uma determinada faixa é apreciada, a forma como o indivíduo responde a música ou como o mesmo varia a velocidade dos movimentos (CRUST e CLOUGH, 2006).
Nakamura, Deutsch e Kokubun (2008), também não encontraram diferença no tempo de exaustão na execução dos protocolos de testes no cicloergômetro, a partir da utilização de música em relação aos protocolos sem música.
Segundo Chen, Penhune e Zatorre (2008) apud Silva (2011), certos neurônios motores têm sensibilidade a estímulos auditivos que invoca o sistema motor, ou seja, a pessoa aguenta permanecer mais tempo correndo quando está escutando música, desta forma, o estímulo musical traria um beneficio em relação ao tempo de realização da corrida em provas de longa duração.
No gráfico 03, de acordo com o teste t, p-valor foi maior que 0,05, sendo assim, a diferença do esforço perceptivo subjetivo dos indivíduos entre os testes com música e sem música não é significativa.
Na utilização de estímulos sonoros, os indivíduos se sentiram mais a vontade para percorrer a distância. A partir da escala de Borg, se observou uma facilidade que pode ser apontada devido ao ritmo estruturado no estímulo musical, pois os indivíduos concentrados na execução da atividade e na música utilizada, não perceberam ao correr no seu máximo desempenho.
Também não houve diferença significativa no trabalho de Miranda e Souza (2009) no qual foram avaliados 85 idosos (idades entre 60 e 85 anos), distribuídos em três situações experimentais: com música “agradável”, com música “desagradável” e sem música; e também no trabalho de Nakamura, Deutsch e Kokubun (2008) onde foram avaliados 10 indivíduos (4 mulheres e seis homens) no qual realizaram três protocolos de testes no cicloergômetro (música preferida, música não preferida e sem música), onde os resultados obtidos, frequência cardíaca, a concentração de lactato sanguíneo, a percepção subjetiva de esforço e o desempenho não apresentaram diferença entre os protocolos.
Conclusão
Os resultados desta pesquisa demonstraram que para a população que compôs a amostra desta pesquisa, a utilização de estímulo sonoro ocasionou um aumento na FC inicial, média e final, dos corredores devido à música ter ocasionado alterações no desempenho físico, fato evidenciado com o aumento da intensidade da corrida para um mesmo intervalo de tempo, porém, não houve uma diferença significativa no tempo para realização do percurso e na percepção de esforço. Desta forma, sabemos que, o estímulo musical produz alguns efeitos fisiológicos durante a realização da prática de corridas.
Durante os treinos, o uso da música é recomendado de tal forma que não altere fatores biológicos do atleta, como, a percepção de ritmo e velocidade, pois isto traria uma dificuldade em manter um ritmo durante uma prova, pois, a tendência de um corredor que treina e corre utilizando-se deste artifício, é correr ao ritmo da música, ou seja, se estiver ouvindo uma música acelerada, a tendência é que sua frequência cardíaca acelere, havendo uma maior liberação de adrenalina, aumentando assim o seu ritmo, porém, se estiver ouvindo uma música calma, o efeito poderá ser inverso. É importante salientar que, o treino deve trazer em certos momentos a realidade da competição, sendo assim, no caso de uma competição onde o uso da música não seja permitido, é desaconselhável o uso durante o treinamento.
É fundamental que a análise dos resultados sejaembasada na especificidade da modalidade de corrida, onde inclui tipo de prova, distância, terreno, e principalmente no estilo musical, já que, trata-se de um estudo onde não há muito aprofundamento em torno do tema, sendo assim, sugere-se novas pesquisa com um n amostral maior de pessoas, para que os dados possam se apresentar mais fidedignos. Seria interessante para pesquisa futuras ser calculada velocidade de corrida volta a volta para se verificar a eficiência mecânica durante as provas com e sem estímulo sono.
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