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Considerações sobre a Educação Física no processo de alfabetização

Consideraciones sobre la Educación Física en el proceso de alfabetización

 

*Graduada em Educação Física pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-SM)

Mestre em Envelhecimento pela Universidade de Passo Fundo (UPF)

**Graduada em Pedagogia. Habilitação em Educação Infantil e Séries Iniciais

no Ensino Fundamental pela Universidade da Região

da Campanha (URCAMP - Caçapava do Sul). Especialista em Psicopedagogia Institucional

Área de conhecimento: Educação pelo Centro Universitário Diocesano

do Sudoeste do Paraná (UNICS)

Alessandra Cardoso Vargas*

alessandracvargas@hotmail.com

Giseli Maria Cardoso Vargas**

gisa1vargas@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Alfabetização deve ser um processo de desenvolvimento do ser humano ao longo da sua vida. Neste intuito, nosso estudo objetivou-se analisar a importância da educação física na aprendizagem cognitiva no processo de alfabetização. Trata-se de um estudo desenvolvido com base em uma pesquisa bibliográfica, com o intuito de conhecer as contribuições teóricas existentes sobre a prática educativa. Acreditamos que o trabalho do profissional de educação física, tem muita influência no processo ensino-aprendizagem das crianças, pois possibilita aos alunos desenvolver as habilidades da cultura corporal. São nestas atividades lúdicas, que as crianças encontram um espaço educativo fundamental na sua infância, auxiliando assim, no processo da alfabetização de muitas áreas, inclusive leitura e escrita.

          Unitermos: Educação Física. Profissionais. Alfabetização.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 - Nº 180 - Mayo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Como sabemos, a questão do analfabetismo no Brasil permanece um tema de dolorosa atualidade. Sendo assim, cabe ao educador uma verdadeira responsabilidade, quanto aos métodos, aos materiais didáticos, a escola e a própria sociedade.

    A criança durante toda a sua infância aprende a partir de vivenciar experiências concretas, assim, será capaz de resolver com competência os problemas que lhe surgirão. E somente através de experiências concretas, que ela poderá elaborar seu pensamento.

    Ao nascer, a criança sendo bem estimulada com afeto, durante a primeira infância, ela terá mais chances de desenvolver sua inteligência. As funções motoras, intelectuais e afetivas estão estimadamente ligadas, e através do seu corpo, vê tudo e ao mesmo tempo é capaz de perceber o que está ao seu redor.

    É através do corpo que percebemos, ou melhor, que conhecemos o mundo em que vivemos, pois o mundo nos chega através da visão, audição, do olfato e paladar. O que nos faz entender melhor aquela famosa frase: Ler não é decifrar, escrever não é copiar (FERREIRO, 2001).

    Nesta perspectiva, a psicomotricidade afeta diretamente a escrita da criança, pois tem que haver harmonia entre a ação e a emoção. A criança antes de ir para a escola já aprendeu a andar, a falar e convive com a presença de material escrito e várias linguagens. De acordo com Ferreiro (2001), possivelmente concordaria em que de nada vale esse enorme esforço para alfabetizar se a aprendizagem não foi significativa. E o significado, nessa primeira fase da vida, depende, mais que em qualquer outra da ação corporal. Entre os sinais gráficos de uma língua escrita e o mundo concreto, existe um mediador, às vezes esquecido, que é a ação corporal.

    É nesse sentido, que a ludicidade é um importante instrumento de estimulação prático, utilizado em qualquer etapa do desenvolvimento infantil e para qualquer criança. Assim, é uma forma global de expressão que envolve todos os domínios da natureza.

    As brincadeiras permitem as crianças identificar, classificar, agrupar, ordenar, seriar, simbolizar, combinar e estimar e ao mesmo tempo, desenvolvem a atenção, concentração, melhorando assim, a expressão corporal e a postura. De acordo com estudos de Ferreiro (2001), fica evidente que, não nega à Educação Física sua importância na alfabetização quando escreve: do ponto de vista construtivo, a escrita infantil segue uma linha de evolução surpreendentemente regular, através de diversos meios culturais de diversas situações educativas e de diversas línguas.

    O esquema corporal compreende todos os gestos realizados pelo nosso corpo, nele mesmo e sobre os objetos, é a tomada da consciência, pela criança, de suas possibilidades motoras e de suas possibilidades de agir e se expressar. No entanto, a Educação Física trabalha com o movimento, ação, corpo e propicia situações educativas que auxiliam na construção da escrita.

    Entretanto, escrever, marchar, correr, dançar, são atividades fundamentadas no movimento de uma atividade motriz. Segundo Rossi (2012), a psicomotricidade está presente em todas as atividades que desenvolvem a motricidade das crianças, contribuindo para o conhecimento e o domínio de seu próprio corpo. Ela constitui-se como um fator indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança, como também a base fundamental para o processo de aprendizagem dos indivíduos.

    Sendo assim, as habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no processo de alfabetização. A psicomotricidade é imprescindível na educação para o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo da criança. Dentro deste contexto, o educador deve ter o cuidado de elaborar suas aulas fundamentando-se nestes aspectos para proporcionar ao aluno um desenvolvimento integral. Neste aspecto, a escola que acompanha as mudanças de um mundo onde os conhecimentos evoluem rapidamente, deve priorizar os pilares que a sustentam (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser, aprender a conviver juntos) de forma lúdica e prazerosa.

    A partir desta análise crítica, percebemos que a Educação Física já é reconhecida por seu caráter socializador e como meio de desenvolvimento global a partir do psicomotor. Portanto, gostaríamos de ressaltar a amplitude dessa prática quando comprometida ao processo de ensino-aprendizagem, sabendo que este não se dá somente dentro da sala de aula. Neste intuito, devemos estabelecer qual é a visão da escola? O que e a quem deseja formar? Que tipo de profissionais deseja? Inclui toda a comunidade escolar no seu cotidiano? Pois, na educação, não existe um ponto final, nossa experiência está cada momento se renovando, se refaz na exigência e na consciência do que somos e do que desejamos ser.

    Sabemos que não existe uma única diferença entre um indivíduo que aprendeu a ler e escrever e outro que não sabem fazê-lo, pois são diferenças que vão além da alfabetização. Cabe a nós profissionais da educação, aprofundar e investigar sobre a melhor forma de ensinar nossos alunos. Portanto, nosso estudo objetivou-se analisar a importância da educação física na aprendizagem cognitiva no processo de alfabetização.

Metodologia

    Este estudo fora desenvolvido com base em uma pesquisa bibliográfica, com o intuito de conhecer as contribuições teóricas existentes sobre a prática educativa. Segundo Malheiros (2013), a pesquisa bibliográfica tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito, assim entendemos o conceito de psicomotricidade, como ela está vinculada ao processo de alfabetização e suas contribuições para a aprendizagem das crianças.

    Realizou-se o estudo com profissionais da Pedagogia e da Educação Física, todos envolvidos com a alfabetização, em uma escola municipal de ensino fundamental, situada na cidade de São Sepé, estado do Rio Grande do Sul. Analisamos o processo de alfabetização das crianças, observando sua aprendizagem e investigando a metodologia utilizada pelos professores.

Desafios e responsabilidades do profissional da educação

    Em nosso estudo buscamos refletir, que qualquer profissão requer muita responsabilidade, ainda mais quando se fala de educação, onde o profissional tem o poder de influenciar o aluno, interferindo em todas suas áreas de vida.

    Durante a alfabetização, desde crianças mesmo, o professor deve estimular esse pensamento crítico e questionador, pois as dificuldades que enfrentamos hoje na alfabetização, são agravadas tanto pelo passado (a herança do analfabetismo e das desigualdades), quanto pelo presente (a ampliação do conceito de alfabetização e das expectativas da sociedade em relação a seus resultados). Seria ótimo que estes problemas no país pudessem ser resolvidos por um método seguro e eficaz, mas sabemos que os métodos podem excluir o aluno que não consegue acompanhá-lo, pois não interpreta a necessidade deste, principalmente dos que apresentam dificuldades de aprendizagem.

    Neste sentido, é imprescindível que os professores sejam orientados por especialistas da educação como pedagogos e psicopedagogos, para que possam localizar e trabalhar estratégias de ensino diversificadas, apresentando situações pautadas na própria vivencia da criança, utilizando materiais que lhe ofereçam a oportunidade de identificar à escrita e relacioná-la com o cotidiano, oportunizando, assim, o entendimento do seu valor social.

    Consciente de seu papel no processo de alfabetizar, o educador pode realizar um trabalho de ação pedagógica com enfoque no desenvolvimento e construção da linguagem. Ao deixar de lado uma metodologia imposta por uma cartilha e partindo da leitura de mundo das crianças, o educador passa a medir e participar no processo espontâneo de conceituação da língua escrita.

    A partir dos estudos de Carvalho (2008) e Ferreiro (2000), onde se compreende que a alfabetização é um processo amplo, complexo e muito importante que envolve, além da mera aquisição do código gráfico, a significação do mesmo. Entretanto, percebe-se que a aquisição do código escrito não acontece e os alunos não desenvolvem as habilidades necessárias para a alfabetização. Percebe-se ainda, que a escola impõe para os alunos situações que não condiz com sua realidade, sua cultura, seu processo cognitivo e muito menos com sua idade.

    Segundo Nicolitto e Campos (2011), os estudos, as observações e a própria prática pedagógica tem mostrado que a leitura não ocorre por meio de imposição e também não se forma indivíduos que leiam, e que tenham o gosto pelo que fazem, por meio de exercícios rotineiros de leitura e gramática rigidamente controlados. Para formar leitores no real sentido, a escola tem que desenvolver um trabalho gradual e contínuo durante o processo de alfabetização.

    O processo de alfabetização para Nicolitto e Campos (2011), deve ocorrer de maneira natural, envolvente e provocadora, ou seja, a criança deve se familiarizar com a escrita primeiramente, por meio de texto, tentativas de escritas espontâneas, desenhos, contação de histórias, atividades lúdicas, dentre outras, pois, a mesma aprenderá a ler lendo e a escrever, escrevendo de forma prazerosa. Dessa forma, a alfabetização não deve ser imposta ao aluno de forma que não seja prazerosa, pois se não puder ter contato com a escrita espontânea, não compreenderá que a escrita e a leitura possuem uma função social.

    Neste sentido, a concepção de alfabetização presente em sala de aula, faz-se importante para a aprendizagem das crianças. Dentro dessa perspectiva, o profissional de educação física se torna importantíssimo no processo ensino-aprendizagem destas crianças, onde as atividades lúdicas se fazem presentes de forma com que elas aprendam com prazer.

    Segundo Benjamin (2002), brincar é um ato de libertação, onde as crianças que brincam estão sempre construindo um mundo próprio e se libertando dos gigantes que o rodeiam. Por meio das brincadeiras, os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais, dos recursos afetivos e emocionais que dispõem.

A contribuição da educação física no processo da alfabetização

    A Alfabetização deve ser um processo de desenvolvimento do ser humano ao longo da sua vida. Nos termos de Paulo Freire (2001), a alfabetização é um processo contínuo com as inerentes invenções e reinvenções, é uma investigação contínua. Entretanto, a educação deve transformar o ser humano num ser crítico e persistente com rumo à melhoria da sua qualidade de vida. Nesta perspectiva, a escola deve priorizar a humanização como tarefa contínua e criativa, levando em conta a visão crítica e dinâmica do ser humano, deve se auto-avaliar e ser auto-crítico e dar condições para isso.

    Acreditamos que a Educação Física, possa ser mais que um suporte considerável e relevante para o trabalho realizado em sala de aula, conferindo significado a leitura e a escrita, motivando a todos pela utilização da ludicidade e do movimento no processo de alfabetização. 

    O trabalho de Educação Física tem muita influência na alfabetização, pois nas séries iniciais do Ensino Fundamental possibilita aos alunos desenvolver as habilidades da cultura corporal. O conteúdo das aulas está diferenciado ao incentivo de senso crítico e da visão de mundo.

    Dentro desse contexto, o jogo é considerado muito importante no desenvolvimento da criança, ampliando a sua capacidade de interagir, e a de comunicação. Estimula ainda o desenvolvimento das capacidades de pensamento e a criatividade infantil, além de ser fator de desenvolvimento da força, do controle muscular, do equilíbrio orgânico, físico e psicológico da criança. Nesse sentido, o jogo é um espaço educativo fundamental da infância e auxilia no processo de ensino - aprendizagem de muitas áreas, inclusive leitura e escrita, contribuindo também para as crianças desenvolverem suas capacidades de imaginação e interpretação.

    Em meio a tantas transformações, a Educação Física ganha um espaço importante na vida da criança na alfabetização. Para Souza e Peixoto (2006), é o momento em que ela pode ser ela mesma, longe das cobranças, das cópias e das tarefas, e, é exatamente nessa lacuna que acreditamos que possa haver outra forma de aprendizado, de alfabetização.

    De acordo com Tisi (2004), "O objetivo geral da educação pelo movimento é contribuir para o desenvolvimento psicomotor da criança, do qual dependem, ao mesmo tempo, a evolução de sua personalidade e o sucesso escolar" (p. 20). Através do movimento e da Educação Física especificamente voltada para a alfabetização e seu interesse, é possível adequar um aprendizado de leitura e escrita de forma lúdica e natural. 

    Seguindo tal linha de raciocínio, o trabalho psicomotor beneficia a criança no controle de sua motricidade utilizando, de maneira privilegiada, a base rítmica associada a um trabalho de controle tônico e de relaxamento (TISI, 2004). Entretanto, para dominar o lápis, gesto ainda não comum, a criança precisa desempenhar o equilíbrio entre as forças musculares, flexibilidade e agilidade de cada articulação do membro superior. Desde o ritmo desprendido para o movimento de escrita até a orientação espacial primária para o ato da cópia podem ser estimulados com o movimento motor (SOUZA; PEIXOTO, 2006). Portanto, não se trata de aquisição de habilidades manuais, mas numa melhor aptidão para a aprendizagem, resultando em aprendizagens facilitadas e eficientes.

    No estudo apresentado por Silva e Silva (2004), a Educação Física e a alfabetização caminham juntas na construção da cidadania da criança, auxiliando uma a outra neste processo de construção da alfabetização grafocêntrica e do corpo (FREIRE, 2001), contudo este processo de auxílio mútuo deve ser realizado respeitando a individualidade de cada criança, sua cultura, suas características pessoais e sócio-afetivas, ou seja, o que ela traz de casa.

    A combinação do lúdico com as aulas de Educação Física, com certeza será a maneira mais prazerosa para uma criança aprender a ler e escrever. Cabe a nós profissionais da educação, aproveitar e unir o prazer que as crianças sentem em fazer as aulas lúdicas e organizar metodologias de atividades que possam contribuir para a sua alfabetização.

Considerações finais

    Acreditamos que nosso estudo contribui muito para uma melhor formação de cidadãos. No entanto cabe às instituições desenvolverem uma metodologia de ensino que amplie uma visão de qualificação melhor de ensino na alfabetização, através do desenvolvimento motor da criança. E aos profissionais da educação buscar a cada dia conhecimentos que criem atividades e diversifiquem, utilizando de métodos de ensino, que possibilitem a educação, através dos movimentos.

    O estudo do fenômeno em questão nos possibilita a compreensão das fontes geradoras do processo de alfabetização e os profissionais da educação. Neste sentido, permite conhecer melhor seus sentimentos e motivações, enquanto profissionais que desempenham um papel fundamental na sociedade, no que se refere ao desenvolvimento de cada aluno, tanto no âmbito escolar quanto na aprendizagem dos mesmos para a vida toda.

    Nossa investigação se propôs a analisar sobre a melhor forma de ensinar nossos alunos, com foco principal a importância da educação física na aprendizagem cognitiva no processo de alfabetização.

    Atualmente, além de salientar os fatores geradores na escola do processo de ensino-aprendizagem com a presença de profissionais de educação física, bem como demonstrar as consequências deste fenômeno para os profissionais em questão, sobre a importância da psicomotricidade.

    Enfim, cabe aqui mencionar o quanto a educação física é importante na alfabetização das crianças e o quanto esta contribui para uma vida social melhor, pois, além de estimular o desenvolvimento das capacidades de pensamento, a criatividade infantil, ela faz com que desenvolvam a força, o controle muscular, o equilíbrio orgânico, físico e psicológico das crianças.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 180 | Buenos Aires, Mayo de 2013  
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