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Taekwondo: análise da potência muscular por meio da 

plataforma de salto em relação à idade, sexo e categoria

Taekwondo: análisis de la potencia muscular por medio de la plataforma de salto en relación a edad, sexo y categoría

 

*Acadêmica do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

**Professor do Curso de Fisioterapia da UNIOESTE, Mestrado em Ciências

do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

***Professor do Curso de Fisioterapia e do Mestrado em Biociências e Saúde da UNIOESTE

Doutorado Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor

pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto / Universidade de São Paulo

(Brasil)

Ana Carolina Pereira Domenech*

Luana Giacomolli Bocalon*

Thaisa Cristina Schwab de Almeida*

Alberito Rodrigo de Carvalho**

Gladson Ricardo Flor Bertolini***

gladson_ricardo@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho foi comparar a potencia muscular de atletas taekwondistas com as diferentes faixas (categorias), idades, e sexo. Materiais e Métodos: Estudo realizado com 120 taekwondistas de diversas cidades do Paraná, submetidos a uma avaliação que consistia em realizar dois saltos na plataforma, gerando um valor referente à potência muscular. Resultados: Os atletas foram avaliados comparando a idade desses indivíduos com a potência muscular, obtendo resultados estatisticamente significativos (p<0,05). Quando comparado à idade com as categorias, os resultados não foram significativos (p>0,05). Quanto ao sexo em relação à potência muscular, observou-se diferença significativa, sendo que os homens apresentaram um valor maior da potência muscular maior em relação às mulheres. Constata-se também que não houve diferenças significativas quando comparado a potencia muscular em relação às categorias e quando comparado o peso em relação à categoria. Conclusão: a avaliação realizada por meio da plataforma de salto foi favorável, pois pode-se constatar que a potencia muscular, está relacionada positivamente com a idade e com o sexo dos atletas.

          Unitermos: Potencia muscular. Plataforma de salto. Taekwondo.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O taekwondo é uma das mais sistemáticas e científicas artes marciais, de origem coreana, que ensina mais do que habilidades de combate físico. É uma luta que existe há mais de 1000 anos e consiste em uma técnica marcial que significa a arte de usar os pés e as mãos (BUSCHBACHER; SHAY, 1999). Com o passar dos anos, transformou-se em um esporte moderno, numa forma ou método de bloquear golpes, chutes, e bater sem armas, obtendo seu reconhecimento oficial nas Olimpíadas de Sydney, em 2000. É uma das modalidades, de luta, mais praticadas e que mais vem crescendo nos últimos 10 anos (KAZEMI; SHEARER; CHOUNG, 2005).

    A graduação deste esporte segue uma hierarquia que é representada por faixas (categorias), que simbolizam o ciclo de aprendizagem do aluno, sendo esta, divididas em 10 estágios (faixas brancas e coloridas) e 10 dans (faixa preta). Esta prática esportiva é considerada global e simétrica pelo fato de serem utilizados os membros superiores, inferiores e o tronco, os quais ficam em constante movimento, de ataque e defesa, sempre associados a gestos de chute altamente dinâmicos em situações de instabilidade (LYSTAD; POLLARD; GRAHAM, 2009). Sendo assim, o taekwondista deve possuir algumas habilidades como, coordenação física e motora, flexibilidade, força, velocidade, resistência, equilíbrio, forma física, capacidade atlética, fatores energéticos, características bioquímicas, funcionais e morfológicas. Estes são atributos fundamentais para o atleta que pratica esta modalidade, pois elas fazem com que suas ações se tornem íntegras (MELHIM, 2001).

    A combinação entre a velocidade e a força são os fatores determinantes da potencia muscular, sendo que esta representa o componente principal da boa forma física, a qual ajuda no desenvolvimento da velocidade de produção de força, e como conseqüência no rendimento do atleta, diminuindo o risco de lesões e tornando o indivíduo mais eficiente na atividade praticada. Ela também pode ser o parâmetro mais representativo do sucesso nos esportes que requerem força rápida e extrema, como o taekwondo, sendo assim, uma boa potencia muscular resulta em um bom rendimento (PAIXÃO; AKUTSU; PINTO, 2004). Devido à carência de estudos que versam sobre a modalidade do taekwondo e de suas particularidades, este estudo nos visa determinar a potência muscular do atleta de taekwondo, sendo que esta, por sua vez, ajudará no desenvolvimento da velocidade de produção de força, ajudando no rendimento do atleta. Consequentemente eles terão um melhor desenvolvimento ao longo do período de treinamento. Assim o presente estudo visa avaliar a potencia muscular dos atletas taekwondistas pela plataforma de salto, classificando-os por faixa, idade e sexo.

Materiais e métodos

    A amostra foi composta por 120 taekwondistas, de várias cidades do estado do Paraná, sendo estes, indivíduos saudáveis, com idade entre 7 a 41 anos, destes 90 atletas eram do sexo masculino e 30 do sexo feminino. Os dados foram coletados durante o campeonato Paranaense de Taekwondo, que ocorreu no ginásio Ciro Nardi, na cidade de cascavel, nos dias 16 e 17 de junho de 2012.

    O primeiro contato com os atletas ocorreu nos vestiários do ginásio, antes do aquecimento, momento este em que foi explicado as intenções e os procedimentos do estudo. Assim sendo, aos que demonstraram interesse, e aceitaram participar, foi repassado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para o devido preenchimento e posterior assinatura.

    Quanto ao critério de inclusão, o único requisito imposto é de que os indivíduos deveriam estar inscritos no campeonato Paranaense de Taekwondo. Os critérios de exclusão foram: atletas que já haviam competido no dia da avaliação, os que apresentassem lesões osteomusculares e ou ligamentares agudas, que fizesse uso de algum método auxiliar, como bandagem funcional, ou que durante a execução do salto houvesse alguma intercorrência que invalidasse o resultado final, como por exemplo, o não entendimento do procedimento.

    A avaliação foi realizada em uma sala destinada a esta pesquisa, onde os atletas, individualmente, foram interrogados por um dos avaliadores quanto ao nome, sexo, idade, peso e a categoria. Logo após, outro avaliador orientou o atleta sobre as instruções de como executar de forma correta o salto na plataforma, para assim obter um resultado eficaz. Além disso, para que não houvesse dúvidas o avaliador demonstrou o salto, e em seguida solicitou para que o atleta realizasse o mesmo em cima da plataforma de salto.

    Foi utilizada a plataforma de salto HIDROFIT®, a qual é composta por uma “plataforma de contato”, posicionada em uma superfície plana e com material antiderrapante embaixo. Esta plataforma por sua vez, ficou ligada a um computador da marca Acer®, onde os avaliadores anotaram o peso do atleta no programa Jump Test®, o qual apresenta o valor da potência muscular obtido pelo atleta durante o salto. Para a correta captação da potência muscular o atleta deveria se posicionar em pé sobre a plataforma com os dois pés apoiados, com as mãos na altura das cristas ilíacas ântero-superiores, realizar uma leve flexão de quadril e joelho e em seguida executar dois saltos consecutivos com a altura e velocidade, máximas em cima da plataforma de contato.

    Para a análise estatística utilizou-se o ANOVA unidirecional e o teste t não pareado, sendo o nível de significância p < 0,05.

Resultados

    A avaliação foi realizada em 138 atletas, destes 18 foram excluídos, devido à realização inadequada do salto, resultando em uma amostra de 120 atletas, destes 90 eram homens e 30 mulheres, com idade entre 7 e 41 anos e de diferentes categorias.

    A tabela 1 apresenta os resultados comparando à idade dos atletas com a potência muscular, sendo que para melhor análise, este foram divididos em três subgrupos: 7 a 11 anos (75 crianças), 12 a 17 anos (14 jovens) e 18 a 41 anos (32 adultos), observando-se desta forma diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p < 0, 05).

Tabela 1. Valores referentes a potencia muscular em relação à idade dos atletas, divididos em subgrupos

    A tabela 2 demostra o resultado comparando à idade dos atletas em relação às categorias, evidenciando a prevalência de atletas mais velhos na categoria faixa preta.

Tabela 2. Média e desvio padrão da idade em relação à categoria do atleta.

    A tabela 3 apresenta os valores médios da potencia muscular em relação ao sexo dos atletas, demonstrando diferença significativa nesta variável, sendo que os homens apresentaram uma potência muscular maior em relação às mulheres (p < 0, 05).

Tabela 3. Comparação da potência muscular em relação os gêneros

    Não houve diferenças significativas quando comparado à potência muscular e o peso em relação às categorias.

Discussão

    Os resultados deste estudo fornecem informações importantes, quanto à potência muscular a idade e o sexo dos atletas. De acordo com Machado et al. (2007), para atletas de artes marciais, o treinamento específico visa a melhora da potência muscular, ou seja, quanto maior a força, maior será o recrutamento de fibras musculares ativadas para exercerem o movimento desejado, desta forma, avaliar a potencia muscular desses atletas torna-se essencial para que novas medidas de treinamento sejam adotadas.

    Além disso, este estudo contribuiu para a identificação entre a relação da idade do atleta com a potência muscular, demostrando que quanto maior a idade do individuo praticante, maior o valor da potência muscular, e que isto pode estar relacionado com o maior tempo de treinamento e com as habilidades que o atleta possui. A diferença no tempo de treinamento pode apresentar discrepâncias de indivíduo para indivíduo, o que faz com que a experiência em realizar a tarefa a ser executada dependa do nível de desenvolvimento e maturidade do atleta, ainda, o tipo de treinamento também é essencial para preparar os atletas para a competição (BOUHLEL et al., 2006).

    Em relação à categoria, pela hierarquia, a faixa preta é a mais graduada de todas, mesmo assim, neste estudo, esta faixa não apresentou diferença significativa na potencia muscular, talvez isso tenha ocorrido pela discrepância no número de atletas das diferentes faixas ou também pela diferença de treinamento entre os competidores. De acordo com Badillo e Ayestarán (2001), a força desempenha um papel decisivo no treinamento de taekwondistas, sendo essencial para diferenciar cada boa execução da técnica e assim das categorias.

    Quanto à análise da variável sexo, o gênero masculino obteve melhores resultados na potência muscular, porém há limitações quanto a estes resultados, pelo fato do número de participantes do sexo masculino e feminino ser muito diferente. Isso pode ocorrer pelo fato de ter muito mais homens praticantes de taekwondo do que mulheres, o que também observado no estudo de Silva et al. (2007), que 94.44% foram homens e 5.8% são mulheres, e também por apresentarem maior força e velocidade, característica deste gênero.

    Informação sobre as habilidades motoras do atleta é útil para auxiliar os treinadores na seleção de taekwondo, portanto, a análise da potencia muscular torna-se essencial para uma adequação dos treinos caso este requisito esteja em déficit. Sugere-se a necessidade de mais estudos nesta área enfatizando a técnica do taekwondo e suas principais habilidades e como elas influenciam no rendimento do atleta.

Considerações finais

    Conclui-se que a avaliação realizada pela plataforma de salto mostrou que a potencia muscular, está relacionada positivamente com a idade e com o sexo dos atletas, além disso.

Referências bibliográficas

  • BADILLO, J. J. G.; AYESTARÁN, E. G. Fundamentos do treinamento de força: aplicação ao alto rendimento. Porto Alegre: Artmed, 2000.

  • BOUHLEL, E.; JOUINI, A.; GMADA, N.; NEFZI, A.; BEN ABDALLAH, K.; TABKA, Z. Heart rate and blood lactate responses during Taekwondo training and competition. Science & Sports, v. 21, n. 5, p. 285-290, 2006.

  • BUSCHBACHER, R. M.; SHAY, T. Martial arts. Physical Medicine and Rehabilitation Clinics of North America, v. 10, n. 1, p. 35-47, 1999.

  • KAZEMI, M.; SHEARER, H.; CHOUNG, Y. S. Pre-competition habits and injuries in Taekwondo athletes. BMC Musculoskeletal Disorders, v. 6, n. 26, 2005.

  • LYSTAD, R. P.; POLLARD, H.; GRAHAM, P. L. Epidemiology of injuries in competition taekwondo: A meta-analysis of observational studies. Journal of Science and Medicine in Sport, v. 12, n. 6, p. 614-621, 2009.

  • MACHADO S. M.; MORCIANI F.; NAPOLEONE F. M. G. G.;WACHESK C. C.; SILVA N. S. Análise de protocolos utilizados para identificação da fadiga Muscular em praticantes de artes marciais. Anais do XV Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, 4p., 2007.

  • MELHIM, A. F. Aerobic and anaerobic power responses to the practice of taekwondo. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 35, p. 231-234, 2001.

  • PAIXÃO, D.; AKUTSU, M. L. S. ; PINTO, S. S.. Avaliação isocinética da media de torque e potência em flexores e extensores de joelhos relacionando o posicionamento em campo, idade e membro dominante em atletas de futebol profissional. Revista Reabilitar, v. 6, n. 24, p. 10-20, 2004.

  • SILVA, C. C.; VIANNA, J. A.; RIBEIRO, C. H. V. O processo de esportivização do taekwondo. Lecturas: Educación Física y Deportes, v. 12, n. 108, 2007. http://www.efdeportes.com/efd108/o-processo-de-esportivizacao-do-taekwondo.htm.

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