Restaurações estéticas com
dissilicato Las restauraciones estéticas con disilicato de litio: un relato de caso clínico |
|||
*Aluno do curso de Graduação em Odontologia **Professora do Departamento de Odontologia ***Professor do Departamento de Odontologia Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES (Brasil) |
Wallace de Freitas Oliveira* Daniela Araújo Veloso Popoff** Agnaldo Rocha de Souza Júnior*** |
|
|
Resumo O propósito do presente trabalho é apresentar um caso clínico de confecção de restaurações estéticas indiretas em Dissilicato de Lítio. As restaurações cerâmicas livres de metal vêm substituindo cada vez mais as restaurações convencionais com infraestrutura metálica, principalmente devido a sua superioridade estética. Mas o fator estético é apenas um dos requisitos necessários para o sucesso de uma restauração. Resistência, longevidade e precisão de adaptação marginal são requisitos necessários para esse sucesso. O sistema cerâmico à base de uma cerâmica vítrea de Dissilicato de Lítio apresenta resistência substancial e ainda atende às demandas por materiais restauradores estéticos, constituindo-se, portanto, como uma excelente opção atual de cerâmica livre de metal. Paciente A.S., procurou por serviço odontológico devido à perda do elemento dental 11. Foi feita a instalação de um implante e posterior instalação de coroas totais em Dissilicato de Lítio sobre o implante, assim como nos dentes 12 e 21. Conclui-se que o Dissilicato de Lítio é um sistema cerâmico que une alta resistência à excelente estética, além de ser biocompatível e translúcido. Sua versatilidade e desempenho clínico o colocam como um material restaurador adicional ao atual arsenal terapêutico odontológico. Unitermos: Dissilicato de lítio. Restaurações estéticas indiretas. Cerâmica livre de metal.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
As restaurações cerâmicas livres de metal vêm substituindo cada vez mais as restaurações convencionais com infraestrutura metálica, principalmente devido a sua superioridade estética. Mas o fator estético é apenas um dos requisitos necessários para o sucesso de uma restauração. Resistência, longevidade e precisão de adaptação marginal são requisitos necessários para o sucesso de uma restauração, seja qual for o tipo de material empregado (CARVALHO et al., 2012).
Contudo, a fragilidade das porcelanas feldspáticas e a dificuldade estética das restaurações metalocerâmicas exigiram a busca por modificações na composição dos sistemas cerâmicos e por novos métodos de confecção de restaurações livres de metal. Nos dias atuais, por apresentar propriedades semelhantes às das ligas metálicas e, ao mesmo tempo, estética superior, esse novo sistema tem sido utilizado para confeccionar desde restaurações unitárias a próteses parciais fixas (GOMES et al., 2008; CARVALHO et al., 2012).
Dentre os materias metal free, uma das opções atualmente encontradas é o sistema à base de uma cerâmica vítrea de Dissilicato de Lítio, que apresenta cristais de dissilicato de lítio densamente dispostos e unidos à matriz vítrea. Pode ser utilizado na prática clínica com cimentação adesiva ou convencional, além de apresentar propriedades ópticas semelhantes à dentição natural. É um material com resistência entre 360 MPa a 400MPa, propriedade que o habilita para a confecção de estruturas extremamente finas, evitando, assim, que sejam feitos desgastes excessivos da estrutura dental (CULP e MCLAREN, 2010; CARVALHO et al., 2012).
O Dissilicato de Lítio tem como característica o fato de poder ser fundido ou torneado através da técnica do sistema CAD/CAM (Computer-aided design/Computer-aided manufactoring) descrito nos estudos de Bernardes et al., (2012).
Diante das inúmeras características positivas que têm sido atribuídas ao Dissilicato de Lítio, este trabalho tem por objetivo relatar um caso clínico de confecção de restaurações estéticas indiretas utilizando o material restaurador supracitado.
Relato do caso clínico
Paciente A.S., 53 anos de idade, procurou por serviço odontológico, devido à perda do elemento dental 11. Foi proposta a cirurgia para instalação de um implante e uma prótese parcial fixa provisória utilizando os elementos dentários 12 e 21 como pilares, além das coroas totais definitivas em Dissilicato de Lítio. Diante do consentimento do paciente para com o planejamento proposto foi, então, realizada a cirurgia para instalação do implante. Após o período necessário para a osseointegração do mesmo, foi iniciada a confecção das coroas totais em Dissilicato de Lítio. A Figura 1 mostra os passos iniciais para a instalação das coroas totais, desde a fase de preparo cavitário dos dentes 12 e 21, a instalação de coroas provisórias, até a escolha da cor e seleção final da coroa total em Dissilicato de Lítio.
Figura 1. Passos clínicos iniciais para instalação das coroas totais. Preparo dos dentes 12 e 21 para recepção das coroas totais e cicatrizador no implante do
dente 11 (1). Instalação de coroas provisórias nos elementos 12, 11 e 21 (2). Seleção da cor ideal para as coroas totais (3). Coroas totais em Dissilicato de Lítio (4)
Após a moldagem, os modelos de estudo foram enviados ao laboratório para a confecção das coroas totais em Dissilicato de Lítio. A Figura 2 mostra as coroas prontas adaptadas no modelo de trabalho, a cimentação das coroas com Cimento de Ionômero de Vidro e resultado final do tratamento.
Figura 2. Passos clínicos para a cimentação das coroas totais em Dissilicato de Lítio. Coroas adaptadas no modelo de trabalho (1).
Cimentação adesiva das coroas nos elementos 12 e 21 (2). Cimentação da coroa no elemento 11 (3). Aspecto final da reabilitação (4)
Discussão
O Dissilicato de Lítio é um sistema cerâmico composto por cristais de dissilicato de lítio que são embebidos e unidos à matriz de vidro (cerâmica vítrea), numa proporção variando de 60 a 70% em volume de cristais para matriz de vidro. Este sistema apresenta uma estrutura muito translúcida, que reflete muito bem a luz, devido ao baixo índice de refração dos cristais de Dissilicato de Lítio (CULP e MCLAREN, 2010; CARVALHO et al., 2012).
Os cristais de Dissilicato de Lítio são criados pela adição de óxido de lítio ao vidro de silicato de alumínio, que também atua como agente para baixar a temperatura de fusão do material. Os cristais formados apresentam-se no formato de agulha, constituindo aproximadamente dois terços do volume da cerâmica de Dissilicato de Lítio. O volume e a forma dos cristais de Dissilicato de Lítio contribuem para a grande resistência flexural deste material, de 360 MPa a 400 Mpa, resultando numa alta resistência à fratura, que poderá variar dependendo da forma e volume desses cristais presentes no sistema escolhido (CARVALHO et al., 2012).
A cor das cerâmicas de Dissilicato de Lítio é controlada pela adição e dissolução de íons polivalentes na matriz de vidro. A cor depende da valência e do campo circundante dos íons (RITTER e REGO, 2009).
Segundo Pini et al., (2012) a cerâmica Dissilicato de Lítio apresenta alta resistência flexural e, devido a sua translucidez, pode ser usada para fabricar restaurações monolíticas, completamente anatômicas e de contorno integral.
A alta resistência do Dissilicato de Lítio o torna ideal para confecções de coroas inlays, onlays, facetas finas, coroas parciais anteriores, coroas posteriores, pontes em três unidades anteriores, pontes e superestruturas de implantes até o segundo pré-molar; contudo, requer um cuidado especial com o desenho da coroa e da ponte para que tenha um mínimo de espessura de material de 0.8 mm e uma área de conecção de 16 mm². Quando o preparo mínimo do dente é desejado para a confecção de facetas finas, por exemplo, o Dissilicato de Lítio permite aos ceramistas a confecção de restaurações com 0,3 mm e, ainda assim, garantir a força de 400 MPa. Se houver espaço suficiente disponível (como retrusão de um dente), nenhum preparo é necessário (RITTER e REGO, 2009; PRIEST, 2011).
Guess et al., (2009) realizaram testes de fadiga cíclica em que espécimes de coroa de Dissilicato de Lítio e de Zircônia com cerâmica estratificada foram submetidas às forças que imitam aquelas encontradas durante a mastigação. O teste foi realizado submetendo as amostras dessas coroas a vários milhares de ciclos com uma carga predeterminada. Depois de serem examinadas em busca de fraturas, as amostras foram, então, testadas novamente em vários milhares de novos ciclos com uma carga superior. Este processo é repetido até que ocorram falhas. Os resultados dos testes mostraram que o Dissilicato de Lítio monolítico superou restaurações de Zircônia com cerâmica estratificada. Com uma carga de até 1000 N e até 1.000.000 ciclos, nenhuma das coroas Dissilicato de Lítio fraturou. Apenas os defeitos superficiais sob a forma de facetas de desgaste semelhantes àquelas encontradas em dentes naturais puderam ser observados (Figura 3). Em contrapartida, uma carga de 300 N e cerca de 50.000 ciclos foram suficientes para ocasionar falha de cisalhamento de porcelana em restaurações de zircônia estratificada. Após o teste de fadiga cíclica, demonstrou-se que houve 90% de falha para a zircônia, em 1.000 ciclos. Já o Dissilicato de Lítio não exibiu falhas até um milhão de ciclos.
Figura 3. Resultados positivos conseguidos com o Dissilicato de Lítio. Foi observada falha de cisalhamento de porcelana na restauração de zircônia estratificada (1).
Em contrapartida, apenas defeitos superficiais sob a forma de facetas de desgaste semelhantes àquelas encontradas em dentes naturais foram observados no Dissilicato de Lítio (2)
Nesse contexto, torna-se possível concluir que o Dissilicato de Lítio é um sistema cerâmico que une alta resistência à excelente estética, além de ser biocompatível e translúcido. Sua grande versatilidade e desempenho, bem como sua alta resistência e estética, o colocam como material restaurador adicional ao atual arsenal terapêutico odontológico.
Referências
BERNARDES, S. R.; TIOSSI, R.; MATTIAS, I. A. A. M.; SARTORI, G. T. Tecnologia CAD/CAM aplicada à prótese dentária e sobre implantes: o que é, como funciona, vantagens e limitações. Revisão crítica da literatura. Jornal ILAPEO. Volume 06, nº 01, Jan. Fev. Mar. 2012.
CARVALHO, R. L. A.; FARIA, J. C. B.; CARVALHO, R. F.; CRUZ, F. L. G.; GOYATÁ, F. R. Indicações, adaptação marginal e longevidade clínica de sistemas cerâmicos livres de metal: uma revisão da literatura. Int J Dent, Recife, 11(1):55-65, jan/mar, 2012.
CULP, L.; MCLAREN, E. A. Lithium disilicate: the restorative material of multiple options. Compendium Vol. 31, nº 9, pág. 716 – 725, November / December 2010.
GUESS, P. C.; ZAVANELLI, R.; SILVA, N.; THOMPSON, V. P. Mouth Motion Fatigue and Durability Study. New York University. March 2009.
GOMES, E. A.; ASSUNÇÂO,W.G.; ROCHA, E.P.; SANTOS, P.H. Cerâmicas odontológicas: o estado atual. Ceramic in dentistry: current situation. Cerâmica. 319-325, 2008.
PACHECO, F. R.; CARDOSO, C.; SANTOS, M. M.; FERREIRA, G. Estratégia para Restabelecimento de Dimensão Vertical de Oclusão com Mini-Jig Estético - Relato de Caso Clínico. Rev Odontol Bras Central 2012;21(56).
PINI, N. P.; AGUIAR, F. H. B.; LIMA, D. A. N. L.; LOVADINO, J. R.; TERADA, R. S. S; PASCOTTO, R. C. Advances in dental veneers: material, applications, and techniques. Clinical, Cosmetc and Investigational Dentistry. Vol. 4, pág. 9 – 16, February 2012.
PRIEST, G. Predictable Durability. Increasing All-Ceramic Treatment Durability in the Esthetic Zone Using Lithium Disillicate Restorations. Journal of Cosmetic Dentistry. Vol. 27, nº 2, Summer 2011.
RITTER, R. G.; REGO, N. A. Material considerations for using lithium disilicate as a thin veneer option. Journal of Cosmetic Dentistry. Vol. 25, nº 3, pág. 11 – 117, 2009.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista
Digital · Año 18 · N° 179 | Buenos Aires,
Abril de 2013 |