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Perfil de idosos portadores de osteoporose 

residentes em uma cidade do interior do RS

Perfil de las personas mayores portadoras de osteoporosis residentes en una ciudad del interior de RS

Profile of elderly patients with osteoporosis residents in a city of the interior of RS

 

*Acadêmica do curso de Fisioterapia, UPF. Passo Fundo, RS. Bolsista Pibic / UPF

**Acadêmica do curso de Fisioterapia, UPF. Passo Fundo, RS. Bolsista Pibic / Cnpq

***Acadêmica do curso de Fisioterapia, UPF. Passo Fundo, RS. Bolsista Probic / Fapergs

****Acadêmico do curso de Fisioterapia, UPF. Passo Fundo, RS

*****Fisioterapeuta. Mestre em Envelhecimento Humano. Passo Fundo,RS

******Fisioterapeuta. Doutora em Gerontologia Biomédica

Docente do curso de Fisioterapia, UPF. Passo Fundo, RS

*******Fisioterapeuta graduada pela UPF. Passo Fundo, RS

(Brasil)

Cascieli Miotto*

Bárbara Kayser**

Aline Morás Borges***

Vinícius Dal Molin****

Juliana Secchi Batista****

Lia Mara Wibelinger******

Sara Antoniuk Presta*******

cascielimiotto@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: O envelhecimento vem trazendo consigo o aumento de doenças crônico-degenerativas. A osteoporose é considerada a doença osteometabólica mais comum na população idosa. Objetivo: caracterizar as condições de saúde dos idosos portadores de osteoporose de um município do interior do RS. Metodologia: Estudo quantitativo, descritivo de corte transversal. Foi aplicado um questionário sociodemográfico e clínico em uma população de 215 idosos, sendo a amostra selecionada de 46 idosos portadores de osteoporose. Resultados: Houve predominância do sexo feminino na faixa etária dos 60-69 anos e a maioria dos idosos possuía baixa renda e escolaridade. A patologia mais frequente foi a hipertensão arterial, sendo observada alta prevalência do uso de medicamentos de forma diária. A maioria dos idosos relata praticar atividade física, o que pode influenciar o fato de a maioria dos entrevistados considerar sua saúde boa. Conclusão: Notou-se relação da osteoporose com fatores como: doenças osteomusculares, cardiovasculares e uso de medicamentos.

          Unitermos: Epidemiologia. Envelhecimento. Idoso. Osteoporose.

 

Abstract

          Introduction: The aging population is a major challenges of public health today. Osteoporosis is considered a disease osteometabolic more common in the elderly population. Objective: To characterize the health of elderly patients with osteoporosis a town in RS. Methodology: A quantitative, descriptive cross sectional. We used a questionnaire previously developed containing sociodemographic and clinical data in a population of 215 elderly, the selected sample of 46 elderly patients with osteoporosis. Results: There was a predominance of females in the age group of 60-69 years. The majority were low income and education. The most frequent pathology was hypertension, and high prevalence of drug use on a daily basis. Most seniors reported physical activity on a regular basis. Conclusion: Preventive measures of functional disability in patients with osteoporosis should be encouraged, in order to maintain the independence and autonomy of these individuals.

          Keywords: Epidemiology. Aging. Aged. Osteoporosis.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento é um processo dinâmico, progressivo e fisiológico, acompanhado por modificações morfológicas e funcionais, assim como modificações bioquímicas e psicológicas1. Essas mudanças são progressivas e ocasionam efetivas reduções na capacidade funcional do organismo. Embora existam alterações tipicamente relacionadas ao envelhecimento, nem todos os órgãos sofrem seus efeitos da mesma forma, elas ocorrem a velocidades e extensões diferentes2.

    O envelhecimento populacional é um dos maiores desafios da saúde pública atual. Este fenômeno ocorreu primeiramente em países desenvolvidos, mas, mais recentemente é nos países em desenvolvimento que o envelhecimento da população tem advindo de forma mais acentuada3.

    A osteoporose (OP) é a doença osteometabólica mais frequente no paciente idoso. Acomete ambos os sexos, sendo mais frequente nas mulheres, já que, no climatério, a diminuição dos níveis estrogênicos precipita as perdas de massa óssea. Aos 50 anos, a cada cinco fraturas por OP na mulher ocorrem duas no homem. Aos 70 anos, essa relação cai para três fraturas na mulher a cada duas no homem4.

    Pode ser classificada em idiopática, primária e secundária. A idiopática relaciona-se a condições raras que afetam ambos os sexos e não é possível a identificação de fatores etiológicos, a primária possui dois subtipos: o tipo I, ocasionada pela menopausa, e o tipo II, denominada de osteoporose senil, e a secundária esta associada a doenças e condições crônicas que alteram o metabolismo de remodelação óssea5.

    A fratura por osteoporose tem elevada prevalência6, especialmente a de quadril7. Além de associar-se a maior morbimortalidade, apresenta impactos socioeconômicos relevantes8.

    Neste sentido, o objetivo principal deste estudo foi caracterizar as condições de saúde dos idosos portadores de osteoporose de um município do interior do Rio Grande do Sul.

Metodologia

    Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo de corte transversal. A população foi composta por 215 indivíduos e a amostra selecionada de 46 indivíduos, com idade entre 60 e 89 anos, portadores de osteoporose e residentes no município de Passo Fundo/RS.

    Para seleção da amostra foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: residir na cidade de Passo Fundo/RS, possuir condições de comunicação com o entrevistador, ser portador de osteoporose, ter 60 anos ou mais e concordar com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os participantes foram selecionados de forma aleatória e responderam a um questionário previamente elaborado com perguntas contendo dados de identificação, sócio demográficos e indicadores de saúde.

    A coleta de dados foi realizada por um grupo de acadêmicos do curso de fisioterapia da Universidade de Passo Fundo, previamente treinados, no período de maio a agosto de 2011 nos seguintes locais: ruas da cidade, praças, estabelecimentos públicos, estabelecimentos comerciais, CAIS (Centro de Atenção Integral à Saúde) e emergências dos hospitais. Os dados foram analisados através do pacote estatístico SPSS 18.0.

    O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de Passo Fundo, sob o parecer nº 447/2010.

Resultados

    No presente estudo houve predominância do sexo feminino, na faixa etária de 60-69 anos de idade, com baixa escolaridade e renda (Tabela 1).

Tabela 1. Caracterização Sociodemográfica de Idosos Portadores de Osteoporose. Passo Fundo, RS, 2011.

    O tabagismo e o etilismo foram relatados por pequena parte da amostra selecionada. Já hábitos saudáveis, como a prática de atividade física, foi relatada por grande parte dos idosos entrevistados. Dentre as atividades mais praticadas, destacam-se a hidroginástica, alongamentos e a caminhada (Tabela 2).

Tabela 2. Distribuição dos idosos quanto ao estilo de vida. Passo Fundo, RS, 2011

    Um número expressivo de idosos possui dificuldades na realização das atividades de vida diárias (AVD’s). A maioria dos idosos considera sua visão boa. Em relação à saúde de modo geral, 43,5% consideram sua saúde boa (Tabela 3).

Tabela 3. Distribuição dos idosos quanto à saúde percebida. Passo Fundo, RS, 2011

    Pode-se observar que grande parte dos idosos já necessitou de alguma forma de intervenção fisioterapêutica ou cirúrgica ao longo da vida. Em relação às patologias, a hipertenção foi a mais prevalente, seguida da osteoartrose (Tabela 4).

Tabela 4. Distribuição dos idosos quanto a tratamento de saúde. Passo Fundo, RS, 2011

    Grande parte dos entrevistados era dependente de pelo menos uma droga diariamente, sendo a classe dos medicamentos hipotensores a mais prevalente (Tabela 5).

Tabela 5. Distribuição dos idosos quanto a tratamento medicamentoso. Passo Fundo, RS, 2011

    A maioria dos indivíduos entrevistados possui filhos e netos, porém um número expressivo de idosos reside sozinho (Tabela 6).

Tabela 6. Distribuição quanto à assistência preventiva e amparo familiar. Passo Fundo, RS, 2011

Discussão

    A OP tem sido recentemente reconhecida como grande problema de saúde pública no mundo, devido à alta taxa de morbimortalidade relacionadas com fraturas, particularmente entre mulheres idosas9.

    No presente estudo, houve predominância do sexo feminino entre os idosos portadores de OP, sendo este resultado semelhante a estudos prévios que atribuem maior expectativa de vida à mulher em relação ao homem10. Mulheres são mais suscetíveis à OP do que homens, pois além de apresentarem perda óssea importante durante a menopausa, possuírem menor densidade mineral óssea e terem ossos mais finos e mais leves, tem maior expectativa de vida, estando, portanto mais tempo sob risco11.

    Um estudo realizado em 2011 detectou osteoporose em 12% das mulheres com idade entre 40 e 49 anos, em 21,8% no grupo de 50 a 59 anos e 45,7% nas mulheres com 60 anos ou mais12. No presente estudo, a faixa etária mais prevalente foi entre 60 e 69 anos de idade, com 20 (43,5%) idosos. No estudo de Faisal-Cury e Zacchello13 que avaliou a prevalência e fatores de risco para osteoporose, em mulheres com mais de 49 anos, em uma clínica privada verificou que a idade variou de 50 a 96 anos, com média de 61,6.

    No presente estudo, dos 46 idosos entrevistados, 15 (32,6 %) relataram possuir o primeiro grau completo e 20 (43,5 %) possuir renda de um salario mínimo. Um estudo realizado por Tavares e colaboradores14 encontrou resultados semelhantes aos encontrados neste estudo, sendo que, quanto à escolaridade predominou o tempo de estudo de 4-8 anos (37,2%), e o maior percentual de renda mensal individual foi de um salário mínimo (43,7%). Segundo Lima-Costa e Barreto15 (2003), a situação socioeconômica desempenha papel crucial na determinação da saúde de indivíduos e populações.

    Com relação ao tabagismo e ao etilismo, considerando o total de entrevistados, apenas 4 (8,7 %) relataram ser fumantes e apenas 8 (17,4 %) ingerir algum tipo de bebida alcoólica. Estudos mostram que o consumo regular de álcool, como por exemplo, mais de dois drinques diários, pode ser prejudicial para o tecido ósseo para ambos os sexos11. Já o fumo pode atuar também diretamente na matriz óssea reduzindo a atividade osteoblástica16.

    No presente estudo 40 (87%) idosos relataram praticar atividade física. A realização de atividade física pode, entre outros fatores, melhorar a capacidade funcional, diminuir a dor, reduzir o uso de analgésicos e melhorar a qualidade de vida de indivíduos com OP17. É importante destacar que a atividade física promove ganho de massa muscular, aumento da massa óssea ou redução de sua perda, maior tolerância ao esforço e melhora no equilíbrio, o que diminui o risco de quedas e fraturas, eventos frequentes entre portadores de OP18.

    Diversos estudos têm projetado um grande crescimento da população idosa funcionalmente incapacitada, sendo que o número de pessoas idosas dependentes nas atividades de vida diária (AVD’s) dobrará na segunda ou terceira década deste século19. A prevalência de dificuldade para a realização das AVD’s no presente estudo (41,3%) foi semelhante à encontrada em um estudo realizado com idosos atendidos por um programa de saúde da família em Goiânia/GO. Entre os 107 idosos entrevistados, 40,9% eram dependentes na realização das AVD’s. Ainda, os autores concluíram que a idade, acuidade visual diminuída, doenças associadas e mobilidade prejudicada foram estatisticamente associadas à dependência dos idosos20.

    Kowalski e colaboradores21 realizou um estudo que revelou as doenças associadas como um fator agravante para a debilidade física dessas pacientes, uma vez que 96% possuíam ao menos uma doença associada à osteoporose, sendo que 72% tinham duas ou mais doenças associadas; as mais frequentes foram fibromialgia, hipertensão arterial e artrose. Neste estudo as patologias associadas mais relatadas pelos idosos entrevistados foram hipertensão arterial (80%), seguida da osteoartrose (57,5%).

    Quanto ao uso de medicamentos, a classe dos hipotensores foi a mais prevalente, sendo utilizada por 31 (72,1%) idosos, dados que corroboram com achados na literatura onde a classe dos medicamentos cardiovasculares foi identificada como prevalente em estudos realizados com a população idosa22.

    No presente estudo constatou-se que 28,3% da população estudada relatou ocorrência de queda nos seis meses que antecederam a entrevista. Um estudo que objetivou comparar a frequência de quedas em mulheres osteoporóticas e mulheres não osteoporóticas encontrou maior frequência de quedas e maior risco de quedas recorrentes em mulheres com OP23. A mortalidade relacionada a quedas aumenta dramaticamente com a idade, especialmente na população acima de 70 anos14. Em um estudo transversal realizado com 420 idosos de Juiz de Fora/MG, a prevalência de queda nos últimos 12 meses entre os idosos foi de 32,1%, sendo que entre os idosos que relataram quedas, 19% tiveram alguma fratura como consequência. A ocorrência de quedas associou-se com idade avançada, sexo feminino, necessidade de auxílio para locomoção e diagnóstico auto-referido de OP24.

A saúde dos idosos está centrada na manutenção da independência e autonomia. No presente estudo, quanto à percepção da sua saúde, 20 (43,5 %) idosos consideraram sua saúde boa. A percepção mostrou ser um importante indicador de mortalidade: pessoas com pior percepção do estado de saúde têm maior risco de morte (por todas as causas) em comparação com as que relatam saúde excelente. Além de preditor da mortalidade, a percepção da saúde, ou auto-avaliação da saúde, também está relacionada ao declínio funcional25.

Conclusão

    Diante do perfil observado no presente estudo, nota-se a prevalência do sexo feminino em relação à osteoporose, associado a fatores como: baixa escolaridade e rende, uso de medicamentos, doenças osteomusculares e cardiovasculares. As alterações de saúde encontradas poderão auxiliar o desenvolvimento de programas preventivos, que visem aspectos culturais e comportamentais, contribuindo para um processo de envelhecimento saudável e com mais qualidade de vida.

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