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Os presidentes dos clubes de futebol São Paulo Futebol Clube e Sport

Club Corinthians Paulista: perfil, atuação e inserção organizacional

Los presidentes de los clubes de fútbol Sao Paulo Futebol Clube y Sport Club
Corinthians Paulista: perfil, actuación e inserción organizacional

 

*Universidade de São Paulo

**Universidade Estadual de Campinas

***Universidade de São Paulo

Pesquisas Interdisciplinares em Sociologia do Esporte

(Brasil)

Danilo Lutiano Valério*

Karolyne Fonseca Camargo*

Renata Ferreira dos Santos**

Marco Antonio Bettine de Almeida***

marcobettine@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo buscou investigar por meio de pesquisa bibliográfica, quem foram os sujeitos que ocuparam o principal cargo administrativo dos clubes de futebol São Paulo Futebol Clube e Sport Club Corinthians Paulista. Para isso, foram investigados os ex-presidentes Cícero Pompeu de Toledo, Laudo Natél e o atual presidente Juvenal Juvêncio do São Paulo Futebol Clube, e também os ex-presidentes Miguel Battaglia, Vicente Matheus Bathe e o atual presidente Mário Gobbi do Sport Clube Corinthians Paulista. Estes sujeitos participaram diretamente de momentos históricos, como fundação, títulos e construção do patrimônio destes clubes. Ademais, também foram analisadas a formação e atuação profissional destes presidentes no cenário político, econômico, empresarial, e policial da sociedade brasileira.

          Unitermos: São Paulo Futebol Clube. Sport Club Corinthians Paulista. Presidentes. Clubes. Futebol.

 

Abstract

          This study investigated by means of literature, who was the subjects that occupied the administrative position main of the soccer clubs São Paulo Futebol Clube and Sport Club Corinthians Paulista. For this, we investigated the former presidents Cicero Pompeu de Toledo, Laudo Nátel and current president Juvenal Juvencio of São Paulo Futebol Clube, and also former presidents Miguel Battaglia, Vicente Matheus Bathe and current president Mario Gobbi of Sport Club Corinthians Paulista. These subjects participated directly in historical moments, as foundation, titles and building patrimony these clubs. Moreover, also analyzed the formation and performance professional these presidents in political scenario, economic, business, and police of Brazilian society.

          Keywords: São Paulo Futebol Clube. Sport Club Corinthians Paulista. Presidents. Clubs. Soccer.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O presente estudo buscou investigar quem foram os sujeitos que ocuparam o principal cargo administrativo (a presidência) dos clubes de futebol São Paulo Futebol Clube e Sport Club Corinthians Paulista. Para isso, foram enfatizados os ex-presidentes que cumpriram seus mandatos durante os períodos mais marcantes da história destes clubes, assim como os atuais presidentes. Buscou-se por meio de pesquisa bibliográfica compreender quem foram estes sujeitos, quais eram suas formações e ocupações profissionais, quais foram os fatos importantes que ocorreram no clube durante as suas gestões, enfim, quais foram as suas principais contribuições para estes clubes.

    Esta pesquisa justifica-se pelo fato do futebol exercer uma grande influência sobre a sociedade, estando inserido fortemente na cultura brasileira, mobilizando uma grande massa da população, que joga, que torce, e que investe em seus clubes.

    Desta forma, partiu-se do pressuposto de que as ações dos presidentes dos clubes afetam diretamente o crescimento destes, e mesmo que indiretamente, a vida de milhões de pessoas. Torna-se imprescindível então, compreender de que maneira estes sujeitos, que antes faziam parte da numerosa torcida, conseguiram ocupar o mais alto cargo administrativo dentro destes destacados clubes esportivos.

    Os clubes São Paulo Futebol Clube e Sport Club Corinthians Paulista foram escolhidos por serem grandes clubes do cenário futebolístico nacional, situados em um imenso centro urbano e financeiro. Estes clubes são donos de tradição e de mais de 70 anos de fundação, e possuem milhões de torcedores, que compõem as duas maiores torcidas do Estado de São Paulo (e que estão entre as três maiores torcidas do Brasil).

    O futebol chegou ao Brasil no final século XIX, por meio do estudante paulista Charles Miller, que ao retornar de seus estudos na Inglaterra, trouxe consigo bolas, camisetas, calções e chuteiras.

    Inicialmente, o futebol foi difundido no Estado de São Paulo entre os jovens da elite, e por isso, o seu início é caracterizado como elitista, cuja prática era proibida para as pessoas de classes inferiores, negras e mulatas (RODRIGUES, 2004). Nesta época, o futebol surgiu como “uma novidade moderna e elegante” (PEREIRA, 2000).

    O início da prática desportiva no país contou com a ausência das classes menos abastadas, seguindo a tendência da elitização, porém sua introdução acompanha uma série de condições psicossociais prévias do esporte, como a libertação dos escravos (1888), a Proclamação da República e o rápido desenvolvimento das cidades, especialmente São Paulo. Esta elitização não impediu que o futebol ganhasse a aceitação popular num período de vinte anos (1894-1914), propiciando a consolidação do futebol como esporte de massas (ARAÚJO, 2000, apud FERREIRA; ALMEIDA, 2012).

    Na primeira metade do século XX o futebol começou a ser difundido pelo país, tendo como a sua primeira grande manifestação popular a partida final do Campeonato Sul – Americano de Futebol de 1919, disputada entre a Seleção Brasileira e a Seleção Uruguaia no estádio das Laranjeiras no Rio de Janeiro, onde cerca de 20.000 pessoas se aglomeram nas arquibancadas do estádio e nos morros à sua volta para assistir a vitória brasileira por 1 a 0, que deu o título de campeão para a seleção canarinho. Esta vitória da Seleção Brasileira modificou o status do futebol dentro do país, deixando este de ser considerado apenas uma recreação das elites, para tornar-se uma paixão nacional (SANDER, 2009), e no início da década de 1930, o futebol começa a deixar seu caráter amador para se tornar profissional (TOLEDO, 2000).

    A partir de um maior envolvimento da população com o futebol, começaram a surgir nos grandes centros os denominados “clubes grandes”. Na cidade do Rio de Janeiro, essas agremiações iniciaram-se no final do século XIX e início do século XX, porém, primeiramente sem o futebol em seu quadro esportivo, visto que o remo era considerado o esporte fundador. O futebol foi incorporado anos mais tarde (LOPES, 1998), e essa incorporação ocorreu:

    No Estado de São Paulo essa incorporação do futebol pelos clubes não ocorreu no “Trio de Ferro” da capital (São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos), pois estes tiveram seu surgimento diretamente ligado ao futebol, sendo o futebol a própria razão de sua fundação.

    O Sport Club Corinthians Paulista fundado em 1910, o Santos Futebol Clube fundado em 1912, a Sociedade Esportiva Palmeiras fundada em 1914 como Palestra Itália, (que teve que mudar de nome em 1942 por causa de sua origem italiana, pois o Brasil havia declarado guerra aos países do Eixo do qual a Itália fazia parte), e o São Paulo Futebol Clube que teve sua primeira fundação em 1930, e posteriormente em 1935 (passando por dificuldades o clube encerrou suas atividades em maio de 1935, mas ressurgiu em dezembro de 1935, sendo este o clube mais jovem entre os grandes clubes do Brasil) são considerados grandes potências esportivas, e tem uma legião de torcedores apaixonados, espalhados por todo o Brasil.

    Ao longo dos anos, os clubes de futebol no Brasil foram passando por inúmeras mudanças no âmbito administrativo, do seu início como amadores à sua profissionalização, até chegarem ao caráter empresarial, sendo vistos e tratados hoje como empresas que visam alcançar não só as vitórias e títulos esportivos, como também, os lucros financeiros.

    Muitos estudos abordam a evolução da administração dos clubes no Brasil, analisando sua gestão e procurando entender todas as mudanças que ocorreram através dos anos. Segundo Santos (2002) “a evolução da gestão do futebol brasileiro, concentra-se principalmente na sua profissionalização, sob o ponto de vista da Teoria dos Sistemas”, que considera as atividades relacionadas com o campo esportivo e administrativo. Outros autores como Leoncini e Silva (2005) também analisaram diversos clubes brasileiros, abordando o processo de profissionalização na gestão dos clubes, explorando suas estratégias operacionais, mudanças organizacionais, ações esportivas e administrativas.

    A maioria dos clubes de futebol no Brasil tem sua diretoria formada por antigos torcedores que se tornaram sócios. Essa diretoria tem seus membros como diretores de modalidades esportivas, diretores da parte social, como o presidente da agremiação, entre outros.

    O presidente é eleito em alguns clubes pelos próprios sócios, e em outros, como é o caso do São Paulo Futebol Clube, pelos conselheiros do clube (associados que são eleitos conselheiros). O presidente é a pessoa mais importante da diretoria, pois cabe a ele tomar as decisões no âmbito esportivo e administrativo, sempre com o auxílio dos seus pares, entretanto, a decisão final em muitos casos acaba sendo unicamente dele, que se torna um verdadeiro “chefe de Estado”, por tomar as principais decisões que surtirão efeito sobre milhões de pessoas, visto que os “grandes clubes” brasileiros possuem uma gama enorme de torcedores, que se consideram como uma “nação” (um exemplo disso é a torcida corinthiana, muitas vezes entitulada de “a nação corinthiana”).

    Uma pesquisa publicada em 2010, fruto de uma parceria do Diário Lance e o Instituto de Pesquisas Ibope, mostrou que o Corinthians figura em segundo lugar na preferência dos brasileiros, com cerca de 25,8 milhões de torcedores, e o São Paulo aparece logo depois, em terceiro lugar, com cerca de 16,8 milhões de torcedores. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em 2009, sobre a preferência dos torcedores do Estado de São Paulo, o Corinthians se encontra em primeiro lugar com 33 por cento e o São Paulo em segundo com 19 por cento. Outra pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em 2008 verificou quais são as maiores torcidas da cidade de São Paulo, e os resultados mostraram o Corinthians e o São Paulo como primeiro e segundo respectivamente. Ademais, outras pesquisas também afirmam que o Corinthians e São Paulo possuem as maiores torcidas do Estado de São Paulo.

1.     São Paulo Futebol Clube

    O São Paulo Futebol Clube é um dos principais clubes de futebol do Brasil. Fundado em 16 de dezembro de 1935, tem em seu histórico inúmeras conquistas esportivas, tanto no futebol como em outros esportes como o atletismo, com o bicampeonato olímpico do saltador Adhemar Ferreira da Silva, por exemplo, que era atleta do clube quando conquistou as medalhas na Olimpíada de Helsinque em 1952, e de Melbourne em 1956. O clube conta com um patrimônio invejável composto por um estádio que já foi considerado o maior estádio particular do mundo, e dois centros de treinamento que são referências de organização e estrutura.

    Atualmente, o São Paulo Futebol Clube é o maior vencedor de títulos entre os grandes clubes do Brasil, sendo o mais jovem entre eles, com títulos de relevância nacional e internacional. Assim o São Paulo Futebol Clube figura hoje como um dos principais clubes do Brasil e do Mundo.

    Sua história vitoriosa se deve muito aos homens que estiveram à frente do clube, tendo sido os responsáveis por comandar a sua trajetória de conquistas e vitórias dentro e fora de campo. Entre esses homens que presidiram o São Paulo Futebol Clube encontram-se pessoas muito influentes no cenário futebolístico, político e social, como o senhor Paulo Machado de Carvalho que foi um radialista de renome em São Paulo nos anos 40, fundador da rádio e TV Record, além de chefe da delegação brasileira nas Copas do Mundo de 1958 na Suécia, e 1962 no Chile, ficando conhecido como o Marechal da Vitória. Devido a sua trajetória no cenário futebolístico, o estádio municipal da cidade de São Paulo, o “Pacaembu”, recebeu seu nome em 1961, e em 1970, ele também ocupou o cargo de vice-presidente da Federação Paulista de Futebol.

    Paulo Machado de Carvalho foi presidente do clube em duas oportunidades: de 15/02/1940 à 14/11/1940, e no período de 14/12/1946 à 30/09/1947, sendo o responsável direto pela contratação do jogador Leônidas da Silva, que viria a se tornar o ídolo da torcida são paulina. Além de presidente do clube, também ocupou os cargos de secretário geral da diretoria, diretor do departamento de futebol profissional, e membro do conselho deliberativo do clube.

    Outro nome importante que ficou à frente da presidência do tricolor paulista foi o do advogado Carlos Miguel Castex Aidar, filho de outro presidente do São Paulo chamado Henri Couri Aidar.

    Carlos Miguel Castex Aidar foi eleito o mais jovem presidente da história do clube com apenas 36 anos, dirigindo-o por dois mandatos, nos períodos de 17/04/1984 à 16/04/1986, e 16/04/86 à 16/04/1988, ocupando também o cargo de diretor do departamento jurídico nos anos 70 e a presidência do conselho deliberativo em 1988.

    Como presidente do clube da Fé, foi responsável pela construção do Centro de Concentração e Treinamento dos Profissionais na Barra Funda, e um dos responsáveis pela formação de um dos maiores times da história do São Paulo: “Os Menudos do Morumbi”. Com inúmeros jogadores formados no clube, o tricolor sagrou-se Bicampeão Paulista em 1985 e 1987, e Campeão Brasileiro em 1986.

    Aidar foi o responsável direto pela criação do “Clube dos 13”, se tornando presidente desta entidade nos anos 80, e também o presidente da OAB – seção de São Paulo de 2001 a 2003.

1.1.     Cícero Pompeu de Toledo

    Um dos principais presidentes da história do São Paulo Futebol Clube foi o saudoso Cícero Pompeu de Toledo, responsável direto pela idealização e construção do estádio do Morumbi, sendo o estádio batizado com seu nome. Cícero Pompeu de Toledo nasceu em 07 de janeiro de 1910, e foi o mais velho entre nove irmãos, numa família do interior de São Paulo, da cidade de Piracicaba (REIS, 2010).

    Tabelião do Sexto Tabelionato de Notas da Capital em São Paulo (MAZZONI et al, 1960), Toledo ingressou no grêmio de três cores no ano de 1939, fez parte da décima primeira diretoria do clube eleita no ano de 1943 como segundo secretário, sob a presidência do Doutor Décio Pacheco Pedroso.

    Cícero Pompeu de Toledo continuou a exercer a função de secretário durante os mandatos de Roberto Gomes Pedrosa em 1946, e de Paulo Machado de Carvalho em 1947, até que em setembro de 1947 foi eleito o presidente do São Paulo Futebol Clube, com mandato para o biênio de 1947 – 1948, se tornando o nono presidente da história do clube, sendo reeleito como o principal homem da diretoria em 1948 (biênio 1948 – 1949), 1950 (biênio 1950 – 1951), 1952 (1952 – 1953), 1954 (1954 – 1956) e 1956 (biênio 1956 – 1958) (MAZZONI et al, 1960).

    Com Toledo na presidência do clube, o time da Fé sagrou–se Campeão Paulista em quatro ocasiões, em 1948, 1949, 1953 e 1957. Toledo foi o idealizador do projeto de formulação da construção do estádio do Morumbi, e deu início as obras do estádio em 1953.

    Com o início das obras do estádio, todos os esforços de Cícero Pompeu de Toledo junto com seus companheiros de diretoria, direcionaram-se para que o ideal da construção do estádio do Morumbi fosse atingido, sendo o próprio Toledo o grande chefe dessa campanha para erguer a casa do São Paulo Futebol Clube. Todavia, em 1957, Toledo foi afastado da presidência devido a problemas de saúde.

    Em março de 1958, Toledo foi condecorado pelo conselho deliberativo do tricolor como presidente de honra do São Paulo Futebol Clube, e em 16 de julho de 1958, ele foi homenageado pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo com um discurso do parlamentar senhor Francisco Franco (MAZZONI et. al, 1960).

    Em 1959 Cícero Pompeu de Toledo faleceu aos 49 anos, vítima de um tumor cerebral (REIS, 2010), não conseguindo ver seu maior sonho concluído, a inauguração do estádio do Morumbi.

1.2.     Laudo Nátel

    Laudo Natél é considerado por muitos são-paulinos o maior presidente da história do São Paulo. Foi durante a sua gestão que grande parte do estádio do Morumbi foi construído e inaugurado. Devido a sua atuação como presidente do clube, ele recebeu o título de patrono.

    Laudo Natél nasceu em 14 de setembro de 1920 no interior do Estado de São Paulo, na cidade de São Manuel, e tornou-se um dos homens mais importantes na história do Brasil, figurando na economia, na política e no cenário esportivo brasileiro.

    No cenário econômico, Laudo Natél começou sua carreira no Banco Noroeste, sendo levado por seu amigo Amador Aguiar para o Banco Brasileiro de Descontos, o Bradesco, onde teve uma atuação muito importante, ocupando o cargo de diretor e presidente da instituição. Natél também foi diretor da Associação Comercial de São Paulo, diretor do Sindicato dos Bancos de São Paulo e presidente da Comissão Bancária do Conselho Monetário Nacional (VIVEIROS, 2010).

    Como político, Laudo Natél foi eleito como vice-governador de São Paulo em 1962, ocupando a cadeira de governador por duas vezes: com seu primeiro mandato de 1966 a 1967, quando sucedeu o então governador do Estado de São Paulo Ademar de Barros que fora cassado pelo governo militar brasileiro, e de 1971 a 1975, quando foi eleito governador de maneira indireta, eleito pelo colégio eleitoral. Laudo Natél fazia parte do partido de direita ARENA (VIVEIROS, 2010).

    Em 1946 Laudo Natél ingressou no São Paulo Futebol Clube como sócio contribuinte. Em 1952 fez parte da décima sétima diretoria eleita, exercendo o cargo de diretor do departamento de finanças, sendo nomeado pelo então presidente eleito Cícero Pompeu de Toledo. Em 1956 foi designado para o cargo de primeiro tesoureiro, exercendo esse cargo até 1958. Neste mesmo ano foi eleito pela primeira vez como presidente do tricolor paulista (biênio 1958 – 1960), se tornando o décimo presidente da história do São Paulo Futebol Clube, reeleito em 1960 (biênio 1960 – 1962) (MAZZONI et al, 1960).

    Como presidente ficou no cargo por mais de 10 anos, sendo reeleito por 6 vezes, apenas se afastando do cargo em 1966 e 1971 para assumir o posto de governador do Estado de São Paulo. Em 1954 foi eleito pela primeira vez membro do conselho deliberativo, e também foi presidente da comissão pró – estádio.

    Laudo Natél teve participação fundamental na história do São Paulo Futebol Clube. Em 1952 assumiu o cargo de diretor do departamento de finanças, quando o clube passava por inúmeras dificuldades econômicas. A ele foi incumbida a missão de alavancar a situação financeira do time da Fé, promovendo uma reestruturação nesse setor, angariando fundos para a realização do maior sonho são-paulino na época, a construção do estádio do Morumbi (VIVEIROS, 2010).

    No campo esportivo, Laudo Natél não obteve muitos êxitos, sob o seu comando o tricolor foi campeão apenas uma vez, conquistando o título do Campeonato Paulista de 1970. Todos os seus esforços durante sua gestão foram para a construção do estádio. Laudo Natél proferiu uma célebre frase, que dizia: “Primeiro construir a casa, para depois mobiliá-la”, deste modo o São Paulo só se tornou campeão após o Morumbi estar totalmente concluído.

    Atualmente, Laudo Natél é patrono do São Paulo Futebol Clube, foi homenageado pelo então presidente Marcelo Portugal Gouvêa em 2005, que batizou o Centro de Formação de Atletas com seu nome, centro este que é excelência na formação de atletas e em estrutura.

1.3.     Juvenal Juvêncio

    Atualmente, quem está à frente da cadeira de presidente do São Paulo Futebol Clube é Juvenal Juvêncio, que está no seu terceiro mandato consecutivo, sendo a quarta vez que ocupa um posto da diretoria. Juvenal Juvêncio foi eleito pela primeira vez presidente do São Paulo em 1988 (biênio 1988 – 1990), após ficar 4 anos como diretor de futebol do clube da Fé.

    Nascido no interior do Estado de São Paulo, na cidade de Santa Rosa do Viterbo em 25 de fevereiro de 1932 (RUIZ, 2011), é advogado e já foi deputado estadual e investigador de polícia (ALMEIDA, 1988). Formado em Direito em São José dos Campos, assumiu o cargo de diretor da CECAP (Companhia Estadual de Casas Populares), órgão público responsável pela construção de casas populares no Estado de São Paulo, durante o segundo mandato de Laudo Natél (1971 – 1975) como governador do Estado. Anteriormente, Juvêncio já havia sido candidato a vereador em São Paulo em 1965 pelo Partido Democrático Cristão (PDC), tendo 7.935 votos, ficando com a quarta suplência, e sendo o autor de alguns projetos de lei (SÍMON, 2013).

    Ingressou no São Paulo Futebol Clube na década de 1960, durante a gestão do então presidente Carlos Miguel Aidar. Assumiu o cargo de diretor do departamento de futebol no período de 1984 a 1988, no qual promoveu diversos jogadores das categorias de base do clube, entre eles Muller, Silas e Sidney. Devido a isso, o tricolor ficou conhecido como “Os Menudos do Morumbi”, em alusão ao grupo musical porto-riquenho da década de 80 “Menudo” que era formado por jovens cantores. Enquanto era diretor de futebol, o São Paulo Futebol Clube conquistou diversos títulos, sagrando–se Campeão Paulista em 1985 e 1987, e Campeão Brasileiro em 1986.

    Em 1988 Juvenal Juvêncio foi eleito pela primeira vez presidente (biênio 1988 – 1990), sucedendo Carlos Miguel Aidar. Durante a sua primeira gestão, o Clube da Fé sagrou–se Campeão Paulista em 1989, e Juvêncio foi o responsável pela reforma dos campos de futebol e pela concepção arquitetônica dos desenhos que rodeiam o gramado do estádio do Morumbi.

    Durante 12 anos foi oposição no clube (SÍMON, 2013), voltando para a diretoria do tricolor em 2003, no mesmo cargo que havia exercido há 20 anos: como diretor do departamento de futebol na gestão do presidente Marcelo Portugal Gouvêa. Com Juvêncio como diretor de futebol, o São Paulo teve mais uma fase de inúmeras conquistas, se tornando Campeão Paulista, Tricampeão da Libertadores da América e Tricampeão do Mundo em 2005. Juvêncio participou diretamente da criação e construção do Centro de Formação de Atletas Laudo Natél em Cotia, e em 2006, (biênio 2006 – 2008) Juvenal Juvêncio voltou à presidência, cargo que ocupará até 2014, tendo sido reeleito em 2008 (triênio 2008 – 2011) e 2011 (triênio 2011 – 2014). Durante sua segunda passagem como presidente, o São Paulo Futebol Clube sagrou–se Tricampeão Brasileiro (2006, 2007, 2008) e Campeão da Copa Sul – Americana em 2012.

    Juvenal Juvêncio é visto pelos seus pares como uma pessoa fundamental para o clube. Para Carlos Augusto Barros e Silva (vice–presidente do São Paulo), ele é “um homem que pensa muito e decide o que vai fazer sem consultar ninguém, ele comunica o que resolveu e faz com que todos defendam o seu ponto de vista, ele é imprescindível para o São Paulo” (SÍMON, 2013). Juvêncio além de presidente é conselheiro vitalício, faz parte do conselho deliberativo e do conselho consultivo do São Paulo Futebol Clube, e desta forma, Juvenal Juvêncio vem escrevendo seu nome na história do tricolor, se tornando um dos homens mais vitoriosos do Clube da Fé, conquistando diversos títulos não só como presidente, mais também como diretor de futebol, além de realizar inúmeras melhorias na infraestrutura do clube.

2.     O Sport Club Corinthians Paulista

    O Sport Clube Corinthians Paulista é um grande clube de São Paulo, fundado no dia 1º de setembro de 1910, ele se tornou o clube mais popular do Estado.

    Este clube não é constituído apenas pelo futebol, ele também possui outras modalidades esportivas, como remo, basquete, futsal, futebol americano, natação, entre outras. Isso pode ser considerado benéfico, levando em conta que o clube passou por uma fase na qual o futebol não conseguia conquistar títulos (de 1955 até 1976, um jejum de 21 anos sem títulos no futebol profissional). Durante esse período, a natação alcançou muitas conquistas: três conquistas do Troféu Brasil de Natação, e o Hexacampeonato Estadual, obtendo um grande destaque na época. Atualmente, um grande nome da natação brasileira faz parte do time de natação do Corinthians, o nadador Thiago Pereira, que conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, deixando para trás o atleta americano Michael Phelps, que é considerado um dos melhores e maiores nadadores de todos os tempos. Thiago Pereira também igualou o Recorde Sul-Americano, e contribui para o incentivo e preparação da formação de novos atletas no clube.

    O Sport Club Corinthians Paulista é o clube que mais vezes conquistou o Campeonato Paulista, tendo sido campeão por 26 vezes, e ao decorrer dos anos, ele vem conquistando grandes títulos. Atualmente, ele conseguiu conquistar um título que perseguiu durante anos, o da Taça Libertadores da América (2012), e em seqüência o Bicampeonato Mundial da FIFA (2012). O Corinthians foi o primeiro clube a ganhar o Mundial da FIFA em 2000, torneio disputado no Brasil, porém, o clube foi muito questionado por ter ganhado este título sem que antes, tivesse conquistado a Taça Libertadores da América, que é o campeonato que dá acesso a disputa do Mundial entre os clubes.

    O Corinthians é um clube marcado pela fidelidade e paixão de seus torcedores, que se mantém leais a ele, esteja este passando por suas melhores fases ou não. Sua torcida permanece comparecendo para prestigiar e dar força aos jogadores, assim como ocorreu no ano de 2007, quando o Corinthianss foi rebaixado para a série B do Campeonato Brasileiro, e mesmo assim no ano seguinte, os torcedores continuaram lotando o estádio e incentivando o time, para que este voltasse para a série A.

    O clube durante todos esses anos não tinha seu próprio estádio, que agora está sendo construído e que será a arena sede da abertura da Copa do Mundo no Brasil em 2014.

    Uma história repleta de vitórias e conquistas é conseqüência do trabalho de muitos, sendo que alguns destes, ocuparam o maior cargo administrativo do clube, a presidência, e que por isso, ganham destaque nesse trabalho.

2.1.     Miguel Battaglia

    Miguel Battaglia marcou seu nome na história do Sport Club Corinthians Paulista, por ter sido o primeiro mandatário e um dos participantes da fundação do clube. Miguel Battaglia foi alfaiate, e morava na região da zona leste paulistana.

    Comumente, Battaglia se reunia com seus amigos que eram comerciantes e operários, até que em uma de suas reuniões, eles concretizaram a idéia de fundar um clube de várzea, que futuramente se tornaria o atual Sport Club Corinthians Paulista.

    Foram sugeridos diversos nomes para o novo clube de várzea, dentre os quais “Santos Dumont”, “Corinthians Brasileiro”, “Corinthians Bandeirantes”, entre outros. Após estas sugestões, um dos que estavam reunidos na ocasião, influenciado pela vinda e ótima atuação de um time inglês chamado “Corinthians Team” ao Brasil, propôs que o novo clube viesse a se chamar Sport Club Corinthians Paulista, como forma de homenagear o clube da Inglaterra.

    Depois de terem escolhido o nome da agremiação, era chegada a hora de escolher o campo. Nisto, foi decidido que o primeiro terreno alugado para o treinamento dos jogadores seria no bairro do Bom Retiro, por 30 mil réis, o dinheiro da época.

    Miguel Battaglia ficou conhecido e marcado por sua vontade e coragem de não desistir de seu sonho, que na época era difícil de ser concretizado, visto que naquele período o futebol era considerado um esporte de elite. Durante seu comando, o Sport Club Corinthians Paulista conquistou pela primeira vez o Campeonato Paulista, em 1914.

2.2.     Vicente Matheus Bathe

    Após alguns anos, diferentemente da época do Battaglia, o Sport Club Corinthians Paulista já havia se tornado um clube bastante popular e reconhecido, e nesse período quem estava no seu comando era o empresário espanhol Vicente Matheus Bathe, que se naturalizou brasileiro. Vicente chegou ao Brasil quando tinha seis anos de idade no ano de 1914, e cresceu na Zona Leste do Estado de São Paulo.

    Em 1934, Vicente Matheus Bathe tornou-se sócio do Sport Club Corinthians Paulista, e conseqüentemente começou a participar das decisões que ocorriam no clube. Em 1954 Vicente se tornou diretor de futebol do Corinthians, que neste mesmo ano conquistou o título de Campeão Paulista do IV Centenário, em 1959, ele se tornou o presidente. Vicente foi eleito por voto direto dos associados, e seu mandato durou dezoito anos, sendo reeleito presidente nos anos de 1959, 1972, 1973, 1975, 1977, 1979,1987 e 1989.

    Vicente Matheus, assim denominado pelos torcedores, se casou em 1968, com Marlene Matheus, e em 1991, Marlene também ocupou o cargo de presidente, se tornando a primeira mulher a assumir o comando do Corinthians. Com grande influência do marido, Marlene ficou no comando até 1993 (ALMEIDA; SILVA, 2012).

    Um momento muito marcante, que ocorreu no clube durante a presidência de Vicente Matheus, foi a conquista do título paulista de 1977 contra a Ponte Preta de Campinas, título que acabou com o jejum de 23 anos do grito “é campeão!”, tendo sido essa a conquista de um dos títulos mais importantes da história do clube (ALMEIDA; SILVA, 2012).

    Em 1978, Vicente Matheus contratou Sócrates, um jogador de muita técnica que era considerado o dono de uma inteligência acima da média. Sócrates foi contratado por Vicente depois de uma manobra política em cima dos rivais do Morumbi e da Barra Funda, que também tinham interesse pelo jogador. Por meio do dinheiro de seu trabalho como empresário da construção civil, o próprio Vicente bancou a vinda de Sócrates para o clube (ALMEIDA; SILVA, 2012).

    A primeira conquista do Brasileirão pelo Corinthians foi durante o último mandato de Vicente Matheus em 1990, título conquistado em cima do seu rival São Paulo Futebol Clube (ALMEIDA; SILVA, 2012).

    O Estádio do Corinthians que sediará a Copa do Mundo de 2014, está sendo construído onde ele sempre quis, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, região na qual ele cresceu.

2.3.     Mário Gobbi

    Atualmente, quem está à frente da cadeira de presidente do Sport Club Corinthians Paulista é Mário Gobbi, nascido em Jaú, interior de São Paulo, formado Bacharel em Ciências Jurídicas, atualmente delegado de polícia.

    Mário Gobbi ocupou o cargo de vice-presidente e diretor de futebol até dezembro de 2010 na gestão do presidente Andrés Sanchez, e hoje é o atual presidente do clube. Ele está no Corinthians desde 1999, sendo seu conselheiro vitalício desde 2002, e um dos fundadores da chapa e articulador da campanha de Andrés Sanchez, em 2000.

    Seu mandato se tornou marcante, pois foi o único presidente da história do clube a conquistar o tão sonhado título da Libertadores da América, e em seguida, o Bicampeonato Mundial, em dezembro de 2012, no Japão.

Considerações finais

    O São Paulo Futebol Clube e o Sport Club Corinthians Paulista são considerados grandes potências esportivas do Estado de São Paulo, muito visados em todo o país.

    Neste estudo podemos notar que os sujeitos que estiveram ou estão na presidência destes clubes, exercem uma influência direta sobre o seu desenvolvimento por meio de suas decisões e ações concretas. Consideremos aqui que desenvolvimento não se refere somente às conquistas esportivas, mas também à infraestrutura do clube, à contratação de jogadores, ao número de funcionários, sócios e torcedores.

    Os sujeitos que foram descritos, apresentam algumas características semelhantes entre si. Além de terem presidido estes clubes, eles foram pessoas de grande influência no Estado de São Paulo, envolvidos no cenário político, empresarial, econômico e policial, homens que tiveram destaque na sociedade paulista e não só no cenário futebolístico. Suas inserções dentro destes clubes iniciou-se quando estes decidiram não só serem torcedores, como também sócios, com exceção do presidente Miguel Battaglia, que foi um dos fundadores do Sport Club Corinthians Paulista.

    As decisões tomadas pelos presidentes, são indiscutivelmente importantes, pois geram conseqüências não só sobre a infraestrutura dos clubes, como também sobre todos os seus componentes, desde a sua diretoria e funcionários, até os seus sócios e torcedores. Um exemplo disso são as decisões tomadas quanto à construção dos centros de treinamentos, estádios, entre outros. Analisando rapidamente, podemos considerá-las decisões que foram feitas pensando exclusivamente na melhoria infraestrutural dos clubes, porém, uma vez construído um centro de treinamento, os funcionários (de todos os setores, incluindo os jogadores) terão um local adequado para trabalharem, e da mesma maneira, com a construção de um estádio, a torcida se beneficiará.

    No começo desta pesquisa, foi mencionado que ao longo dos anos, os clubes de futebol no Brasil foram passando por inúmeras mudanças no âmbito administrativo, do seu início como amadores à sua profissionalização, até chegarem ao caráter empresarial, sendo vistos e tratados hoje como empresas que visam alcançar não só as vitórias e títulos esportivos, como também, os lucros financeiros. Este pode ser um dos grandes desafios que estes presidentes, principalmente os atuais, tem que enfrentar. Não se pode comparar a atuação do presidente fundador de um clube de várzea, com a atuação de um atual presidente de um dos maiores clubes esportivos brasileiros, por mais que possamos enxergar algumas semelhanças entre ambos, suas administrações são completamente distintas. Talvez, a paixão pelo esporte fosse o suficiente para um homem presidir um clube de várzea em seu início, numa época em que o mais importante era jogar futebol. Hoje, não basta ser apaixonado, é preciso também visar alcançar lucros para o clube, numa realidade em que o futebol deixou de ser apenas uma modalidade esportiva, passando a ser também um meio empresarial, quando nos referimos especificamente aos clubes, que atualmente não só são constituídos pelo futebol, mas por uma série de outras modalidades esportivas, além de academias, lojas, entre outros.

Bibliografia

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 179 | Buenos Aires, Abril de 2013
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