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Movimento Sanitário: como tudo começou

El Movimiento Sanitário: como empezó todo

 

*Mestre em Política Social pela UFF, RJ

**Doutorando em Ciências Sociais CPDA, UFRRJ

***Professora das Faculdades Santo Agostinho

****Mestrando em Política Social pela UFF, RJ

(Brasil)

Thiago Augusto Veloso Meira*

thiagomeira2@hotmail.com

Daniel Coelho de Oliveira**

daniel.coelhoo@yahoo.com.br

Rosana Franciele Botelho Ruas***

rosanaruas@yahoo.com.br

Vagner Caminhas Santana****

caminhasdokiau@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No limiar da década de 70 o movimento sanitário brasileiro começa a tecer suas bases de ação aplicando como piloto, o Projeto Montes Claros (MG). O presente trabalho relata sobre o surgimento do movimento sanitário no brasileiro, particularmente o caso de Montes Claros. Para tanto foi realizada revisão bibliográfica dos principais trabalhos, artigos e documentos referentes à temática abordada.

          Unitermos: Reforma Sanitária. Saúde. Montes Claros.

 

Abstract

          At the dawn of the 70s, the Brazilian health movement begins to weave its bases action applying as a pilot, Project Montes Claros (MG). This paper reports on the emergence of the health movement in Brazil, particularly the case of Montes Claros. For this literature review was performed major works, articles and documents relating to the theme.
          Keywords: Health Reform. Health. Montes Claros.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Projeto Montes Claros: Como tudo começou

    Iniciado no período de transição democrática, anos 70, o movimento sanitarista lutava pela democracia na política nacional de saúde, gerando influência importante em Montes Claros. De acordo com Lobato, “uma atenção à saúde efetiva dependia de um sistema de saúde democrático, viável somente em um regime democrático. O movimento tem, assim, como princípio o reconhecimento da saúde como direito universal a ser garantido pelo Estado através de um sistema de saúde universal e equânime.” (LOBATO, 2000, p.17)

    Esse princípio, baseado em uma proposta de medicina comunitária1, apontavam para uma reversão do modelo assistencial curativo e especializado2 e para expansão da oferta de serviços básicos descentralizados. Dentre os projetos mais exitosos na elaboração e implementação de uma proposta alternativa e democrática de organização da atenção à saúde, Fleury destaca o de Montes Claros, destacando-o como um importante laboratório da reforma sanitária, na verdade, precursor do Movimento Sanitário no Brasil. Iniciado em plena ditadura (1974), criou uma ampla rede pública de serviços e foi moldado pelo movimento de formação crítica dos sanitaristas (militantes, intelectuais e lideranças comunitárias defensores da Reforma Sanitária). (FLEURY, 1994)

    O projeto emerge em um contexto político dominado por oligarquias, sem organizações populares, onde caberia aos profissionais de saúde criar bases para uma participação comunitária. O marco do projeto ocorre em 1985, quando os secretários de saúde reunidos, no Encontro Nacional dos Secretários Municipais de Saúde, aprovam um conjunto de diretrizes, que norteariam a Política Nacional de Saúde do futuro governo de Tancredo Neves, esse documento seria a Carta de Montes Claros, intitulada “Muda Saúde”.

    A Carta de Montes Claros, Muda Saúde, tratava de uma série de diretrizes as quais deveriam ser direcionadas as políticas públicas de saúde no Brasil, dentre elas: As políticas devem refletir os anseios da sociedade, nesse contexto advindo das aspirações do movimento pelas eleições diretas; as políticas de saúde devem ser orientadas no princípio que saúde e um direito de todos e dever do Estado, buscando assim alcançar a universalização do acesso; as praticas devem buscar eliminar as distorções provocadas pela política clientelista e de fraudes na saúde; sobretudo a principal orientação de todas essas políticas deve ser o incentivo à participação popular nas decisões públicas.

    Tais diretrizes se estabelecem como marco referencial do então novo movimento municipalista da saúde, e tinham como compromisso maior a transição e consolidação da democracia através de mudanças essenciais no setor de saúde no Brasil.

    É também nesse contexto de democratização do setor de saúde, visando à formação de um sistema público, universal e democrático, que se fortalecem os movimentos sociais e organizações da sociedade civil. (LOBATO, 2000)

    O conjunto de medidas adotadas durante o período de reforma sanitária foi acompanhado de um forte componente de democratização do sistema. A partir da década de 1980 as políticas de participação passam a ser constitucionalmente uma orientação do Governo Federal, e também uma das diretrizes dos organismos internacionais, como o Banco Mundial - BM e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD.

Notas

  1. As propostas de medicina comunitária se configuram em programas e extensão da cobertura de ações básicas, direcionados para a população excluída do sistema previdenciário. De modo geral, as práticas se revelaram difíceis, limitadas a uma atenção primária seletiva para as populações marginalizadas de regiões vulneráveis, que enfrenta problemas de falta de recurso financeiro, de pessoal qualificado e de tecnologias mais sofisticadas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE/BRASIL, 2006)

  2. Ver mais sobre esse modelo em Lobato (2000) e Fleury (1994).

Referencias

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. A construção do SUS: histórias da Reforma Sanitária e do Processo Participativo / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

  • FLEURY, S. (org.) 1994. Montes Claros - A Utopia Revisitada. RJ: Abrasco, 1994.

  • LOBATO. L.V.C. Reforma sanitária e reorganização do sistema de serviços de saúde: efeitos sobre a cobertura e a utilização de serviços (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz; 2000.

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Carta de Montes Claros: Muda Saúde. IV Encontro Municipal do Setor Saúde e III Encontro Nacional dos Secretários Municipais de Saúde. Montes Claros. 1985.

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